quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Almas nuas


“... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações...” Luc 16:15

Como é fácil justificar a si mesmo! Desde a queda esse vício nasceu e foi crescendo sem parar; “a serpente me enganou... a mulher que me deste por companheira...”

Paulo, depois de ter aprendido a ouvir a voz do Espírito na consciência, ainda não se justificava; “Porque em nada me sinto culpado; mas, nem por isso me considero justificado, pois, quem me julga é O Senhor.” I Cor 4:4

Além de legislar em causa própria, os que assim agem o fazem no tribunal errado; “... diante dos homens...” O juízo que valerá, terá uma plateia melhor que apenas homens: “Digo-vos que todo aquele que Me confessar diante dos homens também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus.” Luc 12:8

Sempre que o homem se justifica depois de fazer algo errado, no fundo, é “justificado” por Satanás. Foi ele que sugeriu a ruptura com a Deus, a autonomia, onde o homem decidiria por si mesmo acerca do bem e do mal. Quem ousa ir de encontro ao que está escrito para defender suas predileções, sejam quais forem, age no princípio dele. Quem será que estaria inspirando aos pretensos editores da Bíblia que desejam remover porções “polêmicas”?

Não me sentir culpado de nada, por encontrar o silêncio na consciência é bom sinal; mas, ainda assim, não devemos nos achar, a última baga da vinha; como disse Paulo, “quem me julga é O Senhor.”

Pode que nossa consciência tenha tentado nos advertir de alguma falha, e, por falta da devida “sintonia fina”, inda não nos demos por avisados. Prudência é melhor que presunção. Porém, se nada que desabone, houver, com o advento da presunção, de algum mérito próprio, passará a existir o orgulho. “Aquele que pensa estar em pé, cuide-se; não caia”.

Além de silenciar a consciência por não haver dolo em nossos atos, pode também, estar cauterizada, por largo curso de tempo sem ser ouvida; há gente sem noção, que faz às coisas à sua maneira contra essa voz interior; o tal, rejeita os alertas da consciência, tanto, que ela cauteriza; não a ouve mais por falta de hábito. Nesse caso, o silêncio não tem a ver com ausência de culpa, mas, com asfixia.

Se, o juízo será diante do Eterno e Seus anjos, qual o sentido de estarmos “bem na foto” diante dos homens? Há tantos “filtros” enganosos que nos fazem parecer o que não somos. Um ilusionista com suas habilidades deixa evidente quanta coisa pode parecer o que não é, diante de nós.

No mesmo texto em que denuncia a esse fajuto “Photoshop” da alma, O Salvador apresenta a eficácia disso; “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16:15

Um homem prudente, nesse teatro de enganos que se tornou o mundo pela impostura do canhoto e a cumplicidade do homem caído, deve temer mais os elogios que as vaias.

Vaias, geralmente denunciam que nossa atuação não agradou; quem disse que seria sábio agradar gente se hábitos malsãos? Ser rechaçado por aqueles de mau proceder é um elogio oblíquo. Há elogios sinceros, raros. Os aplausos podem significar certa “simetria” com a impiedade, o que convém evitar, por desfazer nossas defesas; “O homem que lisonjeia seu próximo arma uma rede aos seus passos.” Prov 29:5

Assim, quem procura fazer boa figura perante os homens, precisará, necessariamente, alinhar-se ao que esses aprovam. A vontade Divina não entra em consideração.

Alinhar nosso viver ao querer Divino requer uma ruptura comportamental com o mundo; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:2

A vontade Divina anseia nos justificar; a partir de um coração transformado, não, de uma encenação fajuta ante mal-informados.

Enquanto, por seus meios sub-reptícios, o inimigo planta no coração degenerado o “afirme a si mesmo” dourando a pílula do orgulho com verniz de religiosidade; ou, nem isso, para os que sovem a desobediência como símbolo de independência, O Salvador é severo; “Negue a si mesmo; tome sua cruz e siga-me.” É mais difícil assim? É. Mas, como disse alguém: “O que nos está proposto é glorioso demais para ser fácil.”

Enfim, se, para efeito dos aplausos terráqueos, fazermos boa figura onde não importa, basta “certo talento e boa dose de mentira”, como disse Kirkegaard, para comparecermos perante O Eterno, a exigência é mais esmerada; “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5:8

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