“Disseram-lhe:
És tu também da Galileia? Examina, verás que da Galileia nenhum profeta surgiu.”
Jo 7;52
A
confusão se estabelecera em torno de Cristo; a causa era dupla: Sua Doutrina, e
Sua Origem. Não constava que tivesse frequentado grandes centros culturais,
como Roma, Alexandria, por exemplo; entretanto, Sua Doutrina era desafiadora,
sábia, coerente, profunda. Em “desabono” a isso havia certo “vício de origem”;
digo, Seu surgimento associado a uma terra vil, sem importância alguma,
Galileia.
Uns
desejavam um Messias que surgisse do nada, como Elias, sem ascendência muito
conhecida, diziam: “Todavia bem sabemos de onde este é;
mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá de onde é.” Jo 7;27
Outros eram “ortodoxos” ciosos das profecias, nelas
esperavam: “diziam: Este é o Cristo; mas, diziam outros: Vem, pois, o Cristo da
Galileia? Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, de
Belém, aldeia de onde era Davi?” Vs 41 e 42
Muitos dos problemas que nos assolam derivam de usarmos
mais as cordas vocais que os tímpanos, as emoções, que o cérebro. Diversa da
pecha dos opositores, a fé não é cega. Alguém tentar entender, antes de crer, certa
dúvida inicial é salutar. Se vou confiar, necessito saber em quê.
Esperar o Messias oriundo de Belém era coerente com as Profecias.
Miqueias dissera: “Tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de
Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, cujas saídas são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Cap 5;2
Contudo, o profeta falara em Nome de Deus, Ele dissera que
O Messias sairia “para Ele”, de Belém. Para o povo, Sua estreia ministerial se
daria, justo, na vil Galileia, na terra de má fama; quem dissera isso fora
Isaías.
“Mas, a terra, que foi angustiada, não será
entenebrecida; envileceu nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, a terra de
Naftali; mas, nos últimos tempos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do
Jordão, na Galileia das nações. O povo que andava em
trevas, viu uma grande luz, sobre os que habitavam na região da sombra da morte
resplandeceu a luz.” Is 9;1 e 2
Esse vício de ouvirmos apenas o que gostamos, queremos, ou, “pacificar”
incompreensões com mera rejeição grosseira vige ainda, infelizmente. Grosso
modo as pessoas ouvem o que desejam ouvir, o demais se perde, malgrado, seja
sábio, relevante.
Por exemplo, na votação da admissão do processo de impeachment da
Presidente Dilma, votantes de ambos os lados falaram um monte asneiras; uns,
até cometeram improbidade passível de cassação. Alguns usam isso, o método,
para desfazer o mérito do voto. Gente que ouve o que quer apenas.
Assim, muitos rejeitam mensageiros de Deus pelas limitações culturais,
outro “vício de origem”, afinal, pretenderem entender de coisas pertinentes à
eternidade, pessoas incultas, é demais.
Entretanto, essa foi a escolha de Deus. Paulo ensina que o método da
Sabedoria, o “Plano A” que seria simples obediência se perdeu, Deus está no “Plano
B”. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O
conheceu pela sua sabedoria, aprouve a
Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21
E, para um método louco, qualquer doidivanas inculto
serve, desde que, tenha sido salvo, por sua vez. “Porque, vede, irmãos, vossa
vocação, não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem
muitos os nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo
para confundir as sábias; Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis,
as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie
perante ele.” I Cor 1;26 a 29
Incautos dos dias de Cristo O queriam vinculado a origem nobre,
de Davi, não da Galileia. Os de hoje, O rejeitam por alienado da eloquência, da
retórica; não percebem, como aqueles, que apenas sua visão está baça, o que
necessitam urgentemente está diante deles.
Quem carece salvação não pode escolher meios, deve aceitar
o que surgir. Imaginemos um janota qualquer no fundo de um poço de lama
gritando por socorro. De repente aparece um caipira e fala: “Carma moço, já vô
pinchá uma soga procê saí.” O sujeito recusa ajuda, afinal, o certo seria: “Não
se desespere, vou jogar-lhe uma corda”? Deixa de ser imbecil! Escapa por tua
vida!
Pegando carona nos folclóricos votos, bem poderias dizer: “Por
que em nenhum outro há salvação; por que sou miserável pecador carente de ti;
por que És O Digno Rei dos Reis, por que importa mais a beleza do sentimento
que a inspira, que a forma da mensagem, agradecido e comovido, aceito-te, sim,
Senhor Jesus”.