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sábado, 30 de novembro de 2019

O medo da vida; das vidas



"... Tira da terra um tal homem, porque não convém que viva." Atos 22;22

Paulo mencionou detalhes da chamada do Senhor, o que incluía a rejeição do testemunho sobre Ele pelos Judeus, e o envio do apóstolo aos gentios. Então, disseram as palavras acima. "... não convém que viva".

Seu dicurso incomodava, como incomodara o de Estevão; para ambos, a mesma solução: Sentença de morte.

Infelizmente é muito comum as pessoas "resolverem problemas" matando outras; em determinado momento decidem que não convém que alguém viva mais; ao calor dessa visão acoroçoando à vontade, decidem cometer assassinatos. Mas, o que faz a vida de alguém inconveniente a nós? Ou, será que as pessoas existem para nos agradar?

Primeiro que, a vida de terceiro é já uma "empresa" em si; independe de mim e não deve ser-me, necessariamente, conveniente. Quem garante que não sou inconveniente a muitos, nem por isso lhes assiste o direito de "sanar" essa inconveniência matando-me.

Somos uma confraria de seres inperfeitos, anjos inconclusos, para o bem e até para o mal, conforme a escolha de cada um; "Quem é sujo suje ainda; quem é santo seja santificado ainda..."

Uma lógica que me parece cristalina elimina essa "solução", sem maiores argumentos; sendo alguém hipoteticamente perfeito, naturalmente tem em sua essência "matéria-prima" para lidar com alheias imperfeições; agora, sendo imperfeito como os demais, quem lhe dá o direito de cobrar a perfeição que não possui?

Há um mentor que cega e faz parecer que sua sede de sangue é de quem se faz hospedeiro do seu ódio e seus conselhos. "O ladrão (Satanás) veio roubar, matar e destruir..." Jo 10;10

Atrevo a pensar que os que assim agem não matam semelhantes porque esses são maus; (teriam que matar a todos) antes, o fazem na ilusão adquirida de se livrar de um mal, que, por maior que seja, ainda há de ser menor que o peso de sujar as mãos com sangue.

Degraçadamente lidamos "melhor" com os problemas, as falhas, no outro, que em nós; daí, quando uma incompatibilidade qualquer assoma, para muitos parece mais fácil matar ao outro que mortificar a si.

É salutar desconfiar de todo e qualquer discurso, ou ensino, que focalize os problemas sempre no outro, invés de dentro de nós mesmos. Quem jamais ouviu: "O inferno são os outros". Claro que o santo enfadado disso é um pedaço de paraíso!

A Boa Nova começa com uma má notícia: O mau que me faz dano sou eu; daí, "negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me." Pois, assim, autônomo e morto em delitos e pecados não convém que eu "viva".

A Palavra de Deus, "Manual do Construtor" nivela-nos por baixo; "Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um." Salm 14;3 Ou, "... Não há um justo sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus." Rom 3;10 e 11

Muitos confundem ir às igrejas em demanda de interesses rasos, mesquinhos, com buscar a Deus. Pecam até quando cultuam ao fazer a coisa certa pelas erradas razões. No fundo o "culto" de muitos é como o de Balaão, um "despacho gospel," que se resume em oferecer préstimos religiosos em troca de bens terrenos; enquanto o ensinado pelo Mestre orbita outros valores; "Buscai primeiro o Reino de Deus e Sua Justiça..."

Se, pensarmos nas virtudes cristãos desejáveis, entre elas depararemos com prudência, paciência, perdão... coisas que "dependem" das alheias imperfeições. Sem esquecer que, O Eterno condiciona Sua Graça a uma apreço pela mesma, de nossa parte, que nos leva a sermos graciosos também; "Perdoa nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores..."

Contudo, há ainda o outro lado da moeda; se, grosso modo, muitos ceifam vidas por "tratar" seus problemas no outro, invés de o fazerem em si, há os que veem a coisa tão em si, que tiram as próprias vidas, quando, da forma que se lhes apresentam não parecem desejáveis mais. Quem a vê em Cristo há de vê-la com outros olhos.

Se, a salvação nos livra do medo da morte, não no sentido de buscá-la, mas da confiança no que virá após, deve ser necessariamente d'outra fonte, o medo da vida que patrocina tais "soluções". Não estou entrando no mérito da salvação ou não dos suicidas; mas, nos motivos.

Toda ação é o desdobramento de um pensamento que dobrou à vontade e se fez um desejo; enquanto não formos purificados aí, na origem, nossas ações impuras continuarão.

A morte que purifica já ocorreu; "... o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus Vivo". Heb 9;14