“... eu
lançava na prisão, açoitava nas sinagogas os que criam em ti. Quando o sangue
de Estêvão, tua testemunha, se derramava, também estava presente, consentia na
sua morte, guardava as capas dos que o matavam. Disse-me: Vai, porque hei de
enviar-te aos gentios de longe.” Atos 22;19 a 21
Temos Paulo,
em face a sua chamada, desqualificando-se por causa dos crimes pretéritos;
Jesus, apressando-o por causa dos anseios futuros. Desse modo, o ser humano
tende a olhar para as dificuldades; Deus, para os objetivos.
Por nefasto
que tenha sido nosso pretérito, se, O Senhor nos perdoa, recebe, o passado está
resolvido. Ficarmos nos atormentando com remorsos não deriva de eventual
bondade nossa; antes, é traço de incredulidade, de quem duvida do perdão
Divino.
Deus afirma
que lança os pecados perdoados no “Mar do esquecimento”; nós, adquirimos roupas
de mergulho e submergimos nas águas sujas atrás do que deveríamos esquecer.
Não que seja
possível a uma pessoa saudável esquecer, estritamente, no sentido de não mais
lembrar. Mas, como dizemos sobre esquecer um amor, ainda lembramos o vivido,
agora, lembrança sem dor. É bom que lembremos desse modo, os descaminhos idos,
pois, quanto piores forem, maior será nossa gratidão ao Salvador que deles nos
tirou, como disse Davi: “... Tirou-me de um charco de lodo, firmou meus pés
sobre uma rocha.” Sal 40
Quando o
Senhor nos comissiona, não o faz por causa de coisas que fizemos; geralmente,
apesar, do que fizemos. Noutras palavras, não nos chama por nossos méritos,
antes, por Sua Bondade. Certo que, limpa o vaso que pretende usar, como fez
quando chamou Isaías; o profeta que reconhecera a impureza dos seus lábios, O
Santo o purificou, e comissionou.
Observemos os
carros à noite; as luzes que apontam para frente são poderosas, reguláveis para
perto e longe; as de trás, são tênues, avermelhadas, não servem para iluminar,
antes, para mostrar a presença a outros, basicamente. Assim deveria ser com o “carro”
das nossas vidas. Não obstante andarmos num mundo noturno, escurecido pela
impiedade, devemos contar com a vívida Luz de Cristo para mostrar o caminho.
Tanto para perto, implicações de nosso andar agora, quanto, longe, nossa
esperança nas promessas. “Lâmpada para meus pés é a tua Palavra; luz para meu
caminho”. Sal 119;105
As luzes de
trás, servem mais a outros que a nós; os que viram o que fomos, e verem no que
Jesus nos transformou, hão de identificar a presença da salvação. “Muitos, verão,
temerão, e aprenderão a confiar no Senhor” Ainda, salmo 40.
Assim, quando
O Senhor chama-nos, será perda de tempo investigarmos procurando motivos em
nós; os motivos estão Nele. Nós temos passados ruins, limitações de talentos,
credenciais pífias, mas, se tivermos ouvidos espirituais, coração voluntário,
índole servil, estaremos “qualificados”, aos Divinos Olhos.
O mesmo
Paulo, que considerava-se o principal dos pecadores por ter perseguido à
Igreja, indigno de ser chamado apóstolo, nascido fora de tempo, - disse – ( e,
pensar que temos “apóstolos” hoje! ) esse Paulo, digo, viveu na pele, aprendeu e
ensinou sobre as “credenciais” que, Deus busca nos Seus comissionados: “Porque,
vede, irmãos, vossa vocação, não são muitos os sábios segundo a carne, nem
muitos poderosos, nem muitos nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as
coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas
fracas deste mundo para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste
mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que
nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1; 26 a 29
Nosso “material
de construção” é péssimo para Obra de Deus; Ele não usa isso. Regenera os Seus,
da Água ( Palavra ) de do Espírito, ( Santo ). “Assim, se alguém está em
Cristo, nova criatura é, as coisas velhas passaram, eis, que tudo se fez novo.”
II Cor 5;17
Com o Novo
Material edifica-nos; nos faz partícipes na edificação da Sua Obra. Porém,
testa-nos pelo fogo das aflições, para ver se estamos usando o devido cuidado. Feitos
que não resistem à prova serão consumidos. “Se alguém, sobre este fundamento
formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha; a
obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo
será descoberta; o fogo provará qual a obra de cada um.” I Cor 3; 12 e 13
Nosso passado
sujo foi purificado por sangue; nosso andar renascido é, pelo fogo. Pregadores que
ensinam triunfalismo invés de santidade, devaneiam fugir de um fogo necessário
agora; conduzem a outro inevitável depois.
Pois, se no nosso
sujo pretérito aceitamos de bom grado a solução de Deus, em nosso incógnito
devir, devemos confiar na Sua direção também.