sexta-feira, 4 de julho de 2025

A ausência de Deus


“Os filisteus, ouvindo a voz de júbilo, disseram: Que voz de grande júbilo é esta, no arraial dos hebreus? Então souberam que a Arca do Senhor era vinda ao arraial”. I Sam 4;6

Israel estava perdendo a guerra. Vivendo de modo relapso, alheios ao Santo, provocaram Ele à ira. Geralmente O Eterno usava nações vizinhas como instrumentos de juízo, quando Seu povo andava de modo perverso, avesso ao Senhor.

Naqueles dias havia profanações das coisas santas, prostituição dos filhos de Eli, o relapso sacerdote que era omisso em corrigi-los como deveria.

Então, a vitória dos filisteus era um desdobramento do juízo Divino contra aquele estado de coisas. Os hebreus, perplexos pela “ausência” de Deus na peleja, buscavam razões para a derrota; “Voltando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu O Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos de Siló a Arca da Aliança do Senhor, e venha no meio de nós, para que nos livre da mão de nossos inimigos”. I Sam 4;3 Já que O Eterno não veio, vamos busca-lo foi a sugestão.

Quando, decisões de cunho espiritual, que deveriam ser tomadas por alguém escolhido e capacitado para isso são tomadas pelo vulgo, isso serve como testemunho da alienação de Deus em que viviam os líderes de então.

Os feitores da desgraça foram os filhos de Eli, com suas reiteradas profanações; o culpado principal, ele; pela omissão e tolerância ante os desmandos que via e se omitia.

Os superpais, as supermães, que acham seus filhos intocáveis, ninguém os pode minimamente, criticar; como se eles estivessem sempre certos, até quando estão flagrantemente errados, deveriam aprender algo com o exemplo de Eli. A ele O Senhor enviou um profeta advertindo do juízo, e das razões.

“Por que pisastes Meu sacrifício e Minha oferta de alimentos, que ordenei na Minha morada; honras a teus filhos mais do que a Mim, para vos engordardes do principal de todas as ofertas do Meu povo de Israel... Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai, para que não haja mais ancião algum em tua casa. Verás o aperto da morada de Deus, em lugar de todo o bem que houvera de fazer a Israel; nem haverá por todos os dias ancião algum em tua casa”. I Sam 3;29, 31 e 32

Não apenas, O Santo não fora a peleja por Israel, como a derrota deles era o juízo predito. Entretanto, quem não se ocupa de cultivar um íntimo e sadio relacionamento com Deus, também não buscará conhece-lo melhor. Se o fizessem, entenderiam que O Todo Poderoso não é como um ídolo que pode ser levado de lá para cá, conforme anseia a vontade humana.

Infelizmente, não apenas os filisteus estavam errados nisso; pois, temeram ao saber da chegada da Arca, como se isso significasse, necessariamente, a intervenção Divina. Também os hebreus tropeçavam na mesma pedra de ignorância espiritual; tanto que, fizeram enorme alarido quando da chegada de “Deus” ao front de batalha.

Esse temerário fato, em nada mudou o rumo do juízo em curso. Os hebreus foram derrotados e pior, a Arca também foi levada pelos inimigos.

O Senhor nos chama a um relacionamento, não, a pequenas “frestas” pelas quais permitamos que Ele peleje por nós, em defesa dos nossos interesses.

