domingo, 4 de junho de 2017

Pílulas de farinha

“Oh! quão fortes são as palavras da boa razão! Mas, que é que censura vossa arguição?” Jó 6;25

Jó enfadado da presença dos loquazes amigos, com muitas falas, nenhum discernimento; muita “doutrina”, nenhuma empatia. Tudo que sabiam dizer era se arrependesse dos seus erros, reconciliasse com Deus; suas cogitações, que o sofrimento do infeliz era consequência de pecados.

Ainda que assim fosse, redargüiu, ele, em dado momento, sua aflição e dor eram tais, que deveriam ser compassivos; “Ao que está aflito deveria o amigo mostrar compaixão, ainda que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Cap 6;14 Adiante, ampliou a ideia: “Falaria eu também como vós, se, vossa alma estivesse em lugar da minha, ou amontoaria palavras contra vós, menearia contra vós minha cabeça? Antes, vos fortaleceria com minha boca, e a consolação dos meus lábios abrandaria vossa dor.” Cap 16;4 e 5

Uma coisa que nos deveria ser elementar: Quando a demanda for por compaixão, empatia, deixemos a doutrina, as exortações, para momento oportuno; ajudemos, como o samaritano, sanando às feridas. Porém, as coisas não são assim, infelizmente.

As facilidades tecnológicas por um lado nos dão asas, por outro, nos endurecem, desumanizam. Todos têm acesso às redes sociais, podemos compartilhar idéias, que, mesmo profundas, não requerem de nós que conheçamos mais que a superfície; aí, estultos posam de sábios, carnívoros, de espirituais. Brincamos de apascentar “tropas de ossos” virtuais e nos sentimos partícipes da Obra de Deus.

Pior é o efeito colateral dessa sapiência mecânica, esse “cristianismo” de esteira, de academia; não satisfeito ao supor-se genuíno, inda faz contraponto a outros que “comem gafanhotos e mel”. Digo; sofrem agruras do deserto, para se manterem íntimos de Deus.

Quantas vezes deparei com a frase: “Deus não escolhe os capacitados; Ele capacita os escolhidos.” Ok. Contudo, esse Divino Capacitar demanda sofrimento, entrega, obediência, humildade. Pois, a capacitação espiritual tem outra têmpera, que muitas vezes prescinde de cultura, polidez, loquacidade, coisas que a carne tanto aprecia. Essas armas são periféricas; Deus pode fazer Sua Obra sem elas, usando pessoas rudes, toscas, culturalmente; entretanto, íntimas Dele, obedientes, experimentadas.

Paulo que era tão culto quanto se poderia ser em seu tempo, alertou: “Porque, vede, irmãos, vossa vocação; não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos nobres que são chamados. Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são.I Cor 1;26 a 28

O que quero dizer com isso? Que cultura, polidez, eloqüência são coisas más? Não. Que ministério espiritual não deriva de autônomas iniciativas, antes, requer escolha por parte do Senhor. Podemos como os amigos de Jó ter muitas palavras e ignorarmos as carências reais da alma humana, ou, desconhecermos a Fonte que alegamos fluir por nós; Deus.

A diferença entre um remédio que sana enfermidades e um placebo, é que esse, diverso daquele, é um simulacro, sem o princípio ativo, portanto, ineficaz. Igualmente, pretensões espirituais nos lábios de quem não pratica, não passam de pílulas de farinha, mera encenação.

Quando Paulo ensinou que nossas palavras deveriam ser temperadas com sal, no fundo, requeria isso: Que soassem verdadeiras; tivessem sabor de coerentes, temperadas com um testemunho conforme, para soarem eficazes aos que ouvirem. Aliás, o mesmo Jó acusou as falas de seus amigos dessa falta: “Comer-se-á sem sal o que é insípido? Ou haverá gosto na clara do ovo? Minha alma recusa tocá-las, pois são para mim como comida repugnante.” Cap 6;6 e 7

Na verdade, iniciativas autônomas fazem dano à Obra de Deus, o “trabalho” dos enxeridos, acaba dando trabalho aos escolhidos, desde o início da Igreja. “...alguns que saíram dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, dizendo que deveis circuncidar-vos e guardar a lei, não lhes tendo nós dado mandamento...” Atos 15;24

Os frutos dos que saíram por conta foi perturbação doutrinária; agora, vejamos as credenciais dos que foram escolhidos e enviados para corrigir: “Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns homens e enviá-los com os nossos amados, Barnabé e Paulo, homens que já expuseram as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” Vs 25 e 26

Assim, os escolhidos não o são para “brilhar”; antes, para que exponham as próprias vidas por amor à Obra de Deus.

