sexta-feira, 3 de outubro de 2025

O amanhecer



“... O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” Sal 30;5

Eventualmente gostaríamos que mensagens como essa fossem literais. Passada uma noite de tristeza, o sol da alegria brilhasse intenso.

Mas, coisas espirituais precisam ser vistas pela devida lupa. Paulo ensina: “... falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.” II Cor 2;13

Assim, na linguagem poética do texto, a “noite” se refere a um período probatório dentro do qual, O Senhor acha necessário que nossas superficialidades, desobediências, sejam purgadas, mesmo em meio à necessária tristeza.

No caso da Israel, que rejeitou reiteradas advertências ao arrependimento, nos dias de Jeremias, a “noite” durou setenta anos de cativeiro.

No “amanhecer” da libertação, se alegraram; “Então a nossa boca se encheu de riso e nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes.” Sal 126;2

Muitas vezes, o “raiar do dia” em nossas almas depende da nossa resposta aos apelos da luz; “... a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Mentes educadas

 

“... havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado gera a morte.” Tg 1;15

Tiago ensina sobre a “gestação” do pecado, que, nos ímpios ventres acaba gerando a morte.

Primeiro a cobiça humana é atraída por alguma tentação; concordando em lançar-se a ela, como que, copula plantando sua semente. O que nasce dessa espúria relação, é o pecado.

Porém, antes de transformar o pensamento pecaminoso, derivado da cobiça, em pecado, ainda somos advertidos em nossas consciências, para que refaçamos nosso pensar. Se assim fizermos, “abortaremos” a esse perverso, antes que nos faça mal.

Ninguém tem controle sobre os pensamentos de modo a poder limitá-los nesses termos: “Nunca pensarei essas coisas.” Nossas almas devaneiam sem freios, conforme suas inclinações.

O que podemos é educar as mentes, treinando-as para pensar nas coisas virtuosas, invés das viciosas. “... tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” Fp 4;8

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

O orgulho

 

“Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas suas cogitações são que não há Deus.” Sal 10;4

Alguns tentam envernizar o ateísmo como se fosse fruto de uma dúvida bem fundada, calcada em motivos válidos. A verso acima expõe a causa. Altivez do rosto, orgulho.

Sendo a primeira condição para a reconciliação, o “negue a si mesmo”, e o orgulhoso um amante de si mesmo, natural que se oponha a Deus, negando Sua existência.

Alguns citam dezenas de escritos apócrifos, que foram deixados de fora das Escrituras como prova que essas foram manipuladas ao bel prazer de um sistema; será? Na hipótese de Deus existir, não seria Ele zeloso acerca da Sua Palavra vetando que misturassem coisas estranhas?

Onde os orgulhosos ventilam a possibilidade de fraude, os fiéis enxergam O Divino zelo. “Nada acrescentes às Suas Palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30;6

Se A Palavra fosse mesmo humana, necessariamente, seria alinhada às nossas inclinações, invés de confrontá-las. Os ímpios sempre terão suas “razões”, para maquiar a única razão veraz que os afasta do Eterno; o orgulho.

O necessário


“Porque, na verdade, Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.” Heb 2;16

Já ouvi gente lendo esse verso e esposando que Deus não quis que os anjos fizessem Sua obra, mas preferiu os homens. Será essa a interpretação correta?

Ora, anjos e homens todos fazem conjuntamente a Divina Obra. Os homens vivendo e testificando de Cristo, e os anjos ajudando-os. “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Heb 1;14

O verso alude à forma que Jesus Cristo escolheu se manifestar. Não num corpo angelical, sem sofrer as tentações carnais; antes, como um de nós. “... convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Heb 2;17

Em suma, O Salvador optou pelo caminho mais difícil, para nos remir, identificado com nossas fragilidades, dando-nos o exemplo. Quem escolheu o necessário invés do fácil, tem autoridade moral para requerer o mesmo. “Entrai pela porta estreita...” Mat 7;13

Escreve

 “... o que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia...” Apoc 1;11

Jesus Cristo ressurreto, falando a João. Por que, escrever? Não bastaria que mostrasse o que queria a João e ele transmitisse oralmente? Pelo menos duas razões fazem o texto necessário. Alcance e fidelidade.

Enviando um escrito a cada igreja destinatária, o apóstolo “iria” a todas; e o escrito tolheria que se acrescentasse coisas espúrias.

Quando duas ou mais partes fazem um trato, comercial, matrimonial, por que se registra um contrato? Porque as pessoas são voláteis infiéis; mudando circunstâncias mudam interesses; bem poderiam desdizer o que tinham dito, se, não fosse o testemunho leal de um escrito.

Portanto, os que esposam a tradição oral como igual ou superior às Escrituras, são os que, vendo a seriedade que implica pertencer a Cristo, querem “rasgar” o contrato segundo suas rasteiras conveniências.

Nos dias Dele, alguns já faziam; “... invalidais o mandamento de Deus para guardardes vossa tradição.” Mc 6;9

O silêncio


“Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração.” Luc 2;19

Maria bem sabia como o menino Jesus fora gerado, e Quem Ele viria a ser. Por certo, ignorava a que preço, Ele livraria Seu povo dos seus pecados, como dissera-lhe o anjo. Senão, seria mui triste sua sina.

Porém, mesmo acerca do que sabia, não fazia estardalhaço; era como um segredo entre ela e Deus. Guardava em seu coração.

Nem tudo o que sabemos é oportuno que seja dito. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14

Algumas coisas do nosso relacionamento com O Senhor, se fossem contadas, não seriam entendidas. São nosso segredo. Devemos guardá-las.

Palavras são como veículos nos quais podemos carregar emoções, sentimentos, informações... e, exagerando nelas, transgressões. “... a voz do tolo (vem) da multidão das palavras.” Ecl 5;3

Óbvio que quem foi comissionado pelo Santo precisa falar. No entanto, há momentos em que nos convém calar. Que saibamos discernir aos tais. “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.”

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Os chamados

 “Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.” Ex 3;5

O Senhor falando a Moisés.

“Não te chegues para cá...” Devemos saber a distância que nos separa do Criador. Antes de resolvida a questão do pecado, a proximidade é indevida, impossível. Para resolver isso, O Salvador fez o caminho inverso: “Vinde a Mim.”

“tira os sapatos dos teus pés;” ou, “Negue a si mesmo.” Quem ousar essa aproximação sem Cristo vai na presunção de justiça própria. Devemos ter, “calçados os pés na preparação do evangelho da paz;” Ef 6;15 Antes de estarmos em paz com Deus, nada feito.

“O lugar que tu estás é terra santa.” Nossa missão é santa. “... Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Enfim, todo ministro do Evangelho fala da parte de Deus. Precisa saber a distância que separa criatura e Criador; tirar o calçado da presunção, zelar pelo testemunho santo. Então, dele se dirá: “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia boas novas...” Is 52;7