“E
destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam
cobertos, e o véu com que todas as nações se cobrem. Aniquilará a morte
para sempre, e assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os
rostos, e tirará o opróbrio do seu povo de toda a terra; porque o Senhor
o disse. E naquele dia se dirá: Eis que este é o nosso Deus, a quem
aguardávamos, e ele nos salvará; este é o Senhor, a quem aguardávamos;
na sua salvação gozaremos e nos alegraremos.” Is 25; 7 a 9
Claramente
Isaías refere-se à obra do Salvador; remoção de uma cobertura da face
humana, algo como uma máscara, e aniquilação do poder da morte. Paulo
cantou isso, aliás; “Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória?” I Cor 15; 55 Males que foram vencidos na cruz de Cristo.
Mais adiante ele apresenta Deus como estando encoberto e precisando revelar-se; “O
Senhor desnudou o seu santo braço perante os olhos de todas as nações; e
todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus.” Is 52; 10
Quem estava escondido, afinal; o homem, ou Deus? Do homem fala sobre uma cobertura na face; de Deus, o braço oculto.
A face sugere honra, caráter, aceitação; tanto que, a forma de abençoar era uma invocação da Face Divina sobre o povo. “O
Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o seu rosto
sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante o seu
rosto e te dê a paz.” Num 6; 24 a 26
Por outro lado, esconder a face, dar as costas equivalia a desprezo, indiferença, queixa do próprio Senhor; “…porque me viraram as costas, e não o rosto;…” Jr 2; 27 Até hoje usamos expressões tipo, mascarado, ou, duas caras, para denunciar a falsidade.
Conheci alguns drogados que se consideravam “de cara” quando “in
natura” e “viajando” quando sob efeito de drogas. De carona nessa figura
podemos dizer que a humanidade estava “viajando” na nau suicida do
pecado, e Cristo deixou-a “de cara.”
Assim
chegamos ao “Braço do Senhor”. Ele não estava oculto por usar uma
túnica demasiado longa ou algo parecido; antes, porque incidia um óbice a
Sua bênção sobre os filhos de Adão, ( herança maldita, como diria o PT )
coisa que o mesmo profeta expôs: “Eis que a mão do Senhor não
está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido,
para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre
vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós,
para que não vos ouça.” Is 59; 1 e 2
Mesmo
estando tudo bem com a saúde do Senhor, havia algo em nós que nos
privava de Sua face; noutras palavras, Sua bênção. Aliás, sempre que
houver barreira entre nós e Deus, qualquer “detetive” minimamente sagaz
deve procurar pistas no homem.
Pois, mesmo tendo obrado Valorosa e
amorosamente desnudando Seu Braço expondo Cristo à violência extrema e
infâmia, para muitos, Deus segue encoberto.
Claro que isso se deve às suas máscaras, não às vestes Divinas. “Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do Senhor?” Is 53; 1
O avestruz enterra a cabeça e imagina-se oculto; de igual modo, muitos,
pretestam mil coisas para disfarçar a incredulidade. Tão afeitos às
máscaras que é quase como uma pele. Sim, a dolorosa cruz esfola nossas
faces, mas, a dor compensa, pois, permite ver a Bendita Face Divina.
Muito
ouvi que a Bíblia é mero compêndio humano; entretanto, nenhuma
explicação de, como, sendo o ser humano tão atraído ao pecado, surgiria
espontaneamente uma “elite espiritual” que produziria demandas tão
santas, excelsas, como ela contém.
Na verdade, a afirmação é filha da
máscara.
Paulo chegou a cogitar a possibilidade de chegar a Deus no escuro; “Para
que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar;
ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17; 27
Sim,
vários postulados filosóficos antigos combinam com ensinos bíblicos;
Cornélio, sem maior entendimento buscava a Deus; enfim, muitos chegaram
perto sem ver.
Que dizer dos que “não conseguem ver” em plena luz? O que
o “Braço do Senhor “ disse: “E a condenação é esta: Que a luz
veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as
suas obras eram más.” Jo 3; 19
Aqui
chegamos ao cerne da questão; muitos que nunca acharão a “metade da
laranja” espiritual, pois, preferem fingir que meio é inteiro amando a
cobertura do mal, mais que quem poderia dele libertar.