sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Judas em nós


“Começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isto.” Luc 22;23

Cristo revelara que um dentre os discípulos, O trairia. Sabendo que O Senhor sempre tinha total segurança do que Dizia, não ousaram duvidar. Antes, duvidaram de si próprios.

Até quem não tinha nenhuma intenção de trair O Mestre, no tremor das suas inseguranças questionava? “Por acaso serei eu?” O que sabia que era consigo, para efeito de manter as aparências, dar uma de desentendido, também fez a mesma pergunta: “Respondendo Judas, o que O traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse: Tu o disseste.” Mat 26;25

Embora tendo ouvido, eles não entenderam a denúncia clara do Salvador. Como se algo deixasse seus raciocínios lentos.

Como seria se, O Senhor apontasse abertamente o traidor? Teriam os demais discípulos, mantido a calma? Continuariam comendo a Páscoa? O precipitado Pedro seria o primeiro a “malhar Judas”.

Ao Senhor bastava falar com o próprio traidor; de modo que ele entendesse. Enquanto cada um revisava seus motivos, receoso, ao peso do, “Acaso serei eu?” O que era fora revelado e convidado a se retirar; pois, havia instruções preciosas que O Senhor reservara aos Seus chegados.

Se alguém pensa que O Santo tem coisas íntimas para revelar aos traidores se engana; “Certamente o Senhor Deus não Fará coisa alguma, sem ter revelado Seu Segredo aos Seus servos, os profetas.” Amós 3;7 “O Segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes Mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14 Aos pérfidos, basta ter reveladas suas perfídias.

Então, a Judas ordenou que fizesse de uma vez, a nojeira que pretendia; não por pressa de ser traído; mas, para ter o ambiente sadio, e revelar Seu Segredo aos íntimos. “... O que fazes, faze-o depressa. Nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isto. Porque, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa; ou que desse alguma coisa aos pobres. Tendo Judas tomado o bocado, saiu logo. E era já noite.” Jo 13;27 a 30

Oxigenado o lugar, o foco mudou; invés de temer à morte que se aproximava, O Salvador Falou como Quem Via as consequências dela; “Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem e Deus É Glorificado Nele.” v 31

Enquanto o traidor errava por vielas escuras sob o conveniente manto da noite, em busca dos compradores de sua alma barata, O Mestre ensinava preciosas lições aos demais. O novo mandamento; v 34

A certeza de ir preparar lugar para os salvos; Cap 14;2 A promessa de enviar O Consolador; v 26 o ensino sobre A Videira Verdadeira; cap 15;1 ss Advertiu sobre perseguições que os discípulos sofreriam; o ódio do mundo; vs 18, 19 ss etc.

Traidores se dão melhor no escuro, como foi o caso de Judas; “... a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Paulo também usou essa figura: “A noite é passada, o dia é chegado. Rejeitemos as obras das trevas e vistamo-nos das armas da luz.” Rom 13;12

Tomemos as coisas espirituais por espirituais, como disse o mesmo apóstolo. A noite que ele aborda é da alma; de quem age precisando da cumplicidade do escuro; ocultar feitos.

Os salvos são desafiados a andar de “dia”, mesmo à noite: “Esta é a mensagem que Dele ouvimos e vos anunciamos: que Deus É Luz; não há nele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos; não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o Sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;5 a 7

Quem reconciliou com Deus, faz bem em suspeitar de si mesmo; de que em algum momento esteja traindo ao Senhor. Embora tenhamos nascido de novo, da Água (Palavra) e do Espírito (Santo), ainda somos carne, e “a inclinação da carne é inimizade contra Deus; pois, não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Então, uma série de revelações só foram entregues após o afastamento do traidor, nós depois que reconhecemos e abandonamos nossas falhas, teremos restaurada a comunhão, e poderemos conhecer O Segredo do Senhor.

Facilmente identificamos nossas traições; basta lembrar atos do escuro. “Quer saber se os conselhos da noite são bons? Pratique-os durante o dia.” Zeferino Rossa

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

O pastor de si


“O coração entendido buscará conhecimento, mas a boca dos tolos se apascentará de estultícia.” Prov 15;14

A sabedoria pode ser dividida em dois compartimentos; princípio e contingente. Por exemplo: “O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria”; Prov 1;6 Quem teme ao Senhor é “sábio”, no princípio; O Senhor É A Sabedoria. Fonte d’onde mana todo saber.

“Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio...” Prov 9;9 Trata-se outra vez, do sábio pelo princípio, não pela sabedoria; senão, não precisaria instrução.

Nosso “entendido” do início, entende, sobretudo, suas necessidades de saber. Por isso, invés de outra empresa qualquer, investe na busca de conhecimento. Paulo orou pelos efésios, “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai da glória, vos Dê em Seu conhecimento o espírito de sabedoria e revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento...” Ef 1;17 e 18 A fé não é cega; A Palavra de Deus sempre desafia quem crê a buscar entender o teor daquilo em que acredita.

E, ser relapso nisso pode custar as vidas dos descuidados; “O Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento...” Os 4;6 “Porque Eu Quero a misericórdia, não, sacrifício; conhecimento de Deus, mais que holocaustos.” Os 6;6

O Salvador desafiou: “Ide e aprendei o que significa: Misericórdia Quero, não sacrifício. Porque não Vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento.” Mat 9;13

“Todos os homens bons que conheci,
- disse Spurgeon - estavam descontentes consigo mesmos; inquietos em busca de algo que lhes fizesse melhores.”

Os maus tendem a estar satisfeitos por serem como são; “obras acabadas” tanto que, se sentem aptos a cuidarem de si mesmos desde as fontes das suas tolices; “a boca dos tolos se pascentará de estultícia.”

“... se apascentará”;
o corpo, exposto a determinado período privado de alimentos entrará num processo deletério chamado autofagia, onde se consumirá para “se alimentar”. As almas dos que acham que bastam a si mesmos, de certa forma também vivem sua “autofagia”, onde suas tolices viram alimento, com o qual, “apascentam a si mesmas.”

Tentemos anunciar Jesus Cristo a um desses; presto reduzirá O Príncipe da Vida, a mera religião; postulará seu direito de ter também a dele; por fim, concluirá que todas são iguais. Ele “não precisa” ouvir nada do que temos a dizer.

“Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.” Prov 26;12 No tolo pode surgir uma faísca que acenda o desejo de aprender; investindo alguém nisso, poderá vir a ser iluminado; enquanto o presunçoso que acredita saber o necessário, baterá a porta na cara de qualquer tentativa de abrir seus olhos.

Mesmo o domínio de alguns aspectos da ciência pode ser um fogo fátuo a arder no sepulcro da vaidade humana, ao ponto de descartar as coisas que ainda desconhece; quase todos os ateus que conheci eram pessoas cultas. Como advertiu Blaise Pascal: "Um pouco de ciência afasta ao homem de Deus; um muito de ciência, o aproxima.”

O “entendido” tem seus lapsos no profundo; no coração. “O coração entendido buscará conhecimento...” Quanto mais sabemos, mais cientes ficamos de nossa ignorância. Quem adotou a sabedoria como princípio, sofrerá a falta dela; sempre sentirá sede de mais. Embora o aumento nisso traga efeitos colaterais pesados, (Porque na muita sabedoria há muito enfado; o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor. Ecl 1;18) pelo prazer dos ganhos, sofrerá de bom grado as perdas necessárias.

O tolo trata as coisas na superfície, não, no coração; “... a boca dos tolos se apascentará...” ao tal, basta ter suas “defesas” na ponta da língua; sairá vendendo seu peixe, orgulhoso de sua mente cauterizada.

Cristo debateu com alguns assim: “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Infelizmente, há muitos com coroas de latão posando de reis no império das palavras, que erram como mendigos na sarjeta, nas avenidas das virtudes. Tolos apascentando a si mesmos com enganos.

A sabedoria os busca, clamando: “Entendei, ó simples, a prudência; vós, insensatos, entendei de coração. Ouvi, porque falarei coisas excelentes; meus lábios se abrirão para a equidade. Porque a minha boca proferirá a verdade; meus lábios abominam a impiedade.” Prov 8;5 a 8

Ela tem dois “problemas;” ilumina e desafia a andar na luz. Contudo, “todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;20

O tolo não anseia cura, (está vendendo saúde) só deseja aprovação. Apascenta a si mesmo, porque recusa ser apascentado pelo Bom Pastor.

terça-feira, 11 de outubro de 2022

O Rosto de Deus


“... porque escondes de nós o Teu Tosto, nos fazes derreter, por causa das nossas iniquidades.” Is 64;7

