terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Os retardatários


“Porfiai por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que, muitos procurarão entrar e não poderão.” Luc 13;24

A pergunta que O Senhor respondeu fora acerca do número dos salvos, se seriam poucos, ou muitos. Porém, invés de responder sobre o contingente, se, vasto ou estrito, O Salvador se ateve à forma pela qual devemos encarar. “porfiai...” obstinar-se, insistir, teimar, competir... são sinônimos de porfiar. Assim devemos agir, em demanda da salvação.

Se, para algo ao qual somos convidados, carecemos insistir, significa que o ingresso ao redil dos salvos não é pacífico, sem oposição. Antes, uma peleja que requer ousadia, contra nossa própria natureza, “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à Sua Lei, nem pode ser.” Rom 8;7 Contra o canhoto; “... resisti ao Diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4;7 e, as várias seduções do mundo. “O mundo passa e sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre.” I Jo 2;17

Não é algo que se possa abraçar pacificamente, sem enfrentamentos ousados. A salvação não é para covardes. Enfrentar aos semelhantes é algo rotineiro, que a maioria o faz, mesmo sem necessidade; agora enfrentar a si mesmo, todos os deleites que em nossa alma viciada palpitam, é uma empresa na qual poucos se atrevem. O homem pode derrotar grandes adversários e ainda assim, ser derrotados pelos vícios, pelos prazeres.

Por isso, o indispensável “negue a si mesmo”, um auto enfrentamento, que será posto em xeque, a cada nova tentação que assolar. Se, nossa entrega a Cristo em submissão parece uma anulação voluntária, uma castração da possibilidade de “viver”, a coisa só é assim para quem vê com olhos naturais. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente.” I Cor 2;14

Quem vê pela fé segundo a Divina Palavra, abdica de alguns prazeres ilícitos e viciosos aqui, em troca de venturas eternas no porvir; como disse o missionário Jim Elliot, “Não é tolo quem abre mão do que não pode reter, em troca de algo que não pode perder.”

A afirmação de que muitos procurarão entrar sem conseguir, não foi feita significando que a salvação seja para uma elite apenas, um grupo pré-escolhido; os demais, mesmo querendo se lhes fechará a porta. Antes, esses procurarão pelo ingresso apenas, de modo interesseiro, sem buscar as credenciais, e quando já for demasiado tarde. “quando o Pai de família se levantar e cerrar a porta...” Luc 13;25 será o tempo do “esforço” de muitos retardatários. 

Não, seus desejos, mas seus feitos contarão; nesse caso, como fatores para exclusão do Reino. “... apartai-vos de Mim, vós todos que praticais a iniquidade.” V 27

Por isso a mensagem de salvação sempre é apresentada com sentido de urgência, de algo a ser abraçado de modo imediato, sem protelação; querer entrar depois que não mais for possível milhares quererão. Todavia, renunciar ao inferno, quando apenas ele resta, é muito fácil. A excelência da nossa correspondência ao amor de Cristo, é dizermos não a esse mundo por amor a Ele, mesmo quando esse sistema fervilha suas “vantagens” e prazeres; Alheio e esse fervilhar, o texto bíblico traz: “... Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais vossos corações, como na provocação.” Heb 3;15

Os que são capacitados a ver na dimensão da fé, não se prendem no malogro das aparências; ancoram suas expectativas na Palavra de Deus, não no incerto e fugaz curso desse mundo. Mesmo nada vendo que enseje alento, esses podem ver o suficiente; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça à voz do Seu servo? Quando andar em trevas e não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

A porta inda está aberta, por um pouco. Para cada um que encontra com a morte, nas encruzilhadas da vida, para esse, ela se fecha de vez. E cumprida a plenitude do tempo estipulado pelo Senhor, se fechará para todos, o que dará azo aos clamores dos retardatários, como vimos.

Como disse Benjamin Franklin, devemos consertar o telhado enquanto o sol está brilhando. Fazer isso durante a chuva, não é uma atitude sábia.

De igual modo, tratar da salvação das nossas almas, enquanto O Salvador inda chama por elas; “Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei; tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim que Sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas; porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo é leve.” Mat 11;28 a 30

domingo, 23 de fevereiro de 2025

A arte de ouvir



“... de quem é o espírito que saiu de ti? Jó 26;4

Jó redarguindo a Bildade e acusando-o de chover no molhado, apresentar coisas ordinárias, platitudes, como se fosse um conselho profundo, uma reflexão autêntica, derivada da sabedoria.

