quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O "poder" da fé


“Não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. Estava admirado da incredulidade deles...” Mc 6;5 e 6

Houve eventos onde O Senhor se admirou da fé, dum centurião, uma mulher siro-fenícia, agora O encontramos admirado da incredulidade dos Seus concidadãos.

Embora a narrativa diga que Ele “não podia” fazer ali obras maravilhosas, nem de longe isso ensina o “poder da fé” que alguns incautos apregoam. Quando Ele dizia: “A tua fé te salvou...” não estava aludindo ao suposto poder da mesma; mas, a ter sido posta no alvo certo. Crido em quem podia; “Crede em Deus crede também em mim.” Ensinou.

O papel da fé não é acessar bênçãos no aspecto do poder; antes, atuar de uma forma que agrada Àquele que pode. “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele Existe e que é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

O que restringia Jesus não era eventual lapso de poder, por causa da incredulidade; antes, a desonra. “Não há profeta sem honra senão na sua pátria, entre seus parentes e na sua casa.” Mc 6;4

Quando O Eterno “não pode” fazer algo bom a quem O desonra, isso tem a ver com Sua Justiça, não com Seu Poder como Eli tardiamente aprendeu; “... Na verdade tinha falado Eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de Mim perpetuamente; porém agora diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que Me honram Honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;30

Isaías disse mais ou menos o mesmo; que não há nada de errado com o Poder do Senhor; mas, com as vidas dos que desejam seus benefícios; “Eis que a Mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu Ouvido, para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

Quando A Palavra diz que “a oração de um justo pode muito nos seus efeitos” é porque a prática da justiça que O Eterno Ama, honra-o.

No primeiro culto humano se diz que “Deus atentou para Abel e sua oferta, porém, para Caim e sua oferta não atentou.” A ordem dos fatores é vital aqui; antes de olhar para a oferta O Santo olha para a pessoa do ofertante; seu modo de vida, motivações.

Se, a narrativa não deixa patente que Caim agia de modo réprobo, sendo por isso rejeitado, a exortação subsequente explicita isso; “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” Gn 4;7 Implica que não fora aceito porque agia mal.

Então, o “poder” de uma oração, ou mesmo da fé, é ser a mesma oriunda de uma vida da qual Deus, que tudo Pode, se agrada.

São balelas, cadeias malignas essas “orações infalíveis” que circulam por aí. Se, o poder estivesse do lado de cá, em minha fé ou em minhas orações, por quê precisaria eu do Senhor?

Se, você ainda acha que Deus precisa de nossa fé para fazer algo, Ele tem uma questãozinha básica; a mesma que colocou para Jó: “Onde estavas tu, quando Eu fundava a terra? Faze-me saber, se tens inteligência.” Jó 38;4

Se, as más conversações corrompem os bons costumes, também as más concepções e interpretações pervertem à Sã Doutrina.

Quando O Santo diz para não se orar sobre determinado assunto, não é porque seria “forçado” a atender, senão; antes, porque a aversão por tais alvos é tanta, que sequer deseja ouvir mais sobre o mesmo. “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me supliques, porque não te ouvirei.” Jr 7;16

Nesse caso a rejeição não era pela pessoa que oraria, Jeremias; mas, por seus alvos, um povo que estava sob juízo pela reiterada desobediência.

Enfim, não existem “palavras certas” que Deus ouve ao orarmos; antes, vidas ainda ao alcance de Sua misericórdia, ou, intercessores aos quais Ele aceita; fora disso, por fervorosas e justificáveis que determinadas orações pareçam, no fundo serão meros “sacrifícios de tolos”, erros de alvo.

Três amigos de Jó em sua saga foram “consolá-lo”; invés disso se revelaram molestos; pois, o acusaram de faltas que não cometera; no fim, após uns puxões de orelha em Jó pela sua imprudência, pelos amigos, apenas a oração Dele era aceitável; “... o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei ...” Jó 42;8

Enfim, nossa fé não força Deus a nos abençoar; mas ao ouvirmos quando Ele fala, ganharemos Sua atenção quando falarmos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário