quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Os incorrigíveis

“Ouve o conselho, recebe a correção, para que no fim sejas sábio.” Prov 19;20

Num primeiro momento isso parece pacífico, fácil de assimilar; entretanto, nas veredas práticas a coisa não é bem assim. Somos a geração mais melindrosa de todos os tempos. “Lista negra” é racismo; um apelido inofensivo qualquer é bullying; usar devidamente o artigo masculino já soa a machismo; deveria ser x, parece; a ditadura do politicamente correto tudo faz para massificar tolhendo aos indivíduos, com suas qualidades e defeitos, na amorfa e insossa amálgama da massa.

Nesse espírito, qualquer nuance de correção, por necessária que seja, fatalmente vai deparar com falas diretas, ou, indiretas para que cuidemos de nossas vidas; somos livres para “curtir” elogiar, nada mais. Ensinar é pretensão; corrigir, invasão indevida.

Uma cristã compartilhou inadvertidamente um texto com valores totalmente diversos da Palavra; adverti-a sobre isso, mas, o fiz de modo educado; ela me excluiu do seu rol de amigos; outra, postou uma frase faltando uma palavra, o que revertia o sentido; mais uma vez, tentei ajudar; meu comentário foi apagado, embora, tenha ela corrigido o erro.

Outro dia deparei com uma “navegante” postando frases com as palavras “limdo” e “abemçoe”; educadamente avisei pelo chat para não envergonhá-la. Que nada, segue fazendo ainda mais barbáries com o pobre do m mais perdido que sapo em cancha de bocha. Em suma, só podemos aplaudir ou, calar.

Faz tempo, postei um anglicismo qualquer que num aspecto estava errado; uma amiga que é professora de inglês, cordialmente avisou-me do erro. Editei, corrigi e agradeci a gentileza dela, não doeu nada, antes, melhorou meu texto, me fez crescer.

Porém, como essa geração plena de melindres, suscetibilidades, avessa a toda sorte de correção lidará com as coisas de Deus? Ora, a conversão é bem mais que um ajuste ortográfico de pequena monta; é uma mudança radical de mentalidade; cambiando nosso parco modo de pensar pelo Divino. “Deixe o ímpio o seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55;7 e 8

Paulo em sua epístola aos Romanos amplia a ideia; “Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável e perfeita, Vontade de Deus.” Rom 12;2

Claro que, correção não é algo agradável, mas, seu fruto é precioso. O preceito visa um fim, não, um sentimento. “Ouve o conselho, recebe a correção, para que “no fim” sejas sábio.” Prov 19;20

A epístola aos Hebreus desenvolve mais; “Na verdade, toda a correção, no presente, não parece ser de gozo, senão, tristeza; mas, depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Heb 12;11

Um pouco antes, explica sua existência e os motivos, e, coloca dura sentença aos que a rejeitam: “Porque o Senhor corrige ao que ama; açoita a qualquer que recebe por filho. Se, suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há que o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são participantes, sois então bastardos, não, filhos.” VS 6 a 8

Precisamos nos situar; ou, somos seres em estágio de aperfeiçoamento, enriquecimento cultural, espiritual, filosófico, que, eventualmente carecem correção; ou, somos obras acabadas, perfeitas; nossos atos e palavras refletem nossa perfeição.

Dado o fim a que conduz, A Palavra de Deus aquilata a correção como superior às pedras preciosas de alto valor; “Aceitai minha correção, não a prata; e o conhecimento, mais do que ouro fino escolhido. Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8;10 e 11
Eli o sacerdote perdeu o posto, os filhos e a vida; fez Deus alterar uma promessa que lhe havia feito, por ter se mostrado incorrigível, justo, em corrigir as profanações de seus filhos; “Por que pisastes meu sacrifício e minha oferta de alimentos que ordenei na minha morada; honras aos teus filhos mais que a mim... Portanto, diz o Senhor Deus de Israel: Na verdade tinha falado que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém, agora, diz o Senhor: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém, os que me desprezam serão desprezados.” I Sam 2;29 e 30

Servir Deus alheio à Sua disciplina não é servi-lO; é profaná-lO.


“Já vi jovens com a vida perdida serem salvos por correção e disciplina rigorosa. Mas o que mais vi, foram jovens bons se perderem por exagerados elogios.”
Bruce Lee

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Coisas velhas e novas

“...todo o escriba instruído acerca do Reino dos Céus é semelhante ao pai de família que tira do seu tesouro, coisas novas e velhas.” Mat 13;52

Mudança está impregnada no coletivo como sinônimo de algo bom, necessariamente; políticos em campanha dizem: “É hora de mudar”; se, estão já no poder; “para continuar mudando”. Então, como disse alguém, “Sentimos nas mudanças certo alívio mesmo que estejamos mudando para pior”.

Os versados no Reino são uma mescla de coisas velhas e novas; uma porção de atavismo, outra, de aprendizado.

Mas, o que chamamos novo? Vejamos algumas situações;
- Inexperiente = O neófito, cujos erros se atribuem ao fato de ser novo; ele vai aprender, dizemos;
- Desconhecido = Fato que ignoramos; quando nos é apresentado observamos: Essa é nova para mim;
- Recém nascido = Por motivos óbvios não demanda explicações;
- Sem uso = um produto que, mesmo tendo sido fabricado há dez, vinte anos, se, jamais foi usado, está novo;
- Posterior = Pouco importa a idade; cotejado com um que veio antes ele é novo; Por exemplo: O Novo Testamento já tem uns dois mil anos, porém, é novo em face ao que veio antes;
- Transformado = Um carro levado à oficina para retífica de algumas peças, uma vez que volta a funcionar perfeito se diz: Está novo; quem se converte torna-se “nova criatura”;
- Repetido = Quando se faz outra tentativa em algo que falhamos se diz: de novo, ou, novamente; etc.

Somos lentos para entender as coisas espirituais; muitas das apresentadas por Cristo que soaram novas eram antigas. “Ama teu próximo como a ti mesmo.” Vem desde Moisés; “Não procurem vingança, nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas, ame cada um, seu próximo como a si mesmo...” Lev 19;18 Preferiram dente por dente, olho por olho, contra inimigos, ignorando o ensino de amar o próximo.

Jesus era rejeitado, entre outras coisas, por ser Galileu; oriundo de lugar vil; “... Vem, pois, o Cristo da Galiléia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, de Belém, aldeia d’onde era Davi?” Jo 7;41 e 42 “...És tu também da Galiléia? Examina, e verás que da Galiléia nenhum profeta surgiu.” V 52

É vero que o Messias nasceria em Belém, “... de ti me sairá o que governará em Israel, cujas saídas são desde tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Miq 5;2

Seu surgimento ministerial, porém, foi predito que seria na Galiléia; “A terra, que foi angustiada, não será entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e de Naftali; mas, nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, na Galiléia das nações. O povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz.” Is 9;1 e 2

Mais uma “novidade” que não era tão nova assim.

É grave nossa preguiça mental que enseja uma compreensão parcial das coisas espirituais. O evangelho é a Boa Nova para quem desconhece; mas, traz o cumprimento de antigas promessas, e acena com o porvir de modo tal, que alguém devidamente instruído não se surpreende com nada; antes, espera o cumprimento.

Os meios de difusão se renovam cada dia nas asas da tecnologia; entretanto, o conteúdo é eterno, não comporta novidades. “Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho e andai por ele; achareis descanso para as vossas almas...”

Então, quando alguém se escandaliza com pilantras que furtam falseando A Palavra, e usa isso como “justificativa” para seu distanciamento de Deus trai a si mesmo na conveniência preguiçosa de desconhecer o que a mesma Palavra adverte.

Pois, “Haverá homens amantes de si mesmo, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas, negando a eficácia dela. Destes afasta-te.” II Tim 3;2 a 5

Devemos nos afastar de hipócritas, não, de Deus. Não consigo encontrar em lugar nenhum do espaço, sequer, do tempo, um argumento que justifique perder minha salvação porque outros estão perdendo a deles. Uma antiga canção dizia: “Você quer a frente das coisas olhando de lado.”

Alguns se iludem com mudanças de calendário. Coisa nova, a data; coisas velhas, os mesmos vícios desejos, evasivas, fugas, justificações... Quer algo novo deveras? Receba a Cristo como Senhor. O novo nascimento será fruto do Dom do Espírito; com Ele, nova luz, compreensão da Palavra. As “coisas Velhas” do amor Divino te darão novidade de vida.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Servos de Deus, mesmo?

