“Quando tu disseste, buscai o Meu Rosto, meu coração disse a ti: O Teu Rosto, Senhor, buscarei.” Sal 27;8
Eis a excelência do relacionamento com O Eterno! Quando Ele ordena algo, invés de um “Sim Senhor!” fazendo continência, ter o próprio coração se posicionando favorável ao que O Santo deseja. Isso é muito mais do que obediência; é identificação.
Quando A Palavra de Deus apresenta a Davi como sendo um homem, “segundo o coração de Deus”, alguns céticos se apressam a citar os graves pecados dele, adultério, assassinato, como uma prova em contrário; uma demonstração da “falibilidade” dos textos bíblicos, ou, de que o coração do Altíssimo seria impuro. Nem uma coisa nem outra.
Se as Escrituras fossem parciais, de origem humana, como acusam seus oponentes, mero compêndio de rabinos espertos, com intentos dominadores, elas omitiriam as falhas dos seus heróis, como Abraão, Moisés e Davi. Por que apresentariam aqueles que deveriam ser exemplos, como seres falhos, aquém da postura desejada? Seria contraproducente.
Assim, esses “tiros nos pés” são eloquentes demonstrações que os escritos reportam a verdade, não forjam nenhuma narrativa artificiosa visando algum fim astuto.
O texto de Davi mostra uma “simbiose” entre a vontade de Deus e a do homem. Quando O Senhor aconselhou algo, o coração dele desejou aquilo, que era a manifesta vontade Divina.
Sabemos que, “segundo” em números ordinais, é todo aquele que vem, após um primeiro; se tratando de Deus, natural que Ele seja o Primeiro; Sua vontade seja a ordem; o cumprimento da mesma, o andar segundo. Desse modo, o mesmo se pode dizer de todo aquele que se mostrar submisso ao Divino querer, obediente aos Seus mandados.
Dada a falibilidade humana e nossa inclinação ao pecado, após a queda, mesmo os de índole obediente, eventualmente deixam de sê-lo; nesses lapsos, agem em conformidade com os próprios corações, não com o do Eterno. “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas e perverso; quem o conhecerá?” Jr 17;9 Assim, alguém segundo o coração Divino, não o é, “full time” dados os efeitos colaterais da queda.
Tanto manifestava Davi, uma estreita afeição para com O Senhor, que, o seu desejo era, como diz uma canção gaúcha, ser “igualzito ao Pai”. Ele escreveu: “Quanto a mim, contemplarei Tua Face na justiça, e me satisfarei da Tua semelhança, quando acordar.” Sal 17;15
Antes de “dormir” sabia que não era semelhante ao Eterno; mas pretendia repousar na esperança da redenção, para que na eternidade voltasse a ser, como fora o primeiro homem; Imagem e Semelhança. Assim, acordaria parecido com Aquele a Quem amava.
Infelizmente, por causa das paixões que militam na nossa carne, nossos corações não se voluntariam; muitos se recusam, a escolher para si, o Divino querer; nos é dada a bendita assistência do Espírito Santo, e mesmo assim, não raro, somos tardos em fazer as melhores escolhas; dados os maus hábitos nos quais acostumamos nos dias do nosso degredo.
Por isso, o conselho: “Que quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem que se corrompe pelas concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito da vossa mente.” Ef 4;22 e 23
De qualquer forma, a obediência tardia, ainda é melhor que a desobediência. No que tange ao Divino querer, O Espírito trabalhará em nós até ver aperfeiçoada a obra que Ele deseja. “Tendo por certo isto mesmo; que Aquele que em vós começou a boa obra, a aperfeiçoará, até o dia de Jesus Cristo.” Fp 1;6 Isso claro, com nossa cooperação em obediência.
O nosso jeito pretérito de quando atuávamos em autonomia deve ser abandonado; doravante pertencemos ao Senhor; “Confia no Senhor de todo o teu coração; não te estribes no teu próprio entendimento; reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas; não sejas sábio aos teus próprios olhos, teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7
A bem da verdade, o “negue a si mesmo”, onde o homem abdica da independência e anda após o Senhor, já fora dado a conhecer desde os dias de Jeremias, com outras palavras; “Eu sei ó Senhor, que não é do homem o seu caminho, nem do homem que caminha, o dirigir os seus passos.” Jr 10;23
Nosso coração não se inclina por si, segundo o de Deus; mas, nos que creem e recebem O Espírito Santo, o necessário “transplante” é feito, para que, doravante suas inclinações sejam também, espirituais. “Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, vos darei um coração de carne; porei dentro de vós O Meu Espírito, farei que andeis nos Meus Estatutos, guardeis Meus juízos e os observeis.” Ez 36;26 e 27