Deus esconder Seu Rosto é figura de linguagem; Ele É Espírito. A forma do Sumo Sacerdote abençoar o povo também mencionava Seu Rosto: “... Assim abençoareis os filhos de Israel, dizendo-lhes: O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor Faça Resplandecer Seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti Levante Seu rosto e te dê a paz.” Nm 6;23 a 26

Rosto voltado significava bênção, proteção, no caso Divino; e obediência, submissão, no nosso caso; estando nossos rostos voltados a Ele.
Ele mesmo Reclamou certa vez: “Viraram-me as costas, não o rosto; ainda que Eu os ensinava, madrugando e ensinando-os; contudo, não deram ouvidos, para receberem o ensino.” Jr 32;33

Intentando julgar aos rebeldes O Eterno usou a mesma figura; “Com vento oriental os espalharei diante do inimigo; mostrar-lhes-ei as costas, não o rosto, no dia da sua perdição.” Jr 18;17

Quando nossos pecados pesaram sobre Cristo, O Eterno Teve que virar as costas por um momento, algo que O Próprio Salvador Sentiu: “Perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é: Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” Mat 27;46 Porque nossos pecados O Faziam virar o Rosto.

“... porque escondes de nós o teu rosto, nos fazes derreter, por causa das nossas iniquidades.” Um juízo. Deus esconde Seu Rosto por causa das nossas faltas; mais ou menos o que Isaías disse noutra parte: “A Mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado Seu Ouvido, para não poder ouvir. Mas vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem Seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

Habacuque observou: “Tu És tão Puro de Olhos, que não Podes ver o mal; a opressão não Podes contemplar...” Hc 1;13

O Eterno Quer Ser Conhecido pelo que É, não por alguma forma que apelaria aos olhos, mais que ao coração. Filipe pediu para ver O Pai; Jesus o desafiou a olhar para Ele; “Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem vê a Mim vê O Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” Jo 14;9

Na Epístola aos Hebreus, temos mais detalhes; “... Falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a Quem Constituiu herdeiro de tudo, por Quem Fez também o mundo. O Qual, sendo o resplendor da Sua Glória, Expressa Imagem da Sua Pessoa...” Heb 1;1 a 3

A Palavra é totalmente omissa sobre os traços físicos de Jesus; razoável supormos que se parecia com os judeus, pois, veio com um deles. Isso eliminaria ao “Jesus” de Hollywood de olhos claros e traços europeus.

Quando A Palavra O descreve como “feio” (não tinha beleza nem formosura; olhando nós para Ele, não havia boa aparência Nele, para que O desejássemos.” Is 53;2) não se refere necessariamente aos aspectos físicos do Senhor;

antes, à reversão de expectativa que Sua Vinda causaria; invés de um Rei Poderoso, num garboso corcel branco, liderando um exército pra expulsar os intrusos romanos, um simples carpinteiro, perdoador de romanos, prostitutas e publicanos, que, invés de vingança por meios belicosos, ensinava orar pelos inimigos; um “peão” andarilho, que, no apogeu de Sua popularidade entrou na Capital num jerico emprestado; para as expectativas dos judeus, soava “feio” demais.

Entretanto, fora exatamente assim que as Escrituras O anunciaram; “Dizei à filha de Sião: Eis que teu Rei aí vem! Manso, assentado sobre uma jumenta, sobre um jumentinho, filho de animal de carga.” Mat 21;5

A beleza nos domínios do Espírito não tem, necessariamente, ligação com os conceitos físicos; “Dai ao Senhor a glória devida ao Seu Nome, adorai O Senhor na beleza da santidade.” Sal 29;2

“Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é limpo e permanece eternamente; os juízos do Senhor são verdadeiros e justos juntamente.” Sal 19;8 e 9

Essas nuances do “Rosto de Deus” têm belezas que apenas homens espirituais conseguem ver.

Nenhum do nós poderia, num corpo carnal encarar A Face do Eterno; nossos pleitos junto a Ele, devem ser mediados pelo Filho do Homem; “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo Céu, para agora comparecer por nós perante a Face de Deus;” Heb 9;24

As retinas que terão privilégio de ver O Eterno treinam agora separando-se tudo que Ele abomina; “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual, ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

deuses mortos


“Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão...” Jr 10;11

Qual seria a culpa deles, para serem banidos? Embora seja vasta a diversidade desses, todos são meros desdobramentos da sugestão maligna, que o ser humano autônomo seria “como Deus”, apto a decidir o bem e o mal.

Daí, pareceu bem “suprir” a lacuna de relacionamento com O Eterno, criando uns simulacros, derivados da humana imaginação, atribuindo aos mesmos, qualidades Divinas; malgrado, não passassem de fantoches inertes. “Têm boca, mas não falam; olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta.” Sal 115;5 a 7

Sempre que a imaginação perversa tenta substituir ou suplementar À Palavra de Deus, surge um ídolo usurpando o lugar do Senhor; deuses falsos não precisam ser, necessariamente, esculpidos; invés de dar forma à matéria morta, a imaginação doentia e pervertida devaneia grandezas desde a alma morta.

“As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre...” Deut 29;29

Não há um vácuo onde a desobediência humana consiga exercitar-se sem acrescentar à temeridade, profanação. A Divina revelação veio plena, completa; “Visto como Seu Divino Poder nos deu tudo que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento Daquele que nos chamou pela Sua Glória e Virtude;” II Ped 1;3

Qualquer proposição válida, no prisma espiritual, derivará necessariamente, da Palavra de Deus; as inválidas e profanas colidirão com os Ensinos Sagrados.

Quando ouço alguém, mesmo munido das melhores intenções, esposando conselhos tipo: “Confie em você mesmo; seja você mesmo!” Imediatamente, fervilham porções da Palavra contrariando. “Negue a si mesmo” ensinou O Mestre; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos teus caminhos; Ele endireitará tuas veredas.” Prov 3;5 e 6 Disse Salomão; “... Maldito o homem que confia no homem, faz da carne seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5 “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos e se converta Ao Senhor...” Is 55;7 etc.

Como vimos, o “seja você mesmo”, “Permita-se” arrosta À Santa Palavra inúmeras vezes. Embora esses ídolos tenham consigo o fôlego de vida herdado do Eterno, a rigor são como os esculpidos; 

seus ouvidos ouvem, mas não escutam o que deveriam; seus pés andam, mas recusam a trilhar pelo caminho estreito; mãos apalpam mas, não tocam nas Vestes de Cristo; os olhos veem, mas reféns das vontades enfermas, fingem não ver o que está patente; as narinas cheiram, todavia, evitam o “Bom Cheiro de Cristo”; as bocas falam, porém, não comunicam vida; acrescentam pecado a pecado; neles cumpre-se a maldição: “A eles (aos ídolos) se tornem semelhantes os que os fazem, assim como todos que neles confiam.” Sal 115;8

Sobre os que veem e fingem não ver, umas considerações mais; mesmo as Obras criadas evidenciando claramente os Atributos Divinos, bancam os desentendidos; agradecem as dádivas recebidas, ao “Universo”, não ao Senhor; “... do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lhes manifestou. Porque Suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê, pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; pois, tendo conhecido Deus, não O glorificaram como Deus, nem lhe deram graças...” Rom 1;18 a 21

Pode ser mais fácil, menos responsabilizador, “cultuar” ao Universo. Mas, também esse foi criado. “... honraram e serviram mais a criatura do que O Criador...” Rom 1;25

Quem tem olhos e ouvidos espirituais, ouve “gritos” exaltando O Eterno; “Os céus declaram a Glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das Suas Mãos. Um dia faz declaração a outro, e uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala; mas, onde não se ouve sua voz? A sua linha se estende por toda terra, suas palavras até ao fim do mundo...” Sal 19;1 a 4

Spurgeon comentando isso disse mais ou menos o seguinte: “Aquele que, após contemplar a magia intangível das constelações, o sol e a lua com suas rotas propositais e majestosas, os planetas com suas órbitas bem ordenadas, enfim, toda ordem esplêndida dos céus, ainda se diz ateu, juntamente se declara imbecil e mentiroso.”

