“Tudo isto vi, nos dias da minha vaidade; há justo que perece na sua justiça, e ímpio que prolonga seus dias na sua maldade.” Ecl 7;15
Ao dizer que viu algo na sua “vaidade”, a rigor, está aludindo que viu, na sua vida; uma vez que a definiu como sendo mera vaidade. Não significa que viu as coisas que menciona, por uma ótica específica; no caso, vã.
“Um justo que perece na sua justiça...” Por ser a justiça uma veste nobre, natural pensarmos que seus praticantes sejam honrados; esse seria o preciso lugar das coisas se vivêssemos num mundo com valores devidamente apreciados; mas, infelizmente não é assim.
No dia do juízo cada coisa estará na sua prateleira; aqui ainda não; “... naquele dia, serão para mim joias, poupá-los-ei como um homem poupa seu filho que o serve; então voltareis e vereis a diferença entre o justo e o ímpio, entre o que serve a Deus, e o que não O serve.” Mal 3;17 e 18
A advertência do Salvador, que no mundo teríamos aflições, alude a uma necessidade, de quem é instado a viver de modo justo, em meio de um sistema perverso. As aflições fazem parte do pacote.
Malgrado, algumas derivarem de produção própria, digo, consequências dos nossos erros, (nesses casos, as merecemos) quanto mais reto andarmos, maiores as chances de nos afligirmos meramente, observando a paisagem, como aconteceu com Ló em Sodoma. “Porque este justo habitando entre eles, afligia todos os dias, sua alma justa, pelo que via e ouvia das suas obras injustas.” II Ped 2;8
Basta assistirmos a um noticiário para ver o vilipêndio da justiça, a derrocada dos valores, num mundo regido por patifes, onde ladrões “administram” gente que trabalha.
Não tivessem o Sumo Juiz como “pano de fundo”, os cidadãos honestos chutariam o balde e deixariam de sê-lo; tomados pela desesperança, agiriam animalescos, virando tudo de cabeça para baixo, e salve-se quem puder! num predatismo social, onde os mais bárbaros e fortes, amassariam e oprimiriam aos frágeis. Mesmo os ladrões atuais, que furtam com mãos de veludo teriam que “trabalhar”; seu roubo demandaria esforços, mais do que, apenas engano, como atualmente.
Pois, também os biltres que servem a Satã, devem suas comodidades ímpias a Deus; se não fosse o temor do Eterno, os corações dos justos vacilariam; acabariam medindo forças com esses, em defesa dos seus direitos; os canalhas não teriam as facilidades que desfrutam, em sua pilhagem “organizada.”
Talvez por isso, os dois lados da moeda, aparecem na mesma sentença, quase, como se um fosse consequência do outro; “Tudo isto vi, nos dias da minha vaidade; há justo que perece na sua justiça, e ímpio que prolonga seus dias na sua maldade.” Ecl 7;15
Sonegar direitos de tantos, é o cuidado “oficial” dos que, em lugares estratégicos pelejam pelo crime, embora pretendendo a pose de benfeitores. Falo dos governantes, óbvio! O crime organizado que furtou a nação inteira.
Os justos pelos seus escrúpulos, têm limites; as leis, convenções sociais, Constituição, direitos civis, a opinião pública... os maus, desgraçadamente desconhecem cercas. Fazem tudo ao arrepio de tudo, leis, costumes, opinião pública, direitos adquiridos, etc. Acham que o planeta foi criado para eles cagarem.
Por isso, reitero, aos olhos puramente temporais, abstraída a ideia de um juízo no além, os maus parecem ser os veros sábios, os filósofos dos nossos dias; enquanto, os cidadãos tributários à justiça, não passam de beócios, desinformados.
Eis um campo de trabalho para o ateísmo explicar! Dado que, tudo evolui naturalmente, segundo os instintos animais, de onde essa barreira íntima que veta aos de boa índole, que adotem à injustiça como modo de vida, malgrado, suas evidentes desvantagens “evolutivas”?
“Duas coisas povoam a mente, com uma admiração e respeito sempre novos e crescentes; o céu estrelado por cima, e a lei moral dentro de nós.” Immanuel Kant
Se há uma lei moral pulsando dentro que estabelece limites, aos quais não ultrapassaríamos sem dor, sem certeza de culpa, certamente há um legislador interessado nesses valores, que nos formatou assim.
A ausência dele, também é verificável, nos “animais” instintivos que predam mil vezes mais que cabe em seus ventres, sem saber direito porque o fazem; “O seu pensamento interior é que suas casas serão perpétuas, e as suas habitações de geração em geração; dão às suas terras, seus próprios nomes; todavia, o homem que está em honra não permanece; antes, é como os animais que perecem.” Sal 49;11 e 12
Eventualmente O Supremo Legislador intervém para que os justos não desanimem das suas escolhas; “O cetro da impiedade não permanecerá sobre a sorte dos justos, para que o justo não estende suas mãos para a iniquidade.” Sal 125;3