Naquele contexto de rejeição cabal da casa de Eli, O Poderoso ensinou: “... aos que Me honram honrarei, porém os que Me desprezam serão desprezados”. V 30

Os que leem à Graça Divina como se fosse uma espécie de licença para pecar, deveriam prestar atenção nas letras miúdas. “Com o benigno te mostrarás benigno; com o homem sincero te mostrarás sincero; com o puro te mostrarás puro; com o perverso te mostrarás indomável”. Sal 18;25 e 26

A graça significa que, pelo Amor e pelos Méritos de Cristo, nos foi oferecida uma preciosidade que não merecemos; o contraponto desejado pelos Céus, é que correspondamos ao Divino amor, andando, doravante de modo a honrar nosso Senhor e Salvador. “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos em novidade de vida”. Rom 6;4

Não precisamos levar um símbolo físico para saber que Deus está conosco nas pelejas da vida. Ele fez melhor que isso; “... Porei Minhas Leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei...” Heb 8;1

Assim ouçamos Seu Espírito em nós; pelejemos por Ele, no que tange a adequar nossas vidas ao Seu querer; Ele pelejará por nós, contra nossos adversários. “O que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal”. Prov 1;33

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Brinquedo de adultos


“Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se espera, e a prova das coisas que se não vê”. Heb 11;1

Não é uma abstração vazia. Embora ela atue para provar coisas que não se vê, num elo entre dimensões distintas, não o faz num vácuo; antes, explica às coisas palpáveis, dando certeza pacífica às mentes dos que creem.

Paulo disse que não se pode ver A Divindade nem O Poder de Deus; embora, sejam evidentes pelas obras; amoldar-se confiante, em atitude adoradora, diante dessa compreensão, invés de sair fantasiando com subterfúgios inverossímeis, é uma atitude de fé.

A revelação de Deus não nos foi dada para “provar” que Ele existe; antes, para que, diante das evidências gritantes, saibamos como nos portar, para que nossas vidas sejam regeneradas segundo o Divino propósito.

Sobre a eloquência das evidências encontramos mais: “Os céus declaram a glória de Deus, o firmamento anuncia a obra das Suas Mãos. Um dia faz declaração a outro; uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala, mas onde não se ouve sua voz?” Sal 19;1 a 3

Embora se jactem que, derivam seus postulados da ciência, os evolucionistas não possuem um exemplo sequer, que possa ser demonstrável experimentalmente, de sua teoria. Também possuem fé, pois. Porém, fundamentada em devaneios que repousam na névoa de milhões de anos; não para que, assim, seus postulados sejam verossímeis; antes, para desobrigarem-se de demonstrações científicas; malgrado, sigam chamando sua fé pelo nome de ciência.

Nos dias de Paulo, já existiam os que preferiam abraçar crendices, a se deixarem moldar pelo que lhes fora revelado de modo eloquente. O Apóstolo argumentou: “Porque Suas coisas invisíveis, (de Deus) desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entende, e claramente se vê, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”.

Mas, porque precisariam ser desculpados? O mesmo Paulo responde: “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. Rom 1;21 e 22

Se recusaram a admitir o que lhes foi facultado entender, “tendo conhecido a Deus”, rejeitaram-no.

Como o ser humano foi criado tripartido, corpo, alma e espírito, tendo cada aspecto suas demandas próprias, as do espírito fazem de todo o homem, um tanto religioso, adorador. Mesmo os ateus exercem sua fé no ateísmo, sendo muito maior que a fé dos creem em Deus; pois, a inexistência Divina não oferece evidências; mesmo assim, se sentem respaldados em sua negação do que é gritante.

Os rebeldes daqueles dias, não tinham os luxos céticos de hoje, onde, homens de relevância cultural, ateus célebres, lotam auditórios de universidades, para oferecer suas mirabolâncias, “científicas”, a uma juventude igualmente rebelde, a espera que alguém envernize suas rebeldias, com nuances intelectuais.

Os que se recusavam a crer em Deus, pela sua índole obstinada e insubmissa, precisavam preencher o lapso das suas errâncias voluntárias, com deuses alternativos; o que conseguiram seria risível, se, não fosse trágico. “Mudaram a Glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, aves, quadrúpedes e répteis”. V 23

De certa forma, como os evolucionistas fazem, usavam aos animais para negar a Deus. A Palavra de Deus traz o determinismo biológico dos seres vivos, no primeiro capítulo, “reproduza conforme sua espécie”; ensina que a rejeição a Deus e aprofundamento no pecado ensejou maldição no planeta inteiro; “... a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, e quebrado a Aliança Eterna”. Is 24;5

Por fim, que a degeneração progressiva persistirá até o tempo da redenção. “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. Não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Rom 8;22 e 23

Todas essas coisas são plenamente observáveis em nosso dia a dia; não carecemos de tempos incontáveis para diluir nisso, eventuais incongruências.