“Confia no Senhor de todo coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos; Ele endireitará as tuas veredas.” Prov 3;5 e 6

Uma das coisas mais difíceis ao ser humano é abdicar de seu próprio entendimento em favor de outro, mesmo que esse Outro seja Deus. De uma forma direta a maioria das pessoas não o rejeita, porém, suas evasivas acabam dando demonstrações significativas disso.

Todo mundo é “filho de Deus” mesmo que esteja, na prática, obedecendo ao diabo. “A Bíblia precisa ser atualizada”; como se O Eterno fosse biodegradável; “todos os caminhos são bons, todas as religiões boas”; como O Santo fosse mentiroso; “não precisa ser tão radical, levar tudo em ponta de faca”, dizem, como se O Altíssimo fosse brincalhão...

A maioria das pessoas faz tudo do seu jeito, alheios ao Criador, contudo, cada um se diz pertencer a Ele. Dão-lhE o “direito de abençoar;” não, de governar.

Cheias estão as redes sociais de fotos de “Servos de Deus” que na virada do ano escolheram cuidadosamente, roupas para pedir o que desejam; branco para paz, vermelho para o amor, amarelo, riqueza, etc. Pediram pra quem? Pra Deus? Essas coisas são ensinadas em religiões rivais, não na Sua Palavra; d’um filho Dele o mínimo que se espera é que tenha O Senhor como abençoador e regente. “Reconhece- em todos os teus caminhos...”

A Palavra não dá a mínima para isso de virada do calendário que é uma febre humana; e, o servo ser abençoado é consequência de perseverar num relacionamento saudável com Ele; não, efeito colateral de mandingas prescritas por orixás. Assim, mesmo pensando ser, dizendo-se servos, muitos atuam de uma forma que provoca ciúmes, invés de agradá-lo, contudo, esperam daí, um ano abençoado.

O Santo não se envergonha de assumir que tem ciúmes daqueles que ama. No Velho Testamento patenteou isso, quando deixando o sadio Culto ao Senhor, os hebreus colocaram uma imagem de escultura no átrio do Templo; “... Filho do homem levanta agora teus olhos para o caminho do norte. Levantei os meus olhos para o caminho do norte, e, ao norte da porta do altar estava esta imagem de ciúmes na entrada. Disse-me: Filho do homem, vês o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui, para que me afaste do meu santuário?...” Ez 8;5 e 6

O Eterno anunciou duro juízo por aquilo, para, enfim, dizer: “Assim satisfarei em ti meu furor, e meus ciúmes se desviarão de ti; aquietarei-me e nunca mais me indignarei.” Cap 16;42

Tiago também lembrou isso; “Adúlteros e adúlteras; não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” Tg 4;4 e 5

Portanto, qualquer semelhança com o mundo nessas coisas é adultério espiritual, coisa que atrai o ciúme do Santo, invés da Bênção.

Comportamos-nos como se, criar o Planeta, o Universo tivesse sido ideia nossa, ou, algo para nosso deleite exclusivo, portanto, que Deus não se meta. Assim, nossos desejos, por insanos que sejam nos parecem lícitos, enquanto, os Dele, mesmo medicinais e santos podem ficar em segundo plano, quiçá, ser esquecidos.

A Bíblia fala algumas vezes sobre vestes, cores, tecidos, que agradam a Ele; “Em todo o tempo sejam alvas tuas roupas e nunca falte óleo sobre a tua cabeça.” Ecl 9;8 Isso é uma forma poética de dizer: Em todo tempo sejam justas tuas ações e jamais falte a direção do Espírito Santo às tuas decisões. Notem que é “todo tempo” não, na virada do ano.

E no apocalipse foi a qualidade do tecido, não a cor que figurou a justiça dos santos; “Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” Apoc 19;8

Desgraçadamente as pessoas mesmo se dizendo servas de Deus agem de forma a atrair Sua Ira, invés da Sua bênção; e, estão tão acostumadas a pautarem seus passos pelo próprio umbigo, invés da Palavra de Deus, que, muitas que resistiram até aqui lendo já podem estar bravas comigo, afinal, chateia essa mania que querer se meter em suas vidas.

A que está se sentindo assim, volte ao segundo parágrafo desse escrito e se encontrará diante do espelho.

