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sábado, 14 de março de 2020

O Vinho Melhor


“Poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente. Havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome e começou a padecer necessidades.” Luc 15;13 e 14

Vemos na saga do Filho Pródigo sua derrocada de um extremo ao outro, no quesito, posses. Inicialmente fartura; toda uma herança recém recebida, disponível ao seu bel prazer. Desperdiçado isso, além da pobreza em si, a carência circunstancial, uma fome em toda a terra circunvizinha, e a soturna necessidade. Em sua irresponsabilidade jovem foi do palácio à favela em poucos dias; ou, da fartura à miséria.

Salomão dissera: “No dia da prosperidade goza do bem, mas no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Quando se diz que foi Deus quem fez os dias da prosperidade e da adversidade, não significa que Ele o fez, estritamente, como se a coisa independesse das nossas escolhas; o fez no sentido de prescrever as necessárias consequências às humanas ações; “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo que o homem semear, isso também ceifará.” Gál 6;7 Deus faz com que nossas sementes frutifiquem, embora, o plantio seja por nossa conta.

Certo filósofo definiu a condição arbitrária humana como estando nós, “condenados à liberdade;” apreciando nosso direito às escolhas, e o dever inelutável às consequências. Como disse Pablo Picasso, “És senhor das tuas escolhas; escravo das consequências.”

A rota certa, sensata, não tem sabor de aventura, de conquista, bem ao gosto da alma jovem como a do pródigo; a mesma é sem encantos, apenas com o dever soturno, como o fez seu irmão mais velho que, invés de ouvir o canto sedutor das aventuras escutou a buzina sóbria do senso sobre si e seguiu trabalhando invés de sair sôfrego em busca de festas.

Se, a sobriedade não tem os “lucros” que a juventude anseia, também não traz as dolorosas perdas da inconsequência. Como versou Spurgeon: “Deus até permite que comamos dos frutos do pecado, mas em tempo nos fará beber uma infusão com suas amargas folhas, para que aprendamos a ser prudentes.”

Alguém disse com propriedade que os homens fazem escolhas; essas, fazem os homens. Sim, são elas que fazem os ladrões, os adúlteros, os viciados, os mentirosos, os hipócritas, as mães solteiras, os devassos, e até, os prósperos, os de virtude. Se é vero que nosso arbítrio é limitado, que nossa escolha se restringe apenas a quem servimos, também é que trata-se de uma questão de vida ou morte; “Os Céus e a Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto vida e morte, bênção e maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

Há uma distinção necessária entre bem e bom; embora, grosso modo pareçam sinônimos. O bem atina a um resultado, mesmo que, o método possa ser doloroso, até; como, passar por uma cirurgia cujo alvo seja o restabelecimento da saúde; enquanto o bom tem sua raiz no aprazível, no que é agradável de sentir, eventualmente, mesmo que, em tempos ulteriores se revele amargo, como as doces escolhas iniciais do Pródigo, que rumou à esbórnia e acabou na pocilga.

Sócrates o Filósofo dizia que as almas jovens tendem a escolher o bom, como crianças escolheriam o cozinheiro com seus apetitosos ardis, mesmo que danosos, ao médico que poderia restaurar a saúde.

O trabalho em si não é uma boa escolha, sobretudo, o braçal e em tempos de calor intenso como que vivemos; mas, os frutos que produz são o bem que o justifica plenamente. Eis o “vinho melhor” deixado para o final pelo Sábio “Mestre Sala!”

A conversão é o “trabalho” ao qual as almas são instadas, no sisudo “negue a si mesmo”, enquanto o mundão acena com convites às festas. Entre a cruz e o bailado qual seria a “boa escolha” perante às almas caídas? O prazer da salvação requer a dor das renúncias; “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.” Heb 12;2

Deus segue incapaz de não amar, como o pai do pródigo, mas impotente, se, o filho insensato escolher morrer entre porcos a viver junto a Ele. “Portanto comerão do fruto do seus caminhos, fartar-se-ão dos próprios conselhos. Porque o erro dos simples os matará, o desvario dos insensatos os destruirá. Mas o que me der ouvidos habitará seguro; estará livre do temor do mal.” Prov 1;31 a 33