quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Grandes pigmeus


“Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. Os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio.” Atos 6;1 a 3

Identificado o problema, na igreja iniciante, foi evocado como coautora da solução, a razão. Não é razoável que nós, ministros da Palavra, de peso eterno, deixemos isso, para fazermos algo de menor monta, de peso temporal, inda que, importante. Estão escolham pessoas idôneas para suprimento dessa lacuna, enquanto seguimos priorizando o que tem relevância maior, foi a solução encontrada.

Nesses dias difíceis, onde se sabe o custo e tudo, e o valor de nada, digo, onde o interesse imediato, egoísta, suplanta os valores maiores, bem que poderíamos repensar sobre os valores que temos defendido, quando de nossas inserções na vida, tão interagente, como temos hoje.

Por exemplo: A equipe do Atlético Nacional de Medellin, Colômbia, ao abdicar da disputa e declarar a Chapecoense campeã, mais que isso, fazer uma solidária e bela homenagem como fez, no estádio Atanásio Girardot, deixou patente que, para eles, há bens superiores às disputas esportivas, simplesmente; a valia primaz da vida foi expressa de maneira mui bela, na grandeza abnegada de seu gesto.

Por outro lado, nossos deputados que, aproveitando o desvio do foco de atenção ensejado pela tragédia, “aprovaram” às dez medidas anticorrupção, para depois mutilarem uma por uma com artifícios cretinos chamados de “destaques”, patentearam de modo vergonhoso, sua culpa no cartório, sua traição à vontade popular, priorizando a sobrevivência do vício, dos interesses mesquinhos e ilícitos, na contramão de quem paga por seus salários, e os contratou como representantes, o povo.

O Presidente Rodrigo Maia disse que a decisão foi “democrática” afinal, contou com votos de 313 deputados. Interessante a sua “democracia”. Estão lá, porque os colocamos mediante votos; votos, esses, que conquistaram durante dispendiosas campanhas custeadas por nosso dinheiro, onde todos eles prometeram defender abnegadamente, nossos interesses, vontades. Afinal, precisamente isso, significa, Democracia. O povo no poder.

Entretanto, parece que aqueles “democratas” têm uma noção diversa disso; nossas vontades expressas contam apenas para suas campanhas ilusórias; findo isso, eleitos os “representantes” não importa mais que nossos anseios sejam mutilados, o que a maioria deles decidir, por contraproducente ou, imoral que for, será da democracia? Uma ova! Toma vergonha na cara, Rodrigo Maia!

Dois milhões de pessoas chancelaram as dez medidas, e elas representam, salvos, alguns ajustes, o anseio majoritário de todo o país. Pode ser alterada a coisa em seu texto, corrigindo imperfeições, mas, não em seu espírito, cujo alvo é reprimir a corrupção, punir exemplarmente, seus agentes.

Infelizmente, com o Congresso que temos, esperar medidas saneadoras nessa área equivale a desejarmos que vampiros doem sangue; suas naturezas e instinto de sobrevivência não permitem que aqueles bravos nos representem, malgrado, raras e honráveis exceções.

Falando em sangue, vampiros, no mesmo cenário, o da trágica sina da Chapecoense e demais vítimas que os acompanhavam, o STF, num extrapolo funcional vergonhoso, pois, sua função é fiscalizar o cumprimento da Constituição, não, legislar, com um canetaço do Ministro Luiz Roberto Barroso, aprovou o aborto até o terceiro mês de gestação, para “preservar o direito das mulheres”.

“Ah bom, então, assim sim”, como diria o Chaves. Em pleitos pretéritos quando se discutiu o tema, especialistas debatiam quando começa a vida humana, e, ninguém logrou demostrar que fosse noutro momento, que não, o da concepção. Pois, feito isso, basta o curso do tempo para que a semente se faça um adulto perfeito.

Porém, tivessem perguntado ao Dr. Barroso antes, ele nos teria ensinado que o barro começa a ter forma depois dos três meses apenas, antes não vale nada. Que vergonha alheia!! Os homens de “notório saber” que nos dirigem são dessa estirpe?