Ah, as frases feitas, em seu consórcio com a preguiça mental, e com a vaidade intelectual! aquela, escusa seu paciente da dolorosa faina de pensar; essa, parte do pressuposto que se precisa falar, para não parecer que o saber achou termo. Assim, soa mais importante dizer algo, que entender o que se diz, ou a conveniência do que se vai dizer.

“Não te precipites com tua boca, nem teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos Céus e tu estás sobre a terra; assim, sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, a voz do tolo, da multidão das palavras.” Ecl 5;2 e 3

Nada errado com frases feitas, quando essas expressam o que queremos dizer; nesses casos, sempre as uso. Sobre a preguiça de pensar, cito Henry Ford: “Pensar é o trabalho mais pesado que há; talvez, por essa razão, tão poucos se dediquem a isso.”

E, acondicionar um monte delas, como se fossem utensílios numa prateleira, uma para cada ocasião, invés de pensar por si mesmo, recorro a Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” Até podemos fazer fogo com lenha alheia; porém, a chama deve brotar do atrito das nossas pedras.”

Eventualmente, nos vemos em muitas situações em que a força das palavras se mostra insignificante, inútil; reconhecer isso deveria bastar, para que não nos metêssemos a médicos sem noção, desejando extirpar algum câncer das almas, com chazinhos caseiros. Quando uma dor é muito intensa, falas superficiais só pioram.

Certas emoções, por profundas, apenas quem as sente, pode aquilatá-las de fato. “O coração conhece sua própria amargura, e o estranho não participará no íntimo, da sua alegria.” Prov 14;10

No caso de Jó, perdera todos os bens e mesmo os filhos, de chofre, num dia apenas; num segundo momento, a própria saúde.

Assim, a chegada dos amigos para se condoer com ele, por certo ensejara alguma esperança. Se, começaram bem, oferecendo solidariedade e ficando sete dias em silêncio, dando a Jó a preferência pelo “microfone”, quando enfim, falaram, estragaram tudo.

O achismo “teológico” deles, precisava “justificar” a Deus, que, permitira tais estragos. Assim, começaram a acusar ao infeliz de coisas que não viram, das quais, não ouviram, baseados em suas presunçosas deduções. No fim, tiveram que escutar, do Próprio Senhor: “... vós não falastes de Mim o que era reto, como Meu servo, Jó.” Cap 42;8

Em dado momento da decepcionante conversa com eles, o patriarca os considerou como uma miragem. Como se, uma caravana errante e sedenta visse de longe, supostos ribeiros e mudasse seu rumo em direção aos tais; e lá chegando, não encontrasse água.

“Meus amigos aleivosamente me trataram, como um ribeiro, como a torrente dos ribeiros que passam, que estão encobertos com a geada, e neles se esconde a neve; no tempo em que se derretam com o calor, se desfazem; e em se aquentando, desaparecem do seu lugar. Desviam-se as veredas dos seus caminhos, sobem ao vácuo e perecem; os caminhantes de Temã os veem, os passageiros de Sabá esperam por eles; ficam envergonhados por terem confiado, chegando ali se confundem; agora, sois semelhantes a eles...” Jó 6;15 a 21

Criaram uma expectativa no coração do infeliz, e oportunamente o decepcionaram por inteiro. Em dado momento ponderou que, em casos de dor extrema, aflição, a compaixão deveria andar na frente da teologia; “Ao que está aflito deveria o amigo mostrar compaixão, ainda, ao que deixasse o temor do Todo Poderoso.” Cap 6;14

Notemos que essa observação foi colocada no subjuntivo; “que deixasse”, não era o caso dele, que continuava fiel, embora, gritando aos quatro ventos sua dor.

Infelizmente, a maioria das falas apressadas deriva do “ter que dizer”, não, do ter “o quê” dizer.

Nos apressamos em ser bons falantes, até em situações, onde, tudo o que é necessário é que sejamos bons ouvintes. Quando certa turba se recusou a ouvir o eloquente discurso de Estêvão, falaram todos ao mesmo tempo. “Eles gritaram com grande voz, taparam seus ouvidos, arremeteram unânimes, contra ele.” Atos 7;57

Embora, ouvidos sejam órgãos comuns a todos os homens, a vontade de ouvir quando Deus fala, não é; por isso, a preceito: “Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas...” Apoc 2;11 Ninguém irá inquirir, de quem é o espírito a falar em nós, quando ficar evidente que é O Espírito de Deus.

