“Está morto; podemos elogiá-lo à vontade. (Machado de Assis)
Comentaristas usam dizer que goleiro e juiz só se elogia depois que o jogo acaba. Suas funções são de relevância tal, que, uma falha bisonha apenas, colocaria um eventual bom desempenho, a perder.
Li alguém interpretando a frase de Machado de Assis e dizendo ser essa a ideia; só se elogia abertamente a alguém depois que morre; pois, o tal estaria impedido de cometer desacertos que maculassem nossos elogios.
Atrevo-me a pensar que não era isso que o ilustre escritor tinha em mente. É fato inegável que as pessoas tendem a certa “vista grossa” para os defeitos de alguém recentemente falecido; enquanto, são pródigas em exaltar às qualidades. “As pessoas ficam boas quando morrem;”, dizem.
Se, elogio alguém o faço em relação ao que conheço dele; não pretendo que meu encômio o coloque numa saia justa que o impeça de falhar para que minha opinião não se revele igualmente, falha.
Se, elogiasse apenas a um que não mais pode falhar pela ausência de ocasião, em virtude da morte, não seriam as suas qualidades que estariam em relevo, mas, meus defeitos; presunção de infalibilidade, orgulho. Seria digno que o finado se levantasse do esquife e vaiasse minha miséria moral.
Desgraçadamente o homem não consegue praticar o preceito Bíblico; “Chorai com os que choram; alegrai-vos com os que se alegram.” Especialmente, a segunda parte. Conheço gente que se remorde inveja quando outro melhora de moradia, carro, ou, outro bem qualquer. É visível o mal estar de muitos, invés de se alegrarem com as conquistas de seus semelhantes.
Efeito colateral dum foco desviado no sentido da vida; invés da salutar coexistência, a predadora e voraz competição. O outro deixa de ser meu semelhante vira uma coisa, que eu posso usar se, me trouxer alguma vantagem.
Por essa insana lupa, quando alguém morre deixa de ser uma “ameaça”; enfim, podemos elogiá-lo (a) à vontade.
A Palavra de Deus evidencia a causa: "Também vi eu que todo o trabalho, e toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isto é vaidade e aflição de espírito.” Ecl 4;4
Mais que exaltar às qualidades do que partiu muita “boa intenção” perde a noção do ridículo; atreve-se pródiga numa senda que desconhece; a dizer para onde foi no além, aquele que já não incomoda à sua inveja. Se o que foi jogava futebol, agora “joga pra Jesus”; se era cantor, canta nos Céus; se, poeta, recita para os anjos, etc.
Quem disse a morte é sinônimo de salvação? Que, não importam as escolhas que alguém faça, quando vivo, mas se morreu está com Deus? A Bíblia, autoridade Divina sobre os dois lados da vida não ensina assim em lugar nenhum; que à morte sucede a salvação, antes, “... aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo...” Heb 9;27
Esse Juízo será segundo Deus e Sua Palavra, não segundo meus desejos voláteis, movediços.
Uma coisa é respeitarmos a dor dos enlutados; se possível abrandarmos à mesma, invés de aumentarmos; outra, porém, é sair como papagaios repetindo asneiras sem pé nem cabeça pensando que, em momentos de dor as mentiras estão liberadas. Não é assim.
Quando alguém morre significa que sua redoma de tempo e espaço para encontrar a Deus quebrou-se; acabou. Com o que fez até então, comparecerá perante O Criador. “De um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós.” Atos 17;26 e 27
Por contraditório que pareça, Deus não aprova aos que “Fazem o bem”, antes, aos que fazem Sua Vontade. Para conhecê-la deveras, carecemos romper com tantas coisas... “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2
Vá a um cemitério e verás; 99% dos sepulcros terão uma estrela assinalando o nascimento; uma cruz à morte. Uma clara intenção de identificação com Cristo.
A "Estrela de Davi" brilha pra mim quando O recebo arrependido; a Cruz tomo ainda em vida quando decido obedecê-lo. O que outros fizerem ou disserem de mim após minha morte não vale nada para efeito de salvação. Pra isso é necessário nascer de novo, não, morrer.
Então, “... Eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação...” II Cor 6;2
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019
quinta-feira, 23 de outubro de 2014
Jesus pregou aos mortos?
“...
mortificado... na carne, mas vivificado pelo Espírito; no qual também foi, e
pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a
longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca;
na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água;” I Ped 3; 18 a 20
Essa passagem, certamente é uma das mais polêmicas da Bíblia. Por não ser
categórica, clara, tem dado azo às mais diversas posições.
