“Os quais, deixando o caminho direito, erraram seguindo o caminho de Balaão; filho de Beor, que amou o prêmio da injustiça.” II Ped 2;15
“... deixando o caminho direito...” O que leva alguém a deixar um caminho no qual, tinha um bom andar? Tendemos a sentir certo alívio nas mudanças, ainda que, estejamos mudando para pior. Sabedores dessa doença, os políticos tripudiam. Se, não estão no poder bradam aos quatro ventos sobre a “necessidade de mudança;” quando já estão governando, pleiteiam sua permanência, para “continuar mudando”. Logo, mude ou não, sempre “muda”.
Lucas relata essa nuance, esse anelo por algo novo, justamente, no berço da filosofia; em Atenas. “Pois todos os atenienses, estrangeiros e residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão, de dizer ou ouvir alguma novidade.” Atos 17;21
Uma novidade é uma mudança, mesmo que incida apenas no aspecto intelectual. A mesmice costuma deixar um quê do seu peso, sobre as almofadas dos fatos novos. Sabemos que, sempre que alguém “deixa um caminho”, não fica num vácuo, numa neutralidade ímpar; antes, opta por outro que, por alguma razão, lhe parece melhor. Antes de mudarmos, seria prudente responder duas perguntas: Para onde? Por quê?
O “caminho direito” em se tratando das coisas espirituais, é a Doutrina do Senhor. Sempre que surge algo “novo”, onde a necessidade é de perseverança, não, de novidade, temos um desvio com potencial para nos afastar do rumo certo.
Aos que tinham se perdido por atalhos alternativos, nos dias de Jeremias foi dito: “Assim diz O Senhor: Ponde-vos nos caminhos e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele, achareis descanso para vossas almas...” Jr 6;16
“... erraram seguindo o caminho de Balaão...” não há originalidade possível, no âmbito comportamental, depois de todos os precedentes deixados por bilhões de pessoas, no decurso de alguns milênios. “O que foi, isso é o que há de ser; o que se fez, isso se fará; de modo que, nada há de novo, debaixo do sol.” Ecl 1;9
Malgrado alguém pretenda “pensar por si” seguir “sem imitar ninguém”, forçosamente, estará imitando a muitos que já tropeçaram na mesma pedra. Os denunciados por Pedro que erraram deixando o caminho direito, acharam atrativos com mais apelos nos caminhos de Balaão, o profeta mercenário, que tropeçou nos dias do Êxodo.
Mas, o que fez ele? “... amou o prêmio da injustiça.”
Para quem erra desde sempre, se mudar um dia, o fará em demanda de caminhos melhores. Porém, quem conheceu ao caminho direito, precisa de algum “incentivo” mui pujante da oposição em consórcio com a própria carne, para trocar a higiene espiritual, pela imundícia.
Pedro os aprecia: “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo, pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se lhes o último estado, pior que o primeiro; porque melhor seria, não conhecerem o caminho da justiça, do que, conhecendo-o se desviarem do santo mandamento que lhes fora dado; desse modo sobreveio-lhes, o que por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada ao espojadouro de lama.” II Ped 2;20 a 22
Amar ao prêmio da injustiça é o suprassumo do egoísmo. Se algo me traz vantagem, pouco importa que prejudique a terceiros, se é justo ou não, eu quero. Assim pensam os seguidores de Balaão, que, em troca do ouro de Balaque se dispunha a amaldiçoar solenemente ao povo do Senhor.
Se O Eterno usou o recurso extremo de fazer uma jumenta falar, para corrigir os rumos do mercenário, o fez para ensinar algo mais ao ganancioso profeta.
Estava disposto a vender o que não possuía; o poder de danar ou abençoar ao caminho de um povo. Balaque havia colocado sobre ele esse “poder”; “...porque eu sei que, a quem tu abençoares, será abençoado; e a quem tu amaldiçoares, será amaldiçoado.” Nm 22;6
A bem da verdade, as coisas não eram assim; e quando a jumenta lhe “devolveu o microfone” precisou admitir isso: “... Como amaldiçoarei ao que Deus não amaldiçoa?” Nm 23;8
Sem Deus, qualquer homem, profeta ou não está em pé de igualdade a um jumento. “Disse eu no meu coração, quanto à condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria para que assim pudessem ver que, são em si mesmos, como os animais.” Ecl 3;18
Quem está no “caminho direito” não anda em si mesmo; está em Cristo. E, se, depois de conhecer ao Senhor Justiça Nossa, ainda vê atrativos na injustiça, não é digno do Senhor. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram e tudo se fez novo." II Cor 5;17