Isaías profetizou que os “grandes” seriam pequenos, sinal de maldição por violação da Lei de Deus. “A terra pranteia, se murcha; o mundo enfraquece, murcha; enfraquecem os mais altos do povo da terra. Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido as leis, mudado estatutos, quebrado a aliança eterna.” Is 24;4 e 5

A desobediência civil está à porta, e não poucos, bradam abertamente por intervenção militar, dada a grande indignação que sentem ao serem governadas por gentalha dessa espécie. 

Se, como disse no princípio, há uma confusão entre preço e valor das coisas, cansamos de custear a tão alto preço, as mordomias dessa corja que não vale nada.

Na escuridão das luzes

“Temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, a estrela da alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

Uma tríplice relação com a luz nesse verso de Pedro. Primeiro, as profecias, como luzes num cenário escuro. Depois, o dia, a luz chegada sobre todos, no devido tempo; por fim, a Estrela da Alva aparecendo em corações.

Como os profetas abordavam o porvir, acontecimentos futuros preditos aos seus coevos, eram luzes no escuro, pois, viam o que haveria de ser, com enorme antecedência, segundo a ação do Espírito de Deus que neles atuava.

A figura do dia, evoca um tempo de uma revelação especial e geral de Deus, onde todos podem ver, caso, desejem, malgrado, não sejam videntes, tampouco, profetas. Claro que, sendo esse dia, de caráter espiritual, concorre, nosso arbítrio, nossa vontade.

De modo geral, todos sabem do Evangelho, dos valores ensinados pelo Salvador para ingresso no Reino, arrependimento, perdão, conversão, novo nascimento, a prática da justiça, santidade... Esse conhecimento genérico já basta para que, de posse dele, cada um faça suas escolhas, seja na senda da justiça, seja, no caminho amplo da impiedade. 

Quem escolhe andar na luz, tem sua visão aumentada, por outro lado, os da escolha oposta acabam andando nesse “dia”, como, se noite fosse. Salomão ensinou: “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4;19 por outro lado, dos justos, dissera: “a vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” V 18

Por fim, uma Luz, com a qual temos uma relação afetiva, algo mais que utilitária, nos permitindo ver. A Estrela da Alva nascendo em nossos corações. A Bíblia ensina qual Estrela é essa: “Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a raiz e a geração de Davi, resplandecente estrela da manhã.” Apoc 22;16

Então, os profetas no escuro do pretérito foram luzeiros apontando pra pessoa do Messias; vindo Ele, Expressa Imagem de Deus, o escuro se dissipou, para quem quis ver; nesses, que viram ao Senhor na “Beleza da Santidade”, além de iluminados foram capacitados pelo Espírito Santo, a corresponderem, inda que imperfeitamente, ao Amor de Deus.

A luz espiritual é muito mais que, possibilidade de ver; é um desafio a andar em novidade de vida, segundo essa nova visão, pois, assim, e só assim, andando de acordo com o que aprendemos do Senhor, nossa Luz, a eficácia do que Ele fez na Cruz, se imputa também a nós; João ensina: “Esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, não há nele trevas nenhumas. Se, dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1;5 a 7

O texto diz: “Deus é Luz...” depois, insta conosco para que, andemos na Luz, ou seja, em Deus. Esse glorioso fato vertical, andar em Deus, necessariamente tem consequências horizontais, sobre nossos semelhantes; no caso de irmãos, “comunhão uns com os outros,” em se tratando de pessoas de nosso convívio apenas, nosso modo de vida deve servir para que, os tais, ao apreciarem nosso bom porte em Cristo, inda que, de modo indireto, glorifiquem ao Pai das Luzes. Cristo disse: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;14 a 16
Como, graciosamente recebemos, de graça, igualmente, comunicamos; esse feixe requer fé para que seja ampliado, pois, semear a incredulidade na escuridão, é prerrogativa do Inimigo, não dos servos de Deus. “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;4
Nesse tempo de festejos onde luzes artificiais cobrem tudo como decoração, a vera Luz é negligenciada, Jesus é substituído por um fantoche, a necessária reflexão em Sua Palavra, tolhida pelo mercantilismo doentio, fugaz. 

