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sábado, 13 de dezembro de 2014

Violência, máscara da fraqueza



“... O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca. Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.” Atos 22; 14 e 15   

Paulo em sua defesa evoca o momento de sua chamada entregue, mediante, certo Ananias.  Alguns dons foram alistados antes de ser, ele, transformado em testemunha. Conhecimento da Vontade do Senhor; ouvir a voz da Sua boca; e um “plus” não concedido a todas as testemunhas, visão; “vejas aquele Justo”; desse modo, se pode dizer que ele foi testemunha ocular. 

Todavia, quando viajava para Damasco respirando ódio contra os cristãos estava cego para o significado da Vida e Obra do Senhor. Desse modo, ficar mais três dias por lá sem enxergar não piorava nada sua escura situação. 

Não raro, quando os arroubos do sangue quente,  fanatismo, são contidos, damos azo a que nuances de razão e juízo adentrem ao entendimento. 

Depois do clarão celestial que o cegou e derrubou do cavalo, o bravo Fariseu ouviu a pergunta: Por quê me persegues?  Teve três dias para pensar numa resposta. Por quê?

Quantos, hoje, que perseguem do seu jeito aos que creem em Jesus, se fossem postos na mesma situação poderiam refazer suas ideias? Não sei. O que sei é que é bem mais fácil seguir a violência tendo o ódio como escudeiro, que refletir com honestidade; isso acabaria revelando nossas fraquezas. Desse modo, a força da violência é mero disfarce da debilidade da alma. Medo de enfrentar a verdade no íntimo. 

Por outro lado, aquele que já crucificou as carnais pretensões, “enfraquece” para dar espaço às providências Divinas, na, e através da, sua vida; Coisa que Paulo, então, apóstolo, ensinou: “A minha graça te basta, porque meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, injúrias, necessidades, perseguições, angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então, sou forte.” II Cor 12; 9 e 10 

Contudo, poderia alguém inquirir: Existem testemunhos válidos que não sejam oculares? Digo; quem não viu pode testemunhar? Bem, em muitos julgamentos se chama testemunhas que não viram o crime, motivo do juízo; isso se faz para estabelecer a vida pregressa dos envolvidos. Ainda assim, devem ter visto, conhecido as coisas sobre as quais fazem suas afirmações, sob pena de serem desqualificados. Pois, a primeira demanda de uma testemunha é que seja verdadeira.

Acontece que as testemunhas espirituais não são aferidas por seu falar, antes, seu ser. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia, Samaria e até aos confins da terra.” Atos 1; 8 Os veros convertidos passam por uma transformação tal, que isso fala da eficácia do Sangue de Cristo. 

Paulo chega a abrir mão do testemunho ocular; “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne,” para estabelecer como superior, a “voz” da vida transformada. “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5; 16 e 17 

Desse modo, embora a fé seja pelo ouvir, há também um ver, que testemunha confirmando à Palavra; e o testemunho de dois, é verdadeiro. 

O Salmo quarenta pinta um quadro que ilustra maravilhosamente isso. Fala de alguém que clamou e esperou pelo Senhor. Foi tirado da lama, firmado num rocha e passou a entoar cantos espirituais. Isso foi tão notório, que o simples ver, haveria de estimular  confiança. “...muitos verão,  temerão, e confiarão no Senhor.” Sal 40; 3 

Entretanto, na introdução da epístola a Tito o mesmo Paulo denuncia como falsas testemunhas aqueles que trazem mera declaração sem obras. “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda a boa obra.” Tt 1; 16 Diz um adágio verdadeiro que, o pior cego é o que não quer ver; esse é o caso. Ter as palavras certas nos lábios e negar-lhas, abrigo no coração.

Quem sabe despertem alguns, recebendo a bênção que Ananias trouxe a Paulo. “Vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E naquela mesma hora o vi.” Atos 22; 13 

Quanto a ver ao Senhor demanda visão espiritual; “Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça;...” Sal 17; 15  E a Justiça Divina faz ver melhor meu próprio coração. “Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5; 8

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Se evoluímos, por que descemos?

“A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira.” Prov 15; 1
 
Parece que o jeito de falar tem a possibilidade tanto de desviar, quanto, atrair o furor. Embora, normalmente o conteúdo se associe à forma, digo, palavras conciliadoras são proferidas com jeito manso, educado, e agressivas com voz forte, isso não é regra.