Deus não precisa calendário, mandingas, cores, para nos abençoar; muitas vezes o faz mais pelo que não fazemos, do que pelos feitos; “Bem-aventurado (abençoado) o homem que “não anda” segundo o conselho dos ímpios, “não se detém” no caminho dos pecadores, “nem se assenta” na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1

domingo, 31 de dezembro de 2017

A coroa e os coroas

“Coroa de honra são as cãs, quando, elas estão no caminho da justiça.” Prov 16;31
Notemos que, cabelos brancos em si não merecem honra nenhuma; apenas, se, o seu “coroado” estiver no caminho da justiça. Ruy Barbosa desenvolveu de outro modo: “Não te impressiones com os cabelos brancos, pois, os canalhas também envelhecem.”

Deveríamos, com o curso do tempo e as lições da vida nos tornar sábios na maturidade; entretanto, nem sempre é assim. Diz-se que o brasileiro tende a deixar tudo para última hora; em se tratando de documentos, tarifas, inscrições, pagamentos; o que, na maioria dos casos se verifica, dadas as longas filas ao expirarem prazos para essas vicissitudes.

Contudo, aprender o apreço pela justiça, e decidir andar em seus caminhos é algo mais denso que quitar certo compromisso financeiro ou, similar; na verdade é um caminho, um jeito de andar, na estrada da vida, que se aprende e preserva, malgrado, as oposições do mundo, ou, se deixa levar pelo caminho largo do comodismo conveniente, da frouxidão moral, da morte espiritual.

Não dá para aprender amar à justiça na última hora. Toda ênfase que se der à Graça de Deus ficará muito aquém da grandeza dela; todavia, essa não é um fator excludente no que tange à justiça, antes, foi a Justiça de Deus fazendo o pecado encontrar seu salário, a morte que proveu a Graça Inefável de Cristo; tomando nossas culpas para suprir nossa inadimplência da qual jamais poderíamos sair por nossos parcos meios; “Aqueles que confiam na sua fazenda, e se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, ou dar a Deus o resgate dele, pois, a redenção da sua alma é caríssima...” Sal 49;6 a 8

Desse modo, os que se arrependem recebem a vida de graça, para que regenerados pelo Espírito aprendam andar em justiça.

A justiça não é um alvo a se chegar, antes, um efeito colateral, um jeito de ser e andar daqueles que chegaram a Deus em Cristo. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 3;10

Moisés rogou que Deus propiciasse ao longo da caminhada uma estatura que pudesse ser reputada sabedoria; “Ensina-nos a contar nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” Sal 90;12

Mediante o mais sábio dos homens, Salomão, Deus preceituou que, as boas escolhas podemos e, devemos desde cedo; “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias; cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento.” Ecl 12;1

Aí sim, se, inda jovens desejarmos esse caminho, que aos olhos Divinos sejamos reputados justos, então, a prática da justiça nos será algo normal, e, mesmo quando o tempo branquear nossos cabelos, ainda seremos frutíferos nas mãos de Deus. “O justo florescerá como a palmeira; crescerá como o cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos e vigorosos, para anunciar que o Senhor é reto. Ele é a minha Rocha; Nele não há injustiça.” Sal 92;12 a 15

Um dos frutos de nosso andar em justiça será “anunciar que O Senhor é reto... Nele não há injustiça.” Pois, se assim não for, digo, se passarmos nosso tempo alienados do Senhor, resilientes ao ensino e, eventual correção, seremos apenas velhos um dia, e nossos cabelos brancos, invés de credenciais de experiência, sabedoria, serão uma desonra, dado que até uma criança pode se nos avantajar; “Melhor é a criança pobre e sábia do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar. Porque um sai do cárcere para reinar; enquanto outro, que nasceu em seu reino, torna-se pobre.” Ecl 4;13 e 14

Notemos que esses fazem caminho inverso, um perde o que já tinha; um reino, enquanto, o que não tinha nada acaba herdando aquilo que seria do outro. Se, isso lembra as sagas de Saul e Davi, por exemplo, só corrobora que o ensino é mesmo veraz. Aquele perdeu o reino por teimoso, rebelde, esse herdou, graças a sua comunhão com Deus.

Saul terminou suicidando-se para não morrer pela mão do inimigo, enquanto, Davi passou a coroa ao seu filho Salomão, que, depois escreveu a sentença em apreço.