Ninguém questiona a existência de abstrações como amor, saudade, esperança, otimismo... apenas das razões da fé, por quê? Porque além de mostrar um Deus Santo, e Justo, A Palavra revela que somos maus, pecadores; carentes de arrependimento e perdão.

Em geral, o orgulho dos ímpios é maior que a fé; preferem negar o óbvio, a negarem-se; “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas”. Jo 3;20

Pois, como disse o Dr. John Lennox, “O ateísmo é um brinquedo de adultos, com medo da luz”.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Das duas caras, a mais cara


“Por isso não deixarei de exortar-vos sempre acerca destas coisas, ainda que bem as saibais, e estejais confirmados na presente verdade”. II Ped 1;12

Pedro reiterando seu propósito de “chover no molhado”; de dizer novamente coisas que os cristãos de então, já sabiam.

Eis uma questão! Por quê, carecemos ouvir de novo aquilo, do qual, já fomos inteirados? A verdade precisa ser repetida todos os dias em palavras, porque a mentira e a maldade, não cansam de se repetir, em ações.

Os cristãos são seres “duplos”; têm duas naturezas. A carnal, comum a todos, e a espiritual, derivada do “novo nascimento” pela conversão. Esse que renasceu, é ensinado pela Palavra da Vida, para que veja às coisas como Deus as vê. É um processo longo, que demanda aprendizado, (edificação) e prática do que aprendemos, para santificação.

Do homem espiritual A Palavra diz: “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus”. Rom 7;22 Todavia, a carne pende para outro lado; “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7

Paulo explica essa disputa íntima que pulsa nos cristãos, usando os filhos naturais de Abraão, como figuras. “Como então aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é agora”. Gál 4;29 Tanto, no aspecto dos não convertidos enfrentando aos que são, quanto, no íntimo de cada um, a natureza carnal se rebelando contra demandas espirituais.

A segurança de salvação é entregue aos que ouvem o Espírito, invés da natureza perversa. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Rom 8;1

Eventualmente as pessoas tomam a figura da cruz, emprestada, tentando realçar um aspecto difícil do seu viver; tal sina, - dizem - é a minha cruz. Na verdade, a cruz que somos chamados a levar, é bem mais que uma pessoa de difícil trato, uma enfermidade, um relacionamento doentio.

Cada vez que, persuadidos pelo Espírito dizemos um sonoro “não!” aos desejos carnais, estamos “crucificando” à natureza pecaminosa por amor a Cristo, em nome de submissão a Ele. “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis... os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências”. Gál 5;16, 17 e 24

Assim, nossa cruz tem a ver com vícios que pulsam em nossas almas, mais que, com pessoas de nosso convívio.

Em todo tempo, os convertidos ouvem ao “comício” dessa perversa, a carne, tentando arrastá-los à prática das coisas de sempre, de quando não conheciam a Cristo.

Antes, pelo fato de estarem espiritualmente mortos, podiam pecar à vontade, sem sequer se darem conta que estavam ferindo ao Senhor e colocando suas almas a perder. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça”. Rom 6;20 

Pecavam sem culpa, sem dor, porque existiam, sem vida, sem Deus. Assim como um prisioneiro faz suas barbáries atrás das grades, porque nada tem a perder, os carnais, de certa forma se portam.

A repetição dos ensinos de cunho espiritual, soam como um contraponto a esse “discurso”, perverso e suicida da natureza, que, tendo o prazer imediato como alvo, não se importa de colocar a perder, preciosidades de eterno valor.

