“Orou Eliseu: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para
que veja. O Senhor abriu os olhos do moço, e viu; o monte estava cheio de
cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu.” II Rs 6;16 e 17
Uma situação inusitada; um exército numeroso em busca de
um homem, apenas, Eliseu. O rei da Síria, ao saber que suas escaramuças
militares eram previstas pelo profeta, por isso, frustradas, decidiu acabar com
a festa. Mandou seu exército cercar a cidade de Dotã, e prender o desafeto. O
moço que acompanhava Eliseu, ao deparar com o cerco assustou-se. Mas, o profeta
orou para que O Senhor lhe abrisse os olhos, e, feito isso, viu um exército
ainda mais numeroso, de hostes celestiais a protegê-los.
Quando intentaram o ataque, Eliseu orou uma vez mais;
foram feridos de cegueira, conduzidos a Samaria e entregues ao rei, como prisioneiros.
Entre outras coisas, esse incidente realça duas visões
distintas; a natural, e a espiritual. O Jovem, com seus olhos naturais, tudo o
que pode ver foi o perigo, a ameaça; o profeta, com sua relação estreita com
Deus, via além; a providência, o livramento.
Ah, a juventude! A dita primavera da vida, onde floresce o
vigor do corpo e turba a visão do espírito! Se tais soubessem a importância de
se aconselharem com os de, mais visão, os mais experimentados antes de suas
decisões vitais. Mas, geralmente, “O sangue novo não obedece a um velho
mandamento”, como dizia Voltaire.
Em muitos momentos de Seu Ministério O Salvador curou
cegos. Entretanto, a cegueira espiritual, raramente é admitida, de modo que,
sequer, os doentes buscam a cura.
Interessante que essa foi a “arma” que deu livramento ao
profeta. Orara par que seu moço visse mais; depois, para que o exército inimigo
visse menos.
Isso coaduna-se com algo que O Salvador falou na parábola
dos talentos: Ao que tem, se lhe dará, terá em abundância; ao que não tem, até
o pouco que tem ser-lhe-á tirado.
Muitas dores nem seriam dolorosas se, lográssemos ver as
coisas além do aspecto natural. Oro e as coisas ficam piores, reclama alguém. “Pedis
e não recebeis porque pedis mal”, ensina Tiago. Imaginemos dois filhos ante um
Pai sábio: Um pede dinheiro para material escolar; outro, para comprar drogas;
qual seria atendido?
Muitas coisas que devaneamos como bênçãos no prisma
espiritual não passam de drogas letais, que podem tolher nossa salvação.
Natural que um Pai Amoroso como Deus, não nos “abençoe” como queremos. Nesse
caso, convém a oração de um Eliseu por nós: “Senhor, abre seus olhos para que
veja!”
A miopia espiritual, ou mesmo, cegueira, não combinam com
um filho de Deus. Naquele evento foram cegados os inimigos do profeta; no nosso
tempo, o são, os que se fazem inimigos de Deus abraçando a incredulidade em vez
da fé. “Mas, se ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem
está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos
incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4
Ora, alguns, instados por falsos mestres devaneiam com
facilidades na vida espiritual. Ignoram voluntariamente que somos peregrinos em
terra inóspita, adversa, e, tanto quanto mais próximos de Deus estivermos,
maiores adversidades enfrentaremos. Como Eliseu, íntimo do Senhor, foi caçado
pelo exército inimigo. Falsos mestres induzem incautos a pensarem que o
Evangelho é para que as pessoas vivam melhor, quando, na verdade, admoesta a
que morram melhor.
Nossas motivações mesquinhas, egoístas, naturais, têm que
ser pregadas na cruz; se, queremos pertencer ao Santo. Quando oramos pelo
suprimento das mesmas estamos rogando por drogas, não contemos com Santo Favor,
nesses casos.
Nem podemos ignorar que, não! Também é resposta. Os nãos à
vontade natural são sins do amor Divino.
Muitas vezes nossos próprios desejos insanos são as ameaças que nos cercam.
Ampliar a visão, nesses casos, é entendermos a Vontade Divina, e a ela, nos amoldarmos
invés de, como Paulo, darmos murros em pontas de facas.
Lembrei da história de dois missionários que serviram no
exterior por meio século; ao retornarem jubilados, esperavam ser recebidos com
honras. Foram ignorados. O homem furioso saiu remoer mágoas; desafiou a esposa
que orasse perguntando se era assim que o Senhor honrava quem lhe serviu uma
vida toda, ao chegarem em casa.
Quando voltou perguntou se ela orara. Disse que sim. E
qual foi a resposta? “Ele disse que ainda não chegamos em casa”. Que O Senhor
nos abra os olhos para que melhor nos situemos na batalha!
Paremos de tentar influenciar O Eterno com nossas
lamúrias, e deixemos que Ele nos aperfeiçoe pela Sua Palavra.