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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Metecos espirituais



“Dize-me, és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro alcancei direito de cidadão. Paulo disse: Eu sou de nascimento.” 

Aqui, dois tipos de cidadania; uma, adquirida, outra, herdada. Tal condição dava certos “privilégios” como direito de defesa, julgamento. Como se viu em face de ser aviltado, Paulo usou seus direitos. 

Aos estrangeiros aceitos e aculturados nas cidades estados, os gregos chamavam metecos; uma condição inferior em relação aos que dispunham da plena cidadania e podiam arbitrar nas ekklesias; as assembleias da Polis. 

A ideia de cidadania celestial dos salvos é amplamente demonstrável nas Escrituras. “Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus, porque já lhes preparou uma cidade. Porque não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a futura.” Heb 11; 10, 16 e 13; 14

Só que, essa cidadania tem diferença em relação à romana e à grega citadas. Tanto não pode ser adquirida mediante dinheiro, mesmo “grande soma”; quanto, não tem lugar para “metecos” cidadãos de segunda categoria com direitos parciais. Claro que, quando falo dos direitos, entenda-se que, tais, derivam do pleno cumprimento dos deveres. 

Não ignoramos que antigamente muitos “compraram” esse direito, as indulgências; também, em nossos dias muitos mercenários comercializam a fé prometendo coisas celestes via os mesmos valores. 

Todavia, a Bíblia ensina que o valor duma alma só, extrapola às riquezas do maior magnata. “Aqueles que confiam na sua fazenda,  se gloriam na multidão das  riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir a seu irmão, ou, dar a Deus o resgate dele. (Pois a redenção da sua alma é caríssima... ),” Sal 49; 6 a 8   

Escrevendo aos “estrangeiros” de  Éfeso, Paulo mostra os meandros da “aquisição do visto” para a cidadania Celeste.  A inscrição é numa pessoa, Jesus Cristo;Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; tendo nele também crido fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Ef 1; 13 

A taxa, somente fé; “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; 2; 8 e 9 Se a entrada é sem obras, apenas graça recebida por fé, espera, o Senhor que, os novos cidadãos atuem conforme valores do Reino. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” V 10 

Dando esses passos iniciais e perseverando, qualquer um, malgrado vínculos raciais, nacionais, culturais, poderá ouvir o mesmo que Paulo disse àqueles: “Assim, já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus;” Ef 2; 19  

Todavia, se a cidadania celeste é privilégio ímpar, oferecido a todos e aceito por poucos, tem um “efeito colateral” não confortável no mundo; digo, nos faz estranhos nele, meros peregrinos. “Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros, peregrinos na terra.” Heb 11; 13 Mesmo os santos do Antigo Testamento se viram assim. 

Então, se a um cidadão grego ou romano era facultado direito amplo a julgamento, defesa, a um peregrino não se concede o mesmo. Os cidadãos do Reino, enquanto aqui, não passam de metecos, com direito à calúnias, perseguições, fome e sede de justiça etc. Não podem usufruir os mesmos “direitos” dos cidadãos do mundo; quando muito, enviarem relatórios ao Reino mediante orações. 

A genuína cidadania  mediante novo nascimento nos faz embaixadores de Lá, num “país” que está com relações estremecidas com O Rei. Daí, a afronta. 

Mesmo assim, a Vontade do Rei é patente:  “Amados, peço-vos, como a peregrinos, forasteiros, que, vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem contra a alma; Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos;” I Ped 2; 11 e 15 

Assim, tanto os da “Teologia do Domínio” que querem ver o Reino aqui, agora, quanto os da Prosperidade, que visam o mesmo por caminhos paralelos; esses, via metal, aqueles, poder político, ambos, digo, desconhecem a cidadania celeste.  Exigem a plena cidadania nesse mundo. 

Esse postulado, por lógico que possa parecer nos domínio naturais, para as Leis do Reino equivale a adultério, um motivo de banimento. “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” Tg 4; 4 “Não erreis: ... adúlteros ... não herdarão o reino de Deus.” I Cor 6; 9 e 10

domingo, 12 de outubro de 2014

Jesus, sem jeito pra política



“Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.” Jo 7; 3 e 4 

O departamento de marketing estava achando contraproducente, O Senhor, entregar tantas obras boas  sem a devida cerimônia de inauguração que elevaria Seu prestígio e alavancaria o apoio popular.  Se, fazes isso vai pra galera!  

Não podemos dourar a pílula; em termos de campanha política, O Salvador foi um fracasso. Invés de realçar as imensas vantagens de se pertencer ao Reino, muitas vezes, pareceu desencorajar possíveis interessados. “Aproximando-se dele um escriba, disse: Mestre, aonde quer que fores eu te seguirei. E disse Jesus: As raposas têm covis, as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.” Mat 8; 19 e 20   

Noutra parte vemos Ele dispersando um enorme comício espontâneo que se formou. O senso político era tão ruim, que, começou a discursar e a turma debandou. “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou... Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás,  já não andavam com ele” Jo 7; 27, 53, 60 e 66   

Sua falta de tato público era tal, que após uma “carreata e buzinaço” O receber na Capital imediatamente se indispôs com autoridades.  “E muitos estendiam as suas vestes pelo caminho,  outros cortavam ramos das árvores e  espalhavam pelo caminho. Aqueles que iam adiante e os que seguiam clamavam, dizendo: Hosana, bendito o que vem em nome do Senhor; Bendito o reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas. E vieram a Jerusalém. Jesus entrando no templo, começou a expulsar os que vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambiadores e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não consentia que alguém levasse algum vaso pelo templo. E os ensinava, dizendo: Não está escrito: A minha casa será chamada, por todas as nações, casa de oração? Mas vós a tendes feito covil de ladrões.” Mc 11; 8 a 10, e 15 a 17 

Essas ironias bastam para denunciar que a “teologia do domínio” onde a Igreja sonha implantar o Reino na Terra, em momento algum foi parte dos ensinos do Mestre. 

O chamado aos diligentes sempre foi no sentido de apartar-se de um sistema corrupto e condenado evitando perecer; como Ló e família quando do juízo de Sodoma e Gomorra.

As mensagens iniciais da Igreja também guiavam-se por essa bússola. E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.” Atos 2; 40  

O foco é: Não se trata de salvar uma geração como tantos ensinam, antes, salvarem-se tantos quantos derem ouvido à Palavra, deixando o modo de vida de uma geração condenada.  

Sim, o Reino dos Céus é mero enclave no mundo, que lhe é totalmente adverso. Os cidadãos do Reino, peregrinos. “Todos estes morreram na fé sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra.” Heb 11; 13 

Aliás, o capítulo 11 de Hebreus começa adjetivando a fé como “o firme fundamento das coisas que se não veem...” desse modo, os que carecem pompa e circunstância, templos majestosos na Terra, apoio popular, etc, não importa quão crentes se declarem, no fundo, duvidam. 

Pois, a narrativa de João que mostra alguns chegados de Jesus desafiando-O à popularidade, em seguida, interpreta o significado: “Porque nem mesmo seus irmãos criam nele. Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas, o vosso sempre está pronto. Jo 7; 5 e 6 

O divisor de águas era o tempo. A fé pura descansa em Deus e aguarda o Reino no Seu tempo; o simulacro inquieta-se em si mesmo e tenta mascarar a miopia espiritual com a ilusão de ótica temporal. 

O Senhor não veio em busca de adeptos para governar; Ele governa a despeito disso. Contudo, deixou ingressos francos a todos que ousarem pegar onde os prendeu, na cruz. 

A fé genuína não faz estardalhaço, antes, provisão. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3; 1