Cada vez que a Palavra é pregada de modo idôneo, pelo meio que for, estará O Espírito Santo trabalhando através dela, para fazer aquilo para o quê, veio; “Quando Ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”. Jo 16;8

Enquanto existir alguém que, precisa ser convencido que autonomia é pecado, submissão a Cristo para ser perdoado é uma demanda justa, e quem isso não fizer seguirá para o juízo, perdido, a Palavra da vida terá plenas razões para ser pregada, enfatizada, reiterada; tanto, sob o ponto de vista de anunciar à salvação para quem não tem; quanto, para que perseverem em obediência, não lancem o diamante da vida, com a funda do desleixo, os que a têm.

Contam historiadores que Abraham Lincoln, foi acusado por opositores de ser um homem de duas caras, ao que, respondeu: “Acham que se eu tivesse duas, usaria essa?” Aludindo à sua notável feiura.

Os cristãos, no aspecto visto acima, são de duas caras; uma, natural; outra, espiritual.

Pois, aprendamos com a ironia de Lincoln, e demos preferência para a que faz melhor figura ante os Céus. “Assim, considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor”. Rom 6;11

domingo, 29 de junho de 2025

Portais

 “O Senhor guardará tua entrada e tua saída...” Sal 121;8

Portas podem ser vistas de forma superficial, atinente à relação com um ambiente. Porém, em se tratando da relação com Deus a coisa é mais ampla.
Começo e fim de ciclos, escolhas, nascimento e morte, são portais de entrada e saída, aos quais Deus preside.
Quando se dispôs a aceitar uma dura prova, sem blasfemar, Jó mencionou sua entrada, e vindoura saída da vida, como que tendo certa semelhança, entre as quais, não abdicaria da confiança no Eterno. “... Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; O Senhor deu, O Senhor tomou: bendito seja o Nome do Senhor”. Jó 1;21
Nada trouxe em minha entrada, tampouco, levarei na saída. Isso não muda quem O Senhor É, nem, meu relacionamento com Ele; assegurou.
Entretanto, se cogitarmos da Divina proteção nas duas portas apenas, perderemos a melhor parte. Deus não é porteiro. É nosso Pai Onipresente, amoroso, disposto a guardar Seus filhos, em tempo integral.
“Não tosquenejará nem dormirá o Guarda de Israel. O Senhor é quem te guarda; O Senhor é a tua sombra à tua direita. O sol não te molestará de dia nem a lua de noite”. Sal 121;4 a 6
Coremos risco de autossuficiência, quando, cantamos loas à maciez do travesseiro de uma consciência tranquila. Claro que termos uma consciência assim é precioso; mas, ela deriva do nosso relacionamento, não dos méritos. A relação, e a paz vinda dela é nossa segurança, não foram nossos méritos, que fizeram o silêncio da consciência.
O fato que nosso Guarda não dorme nem tosqueneja é uma preciosidade. Porque paramos de ver às coisas quando dormimos, não significa que elas param de acontecer. Primeiro, nosso Guardador Bendito faculta nosso sono; “Em paz me deitarei e dormirei, porque só Tu, Senhor, me fazes habitar em segurança”. Sal 4;8
Durante a noite, Ele continua trabalhando em nosso favor; “Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá Ele aos seus amados o sono”. Sal 127;2
Quem pensa que o sono é feito apenas do encontro dum corpo cansado, com um leito dentro da noite, se engana. Que o digam os insones, e tantos perturbados que não conseguem dormir.
“O sol não te molestará de dia nem a lua de noite”. Sal 121;6 Tanto, dos males visíveis sob o domínio do sol, quanto, dos que assediam no turno da noite o período da lua, somos guardados. Mas, quais são os males da “lua”. As dúvidas, os remorsos, os assombros, a ansiedade pelo excesso de futuro acossando o presente, são “fantasmas” que perturbam o sono de muitos. Os que são guardados por Deus, dormem.
Seus “travesseiros macios” não são fofos pelas suas “penas”; antes, pela purificação obrada neles pelos méritos de Jesus. “... O sangue de Cristo, que pelo Espírito Eterno ofereceu a Si mesmo Imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo”. Heb 9;14
Se desejamos que O Eterno guarde nossas entradas e saídas, pois, precisamos a ousadia de entrar por Cristo, negando-nos.
Não tivemos arbítrio quanto à nossa entrada pelo nascimento; mas, como herdamos a morte espiritual pela queda, somos convidados a uma nova “Porta”, para acharmos o caminho de casa. “Eu Sou A Porta; - disse Jesus - se alguém entrar por Mim, salvar-se-á; entrará, sairá, e achará pastagens”. Jo 10;9
Portanto, quem pretende que O Eterno lhe guarde na entrada e na saída, entre para o “ambiente” no qual Ele faz isso; em Cristo.
De nada vale decorarmos sentenças bíblicas, “Meu socorro vem do Senhor que fez o Céu e a Terra”, se, não tivermos o necessário relacionamento com Ele.
Para tanto, devemos chegar ao instante em que pensamos em pedir socorro; nossa suficiência se mostrará insuficiente, nosso braço não alcançará o que precisamos. Então, entendendo isso e nos refugiando no Senhor, todas as dádivas amorosas da Sua proteção serão certas em nosso favor.
Todas as ameaças externas serão detidas pelo Poderoso, ou, permitidas e usadas em nosso favor; quanto às internas, seremos iluminados e desafiados a lutar. Nada adiantará vermos na dimensão espiritual, se continuarmos a agir na esfera carnal. “Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado”. I Jo 1;7
Enfim, somos chamados a uma entrada estreita, restrita que demanda arrependimento, contrição, renúncia; mas, quem por ela entrar, perseverando, herdará uma saída honrosa, gloriosa, junto ao Rei; “... a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia...” II Tim 4;8