Façamos a escolha que nos cabe, apenas, e essa, independente de ministério, nos fará abençoados. “Os céus e a Terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e tua descendência.” Deut 30;19

sábado, 3 de junho de 2017

Vitória; só que não

“O Senhor disse a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela, da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei.” Gên 12;1

Alguém disse que sentimos nas mudanças certo alívio, inda que estejamos mudando para pior. Embora não seja verdade absoluta, em muitos casos, nos perece mesmo, assim. O desapego d’onde saímos, bem como, eventuais possibilidades da nova meta se encarregam de forjar em nossas almas, tal estado emocional. Todavia, sempre mudamos daqui pra acolá. Digo; de um lugar para outro, não é o jeito natural de nosso agir, deixarmos o porto seguro para derivar no mar.

Contudo, na chamada de Abrão O Eterno ordenou que deixasse sua terra, seus parentes, por um alvo inda desconhecido; “uma terra que te mostrarei.” Assim, lícito nos é concluir que Deus chama primeiro, à confiança em Si, Sua Palavra; depois, às conseqüências disso, sejam bênçãos, sejam, provas. O Fato de confiarmos Nele, pois, não é salvo-conduto contra intempéries da vida, antes, certeza de que, mesmo nelas, Sua Fidelidade e Presença, nos assistirão. “Quando passares pelas águas, estarei contigo, quando pelos rios, não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem, chama arderá em ti.” Is 43;2

Infelizmente, no meio evangélico atual, grassa, um imediatismo doentio que tenta situar de modo pontual, algo que deveria estender-se por toda nossa vida. A Vitória. Não raro deparo com a “Chave” dela atrelada a certo “amém” ou, compartilhamento de alguma mensagem, quiçá, basta que a receba. Gostaria de saber o que essas pessoas tentam conceituar como “Vitória”. Não existe conquista pontual que possa ser aquilatada como vitória, no sentido pleno; nem a própria conversão, pois, essa demanda a perseverança até o fim, para se verificar.

Mesmo, eventualmente, reconhecendo bons passos em determinadas comunidades de convertidos, as cartas do Apocalipse colocaram a vitória como desafio, uma possibilidade; não, algo, já, por elas obtido. “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Quem vencer não receberá o dano da segunda morte.” Apoc 2;11 etc. Parece que a primeira qualidade dos vencedores espirituais é ter bons ouvidos quando O Espírito Santo Fala.

A maioria do que se vislumbra em nosso horizonte é conquista de coisas, sendo avaliada de modo errôneo; elas são meios, não, fins. Paulo foi ao encontro da morte como um atleta vencedor subindo ao pódio: “Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” Sua vitória custou-lhe a vida.

Certas afirmações são tão obscenas, no escopo da lógica, que trazem em si mesmas, sua antítese, sua negação. Parece o Lula oferecendo-se como solução para os problemas que ele criou, ou, sugerindo que ninguém combate a corrupção como seu partido. Assim, pessoas, com alvos egoístas, rasteiros, mesquinhos, batizando-os de vitória. Ora, essas coisas também os do mundo aplaudem, buscam; Tiago ensina que ter esse tipo de “amizade” é adultério espiritual, mui longe de ser vitória.

