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quinta-feira, 19 de março de 2020

O Lugar das Coisas


“Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, no lugar da justiça havia iniquidade.” Ecl 3;16

No mesmo “Eclesiastes” aprendemos que tudo tem o seu tempo próprio; agora chegamos também, ao lugar das coisas; o lugar do juízo, e da justiça. Se, como dizia Spurgeon, “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”, uma má no lugar da boa é pior ainda; impiedade e iniquidade, em lugar de juízo e justiça. Eis o quadro descrito por Salomão!

O mesmo pensador observara outras coisas fora dos lugares; a posição social; “A estultícia está posta em grandes alturas, mas os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi os servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7 O amor fora do lugar “Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Cap 5;10

O apego material exagerado torna em males as coisas boas; dois com as mesmas posses e almas diversas, um usufrui, outro padece; “Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: comer e beber, gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, em que trabalhou debaixo do sol todos os dias de vida que Deus lhe deu, porque esta é a sua porção.” Cap 5;18 ou, “Um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, nada lhe falta de tudo quanto sua alma deseja; e Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho come; também isto é vaidade e má enfermidade.” 6;2 Não que Deus proíba o usufruto dos bens; mas, sua “visão” divorciada da do Eterno o escraviza; O amor aos bens que os transforma em fins e tolhe que se lhes desfrute como deveras, são; meios.

Mesmo no ministério da igreja, os dons qualificam para determinadas funções, ou, por extensão, lugares; “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja segundo a medida da fé; se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; quem preside, com cuidado; quem exercita misericórdia, com alegria.” Rom 12;6 a 8

Foi no contexto da administração eclesiástica, aliás, que Spurgeon disse a frase supra. Um bom porteiro não é pregador, um bom administrador não é faxineiro, nem um bom cantor é um professor; cada um com seu dom, cada coisa em seu devido lugar.

O lugar de mestres requer uma luz especial vinda de Deus; “Ele mesmo deu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e doutores...” Ef 4;11 Traz junto uma responsabilidade maior, oriunda da mesma Fonte: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Tg 3;1

Afinal, toda essa saga milenar Divino-humana, desde o Éden ao Calvário e até hoje, é retrato do amor e justiça Divinas trabalhando para recolocar as coisas nos devidos lugares. Antes do pecado a comunhão com O Santo era o melhor lugar; depois da morte espiritual pela desobediência, o medo usurpou ao assento da paz; e a culpa o da inocência, a serpente recebeu indignamente, mediante engano, o lugar de Deus.

Não só a independência humano-endeusadora prometida se revelou uma farsa, como a alma fora do lugar para o qual fora criada passou a padecer carências, antes desconhecidas; “A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã...” Sal 130;6

O Traíra convencera que seria boa a independência; a duras penas o homem descobriu que a dependência do Altíssimo é o melhor lugar.

Por isso, falando aos filósofos atenienses, preocupados em saber a origem e porquê das coisas, Paulo apresentou ao homem como oriundo de Deus, com limite de tempo espaço para que voltasse para casa. “De um só sangue (Deus) fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando tempos já dantes ordenados e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

Somos como o filho pródigo; na autonomia, farra, esbórnia e desperdício; de volta a real, percebemos que a fartura está na Casa Paterna, onde até os servos vivem melhor que nós. 

O que nos impede de voltarmos ao lugar planejado pelo Pai para nós? Basta reconhecermos nossos descaminhos e dizermos como aquele; “Pai pequei contra o céu e perante ti, não sou digno de ser teu filho; faze-me como um dos teus servos”. Ele dará o lugar de filho.