quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Almas cegas


“Sobrevieram porém, uns judeus...” Atos 14;19

Paulo e Barnabé em Listra, depararam com um homem coxo que, pela intervenção de Paulo foi curado; o supersticioso povo da região, adoradores de deuses pagãos como Mercúrio e Júpiter, queriam oferecer sacrifícios em honra aos apóstolos, pois, segundo pensavam, os deuses de seu credo se tinham feito humanos e passeavam entre eles.

Com muito esforço Paulo conseguiu dissuadi-los, demonstrando que eles também eram meros homens; que o milagre operado se devia ao Senhor Jesus.

Enfim, aos poucos as coisas estavam indo aos seus lugares, até que chegaram os judeus.

Que esses eram invejosos seguindo os passos de Paulo com maus intentos sabemos; mas, o fato novo naquele cenário é a mudança brusca daquele povo.

Se, ante um milagre estrepitoso queriam honrar a Paulo e Barnabé como se, dois deuses, ouvindo meia dúzia de falas dos judeus perseguidores, os mesmos que estavam dispostos a oferecer honrarias e sacrifícios viraram algozes. “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram Paulo e o arrastaram para fora da cidade, pensando que estava morto.”

Triste sina! Entre estranhos, foram bem recebidos, quase honrados, exaltados; não o foram por não permitir, sabendo-se indignos de honrarias que pertencem ao Senhor. Todavia, entre os irmãos de sangue, Paulo encontrara oposição tão violenta que só o deixaram por pensarem que estava morto.

Ecos de sentenças do Senhor, que um profeta não é bem-vindo na sua terra; ou, que os inimigos do homem serão os da sua própria casa.

Normalmente uma mãe aconselha uma série de cuidados quando alguém sai peregrinar entre estranhos; mas não poucas vezes o perigo está dentro de casa, mais que nos desconhecidos.

Foi o irmão de Abel que o matou; os irmãos de José que o venderam; Adonias, irmão de Salomão lhe quis usurpar o reino; os irmãos de Jesus O quiseram prender dizendo que Ele estava fora da casinha; “Quando os seus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.” Mc 3;21

Vistos esses exemplos e outros tantos que há, talvez se deva aconselhar cuidado quando alguém volta para casa, mais do que, quando sai às ruas. Como disse Voltaire: “Deus me livre dos meus amigos, que dos inimigos eu me cuido.”

A inveja, essa doença da alma costuma pegar em alvos bem de perto, dada sua natureza; sua origem latina invidia, de “invidere” traz a ideia de algo que outrem não quer ver, recusa-se a isso; seja um talento, um bem, uma posição.

Ora, só pode não querer ver algo que possuímos, um que está próximo, em condições de ver; embora até possamos invejar gente distante que ocupa lugares altos, é quando algum de perto é elevado que somos mais fortemente tentados à inveja.

Se voltarmos ao incidente acima veremos que Barnabé nada sofreu; era com Paulo expressamente, a bronca dos invejosos.

O homem que ama à justiça o faz em todo o tempo, mesmo quando, eventualmente essa se volta contra ele; o invejoso acha “injusto” determinados bens não serem dele;
sentencia seu alvo e sai em busca de um “crime”; na verdade um pretexto, para fazer parecer que sua inveja traja roupas limpas; mas, ele sabe que não é assim, como sabiam também os algozes do Senhor e o próprio Pilatos. “Porque ele bem sabia que por inveja os principais dos sacerdotes o tinham entregado.” Mc 15;10

Quem nasce de novo mediante Cristo é liberto desses males todos, caso viva a Doutrina do Senhor; de um antigo horizonte embaçado, onde sequer conseguia ver o que estava perto, agora é guindado à dimensão da fé, onde consegue “ver” mesmo o que está distante. “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

Aqueles pararam de apedrejar quando pensaram que Paulo morrera; Deus guardou Seu servo ainda vivo, debaixo dos olhos dos que, cegados pela inveja e pelo ódio nem conseguiam ver.

Cegar é o trabalho do pai dos invejosos; “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Porém, os feitos do Pai, em sempre são apreciados apenas pelos invejosos; alguns de boa índole vendo-os aprendem temer; descobrem quão confiável Ele É.

Vendo-nos receber o que não merecemos entendem a Graça; por ela são atraídos também; “Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs meus pés sobre uma rocha, firmou meus passos. Pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;2 e 3

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