sábado, 28 de junho de 2025

Testemunha ocular


“Logo depois desta visão, procuramos partir para a Macedônia, concluindo que O Senhor nos chamava para lhes anunciarmos o Evangelho”. Atos 16;10

“Procuramos...”
Todos os registros, até esse ponto do livro de Atos, sempre apresentam os atores na terceira pessoa. Plural ou singular. “Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia...” Cap 15;35 “Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu...” v 40 “Paulo quis que este (Timóteo) fosse com ele...” 16;3 etc.

Porém, a partir do verso acima, a reportagem de Lucas acontece na primeira pessoa do plural; “procuramos partir...” “...estivemos alguns dias nesta cidade”. 16;12 etc. Concordâncias atinentes ao pronome, “nós”.

O quê, significa essa mudança? Que, a parte antecedente do relato, ele recebeu de Paulo, entrevistando-o; dali em diante juntou-se a ele e Silas e andou com eles, se tornando testemunha ocular das coisas que registrou.

Sua afeição pelo apóstolo era tal, que, em momentos de prisões dele, o doutor não o abandonou. “Saúda-vos Lucas, o médico amado, e Demas”. Col 4;14 “Só Lucas está comigo...” II Tim 4;11 “Marcos, Aristarco, Demas e Lucas, meus cooperadores”. Fl 1;24

Escrevera seu registro dos atos de Jesus, conhecido como Evangelho segundo Lucas, como repórter investigativo; “Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio, e foram ministros da palavra”. Luc 1;2

Dos Atos do Apóstolos, mormente de Paulo, fez questão de testemunhar, pelo menos, a parte que pode.

Isso teve tal impacto, que, malgrado sua formação superior, médico, coisa rara naqueles tempos, se sujeitou a ser mero colaborador de Paulo. Que lição para tantos cabritos que grassam nas igrejas, cuja aptidão para colaboradores é pífia, mas se mostram insubmissos, contenciosos, em demanda de lugares mais altos.