O “ateu” é um deus/servo, adorador de si mesmo; coloca suas pretensões esfarrapadas acima do Altíssimo. “Aquietai-vos, e sabei que Eu Sou Deus; Serei Exaltado entre os gentios; Serei Exaltado sobre a terra.” Sal 46;10

domingo, 9 de outubro de 2022

Teatro da morte


“Portanto assim diz o Senhor Deus: Como tendes falado vaidade, e visto a mentira, Eu sou contra vós, diz O Senhor Deus.” Ez 13;8

Um profeta veraz invés de ter O Eterno como adversário, O tem como fonte; “Rugiu o leão, quem não temerá? Falou O Senhor Deus, quem não profetizará?” Am 3;8

A rebeldia nos faz adversários, de quem nunca poderemos vencer. “Mas eles foram rebeldes, contristaram Seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10

Um profeta idôneo pode atuar contra tudo e contra todos, exceto, O Senhor. Vejamos a comissão de Jeremias: “Porque hoje te ponho por cidade forte, coluna de ferro, muros de bronze, contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra seus príncipes, contra seus sacerdotes, e o povo da terra.” Jr 1;18

Em momentos de efervescência social como agora, período eleitoral, pipocam “profetas” de todo tipo prometendo isso ou aquilo em Nome do Senhor; até da oposição. Ora, numa perspectiva dual como a que temos, todos têm 50% de chance de acerto mesmo falando por conta e risco. Com todos os holofotes que a facilidade tecnológica enseja, astrólogos e videntes também buscam seu ouro de tolos, nas fartas minas da credulidade incauta, que costuma incensar charlatães como se fossem iluminados.

A pretensão de poder, por posar de íntimo das divindades sempre grassou no meio do povo. Falsos profetas são uma praga muito antiga. Elias, Servo do Senhor lutou com algumas centenas deles, somando os de Baal e os de Aserá. A queda humana, aliás, derivou de ter a mulher dado crédito ao falso profeta mor, depois, induzido o homem, ao mesmo.

Infelizmente a “tela” do alheio olhar soa como um convite ao teatro, à representação de estilo, caras, bocas e saberes, onde os hipócritas, ops, atores, visam desempenhar o melhor que podem. Mário Quintana dizia que, o único comportamento não afetado num concorrido salão social era o do gato que dormia sobre o tapete. Ou, alguém acredita mesmo, que a realidade se veste como as pessoas a exibem nos “realitys shows” da vida?? Nos de sobrevivência, o sujeito come um gafanhoto, depois de quatro dias sem comer nada, olha para as câmeras e reporta: “Já sinto minhas energias voltando.” Cáspita!!

A realidade costuma trabalhar no íntimo, desafiando-nos mediante a consciência, a não agirmos de modo temerário, nem falso. A Adoração aceitável a Deus, por exemplo, não está associada a uma pompa ritual, um endereço, ou aprovação coletiva; antes, a valores internos que devemos preservar; “Deus é Espírito; importa que os que O adoram, adorem em espírito e verdade.” Jo 4;24

Embora todos saibamos, como disse Pedro, que importa, antes, agradar a Deus que aos homens, mesmo dos púlpitos, muitos conservam o “talento” teatral, coisa que Spurgeon desaconselhou: “Preocupe-se mais com a pessoa para a qual olhas, - disse - que com o seu jeito de olhar.”

Pois, a primeira vítima de um falso profeta é ele mesmo. Precisa ver desfeitas suas barreiras internas, forjar sofismas que “justifiquem” suas defesas do indefensável, caprichar nas alegorias verbais para que possa pintar à morte com as cores da vida.

Minhas aprovações ou reprovações, incidem primeiro sobre minha própria vida, antes de comunicarem com outras. “Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não condena a si mesmo naquilo que aprova.” Rom 14;22

Aliás, estarmos cientes disso, da incidência de nossas aprovações é já um passo importante para não nos atrevermos onde não fomos chamados. Claro que há os “profissionais”, os que exercem o “ofício” há tanto, que as próprias consciências cauterizaram já; a única voz interior que ouvem respeita a como produzir o efeito desejado, sem considerar as causas, nem os porquês.

Via de regra, o efeito anelado por esses é a aprovação humana, a aceitação da maioria; alinham-se a favor dos ventos da vez, a despeito das consequências que isso possa trazer no prisma eterno.

“Porventura Minha Palavra não é como fogo, diz o Senhor, como um martelo que esmiúça a pedra? Portanto, eis que Sou contra os profetas, diz O Senhor, que furtam Minhas Palavras, cada um ao seu próximo.” Jr 23;29 e 30

Outra vez, Deus contra; como vencer? “... Quem poria sarças e espinheiros diante de Mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria.” Is 27;4

Quem não ousa renunciar-se acaba negando Deus. Tentar compensar a falta de comunhão, santificação, com exibições de poder, falsa intimidade, é só uma forma espetaculosa de trair a si mesmo. Negar de outra forma, tentando imputar vida, ao morto.