Na verdade, abster-se de pecar, arrepender-se, confessar ao falhar, e descansar no que Deus prometeu, mesmo que inda não vemos, é uma forma vitoriosa de viver. “Porque todo que é nascido de Deus vence o mundo; esta é a vitória que vence o mundo, nossa fé.” I Jo 5;4 Como “Fé sem obras é morta”, devemos pautar nosso agir pelo nosso crer, daí: “buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

Enquanto estivermos num corpo de carne e sangue, ainda que, possamos viver de modo vitorioso, nos adequando às demandas para herdar a Vitória de Cristo, só um hipócrita negará, que convivemos diariamente com pequenas derrotas, quiçá, grandes. 


Paulo chamou de vitória, cabalmente, o momento em que seremos libertos, de vez da natureza corrupta, perversa, e seremos revestidos de Cristo. “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.” I Cor 15;53 e 54

Assim como a morte foi a consequência do pecado, da queda, é, justo, contra esse, o pecado, feitor da perdição, que devemos vencer, sendo obedientes, mesmo que ao custo da vida. “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Enfim, como fez com Abrão, Deus chama primeiro à confiança irrestrita em Si, a andar por fé. Seguir assim é como dirigir sob densa neblina. Enxergamos pequeno trecho de estrada, e só veremos adiante, depois de percorrermos aquele que vemos. Ló deslumbrou-se com a visão ampla das campinas de Sodoma e Gomorra; Abrão abdicou do direito de escolher terra, pois, escolhera Deus.

quinta-feira, 1 de junho de 2017

O Falso testemunho, "de Deus"

“Quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; sem derramamento de sangue não há remissão.” Heb 9;22

Deparei com um vídeo onde a petista “evangélica”, Benedita da Silva fala a uma platéia “vermelha”, incitando-os a “fazer a hora”, não mais esperar, pois, disse, “ na minha Bíblia está escrito: Sem derramamento de sangue, não há remissão”. Foi aplaudida de pé.

O texto não é cabal sobre purificação, pois, diz: “Quase todas as coisas...” Despojos de guerra, por exemplo, seriam purificados com fogo, água, conforme a tipo de material. “Toda a coisa que pode resistir ao fogo, fareis passar pelo fogo, para que fique limpa, todavia, se purificará com água da purificação; mas, o que não pode resistir ao fogo, fareis passar pela água.” Números 31;23

Entretanto, sangue de animais substitutos era oferecido pelos pecadores arrependidos para purificação das almas. A oferenda preferencial era um cordeiro, ou, bezerro; caso fosse pobre, dois pombos, ou, extremamente pobre, menos que isso, sem sangue, até. “Porém, se em sua mão não houver recurso para duas rolas, ou dois pombinhos, então, aquele que pecou trará como oferta a décima parte de um efa de flor de farinha, para expiação do pecado; não deitará sobre ela azeite nem lhe porá em cima o incenso, porquanto é expiação do pecado.” Lev 5;11

De qualquer forma, a redenção, ou, remissão, abordada na Bíblia, sempre, referia-se à reconciliação com Deus, por parte de alguém que pecou. Deveria patentear esse sentimento mediante o ritual prescrito e estaria redimido.

Teria a oradora, em mente, esse tipo de remissão, e de sangue quando citou A Palavra de Deus? Na verdade, após O Calvário, nem mais aquele sangue, de animais, que era um tipo profético da Remissão por Cristo, se requer, pois, tal sangue, não removia pecados, embora, justificasse temporariamente. “Vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior, e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes, bezerros, mas, por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado eterna redenção.” Heb 9;11 e 12

Assim, não se aponta mais, legitimamente, para derramamento de sangue remidor, antes, para o Feito Maravilhoso de Jesus Cristo, Suas Virtudes, Seus Méritos; a Eficácia plena e Eterna de Seu Sacrifício, que Pedro chamou de, “Aspersão.” Disse que os crentes são, “Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”. I Ped 1;2

Como a citada parlamentar se diz evangélica, deveria fazer isso, quando cita a Bíblia e tão nobre tema, a redenção. Todavia, bem sabemos que a “redenção” que eles têm em mente, traz dois aspectos distintos; primeiro: Retomar o poder nem que seja na marra, quebrando tudo, como fizeram e Brasília, das mãos dos “golpistas”. Segundo: A volta do assistencialismo demagógico, populista, desregrado, que chamam, “inclusão social” redenção dos pobres. Claro que desejo que os pobres desfrutem melhores condições, só, discordo dos métodos que a esquerda propõe.