Na verdade todo que aquele que exortado a abraçar a Justiça Divina como modo de vida se aliena do Criador, no fundo, é suicida, pois, sua escolha atenta contra a própria vida.

“O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã.” Leonardo da Vinci

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Amor, esse mal entendido

“Para que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor...” Ef 3;17

Paulo disse que orava pelos efésios para que fossem fortalecidos para Cristo neles habitar. Por que precisamos disso para Cristo habitar em nós? Porque carecemos despejar todos os dias, certo habitante que insiste em querer para si um trono que é Dele. O eu. Esse tem suas raízes no egoísmo, na indiferença, no excesso de amor próprio, na sugestão do capeta; “vocês sabem o bem e o mal”. Então, enquanto o “negue a si mesmo” não for alcançado não teremos lugar para Cristo. Seremos usurpadores.

Paulo usou duas figuras distintas para propósito semelhante; “arraigados e fundados...” Raízes são a base de uma planta; fundação, de uma construção qualquer. A ideia é que somos algo vivo espiritualmente, porém, em construção. Ouçamos Pedro: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5

Na parábola dos dois fundamentos o homem prudente careceu cavar fundo para chegar à Rocha. O alvo do apóstolo era o amor; primeiro, fundados em amor, pra depois, “...compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, altura, profundidade; conhecer o amor de Cristo...” VS 18 e 19

Normalmente as pessoas têm uma ideia simplista do amor; equacionam a mero sentimentalismo. Eu amo fulano, portanto desejo tudo de bom para ele. “Assim sim” como diria o Chaves. O Salvador resumiu toda a Lei em dois mandamentos: Amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo. Como podemos amar algo ou alguém sem conhecer?

Então, o “cavar fundo” no que tange ao nosso amor por Ele começa em desejarmos a Verdade, e, conhecer mais e mais a Fonte do amor; Deus.

O bendito do salmo primeiro, “Tem seu prazer na Lei do Senhor e na Sua Lei medita dia e noite.”

Porém, a maioria dos crentes, de preguiça de conhecer a Palavra assemelha-se a filhotes de águias no ninho esperando comida. O que ela caçar, rato, serpente, lagarto, estarão sôfregos de bico aberto esperando. Invés de receber o Pão do Céu direto do Senhor recebem cobras e lagartos de aves de rapina; são como outros que, “Foram destruídos por falta de conhecimento.”


A natureza ruma às paixões, mesmo que, essas conflitem com o querer Divino. Invés de buscarem à Verdade as pessoas buscam o cômodo, conveniente. Isso as faz “politicamente corretas”, espiritualmente insanas; presas em potencial do inimigo; seus embustes, e seu representante-mor, o anticristo; “esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, sinais e prodígios de mentira, com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.” II Tess 2;9 e 10


Óbvio que conhecer a Deus não basta; precisamos obedecer. Isso nos levará fatalmente ao amor pelos nossos semelhantes. “Se não amamos nossos iguais aos quais vemos, como amaremos a Deus O qual não vemos”?

O amor Divino choca nosso intelecto, “excede todo entendimento”, pois, nossa ideia de amor é meio mercantil; uma espécie de troca; “amo a quem me ama, sou bom para quem é bom comigo, bateu levou, que Deus te dê em dobro o que me desejares”; etc.

“Deus prova Seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós sendo nós ainda pecadores”; noutras palavras, adversários.

Portanto, em nossa escavação precisamos remover também o entulho da vingança, inveja, indiferença, sentimento faccioso... “Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons; a chuva desça sobre justos e injustos. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicano o mesmo? Se, saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Sede vós pois perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus.” Mat 5;44 a 48

Entretanto, o fato de Deus nos amar não é licença para pecar; “Eu repreendo e castigo todos que amo;” diz O Senhor. Renega paternidade dos que se mostram avessos à disciplina: “Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há que o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, não, filhos.” Heb 12;7 e 8


As pessoas não encontram a Deus, pois, buscam coisas; mas, as que O busca encontram; e, de lambuja, o Pai amoroso nos dá todas as coisas que necessitamos.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Deus é para todas as horas

“... consideraste a minha aflição; conheceste minha alma nas angústias.” Sal 31;7

Há “amigos” chegados nas horas alegres, festivas; porém, distantes, nas angustiosas. Da sua relação com Deus Davi versou: “Conheceste minha alma nas angústias”. Na verdade, o próprio Senhor, invés de um culto hipócrita pleno de sacrifícios e vazio de sentido sugeriu: “invoca-me no dia da angústia; te livrarei e me glorificarás.” Sal 50;15

É fácil estarmos receptivos em momentos de angústia; todo ministro que já passou por isso sabe que não há momento em que suas palavras soem mais aceitáveis, desejáveis, que durante um culto fúnebre, por exemplo, onde a presença sombria da morte ensejou angústias várias entre os parentes de quem se foi.