O homem interior



“... se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, sobre ti será seu desejo, mas sobre ele deves dominar.” Gn 4;7

Instruções Divinas ao ciumento Caim, que, estava com o semblante desfigurado, porque a adoração de Abel fora aceita, e a sua, não.

O Senhor apresentou o pecado como algo separado dele, que o olhava da porta, sobre a vontade do qual, ele deveria exercer domínio.
Figura de linguagem; pois, o pecado “à porta” são as tentações. Invés duma residência, espreita em demanda de espaço, em nossos corações, anelando albergar-se em nossas almas, para moldar ao seu querer, nossas ações. Dominar sobre o pecado é exercitar-se em domínio próprio.

Tiago pormenoriza tal gestação, em consórcio com as humanas inclinações; “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência; depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

Primeiro nos atrai, acenando com algum prazer, alguma vantagem de se incorrer nele; depois, nos engoda, fechando nossos olhos para as consequências, fazendo parecer que essas, sequer existem. Assim, vencidas as defesas da alma, a ideia passando a ser aceita, o mesmo é “concebido”, acatado como algo a ser feito; então, é “dado à luz”. Até aqui, as coisas acontecem apenas no âmbito íntimo, numa luta interna onde a obediência a Deus, e o desejo desorientado pelejam, pela anuência da nossa vontade.

Quando o pecado vem à luz, o faz em nossa consciência que nos adverte sobre o que ele é, e as consequências de insistirmos nele. Caso retrocedamos nesse momento, teremos dominado o penetra indevido que se assentou à porta dos nossos corações; senão, “... o pecado sendo consumado, gera a morte.” Nesse caso, terá passado de um desejo doentio, para uma atitude má.

O desafio do Criador, ao homem caído, para que esse dominasse sobre o pecado, foi uma forma oblíqua de deixar patente nossa impotência, a nossa necessidade de que, alguém mais forte que o mesmo, o vencesse em nosso lugar. O homem caído não passa de um refém impotente, que, é levado ao bel prazer do “sequestrador”; “De maneira que, agora, já não sou eu que faço isso, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17

A Lei, com seus mandamentos detalhados, aumentou nossa percepção dos pecados; concomitantemente, a necessidade do Salvador. “De maneira que, a Lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados.” Gl 3;24

A primeira consequência da ruptura do homem com Deus foi o medo; tanto que, Adão que sempre recebera alegre ao Criador, então, se escondeu. O medo é um péssimo conselheiro, que pelo instinto de autopreservação, nos leva a transferirmos nossas culpas a terceiros, como fizeram Adão e Eva, e ainda fazem, quase todos da sua descendência.

Em muitos casos, não apenas transferimos as culpas, como também, “exercitamos o domínio”, sobre coisas que não estão na nossa esfera. O que são, o juízo temerário, a maledicência, fofocas várias, senão, derivados do nosso juízo sobre as escolhas de outras pessoas?
Somos convidados, como Caim, a dominar sobre o pecado, mas nos omitimos nisso e compensamos exercendo nosso “domínio” sobre vidas de terceiros. “... tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Por isso, dos renascidos em Cristo que receberam poder para agir como filhos de Deus, Jo 1;12, a expectativa é que andem em espírito, e assim produzam seu fruto.

Se o primeiro passo para alguém se render ao Salvador é o “negue a si mesmo”, necessário é que esse exercite-se em domínio próprio, agora, capacitado para tanto, pela regeneração do Espírito que deve pautar seu novo modo de viver. “Portanto, agora, nenhuma condenação há, para os questão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito; porque a lei do espírito de vida em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” Rom 8;1 e 2

Enquanto nosso homem interior, espiritual, estiver no controle das ações, a obediência não nos será penosa; antes, dará alento; “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus.” Rom 7;22

Óbvio que a carne continua viva com sua punção, segundo a sua inclinação pecaminosa; contudo, em Cristo, podemos dizer um sonoro não! mortificando-a, quando ela nos pedir do seu pão costumeiro.