Notemos que a “inclusão” Divina facilitou as coisas para os pobres; não possuíam um cordeiro, dois pombos, bastaria; se, nem isso, uma porção de farinha. O indispensável é que estivessem arrependidos dos pecados; os meios pra demonstrar isso lhes eram facilitados. Entretanto, apesar desse cuidado com os pobres, A Palavra de Deus jamais patrocinou algo, tipo, um sistema político que tire de uns e dê a outros, a despeito de méritos, como se, a pobreza fosse mérito. Antes, avisou: “Sempre tereis pobres convosco”.

Afinal, salvos casos de indigência, condições adversas, que demandam ajuda, mesmo, muito da pobreza é conseqüência de vadiagem, aversão ao trabalho. Nesses casos a “redenção” se dá com o “sacrifício” do próprio sangue, músculo. Paulo foi taxativo: “Quem não quiser trabalhar, que também, não coma”. Simples assim.

Não sou adepto da idéia que evangélico não pode ser político; não deve escandalizar, corromper-se, dar mau testemunho. Agora, evocar a Santa Palavra do Eterno, como se Ele patrocinasse suas paixões político-partidárias, é um colossal falso testemunho, pois, faz parecer que O Altíssimo está ao rés do chão; rasteiro, como rasteira e suja é, a política, sobretudo, em nosso País. Mais que falso testemunho; é profano.

Sobre derramamento de sangue humano, A Bíblia tem um apreço diferente do pretendido por Benedita: “Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se, alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e fé dos santos.” Apoc 13;10

Em suma, sejam políticos os evangélicos que quiserem, abracem bandeiras que lhes aprouver, malgrado, as discrepâncias com sua fé; Deus julgará a cada um. Contudo, quando tratarem das coisas “de César” não as misturem, com as de Deus.

segunda-feira, 29 de maio de 2017

Operação mãos limpas

“Livrará até ao que não é inocente; porque será libertado pela pureza de tuas mãos.” Jó 22;30

Após acusações infundadas, um dos “amigos” de Jó exortou que ele se apegasse a Deus; entre outros benefícios desse “Apego”, Jó seria vertido num intercessor eficaz, pois, disse, até eventual culpado seria remido pela pureza das suas mãos.

Sem entrar no mérito da falta de noção do interlocutor de Jó, algo de correto, há, no que disse, uma vez que, de um intercessor se espera que tenha acesso perante Deus, para que seja ouvido; e, Jó desfrutava já da aceitação Divina.

“Quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda.” I Tim 2;8 disse Paulo escrevendo a Timóteo. Ao mesmo, porém, advertiu sobre a prudência quanto à imposição de mãos. “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva a ti mesmo puro.” I Tim 5;22

Ora, será que o jovem pastor tinha mão impuras, contenciosas? Bem, são duas situações distintas que se usa a imposição de mãos. Uma, quando oramos por um pecador qualquer, rogando pelo suprimento de algo; seja salvação, perdão, saúde, discernimento, etc. nesse caso, quem impõe as mãos identifica-se com as necessidades daquele por quem intercede; Outra, quando consagra alguém perante Deus e a igreja, iniciando-o na investidura ministerial; nesse caso, o ministro identifica-se com o caráter do indicado. Sua imposição de mãos é seu aval à conduta de alguém.

Por isso, o conselho pra ter cuidado, não se precipitar em abonar ninguém, pois, se o fizesse de modo temerário, participaria dos pecados alheios.

Por causa da grandeza dos nossos males, foi necessário para justificação, um intercessor do “Calibre” de Cristo: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, feito mais sublime que os céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, oferecer cada dia, sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois pelos do povo; porque isto fez ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Tendemos a não assumir nossas próprias culpas; contudo, os que se convertem, se tornam consortes do Sacerdócio de Cristo, devem aprender a ajudar na remoção, também, das culpas alheias, mediante arrependimento ensejado pela pregação da Palavra.

