“Porém Ele sabe meu caminho; provando-me, sairei como ouro.” Jó 23;10
Jó defendendo seus caminhos e acrescentado que, se Deus o provasse descobriria exatamente isso; que ele andara em integridade. O que ignorava é que estava sendo provado, naquele exato instante.
Não saiu do teste, necessariamente, mais valioso; porém, com mais conhecimento de Deus; “Com o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te veem meus olhos. Por isso me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” Cap 42;5 e 6 Um efeito do conhecimento do Santo, é que fica mais evidente a miséria humana. Quanto mais perto do Senhor alguém está, menos estará confiante em si.
Aquilo que cogitara como uma possibilidade; “se”, acontecia; O Eterno o estava testando, não porque precisasse; mas, para destruir a balela do acusador.
Quantas vezes acontece conosco, de fazermos má leitura do que nos ocorre por termos nossos sentidos obtusos, dado o concurso de alguma paixão, ou pelo lapso de discernimento das coisas, na vereda espiritual. Isaías disse: “Senhor, Tua mão está exaltada, mas nem por isso a veem...” Is 26;11
Os discípulos no caminho de Emaús falando com O Senhor ressurreto, sem O conhecer, manifestaram sua decepção malgrado, tudo tivesse acontecido precisamente como O Eterno revelara. “Oh néscios e tardos de coração...” Estavam abençoados e desanimados. Quem jamais tropeçou em pedras assim?
As mulheres que foram ao sepulcro ao terceiro dia levando especiarias, se mostraram decepcionadas por não encontrarem um corpo morto. Acontece que O Senhor estava Vivo. Quantas decepções sem razão, por causa da nossa cegueira!
Diante da mensagem de salvação, não poucos titubeiam, cogitando se vale à pena; o que receberão de bênçãos, caso resolvam aceitar o convite do Salvador. Recalcitram, como se, muito tivessem a perder, sendo que, só têm a ganhar. Como dizia Spurgeon, “O Senhor nos abençoa muitas vezes, cada vez que nos abençoa.”
O simples fato de estarem vivas e arbitrárias ante esse excelso convite é já uma bênção inefável, nem sempre compreendida; pode mudar toda uma eternidade.
O curso de nossas breves vidas uma hora chegará a um ponto sem retorno. Quando isso acontecer, a mais lúcidas percepções, as mais virtuosas resoluções perderão a razão de ser, dado que será demasiado tarde. Por isso a salvação sempre é anunciada com urgência; “... Hoje, se ouvirdes Sua Voz, Não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15
Imaginemos a saga de um suicida que, decida se lançar do alto de um enorme edifício. Feito o salto insano, durante o trajeto até ao chão, o sujeito se arrependa e decida não mais fazer aquilo. Tendo ele lançado sua vida a uma situação irreversível, rumo à perdição, nada mais poderá trazê-la de volta, ao ponto do arbítrio, da possibilidade de escolha, uma vez que fizera uma escolha cabal.
Bem sei que a figura “pega pesado” colocando sobre uma decisão que parece mera, uma intensidade muito grande; mas, acredite, há inúmeros do outro lado, que achavam ter muitos dias ainda para escolhas desse tipo; foram surpreendidos quando, caminhos aparentemente rotineiros se revelaram irreversíveis; desejariam muito ter sido “assustados” desse modo, enquanto ainda lhes era possível.
Quem ouve a mensagem de salvação, ainda está com os pés no chão; a decisão rumo à casa paterna ainda é viável. A possibilidade de arbitrar sobre algo tão relevante é já uma grande bênção. Pois, está sendo estimulado a uma escolha que mudará seu devir, marcará seu presente e apagará seu passado.
Dos três tempos possíveis, em todos O Salvador nos abençoa. Apaga às culpas pretéritas; sacia aos anseios presentes; e oferece diretrizes seguras pro futuro. “Vá e não peques mais.”
Em geral, a ideia de bênção do vulgo é muito imediatista; apesar das exortações recorrentes, sobre o “Tesouro nos Céus”; “buscar as coisas que são de cima”, ou, a exortação de Paulo, sobre o limite pífio dos bens terrenos; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19
Claro que, não se pode esperar de quem ainda nem entrou na senda espiritual, uma madura compreensão acerca da mesma; por isso a instante exposição da Palavra e o concurso do Bendito Espírito Santo, visam persuadir almas às melhores escolhas.
Embora devidamente entendida, a fé seja inteligível, racional, inicialmente requer certa “loucura” de quem a abraça. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I cor 1;21
Esse “salto no escuro” dos que ousarem crer, será sua “prova” de confiança no Senhor. Caminhando com Ele, um dia poderão dizer como Jó: “Eu te conhecia só de ouvir falar; mas agora, te veem meus olhos.”