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domingo, 30 de junho de 2019

Dormindo com o Inimigo

“Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

Há diversos modos de fuga; o mais comum é a hipocrisia. Aqueles que, temendo a sobriedade nua dos fatos abrigam-se à sombra dos discursos. De outro modo; constrangidos pela fraude que são e bem sabem, encenam uma personagem que pareça palatável aos eventuais convivas. Não se atrevendo a tocar no recheio mudam o invólucro.

Os justos não dependem de alheia aprovação; podem ter a ousadia de ser verdadeiros, mesmo ao custo da antipatia dos que não se relacionam bem com a verdade. A aprovação de Deus perceptível no silêncio da consciência é seu alvo; por essa, nem se importam com certos “efeitos colaterais”.

O barulho na consciência é uma “luz no painel” advertindo que algo não funciona bem. Os que fogem para a “Cidade de Refúgio” dos vícios anestesiam a dor, não para erradicar a causa como fazem os médicos; seu alvo não é desejar a cura, mas seguir anestesiados apenas, por covardes demais para tratarem com seriedade as insanidades espirituais que lhes pesam.

Pesos desnecessários cuja insistência em transportar pode fazer afundar os barcos, até dos convertidos. “Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia; conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1;18 e 19

A medicina aí demanda uma “transfusão de Sangue” que assusta; “... o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo...” Heb 9;14

Contudo, há métodos mais diretos e explícitos de fuga tomados por ímpios. Quem estava a perseguir Judas quando, após vender ao Senhor tomou uma corda e foi se enforcar?? “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28;17

À luz disso se faz necessária a conclusão que quem faz mal a outrem, em última instância faz a si mesmo. “... estes (Os malfeitores, violentos) armam ciladas contra o seu próprio sangue; espreitam suas próprias vidas.” Prov 1;18

O homem justo esquadrinha-se e suspeita de falhas em si mesmo quando algo dá errado; o ímpio dilui entre muitos, ou imputa a alguns, a culpa, quando ele faz algo errado. Quem jamais conheceu higiene na consciência nem percebe sua sujeira tão “normal”.

“Os melhores homens que conheci – disse Spurgeon – estavam sempre descontentes consigo mesmos; inquietos perscrutando eventuais erros e desejando se tornar melhores de alguma forma.” Os ímpios já são “obras acabadas” gente a quem a vida, as pessoas, e até Deus devem algo.

Portanto, não é forçada a conclusão que dormimos com o inimigo, cada um de nós. Se, como muitos fazem, lhes parece preferível enfrentar o mundo a ter coragem de enfrentar a si mesmos, que gigantesco, assustador, temível é esse inimigo! O ego.

Platão ilustrou a natureza humana de um modo bem didático; “O homem é um invólucro de pele, contendo dentro uma besta policéfala, (Um monstro de várias cabeças) e no alto, um homenzinho impotente.”

Esse homenzinho frágil, ensinou, é a razão que deveria arbitrar nossas escolhas. A besta é a inclinação para o mal; cada desejo malsão, uma cabeça.

Essa figura é uma descrição mui veraz do homem sem Deus. Embora se diga a torto e a direito, “também sou filho de Deus”, a filiação se demonstra de outro modo, não, com a língua. “... Se, Deus fosse vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que Eu saí, e vim Dele...” Mas, eu amo a Jesus dirá meu interlocutor. Também isso requer mais que palavras; “Aquele que tem meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama...” Jo 14;21

Chegamos a um beco sem saída para a natureza humana caída. Somos meras criaturas impotentes para agir como filhos de Deus. “... o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero faço.” Rom 7;18 e 19

Então a Cruz requerida, ainda que doída mortifica apenas o mostro aquele, e recria ao homem interior de modo que agora, em Cristo ele pode agir como filho de Deus. “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, da vontade da carne, nem da do homem, mas de Deus.” Jo 1;12 e 13

Enfim, se o ímpio pensando viver, apenas faz mal a si mesmo, o que renuncia ao si mesmo mortificando-se em Cristo, fingindo morrer herda a vida eterna.

sábado, 18 de agosto de 2018

A Medicina do Arrependimento

“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada; cujo pecado é coberto.” Sal 32;1

Se, Deus É Amor, como ensina João, Grandioso em perdoar, como disse Isaías, por que não perdoa geral, para que todos sejam bem-aventurados, felizes?