Desde a Vitória de Cristo, a pureza das Suas mãos tem livrado milhares de culpados, que, graças à persuasão do Espírito Santo, acham arrependimento, e conseqüente perdão. Ciente, pois, da necessidade de submissão Paulo disse que os Coríntios deveriam estar “...prontos para vingar toda a desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10;6

Assim, aquele que lava-se na inocência imputada por Cristo aos arrependidos, quando ora, intercedendo, será ouvido. Não que sua oração livrará ao culpado, estritamente; antes, serão sempre os Méritos de Cristo, mas, quem intercede desse modo, coopera com Ele na Obra de Deus.

Desse modo, o conselho desnecessário, sem noção, dado a Jó, para que se apegasse ao Senhor, no que se refere a nós é pertinente, oportuno. Alguns incautos acham que podem mover a Deus fazendo campanhas de oração, tipo: Sete dias disso, doze semanas daquilo, ou, fazendo demoradas orações, vigílias, como se, O Altíssimo prezasse mais, quantidade, que qualidade.

Quando Tiago diz que a “oração de um justo pode muito em seus efeitos”, deixa entendido que é do caráter que Deus se agrada, mais que, oração; pois, essa, só terá efeito se, proceder de lábios justos. O Salvador disse que não devemos nos assemelhar àqueles que perdem-se em vis repetições imaginando que, pelo muito falar, serão ouvidos.

Outros, igualmente incautos, acham que podem suprir o lapso de frutos com volume de cultos, participações na igreja. Do primeiro culto registrado, de Abel e Caim, diz o relato que o Senhor atentou para Abel e sua oferta, porém para Caim e sua oferta, não atentou. Notemos que O Santo avalia primeiro a pessoa, depois, se essa lhe parecer aceitável, então aceita seu culto, oferta, intercessão.

Ironicamente foi, o que o sujeito dissera a Jó que sucederia se ele se apegasse a Deus, justo, o que sucedeu com o apego que ele já tinha. Livrou ao que não era inocente, pela pureza das suas mãos. Ao que falara isso e seus dois amigos que compactuaram. O Eterno repreendeu-os ao final, e ordenou que fossem a Jó para que ele intercedesse, pois, só dele, a oração seria aceita. “...meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme vossa loucura...” Jó 42;8

Em suma; intercessão é algo precioso, mas, não posso receitar a outrem o remédio que recuso para mim. Se, minhas mãos foram limpas, foi porque ouvi a Deus; assim, quando oro, também Ele, me ouve.

domingo, 28 de maio de 2017

Deus é por nós?

“... Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Rom 8;31

Muitos tomam esse texto como refúgio, certeza da Divina proteção, na qual, podem descansar. E, não é assim? Depende de quem sejam os “nós” em questão. Todo o contexto imediato atina aos que rejeitam apelos da carne, e andam em espírito. Genuínos convertidos, pelos quais, certamente, O Santo peleja.

Entretanto, há muitos “utilitaristas” da Palavra, que quando dizem, “O Senhor é o meu pastor”, no fundo, dizem: “Nada me faltará”. Digo, pensam apenas em si, suas necessidades, preferências; o Senhorio do Eterno é um governo que serve, não, que Governa segundo lhe apraz. Esses facilmente dizem também o texto acima, numa presunção rasteira, que nada nem ninguém se lhes oporá, sem deparar com o Escudo do Senhor.

Alguns equívocos precisam ser desfeitos, pois. A relação com O Senhor requer fidelidade, porque, Ele é Fiel. “Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele...” II Cron 16;9 Ou, “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da Terra, para que se assentem comigo; quem anda num caminho reto, esse, me servirá.” Sal 101;6

Quando questiona: “Quem será contra nós”? Não deve ser entendido como ausência de oposição, antes, como a certeza de que, Quem está conosco é Superior.

