quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

A respeito do respeito

“O jeito mais prático de se aprender sobre respeito é lembrar que as escolhas do outro não são da sua conta.”

Deparei com essa frase numa postagem hoje e me pus a pensar; será que respeito é isso mesmo, ou eu aprendi errado?

É que muitas vezes usei a frase; “Com todo respeito me permito discordar...” já vi e ouvi outros fazendo semelhante afirmativa. 

Agora, se respeito é uma barreira que faz o outro intocável diante de mim, ele escolheu tá escolhido e ponto final, já não existe como discordar respeitosamente; uma vez que mero importar-se com as alheias escolhas seria uma intromissão; um desrespeito já.

Nesse caso, para quê serviriam as redes sociais? Pois, as reações de curtir, amar, aplaudir, fazer muxoxo, espantar-se, comentar, etc. são nossa opções possíveis e usuais, ante as publicações/escolhas dos outros; e deles para com as nossas.

Mas, se para respeitá-las eu não posso interagir expressando meu pensar como faço? Ou, se mesmo postando coisas aos olhos de todos, aquilo interessa apenas a quem posta e não ao público, não seria melhor que o tal guardasse o que é de seu exclusivo interesse apenas para si?

Há algo errado na pele dessa geração hipersensível, que a faz melindrosa ao extremo, a ponto de receber de braços abertos apenas curtidas e aplausos; se pintar algo diverso, presto a síndrome do tatu bola em estado de defesa deixa apenas a redonda casca à vista dos “predadores” que se atrevem a opinar.

A coisa é de tal modo tênue, que se um respirar em público poderá ser acusado de separatista, por separar oxigênio e gás carbônico; ou, como observou alguém num post sarcástico, se outrem postar que detesta cebola presto a galera subirá a tag #somostodoscebola; teremos “urbi et orbe” uma caçada aos nefastos cebolafóbicos.

Francamente! Nunca pensei que o ser humano seria tão rasteiro assim.

Ora, escolhemos amigos, reais e virtuais, por alguma identificação. Se um dos meus, sem mais nem menos decidir comer fezes, eu me importarei, claro! Não será por falta de respeito; antes preocupação com sua sanidade; primeiro, por respeito a ele tentarei chamá-lo de volta à razão; mas se isso não tiver jeito e o dito se revelar um fezívoro incorrigível, por respeito a mim mesmo, me afastarei do tal.

Não raro, quando alguns defendem coisas muito fora-da-casinha, seja contrariando valores civis, espirituais, políticos até, que me são caros, me dou ao direito de excluir aos tais.

Já excluí alguns, e também fui barrado em páginas onde meu modo de pensar e expor não era bem visto.

Portanto, respeito é uma coisa, e melindre gratuito, outra. Não creio que nenhuma pessoa concorde cem por cento com outra; por mais que dois tenham grande identificação em muitas áreas, em alguma divergirão e podem levar isso numa boa, significando apenas alteridade de opiniões, não desrespeito.

Sobre isso, aliás, oportuna a frase de Voltaire: “Não concordo com uma palavra do que dissestes; mas defenderei até à morte teu direito de dizeres o que pensas”. Isso é respeito! 

Posso ser diametralmente diferente de alguém, sem nem por isso me impor, ou vetar que o tal seja como é. Isso tudo, preservado meu direito de discordar das escolhas dele. Simples assim.

De duas fontes vertem as águas do respeito; dignidade e posição. O primeiro caso tem a ver com quem se é; o segundo, com onde se está.

Por exemplo: Dilma quando presidente pela posição deveria ser chamada de Excelência; quando falava em saudar a mandioca o estocar vento, agia de modo indigno de uma inteligência mínima a merecer respeito. Inevitáveis os choques entre o respeito e a zombaria.

Então, para finalizar, se o respeito não se devendo à posição de autoridade de alguém, deve-se em virtude de certa dignidade, aqueles que, sendo meus amigos ou não, agirem com um mínimo dessa fibra já terão meu respeito.

Assim como, direito e dever são, de certa forma, frutos do mesmo baraço, sendo o cumprimento de um, o patrocinador do usufruto do outro, do mesmo modo, a dignidade e o respeito.

A primeira é o germe, de cuja vida nasce o segundo.

Se alguém quiser tomar as ruas, praças, redes sociais defendendo assassinato de inocentes indefesos, prostituição infantil, ideologia de gênero, drogadição liberada, pedofilia, zoofilia e afins, será direito seu defender tais escolhas; e meu, me importar com isso e manter distância de uma besta dessas que, tendo ganhado o dom da vida para viver, desperdiça-o na sanha de destruir. Sendo chamado a ser filho de Deus, por preguiça para disciplina opta pela paternidade do Diabo.

Quem ao amanhecer escolhe as veredas fáceis do vício, tem grandes chances de encontrar a noite ainda antes de anoitecer.

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