Para os que ainda não reconciliaram com Deus, a boa nova que há algo mais “na porta”, que o pecado assassino; O Salvador diz: “Eis que Eu estou à porta e bato! Se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, com ele cearei, e ele comigo.” Apoc 3;20

sábado, 22 de fevereiro de 2025

A festa da morte


“Os que habitam sobre a terra, se regozijarão sobre eles, e se alegrarão, mandarão presentes uns aos outros; porquanto, estes dois profetas tinham atormentado aos que habitam na terra.” Apoc 11;10

Em geral, quando morrem personalidades conhecidas, o clima é de tristeza, consternação. Mesmo que não admirássemos quem partiu, ainda reinará certo respeito pela dor alheia, dos que lhe eram afeitos. É mais comum presentes de aniversário, celebração de conquistas, feitos notórios; porém, então, veremos presentes de velório. No texto acima, há a descrição de uma festa, porque duas pessoas foram mortas.

Ironicamente, essas mortes serão comemoradas sobre a terra, quem estiver vivo verá; quando as testemunhas do Senhor forem silenciadas, nos últimos dias. A causa de tal regozijo, será o fim do “tormento” de ter que ouvir a verdade, num mundo que ama à mentira.

Influenciados por isso, muitos pregadores se “suicidam”, por buscar uma linguagem adocicada; atuar mais em demanda do aplauso mundano, do que, em consórcio com O Espírito de Deus. Uma questão, cuja resposta pareceu óbvia no início da Igreja, infelizmente, já não é mais; “... julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes, a vós do que a Deus.” Atos 4;19 A pretexto de não ser polêmicos, esses suicidas optam por não ser verdadeiros.

Quem adocica um alimento que deveria ser salgado, para não melindrar ao “cliente” que o prefere doce, serve à impiedade traindo a si mesmo, se autoconvencendo que serve a Deus. Um paciente de enfermidade grave deve ser medicado, não, entretido, se, o médico souber o que faz.

O tormento de “ter” que ouvir à verdade eventualmente, é nada, se comparado ao tormento duma eternidade na perdição. Quem tem olhos espirituais, consegue “ver” as consequências do que está fazendo; justo por ver isso, se recusa a compactuar com a impiedade, mesmo que isso lhe custe a vida. “O homem espiritual discerne bem a tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;15

As testemunhas em apreço, atuarão num tempo em que, mais que não ser aceita, a verdade será odiada; já estamos bem avançados nisso.

Se, fosse possível apresentar coisas tão sérias, como o pecado que coloca as almas a perder, numa linguagem que não confrontasse, sem perder a essência, essa seria uma estratégia inteligente, dos pregadores. A inteligência é uma coisa amoral, tanto pode servir à virtude, quanto, ao vício; a verdade não é assim.

Pelo dever para com ela, um ministro do Evangelho deve ser comprometido, antes de tudo, com a fidelidade a Deus, que lhe deu Sua Palavra. A reação de quem ouve não é problema dele. Óbvio que a verdade desconforta, quem escolhe viver na mentira. Desgraçadamente, os que comemoram a morte dos servos de Deus, como vimos no verso inicial, no fundo, estão comemorando suas próprias mortes. “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos...” II Cor 4;4

O silenciar dos pregadores da Palavra da vida, equivale ao triunfo da morte. “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? Como ouvirão se não há quem pregue?” Rom 10;14 Acabando os que pregam, junto acabarão as possiblidades de crer para salvação; nesse caso, não haverá nada para se comemorar, exceto, para quem anda no escuro.

Assim, os que silenciam aos mensageiros do Senhor, trocam um desconforto pontual, por um tormento eterno.

Os pregadores que são um sucesso de público, que estão “causando” pela vasta aceitação dos seus ministérios deveriam se preocupar. Ou, o mundo está se convertendo em bloco, deixando de amar à mentira, os esses “bem sucedidos” mensageiros, deixaram seu compromisso inicial com o Evangelho. A fidelidade a Deus enseja a má vontade, indisposição, aos olhos daqueles que estão em inimizade com Ele.

Com vergonha alheia vemos as disputas a quatro mãos, pelo espólio de bens materiais, por meios daqueles que, em tese, defendem a supremacia dos valores espirituais. Tiago pontua que nossa fé é demonstrada pelas nossas obras; os que atropelam valores eternos por bens efêmeros, embora cantem altos louvores às asas, ainda rastejam apegados aos casulos.

A salvação das almas é mais urgente do que nunca; no reino do anticristo em célere implantação, só disporá de bens materiais quem vender os espirituais; só então veremos o quão nada, essas coisas são.

Enfim, quem desejar ser de alguma utilidade ao Eterno, precisa ousar pagar o preço de ser ‘mau’ aos olhos ímpios; deixemos que o mundo celebre nossas mortes, se isso lhe parecer bem.