Pois, o inimigo de contínuo é contra os servos de Deus; não raro, manifesta essa contrariedade usando os de perto, do próprio sangue, quando, pode contar com a impiedade dos tais, como acessório aos seus planos destrutivos. “Porque o filho despreza ao pai, a filha se levanta contra sua mãe, nora contra sogra, os inimigos do homem são os da própria casa.” Miq 7;6 “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas, espada; porque, vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, a nora contra sua sogra; assim, os inimigos do homem serão os seus familiares.” Mat 10;34 a 36 Daí a importância de amarmos nossos inimigos; no fundo, não são; estão sob influência do maligno, que, por ódio a Deus, sempre é contra nós, Seus servos.

Notemos que o fator de dissensão, discórdia, ensinado pelo Salvador, é; justo, Sua Pessoa Bendita. Sua presença na vida dos salvos, desafia, desconforta aos que ainda não são. “Como, então, aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é agora.” Gál 4;29

Caim teve ciúmes de Abel, porque Deus se agradara dele, não de si; os irmãos de José o odiaram, pois, seu pai o amava mais que a eles. Desse modo, os que nascem de novo, atraem a emulação, a rivalidade de outros que recusam trilhar o mesmo caminho, contudo, almejam a mesma posição. Assim, muitos cabritos com pretensões ovinas também dizem que Deus é por eles.

Mediante Isaías, O Todo Poderosos cogita, quem poderia ousar frontalmente contra Ele; “Não há indignação em mim? Quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Que se apodere da minha força, e faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27;4 e 5

O melhor que poderíamos, num embate assim seria lançar espinhos ao fogo; o resultado seria cinza. Aliás, evocando o pretérito ímpio dos cristãos romanos, Paulo pergunta pelo saldo, pelo que sobrou: “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. Que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6;20 e 21

Entretanto, se após a conversão, um bom começo, abandonarmos o primeiro amor, esfriarmos; pior, cairmos em rebeldia; nem se trata de ficarmos de novo, ao alcance do inimigo, pois, teremos no Santo, um adversário: Isaías disse que os israelitas, “...foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso, se lhes tornou inimigo, Ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63;10 O mesmo vai acontecer conosco, se, abraçarmos a desobediência.

Não caiamos na estupidez de pensar que usar um versículo na geladeira, no carro, fará com que Deus seja por nós. Na verdade, Ele veta o uso de Sua Palavra aos ímpios; “Ao ímpio diz Deus: Que fazes tu que recitar os meus estatutos, e tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, lanças as minhas palavras para detrás de ti?” Sal 50;16 e 17

É nosso modo de andar que testifica em qual caminho estamos, não, eventuais placas que colocamos. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

sábado, 27 de maio de 2017

A Marcelo Resende

“Vindo ter comigo, e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora o vi.” Atos 13;22

Estando alguém no escuro, embora possa ter outras demandas, necessidades, certamente, a mais urgente, a prioridade é que tenha luz.

Circula um vídeo pela Internet onde o apresentador Marcelo Resende afirma estar num retiro espiritual de orações pela sua cura, onde diz, que “Pela fé já se sente curado”; roga as preces dos admiradores, que digitam seus “améns” desejando sucesso a ele. Eu poderia fazer o mesmo; teria “ajudado” virtualmente (?).

Contudo, olhei alguns vídeos mais, onde ele fala sobre seu chefe, Edir Macedo, por exemplo. Ao qual exalta pelo seu “Amor pela Palavra de Deus” cuja “grandeza da missão o faz estar em duzentos países”; disse mais: Que entrando no “Templo de Salomão sente-se na presença de Deus”.


Então, caro Marcelo, embora sua luta pela vida me comova, e eu deseje sinceramente sua cura, sou homem que teme a Deus, ama Sua Palavra deveras, e a bem da verdade, seus olhos precisam ser abertos.

Macedo não ama A Palavra de Deus; ama a si mesmo e perverte a Mensagem Santa, que foi dada para ganhar almas; ele a usa para ganhar dinheiro; tanto despreza-a que, defende abertamente ao aborto, algo diametralmente oposto aos ensinos Bíblicos. O fato de estar em duzentos países nada tem a ver com grandeza de missão, antes, com alvos econômicos, ambição. A grandeza espiritual geralmente se disfarça em gestos humildes, sem as penas de pavão dos orgulhosos.