Conheci  um sujeito que se dizia pastor, sem nenhum caráter; quando contestado em suas falcatruas conseguia proferir as maiores ofensas sem alterar o tom da voz, o que irrita ainda mais, não bastasse o teor sórdido.

A meu ver, o contraste supra da palavra branda com a dura  sugere conteúdo e forma. Assim, nada valeria falar como um padre no confessionário, sussurrando, se as palavras proferidas cortarem como facas; posto que mascaradas de brandas, seriam duras.

“Porventura o ouvido não provará as palavras como o paladar prova as comidas?” Jó 12; 11 Basta ler o contexto da assertiva pra ver que não se refere ao tom, mas, ao que estava sendo dito. Os amigos de Jó exortavam-no ao arrependimento; a acusação sem provas era que seu sofrimento deveria advir de alguma culpa. O infeliz suspirou: “Vós, porém, sois inventores de mentiras, todos, médicos que não valem nada. Quem dera vos calásseis de todo, pois isso seria a vossa sabedoria.” Cap 13; 4 e 5

A frase evocou-me um proverbio indiano: “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.” Aqueles, não tiveram esse cuidado.
 
Claro que, numa eventual contenda com exasperação mútua, um sábio interviria com palavras brandas tentando levar as partes a se desarmarem, para buscar conciliação; diverso do tolo; “Os lábios do tolo entram na contenda, e a sua boca brada por açoites.” Prov 18; 6
 
Sempre que consideramos o poder da palavra imediatamente pensamos na de Deus. Certo, nada há igual. Contudo, mesmo a humana tem lá sua força. É capaz de grandes coisas, tanto para bem, quanto, mal.  “A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto.” Prov 18; 21

Isso não nos autoriza a sair decretando, ordenando coisas, para que aconteçam como ensinam alguns pavões abobados. Antes, adverte que sejamos prudentes ao falar, pois, um falso testemunho, por exemplo, pode condenar à morte um inocente; como, o oposto, livrá-lo. “Há alguns que falam como sendo uma espada penetrante, mas a língua dos sábios é saúde. O lábio da verdade permanece para sempre, mas a língua da falsidade, dura só um momento.” Prov 12; 18 e 19 

O mesmo texto interpreta que o fio dessa “espada” mortal é a falsidade.
Acontece que, as coisas que cobramos de terceiros acabam sendo leis pra nós; como esperar de outrem o que não oferecemos? “Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado.” Mat 12; 36 e 37
 
Afinal, o poder espiritual “trabalha” sobre nossas palavras à exata proporção que se alinham à do Senhor; Paulo Ensina: “Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, quanto para convencer os contradizentes.” Tt 1; 9 

Assim, o poder da Palavra em âmbito espiritual é de Deus, não nosso; a nossa pode lograr outros feitos, como vimos.


Nem tudo, porém, pode ser dito de forma branda; cada espada tem sua própria bainha. Ouçamos o Mestre: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! que devorais as casas das viúvas, sob pretexto de prolongadas orações; por isso sofrereis mais rigoroso juízo.” Mat 23; 14 ou, João Batista; “…Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi frutos dignos de arrependimento;” Mat 3; 7 e 8 Coisas assim não podem ser ditas à meia voz.

Entretanto, quando da farsa do Julgamento do Salvador, ele foi agredido por um serviçal do Sumo sacerdote, e  redarguiu com uma pergunta branda: “…Se falei mal, dá testemunho do mal;  se bem, por que me feres?” Jo 18; 23 Se tivesse dito; canalha! Seria ferido mais; mas, ao requerer motivos para a violência num gládio de palavras desarmou o valentão.

Palavras, esses veículos possíveis à razão, que nos faria superiores aos animais, depois da queda nos têm inferiorizado. Os instintivos são fiéis aos instintos; a maioria das falas humanas são laços.

Às vezes a brandura da forma disfarça o veneno do teor; outras, a ênfase acentuada na mentira reveste-a de verossimilhança. Felizes os que têm paladar apurado! O simples dá crédito a cada palavra, mas o prudente atenta para os passos.” Prov 14 ; 15