sábado, 27 de fevereiro de 2021

Amplitude do Caminho


“Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1;11

Ampla a entrada, isso parece contradizer um ensino do Senhor, de que, estreita é a porta e apertado o caminho que conduz à vida. São contextos distintos, porém. Nem sempre uma contradição verbal é uma contradição real.

O Salvador falava em público lançando sementes sobre todos os tipos de solo, acentuando a coisa indispensável para salvação: “Negue a si mesmo...” Um estreitamento difícil demais, ao homem natural. Pedro escrevia aos salvos, “... aos que conosco alcançaram fé igualmente preciosa...” Cap 1;1

Não acenou com uma entrada ampla a quem estivesse na igreja, simplesmente; antes, a quem desenvolvesse as qualidades esperáveis em Cristo; fé, virtude, ciência, temperança, paciência, piedade, amor fraternal, caridade.

“Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois, aquele em quem não há estas coisas é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados.” Vs 8 e 9

A purificação dos pecados visa que, não somente deixemos o modo de viver de antes, mas que desenvolvamos, doravante, outro, segundo O Mestre. Ele “Limpa” as varas da videira, para que frutifiquem.

Assim, se O Salvador pontuou de quê, separar-se para pertencer-lhe, o ego; Pedro enfatizou quais caminhos seguir para imitar a Cristo.

O que “patrocina” a existência de mártires, mesmo em nossos dias, senão, a força de um fé tão robusta que, nem mesmo a ameaça de morte pode tolher?

Os que logram tal proeza já estão, pelo hábito, no caminho amplo; exercitaram-se no carregar a cruz de tal modo, que desenvolveram uma fibra espiritual que transcende às ameaças possíveis “debaixo do sol”, uma vez que têm sua “despensa” acima disso; “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1

A limitação das coisas na esfera dessa vida, como disse Paulo, atesta nossa pobreza; falta dos bens eternos; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

A abordagem inicial aos pecadores é para que “morram”, mortifiquem más inclinações, neguem-se; a exortação aos salvos fala com os que já “voltaram da morte” redivivos em Cristo, com Sua Mente; “... já ressuscitastes com Cristo...” Esses já fazem parte dum Reino que, por agora, não é desse mundo.

Invés de calcularem os riscos de deixar seus prazeres diletos ousando andar no caminho apertado, podem como Paulo falar de modo vitorioso; “Porque para mim viver é Cristo, e morrer é ganho.” Fp 1;21

Esse estágio não é uma conquista imediata! A maturidade espiritual demanda alimentar-se de Deus e Sua Palavra; como o ditoso do Salmo primeiro que, não apenas separa-se das más companhias, conselhos, influências, mas “na Sua Lei medita de dia e de noite...” Muitos ouvem-na com preguiça tolhendo a si mesmos do desejável crescimento; “Devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os primeiros rudimentos das Palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não de sólido mantimento.” Heb 5;12

Essa triste conclusão, “vos haveis feito tais...” é uma denúncia de que eles não buscaram as virtudes aquelas, arroladas por Pedro. Se mostraram “ociosos e estéreis”.

De certo modo se fizeram resultado do que não fizeram; como disse alguém: “Primeiro você faz escolhas; depois, as escolhas fazem você.”

Para muitos o Reino dos Céus é mero devaneio terreno, algo pelo qual se atrevem alguns passos enquanto as coisas “derem certo”; ora, se o ingresso é “negue-se”, as aspirações meramente humanas naturais devem dar muito erradas, se queremos Salvação. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Como bem disse Watchmann Nee, “Há muitos ensinando a viver melhor, quando deveriam ensinar a morrer melhor.”

Nossa cruz deve ser tomada todos os dias, pois, nossa morte não é de uma vez por todas como foi a do Senhor; somos desafiados a mortificar as más inclinações. As virtudes aquelas alistadas por Pedro devem permear nossa caminhada, se, de fato ressuscitamos com Cristo.

Assim como as águas paradas que se corrompem, um convertido ocioso, estéril na seara do Senhor. Como beber da Água da Vida fazendo-se fonte corrupta?

A menos que saibamos como esconder uma cidade edificada sobre um monte, Cristo em nós há de fulgir, de modo que todos vejam; “Resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos Céus.” Mat 5;16

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