A perplexidade celeste pergunta a esses: “... Por que buscais o vivente entre os mortos?” Luc 24;5

sábado, 8 de outubro de 2022

Tempos trabalhosos


“... apedrejaram a Paulo e arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto. Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se e entrou na cidade; no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe. Tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia.” Atos 14;19 a 21

Paulo e Barnabé foram usados por Deus para a curar um coxo; os nativos os quiseram tratar como deuses; eles recusaram veementes, se dizendo homens comuns, e anunciaram ao Deus Vivo.

Contida a turba, chegaram os judeus invejosos, perseguidores, todos atiçando à multidão contra Paulo; então apedrejaram-no até a morte.

Paulo era acompanhado por Barnabé, discípulos, e possivelmente, Lucas. Apenas ele era o alvo do ódio. O fato de ter sido fariseu zeloso, perseguidor dos cristãos, depois, ter se tornado um servo de Cristo, incomodava muito aos que tinham mais zelo que entendimento.

O que chama atenção é que, após ter sido descartado fora da cidade como morto, seus discípulos o buscaram, ele despertou, tratou das feridas e seguiu para cidades vizinhas pregando o Evangelho, como se, ter passado por um apedrejamento fosse o mesmo que sentir uma indisposição.

Até em algo tão grave assim, ele podia dizer com verdade, “... uma coisa faço, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fp 3;13 e 14

Quantas vezes ficamos reféns das maldades alheias, dando a elas uma prorrogação de vigência que nem os malfeitores pensavam. Nos decepcionamos pontualmente com uma pessoa, situação, atitude, e abandonamos à fé, como se, o fato de crermos devesse nos guindar a um patamar mui acima das lutas. Suicida ingenuidade!

Acabamos potencializando a maldade alheia, muito mais que ela poderia por suas próprias forças. Tal, até forjou um parco motor, nós oferecemos combustível aditivado pelos nossos ressentimentos, e deixamos a coisa andar indefinidamente, quando já deveria ter sido descartada no monturo, como fez Paulo.

Claro que exercitar-se teoricamente é mais fácil que viver. Porém, O Salvador advertiu que seria assim. “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus; bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem, perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por Minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande vosso galardão nos Céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.” Mat 5;10 a 12

Paulo considerou uma concessão, uma honra, sofrer por Cristo; “Porque vos foi concedido, em relação a Cristo, não somente crer Nele, como também padecer por Ele, tendo o mesmo combate que já em mim tendes visto e agora ouvis estar em mim.” Fp 1;29 e 30

Pedro qualificou o sofrimento aceitável; “Que nenhum de vós padeça como homicida, ladrão, malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.” I Ped 4;15 e 16

Paulo era odiado de paixão, perseguido, por ter deixado a religiosidade hipócrita, vazia, e entregado sua vida a serviço do Senhor que regenera e transforma o pecador. Quem vive isso sabe como é; quem está fora, não entende.
Como cães que se sentem ameaçados ante o estranho, atacam ao que desconhecem, depreciam o que ignoram.

Somos apedrejados diuturnamente por calúnias de toda espécie; a inversão de valores que grassa, atualmente, propõe uma espécie de conversão ao avesso; invés de ser lógica e trivial a soma de dois mais dois, ou corriqueiro saber qual a estação das flores, agora há uma relativização de tudo. As coisas deixaram de ser o que são, para cada uma se tornar o que quiser. “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Sal 11;3

São necessários enfrentamentos titânicos para a afirmação do óbvio.

Quem resiste ao que a agenda mundana propõe acaba acusado pelos “crimes” de fundamentalismo, radicalismo, fobia disso, daquilo.

Assim, os “tempos trabalhosos” demandam de nós uma têmpera e resiliência que não comportam melindres infantis, excesso de amor-próprio, em pleno combate. Vivemos numa sociedade podre, que finge se escandalizar com palavras, conforme seu interesse, enquanto patrocina toda devassidão, quando a vida desfila “normal” sem nenhum desafeto a atingir.

A Palavra de Deus ensina que fomos tirados do lodo e firmados na Rocha. O fabuloso mundo novo em gestação tenta atribuir propriedades medicinais à lama, enquanto rotula à Rocha, como inconveniente pedra no caminho.

A “conversão” que tentam nos impor, demandaria renunciar Essa e nos esbaldarmos na lama.