Ah, o “Templo de Salomão” é a cereja na torta do amor pelo dinheiro desse mercenário. A opulência da coisa pode ensejar arrepios nas almas dos que lá entram, mas, confundir isso com presença de Deus, é ignorar os próprios sentimentos, bem como, a Majestade Santa do Todo Poderoso.

Se ele te mandou uma carta de apoio, incentivo, é porque você com seu trabalho dá lucro pra ele, e só um imbecil desejaria a morte da galinha dos ovos de ouro. Tem a ver com o amor pelo dinheiro, ainda.

Desejo sua cura, não porque você é famoso, isso, perante Deus não vale nada, é uma febre humana. Mas, como fui ensinado a amar o próximo como a mim mesmo, não desejo pra mim uma coisa como essa, também, não anelo pra você, ou, outra pessoa qualquer. Deus pode te curar; não sei se, Ele quer; o que sei que quer sem dúvida, pois está na Palavra, é sua conversão.

Mas, como sei que não és convertido? Suas apreciações sobre Macedo e a Palavra de Deus, supra-expostas mostram ainda ignorância espiritual. Sua campanha de orações parece uma espécie de corrente de otimismo, não, fé sadia que descansa em Deus, seja qual for o desfecho. O medo da morte não mais persegue a um verdadeiro convertido. A Vitória de Jesus foi para que, “livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos à servidão.” Heb 2;15

Ele mesmo, diante de morte infame apenas disse: “Está consumado”. Paulo o fez assim: “...já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, o tempo da minha partida está próximo.” II Tim 4;6 Pedro: “...brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já me revelou.” II Ped 1;14 Ou, Estevão, que no estertor da vida que foi ceifada por apedrejamento inda disse: “Senhor, não lhes imputes esse pecado.” etc.

Não digo, com isso, que os salvos desejem morrer, antes, a inclinação natural é pela preservação da vida, mas, se a morte lhes surge como inevitável, vão, confiantes, certos da vitória na Graça de Cristo.

Contam de certo pastor irlandês, com uma doença terminal também, cuja igreja amava, e cercou de cuidados, carinho, garantindo que todos estavam orando pela sua cura. Agradecido disse: “Continuem fazendo isso; se Deus me curar vereis Sua glória; senão, eu verei.” Assim fala um verdadeiro convertido, invés de agarrar-se à vida material como se, a morte fosse o fim.

Seria mais fácil para mim entrar para a claque de incautos, digitar meu “amém” e deixar você no escuro. Não sei se tomarás conhecimento desse texto, mas, se chegar a você, rogo, pelo amor de Cristo que trates urgentemente de sua alma, isso lhe é intransferível, pessoal; no mais, sossegue na Sabedoria e propósito Divinos. Pois, Ele, mesmo quando nos contraria, acerta sempre; É A Sabedoria, não, mero aprendiz, como nós.

Minha solidariedade, pois, minha oração, sobretudo, por luz, junto com a exortação para que não confundas esperança com fé, e alienação virtual com amor. Quem ama fala a verdade, antes de tudo. 

“Qualquer um pode amar uma rosa, mas é preciso um grande coração para incluir os espinhos.” Clarice Lispector

quarta-feira, 24 de maio de 2017

De que Espírito somos?

“Seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor; queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.” Luc 9;54 e 55

Os impetuosos “filhos do trovão” Tiago e João, desejando por “ordem na casa”, dado que, os “malditos” samaritanos recusaram receber ao Senhor. Que desça fogo do céu e os consuma! Mas, O Mestre os advertiu: “não sabeis de Espírito sois”.

Com a mesma facilidade que somos indulgentes com nossos chegados, somos rigorosos com os desafetos. Havia feridas abertas entre judeus e samaritanos, os primeiros, ciosos de seu “purismo” racial, desprezavam aos segundos que derivavam de uma mescla de povos trazida pelo rei da Assíria.