Os Céus também o farão, e essa celebração terá um valor eterno, não o elã de um momento, como o falso júbilo dos ímpios. “Preciosa é, à Vista do Senhor, a morte dos Seus santos.” Salm 116;15

Diagnóstico espiritual


“No meio da congregação e da assembleia foi que eu me achei em quase todo o mal.” Prov 5;14

Congregações, nos escritos de Salomão, são os lugares onde A Palavra é ensinada. “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11

Se, as congregações são diversos, a fonte de instrução é ímpar; “O Único Pastor.” Jesus Cristo. A balela do ecumenismo não se firma nem com um “andador”.

Ao frequentarmos uma assembleia onde A Palavra do Senhor é pregada retamente, natural que nos vejamos em “maus lençóis.” “... me achei em quase todo o mal.”

Para admitirmos nossos males, contudo, carecemos da graça do Espírito Santo incidindo sobre nós, para que, por ela, tenhamos apreço pela verdade, mesmo a que nos desconforta, mais que, pela comodidade, que prefere manter nossos maus hábitos escondidos. Cristo ensinou: “Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para luz, para que, suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

A alma ímpia prefere enfrentar o mundo, ao qual não pode vencer, a enfrentar a si mesma, luta na qual, ajudada pelo Santo, pode e deve ser vitoriosa.

A escada da ascensão espiritual tem degraus para baixo, rumo à humilhação; porém, o homem natural tende a subir, qual um balão de ar quente, pela inflamação doentia do próprio ego. O sujeito pode estar com as quatro patas no inferno; quando avalia a si mesmo, se acha super do bem, merecedor de altos encômios, pela cegueira na qual erra. Desgraçadamente, a maioria desses pavões evita as congregações onde a Palavra da verdade é pregada.

Enquanto não ousarmos no enfrentamento das nossas misérias, por religiosos que desfilemos, engajados filosoficamente que pareçamos, não passaremos de fugitivos, covardes tentando se evadir às próprias sombras; fuga inglória.

Resultam inevitáveis certos constrangimentos, quando as enfermidades das nossas almas são diagnosticadas. Mas, só após isso a cura delas será possível. Deus não trata nossos males “no escuro”; nos faz ver e convida a sermos partícipes, com uma vontade submissa, no processo de regeneração das nossas vidas segundo Ele; “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13 Reconhecermos, nos arrependermos, confessarmos; eis, nossa parte no processo!

Tiago amplia: “Porque se alguém é ouvinte da Palavra e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla no espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai e logo esquece de como era.” Tg 1;23 e 24

Logo, se nos portarmos como uma criança mimada que se recusa a receber remédios amargos, não seremos forçados a nada. Todavia, nossos males seguirão sem o necessário e urgente tratamento. “Porque O Senhor corrige ao que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho; se suportais a correção, Deus vos trata como filhos, porque, que filho há, a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então, bastardos, não, filhos.” Heb 12;6 a 8

Paulo apresentou a escravidão do homem sem Deus, como tendo um desejo tênue pela virtude, mas jazendo sob um feitor que o empurra para o vício; “Acho então, esta lei em mim; que quando eu quero fazer o bem, o mal está comigo; porque, segundo o homem interior, tenho prazer na Lei de Deus; mas vejo em meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado, que está em meus membros.” Rom 7;21 a 23

A “morte do espírito” derivada da queda é isso; o espírito do homem ainda existe, deseja as mesmas coisas segundo Deus. Porém, como caiu da comunhão perdeu sua mordomia, sua força para fazer o que deseja. Sabedor disso, O Salvador começa Sua regeneração nas vidas dos que se arrependem, exatamente por aí; capacitando-os a agir como sabem que devem, em espírito. “A todos que O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu Nome.” Jo 1;12

Algumas pessoas que suspeitam que podem ter uma enfermidade mortal se recusam a fazer exames sobre aquilo; preferem “não saber”.

Pois, irmos às congregações onde A Palavra da Vida é ensinada fatalmente deixará exposta nossa doença mortal, o pecado. A boa notícia, é que, quem expõe, é A Palavra da Vida; ela tem a cura. O arrependimento e a submissão a Jesus Cristo, O Salvador.