Poucos, infelizmente, entendem deveras o que O Senhor Jesus Cristo significa. Primeiro uma preciosidade pela qual as demais coisas empalidecem; “O Reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a”. Mat 13;45 e 46 Lucas deixara seu honroso ofício para estar com Paulo; mesmo em perseguições.

Sobre Jesus, A Palavra diz ainda mais: Que Ele É “Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”. Col 2;3 Ou, “...o resplendor da Sua Glória, (de Deus) A Expressa Imagem da Sua Pessoa...” Heb 1;3

Infelizmente, a maioria prefere rejeitar a Cristo mantendo “distância segura”. Pinçam um mau testemunho aqui, um escândalo acolá; escudados nisso, “justificam” sua aversão à luz, como se ela nem fosse tão luminosa assim.

Sendo a natureza humana como é; inclinada ao pecado e avessa à Lei de Deus, inevitável que maus testemunhos, escândalos, hipocrisia também aconteçam no meio dos cristãos. Porém, usar desses incidentes como lastro para o desfile da incredulidade, é como recusar à Água da Vida, porque alguns decidiram se sujar na lama.

Onde O Senhor é cultuado, há inúmeros exemplos de vidas transformadas; gente que, vivera erroneamente, mas, tendo conhecido ao Salvador foi regenerada; deixou os vícios abraçando à virtude; por quê, as pessoas escolhem citar aos maus exemplos, invés desses? Porque dentro delas já há uma escolha, uma negação do Senhor.

Resulta que, essas buscam são pretextos “lógicos” para seguirem como estão, pois, assim preferem invés de andar na Luz de Cristo. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas”. Jo 3;19 e 20

Assim, não são os maus testemunhos de terceiros, os motivos desses para evitarem a Cristo; antes, os maus sentimentos dos próprios. Amaram mais às trevas do que à luz.

O mesmo Senhor ensinou como testar a Doutrina, aos que tiverem dúvidas honestas. “A Minha doutrina não é Minha, mas Daquele que Me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo”. Jo 7;16 e 17

Por que não, ter a ousadia que teve Lucas, e andar por um pouco com aqueles de bom testemunho, que servem ao Senhor? Isso se lhe mostrou tão convincente, que, ele alterou sua rotina; aprendeu valores novos; tal entrega o fez trocar as honras de um nobre ofício, pela humildade do serviço ao Rei dos Reis.

Se alguém desejar encontrar erros em nosso meio, nem carecerá de muito esforço; porém, se desejar encontrar com Cristo, terá que enfrentar um adversário terrível; manhoso, escorregadio, que não gosta de ceder seu assento; o ego. “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me”. Luc 9;23

sexta-feira, 27 de junho de 2025

Riscos na trilha


“Bom é o sal; mas, se o sal degenerar, com que se há de salgar?” Luc 14;34


O tema abordado nessa fala, e no contexto imediato é a perseverança. Primeiro citou um que, começou uma torre sem calcular direito os custos; depois abandonou sem tê-la acabado, virando motivo de escárnios; em contraponto, a prudência de um rei que, indo à guerra com forças inferiores preferiu condições de paz, a combater numa batalha suicida.

Vistos esses exemplos, aos cristãos, foram arrolados os insumos necessários. “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser Meu discípulo”. V 33

Invés de um chamado às conquistas como devaneiam alguns pervertedores da Sã Doutrina, Cristo desafia às renúncias. Não se trata de ascetismo, antes, de uma entrega sem a qual, não poderemos permanecer. Não serão, estritamente, nossos esforços que tornarão a peregrinação, possível; antes, a confiança inabalável, naquele que pode.