Deus amoroso não se importa com esse oportunismo de nossa parte, desde que, feridos por Sua Palavra nos deixemos transformar. Porém, na maioria dos casos nossos moveres de alma são eventuais, apenas um refúgio contra os ventos da angústia; quando o tempo melhora pioramos.

O Eterno queixou-se de algo assim feito pela nação de Israel; “Te conheci no deserto, na terra muito seca.” Os 13;5 No deserto, lugar de angústias se deixaram encontrar. Passado aquele contexto e inseridos na fartura desprezaram ao Senhor. “Depois, se fartaram em proporção do seu pasto, estando fartos, ensoberbeceu-se seu coração; por isso esqueceram de mim.” V 6

Contra Judá e Efraim queixou-se de uma volubilidade semelhante ao orvalho da manhã que some tão logo o sol chega. “Que te farei, ó Efraim? Que te farei, ó Judá? Porque vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como orvalho da madrugada, que cedo passa.” Os 6;4

Foi precisamente naquele contexto, de desaprovação Divina à indiferença de um povo ingrato que falou: “Meu povo foi destruído porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; como te esqueceste da lei do teu Deus, também me esquecerei de teus filhos.” Cap 4;6 e,“Porque eu quero misericórdia, não, sacrifício; e conhecimento de Deus, mais que holocaustos.” 6;6

Associou a ignorância espiritual ao desprezo pela Palavra; “... esquecestes da Lei do Teu Deus...” Igualzinho em gênero, número e grau ao que acontece atualmente.

Uma geração de obreiros mercenários, pilantras que usa as angústias humanas para seu proselitismo barato; Deus seria dos desempregados, pobres, miseráveis, frustrados emocionalmente; com essa canção atraem suas presas; porém, invés de fomentarem o conhecimento do Santo mediante ensino saudável mantêm as pessoas cativas na ignorância, ensinando a mercância blasfema de trocar $acrifício$ por socorro.

Um dos mais perniciosos enganos do maligno disseminado pelos seus, transfigurados, é subentender que alguém possa ser “esperto” perante Deus a ponto de manipulá-lO. Isto é, lograr Seus favores em horas avessas, e desprezá-lO sem consequência, depois.

Ouçamos o Próprio Senhor: “porque clamei e recusastes; estendi minha mão e não houve quem desse atenção; antes, rejeitastes o meu conselho e não quisestes minha repreensão; também de minha parte rirei na vossa perdição, zombarei, vindo o vosso temor.” Prov 1;24 a 26

Aí sim, chegar a uma hora de angústia tendo Deus indiferente ao nosso clamor fará a angústia infinitamente maior.

Deus É Amor. Portanto, mesmo que vamos a Ele depois de desperdiçarmos tudo e termos acabado entre os porcos como o pródigo, nos recebe em festa, se, O buscarmos arrependidos. Porém, Ele também É Justiça; se O profanarmos deliberadamente invés de um Pai amoroso encontraremos um Juiz Terrível. “Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo.” Heb 10;31

Nossos estados emocionais não têm necessariamente ligação com o status espiritual; posso estar em paz com Deus e sofrer imensamente, como Jó; ou, viver alheio e gozar fartura, como os citados no Salmo 73.

Emoções, sentimentos não são aferidores da medida do nosso relacionamento com Deus; antes, nossa vida transformada pelo conhecimento Dele na Face de Cristo, Sua Palavra.

Como disse John Kennedy, “O telhado se conserta em dias de tempo bom.” Devemos consertar nosso relacionamento agora; não, esperarmos ser acossados pelo aguilhão da dor. Se, já somos paciência; vamos a Ele como estamos Ele sonda corações; vê os motivos.

Em suma, se a Integridade e o Amor Divinos fazem com que Ele nos conheça mesmo em momentos de angústia, tenhamos um mínimo de correspondência, amando-O, reconhecendo-O e sendo-lhE grato, até nas horas de bonança.