Não importa a grandeza dos nossos erros pretéritos; a grandeza do Méritos de Cristo as supera. “Olhai para Mim e sereis salvos, vós, todos os termos da Terra; porque Eu Sou Deu, e não há Outro.” Is 45;22

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

O preço de conhecer a Deus



“... ninguém conhece o Pai, senão O Filho, e aquele a quem O Filho o quiser revelar. Vinde a Mim todos...” Mat 11;27 e 28

O Salvador falou da Sua intimidade com O Pai, e do direito de partilhar isso com quem quisesse. Antes que alguém derive desse texto, a conclusão que há uma “elite” pré-escolhida, para a qual O Senhor teria reservado essa revelação, O mesmo Senhor expressa, com quem deseja repartir Sua luz: “Vinde a Mim, todos...”

Muitos serem convidados, e poucos, escolhidos, não tem a ver com o propósito Divino; antes, com a resposta humana, ao chamado do Santo. Embora Cristo queira revelar O Pai a todos, não são todos que recebem essa revelação, como a dádiva preciosa que é. A maioria das pessoas religiosas busca por coisas, não, por Deus, infelizmente. A Palavra é categórica: “É necessário que aquele que de Deus se aproxima creia que Ele existe e é galardoador dos que O buscam.” Heb 11;6

A escolha dos salvos não é prévia; mas, após ouvirmos o Evangelho, conforme a resposta de cada um. “Os Meus Olhos procurarão os fiéis da terra para que estejam comigo; O que anda num caminho reto, esse Me servirá.” Sal 101;6 Cristo disse mais: “... se alguém Me ama, guardará Minha Palavra, e Meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Mostramos nosso amor a Ele pela obediência; Ele, por Sua vez, manifestar-se-á pela comunhão em nosso espírito.

O Caminho Reto aos Olhos do Pai, é o caminho estreito, em Cristo. Ele diz: “... Ninguém vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6 Eventuais boas obras, devem ser feitas porque pertencemos a Cristo, não para que sejamos salvos sem Ele, o que é impossível; “Porque somos feitura Sua, criados em Jesus Cristo para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10 Assim, um eventual caminho reto, se mostra primeiro pelas nossas motivações; depois, pelas ações.

A Palavra expressa a abrangente e misericordiosa, vontade do Eterno: “O Senhor não retarda Sua promessa, ainda que, alguns a têm por tardia; mas é longânime para conosco, não querendo que alguns se percam, senão, que todos venham a arrepender-se.” II Ped 3;9

O conhecimento de Deus não é algo mero, que bastaria alguém dizer: Quero! E estaria feito. Antes, requer um comprometimento emocional, um relacionamento afetivo que prioriza a Deus, não, mera curiosidade intelectual que acondicionaria tal conhecimento na prateleira comum do “algo mais.”

Não por acaso, o maior, e mais importante mandamento do decálogo, que resume aos primeiros quatro, atina ao relacionamento do homem com Deus. “... amarás ao Senhor teu Deus de todo teu coração, toda tua alma, e todo o teu pensamento; esse é o primeiro e grande mandamento.” Mat 22;37 e 38 O segundo que resume aos outros seis, trata das relações familiares e interpessoais; “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas.” Vs 39 e 40 Tudo o que foi escrito relaciona-se com esses objetivos; amor a Deus e ao semelhante.

Diferente das formas corriqueiras de conhecimento, na esfera das coisas imanentes, o conhecimento de Deus requer um relacionamento com Ele, mediante Sua Palavra e as transformações que ela opera em quem a obedece; “... a Minha doutrina não é Minha, mas daquele que Me enviou; se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se falo de Mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Notemos mais uma vez que, tal conhecimento, está condicionado, não à vontade Divina; antes, ao desejo humano; “... se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá...” Obedecer; eis o preço de conhecer!

Os que tentam suprir o lapso de relacionamento, com mera religiosidade, pois, incorrem numa escolha que afronta à Divina vontade, como diz A Palavra do Senhor: “Porque Eu quero misericórdia, não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” Os 6;6

Jesus Cristo pela Sua encarnação, fez O Pai, visível; “O qual, sendo o resplendor da Sua Glória, e a expressa Imagem da Sua Pessoa, sustentando todas as coisas pela Palavra do Seu Poder, havendo feito por Si mesmo, a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas.” Heb 1;3

Há um círculo virtuoso pelo qual somos chamados a orbitar; conhecer à Palavra equivale a conhecer à verdade; conhecer à verdade é conhecer a Cristo; por fim, conhecer a Ele, faculta que conheçamos também, ao Pai. “Estou a tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem vê a Mim, vê o Pai...”
Enfim, “conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor...” Os 6;3

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

Fuga ou refúgio



"Os ímpios fogem sem que haja ninguém a persegui-los; mas os justos são ousados como um leão.” Prov 28;1

Quem perseguia a Judas quando ele fugiu e foi se enforcar? “O homem carregado do sangue de qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha.” Prov 28;17 Ele estava sob o peso de ter entregado Cristo à morte, e isso o assombrava.

