“As palavras dos sábios são como aguilhões,
como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo
único Pastor.” Ecl 12; 11
Embora, “pregar” seja sinônimo de apregoar, anunciar
publicamente uma mensagem qualquer, no verso supra Salomão usa como símile,
pregos, mesmo. As palavras dos sábios como pregos bem fixados.
Contudo, se o
sujeito de tal predicado é sábio, quer dizer que apenas, tais, podem pregar o
Evangelho? Não. No original do novo testamento, o grego, pregar e ensinar são
palavras distintas. A primeira designando a função de arauto; a segunda, de um
mestre que explica, instrui, faz entender.
Assim, pregar qualquer um pode desde que, tenha algo a proclamar.
Ensinar, apenas quem domina o que anuncia e conhece métodos didáticos elementares,
pelo menos.
O quê o Salvador ordenou, enfim? “Ide por todo o mundo, pregai o
evangelho a toda criatura.” Mc 16; 15 “Portanto ide, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que
eu vos tenho mandado;...” Mat 28; 19 e 20
Temos, como vimos, o concurso de pregação e
ensino. A primeira ao alcance de qualquer que saiba quem é o Salvador, e os
termos básicos do “contrato”; O segundo,
mediante quem tem ministério específico e para tal, se prepara; como preceituou
Paulo, a Timóteo. “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.” II Tim 2; 15
Embora atue entre o povo, em última análise, o orador apresenta-se a Deus. O mesmo Paulo foi específico sobre isso. “Porque
nós não somos como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes, falamos de
Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.” II Cor 2; 17
A
capacidade de entender essas coisas é que torna o mestre mais responsável que o
mero pregador; ainda que o mesmo possa desempenhar ambas as funções. Tiago
adverte: “Meus irmãos, muitos de vós
não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos
tropeçam em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, tal é perfeito,
poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3; 1 e 2
Mas, volvendo à figura
dos pregos, quem os usa em seu trabalho sabe que, para cada tipo de bitola de
madeira existe o prego correspondente. Se for pregar algo leve como forro, por
exemplo, usam-se bem pequenos, tipo 12 x
12. Madeiras medianas para formas, geralmente 17 x 27 ou 18 x 30. Madeiras mais
grossas bitolas grandes.
Quanto às “bitolas”
que devem ser usadas pelos sábios, temos três, ao menos, expressas na Bíblia: “Mas
o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação.” I
Cor 14; 3 Edificação se equaciona com ensino; exortação com desafio, correção;
e consolação não carece maiores explicações.
O que está errado precisa
correção, exortação; quem se dispõe a aprender, óbvio, ser ensinado; o que está
sofrendo carece consolo. Cabe ao mestre
identificar a necessidade de quem o ouve, para usar a bitola correta.
Uns, a
título de pregarem o amor e evitar polêmicas tentam ser brandos em todas as
situações, como se, tais, fossem iguais. Não. O Salvador foi brando com
prostitutas e publicanos arrependidos, por exemplo; extremamente duro com hipócritas, didático com os que andaram com
Ele e estava preparando para comissionar como ensinadores também.
Sim, disse
Salomão que a incidência da Palavra é múltipla; “mestres das congregações;”
mas, a origem, ímpar “Dadas pelo Único Pastor.”
Assim, embora devamos respeito e obediência aos pastores humanos, isso
só se verifica à medida que, esses, estão em consonância com o Sumo Pastor. “O
Senhor é meu pastor; nada me faltará.” Sal 23; 1
Paulo, ao que parece, em seu
estilo colérico era agressivo, quase a ponto de assustar seus ouvintes;
entretanto, evocou em sua defesa que se avaliasse o conteúdo, não, a forma. “Se sou rude na palavra, não o sou, contudo, na ciência; mas
já em todas as coisas nos temos feito conhecer totalmente entre vós.” II Cor
11; 6
No contexto, advertia contra a possibilidade do engano; que “outro Jesus”
fosse abraçado pelo coríntios.
Em suma, se é possível pregar o Evangelho com ou
sem sabedoria, deve o pregador estar ciente de suas limitações e não se
exercitar em coisas demasiado altas ao seu conhecimento.
A possibilidade de se
pregar outro Jesus ou, outro Evangelho, deriva do inchaço carnal de quem supõe
saber mais que sabe.
Porque, Deus se responsabiliza cabalmente por Sua Palavra,
não por uma eventual compreensão distorcida advinda de nós. Pois, disse que o Céu e a Terra passariam,
invés, de Sua Palavra; não, de nossas opiniões.