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domingo, 3 de novembro de 2019

Arrependimento em Cheque


Quantas vezes ouvimos a frase feita: "Só me arrependo do que não fiz"? Em inglês circulou também: "Just do it." Apenas faça.

Assim, a ideia de que haja motivos válidos ou inválidos a patrocinar, ou vetar ações, some na nebulosa bruma de um ativismo inconsequente, como se, devêssemos descobrir que as vidraças são frágeis atirando pedras nelas.

Inevitável evocar Confúcio e seus três métodos de aprendizado; "A reflexão, - disse - é o mais nobre; a imitação, o mais fácil; e a experiência, o mais doloroso". Contudo, se arrependo-me apenas do que não fiz logo, nem as dolorosas experiências me conseguiram ensinar; pois, quando fazemos algo que se revela mau, prejudicial, danoso, de má fama, duas consequências são esperáveis de alguém psicologicamente sadio; aprendizado e arrependimento.

Acho que a doença de quem esposa a frase aquela é mais de ociosidade intelectual, comodismo preguiçoso que o impede de pensar antes de falar, que de conteúdo a defender, propriamente; isso o faz recorrer às frase feitas, dada sua perene omissão no labor de pensar, como dizia Henry Ford: "Pensar é o trabalho mais duro que há; essa é a razão, talvez, para que tão poucos se dediquem a isso."

Mas, se eventualmente também lanço mão de frases alheias como sempre faço, isso não me faria incoerente? Doente do mesmo mal que denuncio? Vejamos.

O simples conhecer o que disseram outros pensadores remotos demanda duas coisas, de cara: Admissão de ignorância que leva a buscar tais fontes, e identificação com seus ensinos, de modo a não me envergonhar pelo consórcio em meus pensamentos com tantos que sabem mais que eu. Pois, a coisa não se resume a uma frase tampão tipo cala a boca que encerra um assunto; antes, uma linha de pensamento é enriquecida com luzes alheias, como uma fachada comum em época de Natal. Meu trabalho consiste em pendurá-las conectadas à energia apenas.

Domenico de Masi defendeu a ideia do ócio criativo, no qual nossos pensares trabalhariam enquanto o corpo folga. Agora recusar-se a pensar por si mesmo e apenas repetir chavões da moda é o ócio ocioso, a preguiça até mesmo de pensar.

Nem tudo o que herdamos nas coisas filosóficas, culturais, existenciais são verdades inquestionáveis. Ademais, mesmo que sejam, ao questioná-las e tentar argumentar contra, eventualmente, acabaremos aprendendo por nós mesmos que são verazes, não porque se diz alhures, mas porque constatamos "in loco" que as coisas são assim.

Agora, G. Bernard Shaw me socorre: "Quando penso nas coisas como são, eu pergunto: Por quê? Se as avalio como não são, questiono: Por quê não?"

Desgraçadamente, cada dia mais nos tornamos a geração vídeo, viciada em "alimento" aos olhos, não ao cérebro. Enquanto escrevo, seguido o "Edge" meu navegador oferece o que garante ser "O mais viciante dos jogos" cujo banner ostenta duas mulheres semi-nuas. E "assim caminha a humanidade".

Então, textos como esse correm risco de se tornarem "golpes no ar" coisa que ninguém terá tempo nem vontade de ler. Atrevo-me mesmo assim.

Tendemos a tratar ideias como manufaturados, coisas acabadas, não vidas em potencial desenvolvimento. Isso é amputar as asas da mente e confiná-la à mediocridade. "A mente não é um vaso para ser cheio; é um fogo a ser aceso." Plutarco

E essa abordagem tem um cunho meramente filosófico; se, adentrarmos aos domínios do Espírito e da Palavra de Deus as asas crescerão exponencialmente.

Nunca se falou tanto quanto agora, contra a mentira, a falsidade; isso em inglês; as "Fake News". Acaso a humanidade, de uma hora para outra deixou de ser o que é; mentirosa, hipócrita e cínica e se tornou adepta de verdade? Não. Apenas decobriu uma nova arma de guerra que permite defesa e ataque conforme seus interesses. Outro dia uma equipe de mentirosos, às nossas custas, criou até uma "Comissão da Verdade" para, montados nesse nobre garanhão perseguirem desafetos pelos motivos mais vis.

Se tivéssemos coragem de enfrentar o verdadeiro inimigo que trazemos "inside" tiraríamos um pouco do combustível da língua e dividiríamos com os ouvidos e com o cérebro.

Arrependo-me muito de coisas que fiz, e de algumas que não fiz, cujo final, suponho, seria meritório, mas vá saber. Quantas coisas que gostaríamos de não ter falado e falamos...

Pior que se perguntarmos pela fé, aos usuários da frase aquela, a maioria professará ser cristã; contudo, é mais fácil se produzir fogo sem calor, que, cristão verdadeiro sem arrependimento.

O cinema fantasiou com a viagem no tempo, onde se pode ir ao passado consertar erros; o vero arrependimento é a "Viagem no Tempo" de Deus; isso no tocante ao passado; quem deseja com Ele visitar ao futuro, embarque na nave da fé e aperte o cinto da perseverança...