Uns defendem que a “Pregação”
seria uma proclamação de Sua vitória sobre a morte, para espíritos caídos
simplesmente, sem mensagem de salvação.
Outros, que em qualquer circunstância, o evangelho é pregado aos mortos, dado
que, sem ele todos se encontram mortos.
Uma terceira posição advoga que “prisão” é a condição dos espíritos
hoje; os que não creram nos dias de Noé.
Afinal, acreditam, seria herético defender que
haja salvação a ser anunciada a espíritos desencarnados, dado que, Hebreus 9;
27 diz que, “ao homem está ordenado morrer uma vez, depois, o juízo.” etc.
Imaginar
ter solução para algo tão complexo, seria pretensioso; entretanto, dar minha opinião, sem ser dogmático, acho que posso.
Não me parece necessária uma proclamação aos anjos caídos, da Vitória do Salvador sobre a morte, em forma
de pregação, dado que, “deles triunfou e expôs publicamente na Cruz.” Como
ensinou Paulo. Col 2; 15
A defesa genérica que em qualquer
circunstância se prega a mortos tornaria inútil certa afirmação subsequente de
Pedro que inclui os mortos invés de generalizar; “Porque por isto foi pregado o
evangelho ‘também’ aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os
homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;” Cap 4; 6 Se há
diferença entre os “mortos” e os homens na carne, certamente, não se trata dos
mesmos, de modo que a premissa da generalização da morte não se sustenta.
Que
trata de espíritos antediluvianos o mesmo contexto expõe; mas, teria Noé pregado
o evangelho antes do mesmo existir? Afinal, a “Boa Nova” veio, de fato, após a
cruz. Antes, seria profecia. Certo é
que, todos os profetas idôneos falaram pelo “Espírito de Cristo” sem o qual,
sequer profetas seriam. Contudo, concluir que isso embasa que Ele foi em Espírito
quando cada profeta falou é forçar. Um profeta fala comissionado por Deus, mas,
não é Deus.
Então, como admitir que O Senhor pregou a espíritos em prisão sem
atropelar a Hebreus 9; 27?
Se, Pedro não foi bem claro sobre tais espíritos,
alvos da pregação, o foi, quanto ao método; “... para que... fossem julgados
segundo os homens, na carne, mas, vivessem segundo Deus, em espírito.” Como são
julgados os homens em relação ao Evangelho? “ Quem crer e for batizado será
salvo, quem não crer será condenado.” Mc 16; 16.
Poderiam, eventuais espíritos
que estivessem num lugar intermediário entre Céu e Inferno crerem na vitória de
Cristo sobre a morte e decidirem, após, obedecê-lo? A resposta é; sim.
O texto
de Hebreus não pretende ser um dogma sobre a necessidade de morrer um vez, (
Elias e Enoque não morreram ) mas, serve como “escada” a outro argumento
paralelo. “assim como os homens morrem e são julgados, também Cristo aparecerá
sem pecados, ( o Seu Juízo ) aos que O esperam para Salvação.
Ademais, o juízo
geralmente se refere a atos humanos, em face a determinados mandamentos; porém,
quais conheciam os aludidos antediluvianos?
Paulo chega a fazer uma terra arrasada meio “injusta”
antes de Moisés. “Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas, o pecado não
é imputado, não havendo lei. No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés;
mesmo sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão,
o qual é a figura daquele que havia de vir.” Rom 5; 13 e 14
Diz que o pecado
não fora imputado por não haver Lei; entretanto, seu “salário”, a morte, fora “pago”. Definiu isso como reinado da morte.
Embora o
contexto da afirmação que, “Deus não toma em conta os tempos da ignorância”
atine à idolatria dos gregos, acredito que sua abrangência seja maior. Por amor
à justiça, do “Juiz de toda a Terra”, como definiu Abraão.
Assim, penso que a mesma razão demanda um
anúncio global do Feito de Cristo antes do Juízo, como Ele mesmo Vaticinou. “Este
evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as
nações, e então virá o fim.” Mat 24; 14
Que se entenda que não estou postulando
uma salvação após a morte doutrinariamente; antes, que naquele caso específico
pareceu bem ao Eterno dar oportunidade de crerem para a salvação aos que foram
sumariamente executados antes, e durante, o dilúvio.
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