sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Os danos da pressa

 “Aguardo ao Senhor; minha alma o aguarda; espero na Sua Palavra.” Sal 130;5


Aguardar, esperar; qualidade rara na terra dos homens. Mesmo a fé, virtude passiva que deveria descansar sobre a fidelidade e integridade Daquele em quem se crê, em muitos casos é usada, (seu nome pelo menos) não para rogos confiantes de quem crê e submete-se ao tempo e Vontade do Altíssimo; mas, para arrogâncias blasfemas de quem não sabe esperar.

Se, como disse Oswaldo Cruz, “O homem prudente, observando aos erros alheios corrige os seus”, cheias estão as Escrituras de testemunhos dos que erraram precisamente, nisso: Não saber esperar.

Foi por desistir de esperar na Divina Promessa que Sara sugeriu a Abraão que tomasse à escrava gerando um filho dela; não são pequenas nem desprezíveis as consequências dessa precipitação do Patriarca que, por um momento preferiu ouvir sua mulher, invés de seguir confiando no Eterno.

Saul, por sua vez, acossando seus medos mais que a sensatez, profanou sacrifícios, incapaz de esperar por quem de direito, o sacerdote Samuel. Outra precipitação de consequências danosas.

Adonias, na velhice de Davi, invés de esperar o desenrolar dos acontecimentos decidiu que reinaria em lugar de seu pai; sem consultá-lo apressou-se à própria coroação, o que, adiante lhe custou a vida. Pois, o escolhido por Deus e confirmado por Davi, para tal, fora Salomão.

Há muitos exemplos mais; por hora esses bastam para deixar patente que fé não é um poder que faz nossos anseios acontecerem, como apregoam os mercenários; antes, uma confiança que nos mantém inabaláveis, mesmo que eles não aconteçam.

Certas petições, lícitas até, muitas vezes Deus veta-nos, pois, se nos atendesse nisso, antes de outros ajustes disciplinares e corretivos que acha necessário, Sua bênção não seria tão abençoadora como Ele Quer; “Por isso, O Senhor esperará para ter misericórdia de vós; por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que nele esperam.” Is 30;18

Imaginemos um precipitonildo desses atuais no lugar de Davi; fora ungido para ser rei; duas vezes teve chance de matar Saul, então, rival gratuito, que o perseguia e não fez. O Criador prometera-lhe o reino; confiou na promessa, mas não “ajudou” Deus a cumpri-la.

Se atentarmos para o restante do verso em apreço, veremos que o que se dispunha a esperar não o fazia sobre um vácuo; antes, sobre uma Promessa que ele sabia ser fiel; “... Espero na Tua Palavra”.

O Todo Poderoso não se ocupa de suprir nossos anseios, muitas vezes doentios. Ele zela por algo maior; “... Viste bem; porque Eu velo sobre Minha Palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

Cada vez que rebaixamos a fé do “atacado”, “Crede em Deus crede também em mim;” e demandamos nela, minúcias do varejo, ainda vige um quê da sugestão maligna, do “Vós sereis como Deus sabendo o bem e o mal” a poluir nossa fé.

Não poucas vezes já ouvi pregadores aconselhando a “colocar a fé em ação.” Se atentarmos ao contexto em que tal coisa é dita, querem que as pessoas façam mandingas, oferendas e escaramuças várias que “apressariam” a Mão Divina.

De minha parte diria que as pessoas colocassem em ação ao que creem; se acreditam mesmo que Deus É Santo, separado do pecado, que tomem semelhante caminho, separem-se também vivendo de modo a agradá-lo; “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? Que comunhão tem a luz com as trevas? Que concórdia há entre Cristo e Belial? Que parte tem o fiel com o infiel? Que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, entre eles andarei; Eu serei Seu Deus eles serão o Meu povo. Por isso saí do meio deles e apartai-vos, diz o Senhor; não toqueis nada imundo, e vos receberei; Serei para vós Pai, vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso.” II Cor 6;14 a 18

Temas da moda são “inclusão, diversidade, ecumenismo”;
Entretanto, A Palavra de Deus não é biodegradável como as coisas humanas. Não temos permissão nem autoridade para incluir aos que O Próprio Rei exclui;

Pois, se há um esperar relativo ao tempo, também há outro conexo com o modo; dos Seus Deus espera que ainda chamem às coisas pelo que são, malgrado, o que pensam no mundo; “Ai dos que ao mal chamam bem, ao bem mal; que fazem das trevas luz, da luz trevas; fazem do amargo doce, e do doce amargo!” Is 5;20

O papel da fé é agradar a Deus; cresçamos nela, deixando enfim, as coisas de meninos.

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