“Teme ao Senhor, filho meu, e
ao rei; não te ponhas com os que buscam mudanças, porque de repente se
levantará sua destruição; a ruína de
ambos, quem o sabe?” Prov 24; 21 e 22.
Lido
de modo superficial pode esposar a errônea ideia que toda mudança seja má. Não
te intrometas com os que buscam mudanças, ponto. Entretanto, convém um mínimo
de esforço para que entendamos o alvo do sábio.
Antes do aspecto negativo temos
dois afirmativos: “Teme ao Senhor e ao rei;” óbvio concluir que, as mudanças
desaconselhadas residem nisso: Rebelião, contra os governos, Divino e humano.
Afinal, após o preceito temos uma dupla sentença também; “A ruína de ambos,
quem o sabe?”
Uma coisa com a qual os humanos
lidam muito mal é a figura de autoridade. A maioria parece resistir à ideia de
ser governado. Entretanto, o mesmo pensador parece atribuir um peso nefasto sobre
quem governa, antes, do que é governado. “Tudo isto vi quando apliquei o meu
coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem
domínio sobre outro homem, para desgraça sua.” Ecl 8; 9
Parece contraditório
defender que a desgraça ameaça quem governa, invés do que é governado. Afinal,
o primeiro detém o poder, a autoridade, as prerrogativas decorrentes. Ao
segundo cumpre obedecer, pagar impostos, sustentar o conforto daquele. A imensa
romaria rezando a mesma cantilena de promessas que a cada eleição se constata
demonstra quê, aos olhos humanos, governar é preferível, a ser governado. Por
quê? Por que os que se propõem, salvas
possíveis e raras exceções, contemplam a coisa do ponto-de-vista dos
privilégios, não, das responsabilidades.
Aos olhos Divinos não é assim. Quando
O Senhor exortou sobre a necessária vigilância dos postulantes ao Reino, Pedro
cogitou ser para os pequenos; os apóstolos seriam a elite, portanto, isenta. “E
disse-lhe Pedro: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos? E disse
o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os
seus servos, para lhes dar a tempo a ração?” Luc 12; 41 e 42
O mesmo Salvador
dissera que, ao que mais se lhe dá, dele, mais se cobrará. Tiago amplia para os que detêm
o dom da sabedoria: “Meus irmãos,
muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.
Porque todos tropeçam em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, tal,
é perfeito; poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3; 1 e 2 Aquilo que
posso ensinar devo fazer; essa é a ideia.
Por ocasião do Êxodo ( embrião da
Nação de Israel ) tivemos um exemplo dessa dupla rebelião no caso do Bezerro de
Ouro. Passaram da Teocracia representada por Moisés para a democracia; de Deus,
para um desprezível quadrúpede inerte.
As consequências foram perdição, tristeza, morte de muitos rebeldes. Democracia,
naquele caso, não era alternativa desejável.
Muitos sonolentos se iludem com
manifestações de rua no Brasil, como se fosse a veia democrática pulsando;
basta um mínimo de acuidade intelectual para ver que, nisso, há muito de,
anarquistas, gente que deplora qualquer tipo de governo.
Ora, conhecendo as
paixões humanas, o potencial destrutivo das mesmas, não fossem as cercas da
lei, a vigilância das autoridades, e volveríamos à barbárie, ao predantismo do
homem pelo homem. Então, quem obedece às leis, aos governantes, ainda que, não
concorde com seus atos, é fiador do sistema que preserva a ordem social.
Claro
que, corrupção institucionalizada como temos no país é um teste à têmpera moral
do homem de bem. Na verdade, uma afronta, por ser governado por gente
inferior a si. Mas, se mesmo afrontado, tal, não abdica dos valores, a desgraça
em que caem aqueles governantes indignos, não lhe atingirá.
Como o sal consegue
conservar a carne em face à decomposição, os homens e mulheres de valor são
ainda fatores de preservação social. Claro que, malgrado a declaração de fé
desses ditosos, no fundo, é o temor de Deus que os inspira a conservar ainda
valores. Dirão uns: Sou ateu, faço isso por questão de consciência social.
Ignoram que a consciência é um fragmento de Deus no homem, creia ele ou não.
Se, Tiago ensina que, mera omissão é pecado, que dizer do governante que deve
fazer o bem a que se comprometeu? Se não existisse Um Deus que julga seria só
um espertalhão; mas, os valores que se opõem à derrocada moral do gênero humano
são digitais mostrando que, a Mão de
Deus tocou em almas...
Dizem que o crime
perfeito é aquele que não deixa nenhuma prova. Eis o ponto fraco da criação!
Plena está de indícios da “culpa” de Deus.