Quem não faz assim, é reputado como sal degenerado, que perdeu o sabor e a utilidade. “Não presta para a terra, nem para o monturo; lançam-no fora...” V 35

Os que esposam a doutrina conveniente do “uma vez salvo, sempre salvo”, ou, os calvinistas com sua “eleição incondicional dos salvos”, devem considerar esses textos que pintam em relevo a importância da perseverança, como supérfluos, desnecessários.

Qual seria o sentido do tentador laborar com suas legiões, tentando desviar aos santos do “caminho estreito”, se, a rigor isso é impossível? Aquele que é especialista em ardis, que seduziu à terça parte dos anjos, não saberia de algo tão mero?

As figuras que aludem ao abandono da fé, ao desvio da vereda da justiça são diversas; no texto em apreço, o sal que degenera; também, o cão que retorna ao vômito, ou a porca lavada ao lamaçal; II Ped 2;22 ainda, os que provaram dons do Espírito Santo, virtudes dos séculos futuros e caíram. Heb 6;4 a 6

Se isso não fosse um risco real, por quê, seria dito e reiterado tanto, em diversas formas, pontuando nossa necessidade de permanência na fé? “Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo”. Mat 24;13

O raciocínio circular, tipo, “se caiu foi porque não era salvo, se for salvo não cai”, é ridículo. Ninguém pode cair sem primeiro ter estado em pé; ou, pelo menos num lugar mais alto. Se provou das dádivas exclusivas dos santos, foi porque um dia, foi um deles. Se sua queda equivale a crucificar de novo O Senhor, (Heb 6;6) isso se dá porque provaram das consequências da Sua vitória. Caíram, porque não valorizaram como deviam.

Nosso arbítrio é limitado; nos cumpre uma escolha dual, entre obediência a Deus, ou, as coisas à nossa maneira. “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Caso façamos a escolha pelo pecado, nosso Pai, quedará impotente, ante limites que Ele mesmo estabeleceu, como ilustrado na sina do pai do filho pródigo. Ele recusa-se a violar a liberdade que nos deu. O que seria o processo de degeneração do sal, senão, sair dum ambiente sadio rumando aos antros de perdição, como fez o jovem aquele?

A plena liberdade, e as inevitáveis consequências do que fizermos com ela, é algo tão grave, tão solene, que O Eterno evocou Céus e Terra como testemunhas, quando a legou. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência”. Deut 30;19

Fomos criados livres, e O Eterno não viola à condição que Ele nos deu, nem em defesa dos Seus interesses; como nos faria salvos “na marra”, contra nossas escolhas? Esses hibridismos homem/máquina, onde o homem será reduzido a autômato, coagido ao bel prazer do sistema, vertem da oposição; nenhum vínculo com o amor do Pai.

Todo o homem espiritual sabe, que precisa aprisionar aos maus instintos, se quiser continuar livre. Se for por eles vencido, será escravizado outra vez.

Essa renúncia aos desejos insalubres, aversão às punções malignas, a Palavra chama de andar em espírito. Os que assim fazem seguirão salvos. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Rom 8;1

O Evangelho é uma declaração de amor, tão intensa, que empreende esforços, visando persuadir entendimentos, e conquistar corações; não é uma armadilha de caça, que sai aprisionando e trancando a sete chaves.

Enfim, ninguém será salvo se não quiser; mesmo querendo deverá empreender esforços, nos quais será ajudado pelo Espírito Santo.
Gosto
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quinta-feira, 26 de junho de 2025

Está escrito


“... Está escrito que nem só de pão viverá o homem, mas de toda A Palavra de Deus”. Luc 4;4

Satanás desafiou O Senhor a usar Seu poder para transformar pedras em pães. Mesmo sendo A Palavra Viva, O Senhor recorreu aos textos antigos, como tribunal de apelação. “Está escrito”.

Circula um vídeo onde um ancião da Congregação Cristã do Brasil, convidou os membros da sua igreja a abrirem suas Bíblias, na página em branco; que separa Antigo e Novo Testamentos.
No afã pela “direção do Espírito Santo”, desprezou o estudo, o preparo de sermões como coisa fútil, pecaminosa até; pois, pretenderiam os que assim fazem, reduzir O Espírito do Eterno, à superficialidade das letras humanas.