A mera identificação de Jesus e os Seus como judeus bastou para que o pouso fosse negado, pelos da Samaria. Os discípulos cogitaram usar O Poder de Deus, para vingar mesquinhas disputas humanas. Aliás, quantos usam púlpitos, que deveriam ser exclusivos para pregação, usam, digo, para ataques carnais aos desafetos, defesas orgulhosas de seus ministérios, outros que, como aqueles, não sabem de Espírito são.

Mas, diria alguém, quando Elias pediu fogo dos Céus e queimou os soldados, não foi pelo Espírito Santo? Sim. Entregara uma advertência de Deus contra o ímpio rei, aquele, invés de se arrepender, mandou cinqüenta soldados buscarem-no; ora, isso é uma prisão. Naquele contexto, pois, O Senhor o moveu para agir daquele modo, mas, nos dias de Jesus, as razões eram outras; não foram ameaçados de prisão; somente, negaram-lhes pouso.

Quando O Salvador observou: “Vós não sabeis de que Espírito sois”, noutras palavras quis dizer: Não sabeis qual o propósito da missão, “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas, para salvá-las...” V 56

Infelizmente, muitos “pregadores” de nosso tempo agem como que, ignorando também, de que Espírito são, se é que são de Deus. Pois, fazem orações pelo incremento de coisas, quando, deveriam fazer por justiça. O Senhor lhes diria: “Buscai primeiro O Reino de Deus e Sua Justiça; as demais coisas vos serão acrescentadas.” Outros, usam palavras arrogantes, “oram” em termos atrevidos, tipo: “Decreto, ordeno, determino, não aceito”, isso ou, aquilo. Não sabem de que Espírito são; ignoram à Vontade de Deus, que, “resiste aos soberbos, e dá graça aos humildes.”

Infelizmente, apesar do conselho que deveríamos meditar dia e noite na Palavra, somos uma geração preguiçosa, que lê fragmentos bíblicos postos em evidência, cuidadosamente escolhidos para parecerem palatáveis até aos mais ímpios; agora, a Palavra como Um Todo, que ensina quem somos, também, Quem O Senhor É, Seu Caráter Excelso, Sua Justiça perfeita, Seu Inefável Amor, aí, não; só um fanático, inclusive, publicaria textos mais longos, pois, a galera tem pressa de “navegar”, não perde tempo com isso.

Nas primeiras décadas da Igreja Paulo considerou vergonhoso que a mesma pecasse na omissão em conhecer a Deus. “Vigiai justamente, não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa.” I Cor 15;34 Hoje, passados dois milênios, o desconhecimento persiste, a vergonha é bem maior.

O evangelho ensina imitarmos os sentimentos Divinos, sem parcialidades, hipocrisia; portanto, engana-se redondamente, quem imagina que O Poder de Deus, nos será dado para satisfação egoísta de nossas preferências. “...Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos... Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito vosso Pai que está nos céus.” Mat 5;44, 45 e 48

Sendo O Evangelho o que É, uma Nova de reconciliação, necessariamente lidará com inimigos de Deus, mesmo quando pregado aos que, têm laços de sangue, ou, amizade conosco. Somos, os pregadores, embaixadores do Único Mediador, Jesus Cristo; assim, não são prioritárias nossas predileções, antes, é, O Amor Divino, que nos cumpre anunciar a “toda criatura”.

Em suma, é blasfemo, insano, presumir que O Eterno se uniria a nós e odiaria nossos ódios, quando, nos chama a Si, e desafia pelo Seu Espírito, a amarmos Seu amor. Tiago e João, depois, aprenderam isso. O primeiro denunciou a parcialidade de sentimentos, dizendo inconveniente brotar água doce e salgada da mesma fonte; o segundo desafiou reiteradamente ao amor, ensinando que, quem presume amar a Deus que não vê, deve demonstrar isso amando ao semelhante.

Assim como eles, aprendamos; “Pois, quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará, a inteligência te conservará;” Prov 2;10 e 11