domingo, 7 de fevereiro de 2021

A luz desprezada


“O bom entendimento favorece, mas o caminho dos prevaricadores é áspero.” Prov 13;15

Paralelismo antitético; quando a segunda parte opõe-se à primeira. Aspereza coloca-se em oposição ao favor; bom entendimento, à prevaricação.

Mas o que é prevaricar? Descumprir um dever por interesse, má fé; abusar de poder, transgredir costumes, adulterar...

Normalmente temos fidelidade, vigilância, prudência, temor do Senhor, como valores na trincheira oposta ao pecar; mas agora vemos, invés de um lapso moral, outro intelectual; a conclusão dessa análise é que, alguém não peca por ser mau, apenas; antes, por além de mau ser estúpido, não entender as consequências.

Não que isso atenue; o pecado deixe de ser o que é por causa disso; apenas, que por esse lapso, a cegueira leva o homem a agir de modo imediatista ao sabor do momento, sem pesar as consequências, muitas vezes, letais.

Agur confessou que ver impiedade e tolice prósperas quase que cegou seu entendimento; “Pois eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas firme está sua força.” Sal 73;3 e 4

Essas e outras cogitações semelhantes o assaltaram, até que se refez: “Se eu dissesse: Falarei assim; ofenderia a geração dos teus filhos.” V 15

O entendimento recebido na Casa de Deus apontou mais adiante; “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” Vs 17 a 19

“Há caminhos que ao homem parecem direitos, mas no fim são caminhos da morte.” Prov 14;12

Por isso o esforço do maligno para apagar a Luz; “... o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Muitos devaneiam com revelações de coisas novas; mas, não se ocupam em entender o que já foi revelado, em cuja luz, nossas vidas podem ser edificadas. Balaão já tinha ouvido um não! categórico e seguiu insistindo; “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a Lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9

Pela importância disso que Paulo afirmou que orava pelos efésios, “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da glória, vos dê em Seu Conhecimento o espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18

Nossa própria vaidade pode ser obstáculo ao entendimento. A demanda maior nem é por um intelecto perspicaz; mas, vontade submissa.

Em linhas gerais, salvas algumas porções polêmicas e desnecessárias para salvação, a Doutrina de Cristo é simples, óbvia até. O problema é que temos uma geração de “especialistas”; esses não se ocupam do óbvio.

“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com sua astúcia, também sejam de alguma sorte corrompidos vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” II Cor 11;3

Gastamos hebraico, grego, latim, códigos da Bíblia, gematria, etc. para “demonstrar” como serão as coisas na reta final; quem será o Anticristo, de onde... essas coisas têm valor mas não são essenciais. Mal usadas podem desviar a atenção do que é vital.

O essencial é que entendamos como deve ser nossa relação com O Salvador e Seu Corpo; se essa estiver bem, o juízo vindouro, armações do Falso Profeta, do Pai da Mentira não nos surpreenderão; na hora certa haveremos de discernir.

Se, o bom entendimento favorece, aqueles que entendem que o alvo de saber mais é andar ainda melhor, invés de se exibir como sabedor, quanto mais andamos nessa senda de santificação, mais luz receberemos. Pois Deus “... reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade” prov 2;7

Quando a Palavra afirma que a fé vê o invisível, esse “vê” significa mais, entende do que vê; e entendendo como será depois, mesmo que agora não seja nada daquilo, não desfalece, confia; “Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, nos currais não haja gado; todavia, me alegrarei no Senhor; exultarei no Deus da minha salvação.” Hc 3;17 e 18

Muitas vezes em nossa insanidade nos preocupamos em entender astros, estrelas, espaço, onde não podemos ir; e sequer nos ocupamos com o sentido dos passos onde vamos; “Quem pode entender seus erros? Expurga-me tu dos que me são ocultos.” Sal 19;12

Além dos maus passos que entendia, Davi sabia que havia mais; esse entendimento o fez orar de modo sábio assim.

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