“Para que
agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados
e potestades nos céus.” Ef 3; 10 A visão comum deixa as coisas espirituais pra
depois da morte, tipo, quem fez o bem vai pro céu, os demais, pro inferno.
Geralmente,
noções de bem e mal derivam dos gostos, assim, como a maioria gosta do que é,
do que faz, quem morre “vai pro céu.” Qualquer pessoa, malgrado a vida que
tenha levado, ao morrer, dizem que “passou pro andar de cima;” se, for morte
trágica, corre risco de ser “canonizada”, se tornar “protetora” contra
tragédias semelhantes.
Não são assim,
as coisas? Se deixarmos humanos costumes e observarmos à Palavra de Deus, não.
Pra começar, embora as obras possam ser testemunhas do caráter, não são
aferidoras de salvação.
Uma faceta da
hipocrisia, por exemplo, é fazer “coisas boas” pra purgar às más, mascará-las.
Como um chefe do tráfico que distribui cestas básicas no morro, para ser
respeitado, amado, pelos que, seu comércio ajuda a destruir.
Para Deus, a
primeira “obra” é crer; “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele
enviou.” Jo 6; 29 A segunda, obedecer; “Por que me dizeis, Senhor, Senhor, e
não fazes o que vos mando?” Após crermos e obedecermos, nossa relação
interpessoal deverá refletir Cristo, tanto nas obras, quanto, no caráter, pois,
“não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte,” disse.
Todavia, não
existe uma separação dimensional, as coisas celestes, pra depois; agora, apenas
as da Terra. Desprender-se do casulo do corpo não é meramente conhecer outra
dimensão; antes, é o fim da esperança, para quem rejeitou o Evangelho; o fim
dos riscos, para quem o abraçou e viveu.
A Bíblia
apresenta plena interação entre Céu e Terra; Isaías introduz seu Livro, assim:
“...Ouvi, ó céus, dá ouvidos, tu, ó terra; porque fala o Senhor:...” Is 1; 2 O Senhor, por Sua vez, disse que “há alegria
nos céus, por um pecador que se arrepende”. Uma decisão aqui, repercussão
imediata, lá. Então, devemos considerar O Céu, Seus Poderes, anseios, nesse
momento, não após a morte.
Ademais, o
verso que inspirou essa reflexão diz que as riquezas de Cristo atuam para que,
“agora, pela igreja, a Sabedoria de Deus seja conhecida dos Principados e
Potestades nos céus.”
Que
responsabilidade! O salvos são mais que figurantes nesse teatro universal, são
atores. Coadjuvantes, é certo, pois, O Protagonista é Jesus Cristo, mas, nosso
desempenho conta, e conta muito, nessa peça, cujo script foi dado para que se
encenasse vividamente a Justiça, Sabedoria, e Amor Divinos, ante seleta plateia
de poderes celestiais.
Como fotos
antigas precisavam de um “negativo” antes de ser reveladas, assim, não podemos,
dada nossa imperfeição, apreender a Sabedoria em si, antes, carecemos as dores
de sua ausência, pra, depois, mediante experiência cotejarmos ambas as faces, e
vermos a diferença. ”Visto como, na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a
Deus pela sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da
pregação.” I Cor 1; 21
Acontece que,
quando da rebelião de Satanás, a “Teologia da prosperidade” foi pregada entre
anjos e potestades celestes; ouçamos a descrição de Ezequiel: “Na multiplicação
do teu comércio encheram o teu interior de violência, pecaste; por isso te
lancei, profanado, do monte de Deus, te fiz perecer, ó querubim cobridor, do
meio das pedras afogueadas.” Ez 28; 16
Assim, as
igrejas falsas são a foto, cujo negativo foi registrado por satanás, e as
fiéis, retratam os anjos que permaneceram em sua sujeição ao Criador. Em ambos
os casos a Sabedoria Divina é aprendida; tanto quando rejeita aos pérfidos,
quanto, quando abençoa aos fiéis.
Por fim, a
Cruz de Cristo é o majestoso “negativo” que retrata a imensa maldade humana,
posto, alguns imbecis se suporem bons. Imaginemos que houve nas gerações
pretéritas questionamentos por ser Deus, intangível, distante demais de nós;
afinal, a multifacetada idolatria seria uma espécie de busca por um Deus
distante; Vindo Ele, a cruz foi a nossa resposta de uma forma objetiva,
concreta; mostrou o que faríamos se Deus abdicasse de Sua força e dependesse de
nosso amor.
Essa constatação
deveria bastar para nos humilhar diretamente proporcional ao orgulho que
ensejou a queda, ao desejar independência do Criador. “Os melhores homens que
conheci, eram insatisfeitos consigo mesmo, desejando ser melhores.” Disse
Spurgeon. Assim, quanto mais crescemos espiritualmente, mais cientes ficamos de
nossas misérias, nossas culpas. As fotos sendo reveladas, mostram o que há nos
negativos.
Malgrado nosso
feiura, o Espírito Santo e A Palavra, trabalham-nos em seu “Photoshop”;
conseguem nos deixar parecidos com Cristo; na verdade dão os meios, capacitam,
mas, a mudança que nos deixa bem na foto, depende de nós.