O que cada um é assoma pelo que escolhe. Somos novas criaturas em Cristo. “A moral da ovelha é comer grama; a do lobo, comer ovelhas.” Anatole France

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Fábio de Melo e o tapa na cruz


“Lúcifer não foi expulso do céu porque bebeu, se prostituiu, ou por ter usado drogas, por ser hétero ou gay, por ser umbandista, católico, evangélico ou ateu. Ele caiu por seu próprio orgulho. Caiu pela soberba de se achar melhor do que Deus. Isso é o que acontece quando você acha que tem o poder de condenar outra pessoa, só porque ela pensa de forma diferente da sua. Somos todos falhos e pecadores, então, não fique arrotando santidade se você também peca. Jesus disse, “amar ao próximo”, e não só a quem você acha que te convém.” Padre Fábio de Melo.

O “Tapa na cara da sociedade”.

“Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar”. Spurgeon

Os filósofos chamavam de sofistas, aos mestres dos discursos retóricos que visavam prevalecer sem iluminar; usavam premissas verdadeiras induzindo a conclusões falsas. Eram desprezados pelos sábios. O referido Padre age como aqueles.

Esse texto dele é um primor de sofisma. Que o orgulho é o pior dos pecados, de acordo. O primeiro passo rumo à regeneração desafia-nos à humildade; “Negue a si mesmo...”

Que Deus manda amar ao próximo e esse não é o meu chegado, de acordo também: “... Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam... se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?” Mat 5;45 e 47

Do jeito que ele falou, fica subentendido que Deus não liga para vícios, perversões, crenças errôneas, tudo pode, se não houver orgulho.

Dois probleminhas na fala dele. Primeiro: Quem prega à Palavra de modo idôneo não pode “arrotar santidade”; pois, não fala de si mesmo, antes, de Deus. “Quem fala de si mesmo busca sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro; não há nele injustiça.” Jo 7;18

Santidade não é um adjetivo autoaplicável; é o “sine qua non” para receber salvação; “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5;8 “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12;14

Quando prego aprendo junto com quem me ouve; o que me foi dado falar reverbera em meu espírito, em tentações ulteriores, das quais sou livre pela mesma Palavra, quando a pratico. Um pregador idôneo não arrota santidade nem pretende ser mais que Deus. Anuncia a boa notícia, que “Deus estava em Cristo reconciliando Consigo o mundo, não lhes imputando seus pecados; e pôs em nós a Palavra da reconciliação.” II Cor 5;19

Segundo: O amor folga com a verdade, não com a injustiça; ver I Coríntios 13; assim, se eu vir meu próximo, incorrendo em coisas que A Palavra de Deus condena, e fizer vistas grossas em “nome do amor”, estarei sendo omisso, pecando; “Aquele que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado.” Tg 4;17

Longe de ser um tapa na cara da sociedade, é uma pérola ecumênico-irresponsável, que desconsidera ensinos cristalinos da Palavra de Deus, que o faz padecer da doença para a qual se pretende médico; o orgulho.

Como eu me atreveria a pregar diferente do que Deus ensina em Sua Palavra? O príncipe dos orgulhosos disse que não precisaríamos; “vós mesmos sabereis o bem e o mal.”

Essa fala redondinha, “politicamente correta” desce como aquela cerveja, nas goelas ímpias. Deus não faz assim; antes, confronta aos errados de espírito. “Deixe o ímpio seu caminho, e o homem maligno seus pensamentos e se converta ao Senhor...” Is 55;7

Óbvio que também somos pecadores; não nos cabe condenar ninguém; apenas devemos ensinar o que Deus Condena. Sou leigo, trabalhador braçal, ele é profissional religioso portanto deve saber muito mais.

Mas, quem inclui todos os credos como aceitáveis, acima de qualquer correção de rumos não sabe o que Jesus Falou: “Eu Sou O Caminho, A Verdade e a Vida; ninguém Vem ao Pai, senão por Mim.” Jo 14;6

Invés dum tapa na cara da sociedade, esse tipo de fala leniente recebe aplausos. “Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve.” I Jo 4;5 Jesus também mencionou aos tais: “Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

É fácil desfazer da luz alheia rotulando-a de orgulho; difícil é ter coragem de disciplinar à própria vida à luz da Palavra de Deus.

Quem espera por um “Evangelho” palatável fácil de digerir, não sabe o que significa a cruz. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e repito, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo.” Fp 3;18