Quando Paulo falou com desdém das palavras de sabedoria humana, estava desprezando a filosofia como inútil, comparada à Cruz de Cristo e sua eficácia. Não pensou em desprezar o Ensino, ao qual tanto se dedicou. “Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos”. I Cor 1;22 e 23

Se, qualquer pode falar pelo Espírito Santo, a despeito do que está escrito, contradizendo, até, então, sequer necessidade da Bíblia teremos. Todas as folhas poderiam estar em branco.

Todavia a exortação a buscarmos a sabedoria, o entendimento, é recorrente, em ambos os testamentos. Buscaríamos onde? “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11;3

Nos provérbios, entre outras coisas encontramos: “Se clamares por conhecimento, por inteligência alçares tua voz, se como a prata a buscares, como a tesouros escondidos procurares, então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus”. Prov 2;3 a 5

O Próprio Salvador disse que as Escrituras do Antigo Testamento davam testemunho Dele; “Examinais as Escrituras, porque cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de Mim testificam”. Jo 5;39

Paulo elogiou a Timóteo por ser estudioso desde criança e o exortou a prosseguir: “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. II Tim 2;15 “Desde tua meninice sabes as Sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus”. II Tim 3;15

Por relativizarem, alguns, à Palavra de Deus e darem espaços indevidos a novas “revelações”, viçam tantas seitas por aí.

Ora, a página em branco que as Bíblias trazem é uma escolha dos editores, para deixar bem visível a transição entre ambas as Alianças de Deus com o homem. No Antigo Testamento através de Moisés, e no Novo, mediante Jesus Cristo. Não é um recurso “retórico” para deixar evidente que o estudo da Palavra não é necessário.

Infelizmente, muitos crânios trazem “inside” páginas em branco; mais dolorosa que a sina de mentecapto, é a concepção doentia que isso, o faz mestre.

Alguns combatentes do estudo teológico citam: “O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do Espírito; porque a letra mata e o Espírito vivifica”. II Cor 3;6

Ora, o que Paulo faz aqui, é justamente a distinção entre ambos os testamentos; o primeiro, a Lei, (letra) veio para mostrar a pecaminosidade humana. Deixar claro que todos precisamos do Salvador, que pelo Novo Nascimento lega O Espírito que vivifica.
A Palavra explica: “Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou; desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus”. Heb 7;19

Assim, podemos parafrasear: A Letra anuncia nossa condenação; o Espírito, (Santo) nos é dado, via novo nascimento em Cristo, para nossa salvação. Nada a ver com alguma diatribe ao estudo, à teologia; pelo contrário. Sem algum esforço em busca de compreensão, essas coisas podem nos passar despercebidas.

Afinal, por quê compreendermos ambas as Alianças e sua relação conosco, se, podemos aprender duma página em branco?

Inegável que a Luz do Bendito Espírito Santo é imprescindível, tanto para aprendermos A Palavra, quanto, comunicarmos o que aprendemos. Porém, Ele não dá novas revelações; antes, ilumina nossos entendimentos acerca do que já foi dado, e está escrito.

Se nosso preparo se revelar vazio, como uma página em branco, possivelmente O Espírito Santo vire a página, e busque alguém que tenha mais apreço pela Palavra da vida.

Outro dia ouvi um palestrante dizendo que Jesus nada falou sobre homossexualismo, em sua defesa LGBT. Essa astúcia fajuta de tentar reduzir Jesus aos Evangelhos não cola. Ao dizer: “Está escrito” validou o Antigo Testamento; e vetando omissões e acréscimos, selou o Novo.

Assim como uma página branca nada tem a dizer, as que estão escritas dizem tudo que precisamos saber. “... Minhas Palavras não hão de passar”. Mat 24;35