“Aniquilará a
morte para sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os
rostos e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o Senhor o
disse.” Is 25; 8
Nesse verso temos a morte num estágio intermediário entre
causa e consequência. Digo, sendo ela derivada do pecado é geradora de
lágrimas, opróbrio. Assim, quando o Eterno prometeu remover a morte e suas mazelas,
certamente, tinha em mira a sua causa. Essa, sabemos, foi o pecado; “No dia em
que pecares certamente morrerás.” Dissera o Criador ao primeiro homem.
Tal qual
a remoção de eventual sombra que nos atrapalhe demanda a remoção do corpo entre
a luz e a superfície que a sustenta, a aniquilação da morte faz necessário destronar
o pecado.
E, Aquele que veio vencer a morte foi apresentado como, “O Cordeiro
de Deus que tira o pecado do mundo.” Pois, o pecado, entregara um reino à morte. “...a morte reinou
desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da
transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir.” Rom 5; 14
Na
verdade, o argumento de Paulo parece inverter causa e consequência em dado
momento; “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos
pecaram.” V 12 Quando diz que a morte passou a todos e por isso todos pecaram
fala do pecado tendo passado a todos,
trazendo seu salário junto, a morte.
Embora, para nós o erro assuma a
pluralidade, o que incomoda ao Santo é singular. “Tira ‘o pecado’ do mundo.” Sim, a
causa é impar, ainda que a produção seja múltipla. Na origem de tudo temos a
pretensa autonomia do homem em relação ao Criador. Em Cristo voltamos à submissão
e dependência do Santo; esse é o cerne da questão.
Resolvido isso, mediante
arrependimento e confissão, os pecados nossos de cada dia são consertados pelos
mesmos meios, desde que, sejam eventuais, não voluntários, e roguemos o socorro
do Salvador. “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis;
se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E ele
é a propiciação pelos nossos pecados; não somente pelos nossos, mas também
pelos de todo o mundo.” I Jo 2; 1 e 2
Não significa que Ele salvou todo o mundo;
antes, que a eficácia de Seu sacrifício basta para todos, entretanto, só
salvará quantos o receberem e obedecerem. A morte passou a todos; a vida
regenerada será recebida por muitos. “Mas não é assim o dom
gratuito como a ofensa. Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito
mais a graça de Deus, e o dom pela graça, que é de um só homem, Jesus Cristo,
abundou sobre muitos.” Rom 5; 15
Poucos veem com a necessária clareza o que
está em jogo no convite de Cristo. Muitos pensam que se trata de adotar nova
filosofia, quiçá, associar-se a determinado clube de lazer religioso. É bem mais intenso, dramático, que essas
coisas pueris. Não se trata de qualidade, ou, concepção de vida; antes,
regeneração em face à morte. “Na verdade, na verdade
vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida
eterna, não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” Jo 5; 24
Assim, a morte em questão não é o repouso do corpo em jazigo de pedra; antes, a
prisão subserviente da alma num corpo de carne.
Alguns, plenos de justiça
própria cogitam que sequer pecados têm. Em parte, estão certos. A Bíblia não apresenta
o pecado como mero desvio que temos; antes, como um feitor que nos tem. “De
maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque
eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito,
querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.” Rom 7; 17 e 18
Ainda que,
no fundo, haja um anseio virtuoso, no domínio do corpo está o pecado
escravizando a alma. Dessa morte “viva”
o novo nascimento em Cristo liberta.
Nele, via auxílio do Espírito Santo, podemos
querer e realizar o bem, que, em última análise é a Vontade de Deus. A faceta
espiritual da morte é removida na conversão; a influência cabal, na
ressurreição. “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” I Cor
15; 26
Os jazigos dos mortos em ampla maioria ostentam uma cruz; quem
carregá-la em vida viverá para ver, a morte da morte.