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sábado, 4 de janeiro de 2020

Perigoso Poder


Frequentemente, em meio a grandes calamidades ouvimos questionamentos, tipo: Onde está Deus? Por que não intervém? Dado o “silêncio” de Deus, esses inquiridores perplexos dão-se ao direito de duvidar da existência, quando não, da Sabedoria e Bondade do Criador.

A ideia subjacente é que, aquele que tem o poder deve agir para evitar males sempre que possível; coisa que nem sempre fazemos em nossa limitada capacidade.

Um observador arguto da vida poderá ver ao seu lado dezenas de exemplos em que o “poder” foi mais danoso que uma bênção nas vidas que o desfrutaram. Não que o poder em si seja mau; mas estando atrelado à mentalidades más será danoso seu usufruto.

Quantos ganham milhões em loterias e a fortuna, invés de lhes melhorar, os joga nos braços do vício e toda sorte de libertinagem? Quando não podiam eram melhores.

Mesmo nós, quando impotentes ante uma afeição somos delicados, gentis, solícitos, apenas porque queremos conquistar quem desejamos!

Uma vez alcançado o alvo, quando fruímos total intimidade e prazer, esse “poder” recebido, pode nos tornar relapsos, descuidados, a ponto de ruírem relacionamentos; pois, o cara que “está podendo” já não age como antes quando apenas queria.

Assim a má perspectiva nos lança na visão pessimista de Schopenhauer que dizia que a vida se resume à ânsia de ter e ao tédio de possuir.

Então, nossos anseios podem nos dar algemas onde supomos coroas; pois, o que será depois, escapa aos nossos domínios, o que não acontece com Deus.

Assim, de certa forma Deus não interfere, embora o faça, sempre, do Seu jeito. Sermos consequentes é inerente ao fato de termos livre arbítrio; somos feitores de nossos destinos, não fadados, numa redoma de tempo e espaço.

Salomão ensina: “O homem de grande indignação deve sofrer o dano; porque se tu o livrares ainda terás de tornar a fazê-lo.” Pv 19; 19 As próprias consequências pressupõem livramento futuro.

Deus é inocente das calamidades como advertiu já nos dias de Isaías: “Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a Aliança Eterna.” Is 24; 5

Quando legou o governo da Terra ao ser humano, Deus fez uma restrição apenas, como símbolo de um domínio em submissão. Desde então a Aliança Eterna foi rompida, e tem sido sistematicamente.

No Capítulo 8 de Marcos, temos uma demonstração prática de como Deus “interfere”. Trouxeram um cego ante Jesus; “Tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia;...” O Senhor o curou, conta o evangelista e despediu-o, assim: “Mandou-o para sua casa, dizendo: Não entres na aldeia, nem digas a ninguém na aldeia.” Vs 23 e 26

Por alguma razão, o Salvador o queria fora da aldeia; quando cego, tomou-o pela mão; uma vez curado, apenas disse-lhe o que fazer e deixou com ele a escolha entre obedecer ou não.

A interferência de Deus ainda é segundo Sua Palavra, mas, as pessoas em geral, gostariam de ser lavadas pela mão. Essa ideia errônea que Deus pode evitar o mal e não faz pinta-o com um ser mesquinho e sarcástico, quando, na verdade nada mais é que um impotente amante, sofredor.

“Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis...” Ez 33; 11

O poder que Ele tenciona nos dar refere-se ao domínio próprio, capacidade de resistir aos apelos do mundo que Cristo definiu como caminho largo. João ensina: “Veio para o que era Seu, mas os seus não o receberam, mas, a todos que o receberam deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus.” Jo 1; 12

Esse poder para resistir às tentações, nem sempre é agradável, antes, gera conflitos externos; porém, internamente, paz de espírito.

Afinal, por mais estranho que possa soar, mesmo o Todo-Poderoso, tem lá Suas “fraquezas”, coisas que não pode; “...não posso suportar iniquidade...” Is 1; 13 “Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode negar a si mesmo.” II Tim; 2; 13

Em suma, enquanto fazemos do pecado nosso modo de vida, Deus não pode fingir que não vê; nem, premiar ao justo com a sorte do ímpio, e vice-versa; embora, circunstancialmente permita tais aparências.

Evoca o dia do juízo como aferidor que patenteará a diferença, à partir de nossas escolhas, fruto de nosso caráter. “Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3; 18

"Se não és senhor de ti mesmo, ainda que sejas poderoso, dá-me pena e riso o teu poderio." (Josemaría Escrivá)