A Palavra ensina que a vida da carne está no sangue; Lev 17;11 Quando do primeiro assassinato, O Criador disse a Caim: “... a voz do sangue do teu irmão clama a Mim, desde a terra.” Gn 4;10 Isso deveria nos ajudar a entender por que O Sangue de Cristo nos purifica; a Vida Perfeita Dele, é colocada em lugar da nossa, eivada de pecados.

Se, o homem culpado de sangue foge dos fantasmas que a culpa apresenta, todos os ímpios fogem de Deus. A rigor a vida em pecado tem o mesmo peso, ainda que, os pecados cometidos sejam de tipos diferentes. “Porque o salário do pecado é a morte...” Rm 6;23 Mesmo que não tenhamos matado alguém, estritamente, por nossos pecados somos culpados pelo Sangue de Cristo. Isso basta para colocar em fuga, quem não ousa se arrepender.

Sabedores das suas culpas, os ímpios preferem manter “distância segura” de Deus, invés de se aproximar buscando a necessária reconciliação. “Porque todo aquele que faz o mal, odeia à luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20 Invés de alguém fugindo até à cova, como o homem com crimes de sangue nas mãos, temos os que fogem para o escuro, pela certeza da reprovação que suas escolhas merecem.

“Trágico não é uma criança com medo do escuro; antes, um adulto com medo da luz.” Platão. À ousadia de crer, sucede a de obedecer; fazendo assim, a eficácia da regeneração se verifica em nosso favor. “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

Para ter ousadia, carecemos antes ser justificados. Aos que se arrependem e se lhe submetem, O Senhor atribui Sua Justiça; desde então, são chamados “justos”; como vimos, “... os justos são ousados como um leão.”

Além de ensinar o sentido e abrangência do Sacerdócio de Cristo, a Epístola aos Hebreus traz: “Cheguemos, pois, com confiança ao Trono da Graça, para que possamos alcançar misericórdia, e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.” Heb 4;16

Os pecados comuns, e os crimes de sangue em especial, “falam” da necessidade de vingança, de juízo. Porém, nos que se arrependem e se rendem a Cristo, o preço necessário aos Olhos da Divina Justiça já foi pago. Assim, invés de fugir temendo as consequências das nossas culpas, podemos ter ousadia santa, pela justiça a nós atribuída, pelos Méritos de Jesus.

Quando do primeiro Crime, a voz do sangue derramado clamava por vingança, junto a Deus. Como O Eterno prefere tratar nossas culpas em misericórdia, não em juízo, chama-nos em Cristo, ao arrependimento; “Vivo Eu, diz O Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho e viva; convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33;11

Ele mesmo disse: “Vinde a Mim todos que estais cansados e sobrecarregados, Eu vos aliviarei; tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, encontrareis descanso para vossas almas...” Mar 11;28 e 29

Invés de fugir pelas nossas culpas, fuga inglória como tentar se afastar da própria sombra, devemos nos refugiar em Cristo, para que a eficácia eterna do que Ele fez por nós, se verifique em nosso favor.

O cântico número quinze de nosso hinário traz uma definição mui feliz, do que ocorre na conversão: “Mas, um dia senti, meus pecados e vi, sobre mim a espada da Lei; apressado fugi, em Jesus me escondi e abrigo seguro, Nele achei.”

Antes de nos abrigarmos Nele, nossos pecados eram como o de Caim; um amontoado de culpas clamando por juízo; depois do Bendito Sangue de Cristo, a voz da vingança foi silenciada, em favor de outra que fala de perdão; Pois, pelo sacrifício do Calvário chegamos “A Jesus, O Mediador de uma Nova Aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel.” Heb 12;24

Entre a fuga e a ousadia, há mais que meras possibilidades comportamentais. Concorre também o testemunho de como está nossa relação com O Senhor. O medo fala de inimizade ainda; a ousadia, de comunhão. Não temas, vem.