O Amor do Pai, posto que disponível a todos os arrependidos não é tão inclusivo assim, antes, seletivo; “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes, tem seu prazer na Lei do Senhor, e na sua Lei medita de dia e de noite.” Sal 1;1 e 2

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Aproveite Seu Tempo

“Fiz um acordo de coexistência pacífica com o tempo: Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra.” Mário Lago

Esse dia em que nos encontramos com nosso tempo, também conhecido como morte tem sido o assombro de uns e o ilusório refúgio de outros.

A Bíblia apresenta-nos como seres finitos em nosso tempo terreno, porém, com aspirações eternas na alma; “Ele fez tudo apropriado ao seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez.” Ecl 3;11

Essa limitação de possibilidades mercê da ação do tempo e um anseio ilimitado em nossas almas deveria ser um fator a nos impulsionar em direção ao que pode prover isso, Deus.

Paulo apresenta-nos num limite de tempo e espaço cujo fim é o retorno ao Criador. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Mas, os homens ímpios correm contra o tempo; em suas máximas apregoam: “Curta a vida porque a vida é curta”. Seu “curtir” é o disfarce da enfermidade psíquica que a Palavra de Deus chama de medo da morte. “Como os filhos participam da carne e do sangue, também ele (Cristo) participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Heb 1;14 e 15

Agora temos um novo escopo do “curtir”; servidão. Sim, se observarmos tais “curtidores”, saem desabalados pelo trânsito em dias de feriados, com pressa de chegar aos seus lugares de festa; muitos jamais chegam. Ironicamente o medo da morte os faz encontrá-la antes do tempo. E, o que esses que chegam e “aproveitam” chamam assim, amiúde se resume a bebedices, promiscuidade quando não, consumo de drogas.

Claro que isso não é regra; há os que calejados pela maturidade fazem melhores escolhas; embora, esses sejam minoria. Quando logra isso de nos livrar das inclinações tolas da juventude, o tempo, em parte conseguiu nossa atenção; malgrado, muitos envelheçam verdes, pois, maturidade demanda algo mais que o curso do tempo.

Quantos devaneios já permearam a literatura, o cinema, em busca da Fonte da Eterna Juventude! Parece ser um anseio universal. De modo que é lícito concluir que, o que Deus propõe todos querem; porém, a maioria discorda dos termos do Criador. Vida eterna sim; mas, em Cristo, com cruz? Aí não.

Eventualmente cito quando oportuno o incidente da mensagem inútil, que vivi. Meu sobrinho e eu tínhamos apenas uma chave de casa; quando saíamos deixávamos sempre em um lugar pré-determinado para que o outro pudesse entrar. Certo dia, cheguei, ele tinha saído; fui ao lugar de sempre achei a chave e abri a porta. Deparei com um bilhete no chão que ele enfiara por debaixo da porta; “Tio a chave está...” Fiquei rindo sozinho com um tolo. Eu nunca poderia ver o bilhete sem antes ter acesso à chave, pois, estava do lado de dentro; depois disso não precisava mais.

Desse modo, há muitos do outro lado que, como o rico da parábola com Lázaro sabem a gravidade, a seriedade da coisa, mas, agora a informação já não lhes serve mais, tornou-se inútil. Precisamos acesso à chave antes de abrirmos a porta da eternidade.

Em se tratando da eternidade com Deus, “Eu Sou a Porta” disse Cristo. A chave, O Evangelho. Muitos interpretam de modo errado a afirmação de ter Ele dado as Chaves do Reino a Pedro, como se esse fosse um porteiro celeste, ou, chefe dos apóstolos. Não. Coube-lhe a honra de ser o primeiro pregador do Evangelho, o que abriu a porta da salvação para muitos. Depois dele, qualquer pregador idôneo também tem a chave.

Como não sabemos quando será nosso encontro com o tempo, como disse o poeta, todo homem prudente deveria receber a mensagem de salvação com um sentido de urgência; “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes sua voz, Não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15 “...não recebais a graça de Deus em vão; ... Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui, agora, o tempo aceitável, eis aqui, agora, o dia da salvação. II Cor 6;1 e 2
Ou isso, ou, corremos o risco de reprisarmos um lamento de Jeremias: “Passou a sega, findou o verão, e não estamos salvos.” Jr 8;20