segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Trocar os pratos


“Não digas: Como ele me fez, assim farei a ele; pagarei cada um segundo sua obra.” Prov 24;29

Infelizmente muitos “cristãos” lançam ao ar seus desejos de vingança contra desafetos. Não importa que o façam, eventualmente, nas entrelinhas; a forma é menos relevante que o teor.

Alguém criou uma espécie de “vingança automática” que pode ser “programada” antes mesmo de outrem nos fazer algum mal; basta lançar de encontro, um desejo “inocente”: “Que Deus te dê em dobro, tudo que me desejares.” Embora, alguém possa argumentar que a “ameaça” valha também para os bons anseios, não é contra esses que as pessoas se previnem.

Pode parecer justo, essa vacina contra maus desejos alheios. Contudo, vai na contramão dos ensinos bíblicos. Pois o juízo é o “plano B”, onde a misericórdia falhou. Tiago ensina: “... o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tiago 2:13

Nossa rigidez vingativa acaba sendo uma semeadura pela qual colheremos, só que, da parte do Senhor. “perdoa nossas dívidas assim como perdoamos nossos devedores”, deve ser nossa oração, firmada, óbvio, em salutar maneira de agir. Senão, seria sem noção.

Há outros desejos de vingança mais sutis, tipo: “a roda gira!” “Cuidado com a lei do retorno!” “Deus não dorme”, “aqui se faz, aqui se paga;” etc.

Embora haja um quê de verdade nessas afirmações, elas deixam patente o anelo que, aqueles que nos decepcionaram se lasquem, “comam do ruim, para ver o que é bom.”

Do ponto-de-vista cristão, invés de desejarmos retornos amargos aos desafetos, devemos agir de um modo a deixar claro como gostaríamos que eles agissem conosco. Nos convém atuar em misericórdia, justiça e honestidade; se o contraponto não vier, por parte daqueles que interagem conosco, em tempo, virá, da parte de Deus. “Portanto, tudo que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também; porque esta é a lei e os profetas.” Mat 7;12

Demos o primeiro passo, agindo de modo a evidenciar qual postura aprovamos. Se isso não os influenciar, não é problema nosso. Não importa o que “todo mundo faz”; nosso desafio é uma mudança de mentalidade, segundo Deus, não, segundo o mundo; “... não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:2

O mal perpetrado contra nós, pode e deve ser “vingado” de outra forma; “Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz O Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12:19-21

Se lograrmos isso, vai que, o “ardor das brasas” do constrangimento sobre a cabeça do nosso inimigo, abençoado por nós, o leve a repensar, se arrepender, buscar perdão; esse tornará a punição, desnecessária. Se, para muitos, “vingança é um prato que se come frio”, para os que estão em Cristo, o calor do amor ao próximo deseja servir um prato mais saboroso.

Como seria se, invés de nos chamar em Sua misericórdia, para nos salvar, O Senhor simplesmente nos apresentasse a conta; o “boleto” dos nossos muitos pecados, e executasse a dívida? “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque Suas misericórdias não têm fim.” Lam 3:22

Não suponhamos, porém, pelo fato de O Eterno Ser Grandioso em perdoar, que haja nele algum traço de frouxidão moral, como se, o Seu amor fosse uma negação da justiça.

Sua longanimidade O faz dar inúmeras chances para que os errados se arrependam; porém, longanimidade não é sinônimo de eternidade; os que imaginam doentiamente que pecados “caducam” por decurso de prazo, terão que lidar com os mesmos, ainda que tardiamente. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei, e as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Um sortudo que ainda teria chance de se arrepender; porém, nem sempre é assim; finda a Santa Paciência, findarão as chances do que recusou os muitos avisos recebidos. “O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29;1

Oportunamente, todos os erros serão julgados; cada um receberá do Eterno a merecida recompensa; porém, quem se arrepende e se abriga em Cristo, antecipa o processo, aceitando o juízo geral ensinado mediante A Palavra; ao aceitá-la pela fé, como que, julga a si mesmo; “... se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11;31

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