Porque o Perdão Divino não opera no vazio; é um contraponto ao arrependimento sincero. Assim, não havendo arrependimento não existe o perdão; pois, violaria o arbítrio que, O Santo preza, dar a alguém, o que esse alguém não deseja.

Então, mesmo que as consequências sejam nefastas, se, o pecador segue decidido em sua obstinação pecaminosa, o perdão olha de fora para tal alma, anelando pelo momento em que possa entrar.

O mesmo salmista confessou: “Quando guardei silêncio envelheceram meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou sequidão de estio.” Vs 3 e 4

Quer dizer: O sujeito pecou e se fechou em si mesmo, alienado do Senhor, silenciou. O silêncio é uma coisa boa no devido contexto; mas, não, quando até os ossos e o humor anseiam pelo bramido de arrependimento perante O Senhor que sara.

Talvez tenha meditado nesse canto, Salomão, o filho do autor, para reduzi-lo depois, numa sentença; “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas, o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

O que há de mais belo no arrependimento é que ele recoloca o carro e os bois nos devidos lugares. Isto é: Quando pecamos atuamos segundo a autonomia egoísta proposta por Satanás; “Vós mesmos sabereis o bem e o mal.” Olhamos determinada tentação e decidimos que é um bem, desfrutá-la; indiferentes ao conselho Divino pecamos. Após isso, o “peso da Mão do Senhor”, a consciência, nos adverte que foi mal; há, no âmago de cada um, o contraponto patenteando que o dito do maligno foi mentiroso; que, a despeito de nossas carnais inclinações, a decisão final sobre bem e mal não é nossa.

Assim, persuadida por uma consciência pesada, a alma aflita passa a desejar refrigério; sabedor que é um derivado do Perdão Divino, busca-o como um enfermo pela cura; Ou, cala-se, simplesmente sofrendo consequências como as que vimos. Assim, o tentador assassino enverniza seus sujos prazeres e diz: Vai que é tua! A carne imprudente, mal inclinada vai; depois, vem a consciência, faísca Divina, e nos adverte: Foi mal.

Arrependimento, pois, é minha alma divorciando-se eventualmente, da carne, prestando continência à consciência; sob seu conselho buscando reconciliação com Deus. “Confessei-te meu pecado; a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; tu perdoaste a maldade do meu pecado. Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão. Tu és o lugar em que me escondo; tu me preservas da angústia; tu me cinges de alegres cantos de livramento.” Vs 5 a 7

Assim, cambiar de uma situação de “ossos envelhecidos”, alma mal humorada, para outra de “alegres cantos de livramento” é uma tênue faceta da superioridade do Conselho Divino em relação ao usurpador.

Adiante, noutro cântico, Davi descreveu seu pecado de forma mais nítida ainda: “Porque conheço minhas transgressões; o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei; fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares e puro quando julgares.” Sal 52; 3 e 4

Esse negócio de, “A serpente me enganou... a mulher que me deste por companheira... eu pequei, mas...” nada vale diante de Deus. Se, pequei, foi escolha minha; ponto. Quem apresenta justificativas não está arrependido, mas, peca novamente tentando fazer Deus injusto. Paulo sentencia: “Sempre seja Deus verdadeiro e todo o homem mentiroso; como está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras e venças quando fores julgado.” Rom 3;4

E os que pecam “sem culpa”? As consciências já não acusam? A resiliência no mal cauteriza-as; sua voz suave fica cada vez mais distante, de tanto ser ignorada, que é como se não falasse mais. São doentes terminais nas almas.

De alguns, O Senhor Misericordioso nem espera arrependimento; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda...” Apoc 22;11 Lembram do “ih ih, Jesus é Travesti”? Quando o lixo apodrece assim, nem recicladores querem.

A superabundante Graça Divina fica impotente ante a superabundante maldade humana consorciada com o capeta.

Convém ser cuidadosos como nossas consciências; “Conservando a fé; a boa consciência, à qual alguns, rejeitando naufragaram na fé.” I Tim 1;19

“O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo.” Balzac