quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

"Palmas pra Jesus"


“O caminho para a vida é daquele que guarda a instrução; mas, o que deixa a repreensão comete erro.” Pv 10;17

O paralelismo sinonímico da poesia hebraica aqui coloca instrução e repreensão lado a lado, fundindo conhecimento e educação como duas faces de uma mesma moeda.

Bons tempos aqueles em que os pedagogos tinham autoridade como de um pai ou mãe, para repreender aprendizes, quando oportuno. Hoje, o que podem é dividir conhecimento em ambientes às vezes hostis, de filhos mal-educados que desafiam seus mestres, pois se sentem seguros, protegidos pela lei. Restos mortais do método Paulo Freire. Não são discípulos, são “oprimidos”. Se soubessem quanto a ignorância é opressora, nesse escopo a coisa faria sentido.

Pois, a brandura “civilizada” dos mestres atingiu também aos mensageiros do Evangelho que, em sua maioria, laboram com fim de trazer satisfação à plateia, para que as pessoas satisfeitas, com as doses usuais de drogas religiosas, aplaudam “a Jesus”.

O hábito de aplaudir remonta ao teatro grego da antiguidade, onde, as pessoas evocavam aos deuses das artes para que esses ajudassem aos atores em seus desempenhos. Hoje, significa aprovação de uma atuação, concordância com um postulado qualquer, identificação; ou ainda, incentivo.

É comum em cultos atuais, o “animador” evocar as “palmas pra Jesus”; ou, durante uma mensagem as pessoas aplaudirem um tirada qualquer do pregador. 

Não estou preocupado com o hábito de aplaudir na igreja, que, de per si, não infrói nem diminói; mas, constatando um viés preocupante no prisma da sã doutrina, subjacente à essa “civilização” dos mensageiros.

Joseph Aleine, é citado no livro os puritanos e a conversão, pois durante um sermão dominical teria dito, à sua plateia londrina: “Não porei em meu anzol a isca da retórica; pois, não estou pescando o vosso aplauso; se fosse isso, eu cantaria outra canção; minha missão é compungi-los para a salvação, não agradá-los; e se eu falhar estareis perdidos; sem conversão não há salvação”.

Que diferença entre uma abordagem sóbria e veraz assim, e os pregadores da mídia atual! A maioria parece fazer seus cursinhos sobre “como fazer amigos e influenciar pessoas” antes de se aprofundar na Fonte da Água da Vida, para, servindo dela, levar os pecadores a Cristo.

Essa mentalidade empresarial que invadiu domínios antes da verdade, agora dita regras mercantis em busca da quantidade, alheias à qualidade. Pouco importa se são bodes ou ovelhas, desde que os templos se encham.

Jesus deve ter “melhorado” muito com a civilização; pois, em Seus dias, o máximo que conseguiu foi aquecer uns corações oportunistas que o receberam em triunfo pensando que viera a Jerusalém para derrotar os romanos, reinar e multiplicar pães e peixes aos Seus súditos. Fora desse frissom de auto engano, jamais foi aplaudido. Entretanto, hoje, “Ele” está arrasando.

Parece que tememos mais a ditadura do politicamente correto, que falsear a interpretação das Escrituras. Honramos mais aos homens pecadores e mortais como nós, que a Deus.

Sempre que levantamos pela manhã, o espelho nos dá más notícias; estamos de cara amassada, despenteados; e ele, fiel, nos lança "em rosto", o rosto como está. Isso possibilita que demos uma ajeitada no visual para sairmos à luta de cada dia.

A Palavra de Deus é o espelho da alma; ela deve ser usada com a mesma fidelidade, mostrando os desarranjos interiores, para que os que se deixarem convencer por ela melhorem suas “aparências”, ante O Espírito Santo de Deus.

Mas não queremos incomodar, seríamos tachados de dinossauros espirituais... Nada mais incômodo que um despertador quando o sono tá gostoso; mas, esse “incômodo” salva empregos, relacionamentos, vidas; figura aliás, que Paulo usa em sua pregação: “...Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Nossa tarefa não é produzir satisfação nem gerar aplausos; aliás, quanto mais mal na foto os pecadores ficarem, diante da Palavra, mais chance de ousarem confessar seus erros e abandoná-los.

Deixemos os pecadores sem chão e reduzamos a pó, qualquer pedregulho de segurança carnal e enganosa, mesmo que eles fiquem abalados; porque assim, pode ser que sintam o quanto carecem da graça de Deus, como acontecia no começo da igreja; “Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?” Atos 2;37 Pois, quem fica assim a perguntar por um rumo, nada tem pra aplaudir.

E, devemos dar a Jesus bem mais que alguns tapas, como ensina o Mesmo Paulo; “...apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

“Os aduladores são como as plantas parasitas que abraçam o tronco e os ramos duma árvore para melhor se aproveitar e consumir.” Marquês de Maricá

Nenhum comentário:

Postar um comentário