Quem tem a Estrela da Alva no coração, prescinde de simulacros fúteis circunstantes; quem não A tem, mesmo que faça cascatas de luzes, segue no escuro.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Chapecoense, tragédia na Colômbia

“Tudo tem o seu tempo determinado; há tempo para todo o propósito debaixo do céu... Tempo de chorar...” Ecl 3;1 e 4

Mesmo quem não entende, ou, não gosta de futebol, não ficou, nem poderia ficar, alheio ou indiferente à tragédia que vitimou a delegação da Associação Chapecoense de Futebol, nessa madrugada, na Colômbia. 71 vítimas, tripulação, jogadores, dirigentes, convidados de honra, e, profissionais da imprensa.

Coisas normais no seu labor, disputas, rivalidades, competições, perdem o significado ante o valor infinitamente superior, da vida. Ademais, todos os desportistas do país, certamente tinham à “Chape” como segundo time, sobretudo, nessa hora, em que disputava o maior título de sua história, o primeiro de caráter internacional, de todo o povo catarinense. Era-nos natural torcer para que eles fossem vitoriosos.

Infelizmente, somados acidentes, crimes, doenças, lidamos com um número expressivo de mortes, todos os dias; porém, quando, invés de diluir entre muitos o nefasto peso de sua vinda, a morte resolve concentrar a dor em um grupo assim, uma cidade, uma comunidade de torcedores, anexando ao inesperado trágico a contramão de quem galgava veredas gloriosas antes da dor, nossa consternação vulnera-nos, nossas razões tonteiam, a incompreensão nos toma.

Todos os estádios do mundo, onde houver uma partida oficial nos próximos dias, farão um minuto de silêncio antes de novos jogos, muitos aplaudirão; forma de dizer que a dor deles, é um muito nossa, também. Na verdade, é algo difícil de entender, em nossa natureza, por que, podemos participar com certa facilidade da dor alheia, embora, nem sempre, da alegria. Talvez tenhamos mais jeito pra nos identificarmos em nossas fraquezas, que, em eventuais destaques de dons superiores dados a outrem, não, a nós.

As competições nacionais foram adiadas por uns dias, pois, não faria sentido a alegria de eventuais conquistas, de quem quer que fosse, sobre um cenário de tanta consternação como esse.

Eis uma hora em que as palavras esgotam mui rápido suas parcas possibilidades, ante a imensa lacuna dessa ruptura de sonhos, expectativas... O fim da convivência, dos anseios mais legítimos, se faz de uma eloquência superior, o que põe nossas melhores ideias, nossos melhores discursos, apenas, mudos, ineptos, enfim, nossa impotência ante a gravidade da dor, resulta de uma evidência humilhante.

Nós, que ensinamos coisas espirituais derivadas da Palavra de Deus, não raro, exortamos o que aprendemos do Senhor, sobre a brevidade fugaz da vida, a importância inelutável de estarmos em paz com Deus, para quando nosso tempo findar. Entretanto, nem mesmo nós, que tentamos andar segundo esse modo de ver, cogitamos de um encontro brutal, coletivo, doloroso assim, com a última milha da jornada.

Quem não buscaria no mais fundo de seu relicário, se, houvesse, uma porção inda que pequena de palavras que pudesse de alguma forma, amenizar tamanha dor? Mas, tais não existem. Palavras não ajudam, silêncio não ameniza, empatia, em nada, melhora.

Resta, nos solidarizarmos com os familiares, amigos, torcedores da Chapecoense, e, demais vítimas, o que inexoravelmente não é bondade nossa, antes, identificação, à medida que nos vemos também partícipes da dor, inda que em escala menor, orando para que Deus lhes dê o consolo necessário para suportar uma carga assim, e a força necessária para seguir na senda da vida.

Os gregos, invés da comédia pueril, ou, dos finais felizes artificiais tão comuns em nossa dramaturgia, investiam nas tragédias, nas encenações, cujo clímax, era doloroso, levava a plateia ao choro. Chamavam a isso, catarse, ou seja, purificação. Entendiam, eles, que as almas humanas tendem a ser superficiais, melindrosas de pequenas coisas, e precisam eventualmente, contato com a dura realidade, para que se façam também, mais realistas, ponderadas, sensatas, menos suscetíveis.

Pois, nós que estamos compulsoriamente assistindo a uma tragédia real, de tal magnitude, bem que poderíamos, ao partilharmos um tanto da dor alheia, nos tornarmos um pouco melhores também, pararmos de superdimensionar picuinhas, e nos atermos mais, ao que deveras tem valor, dá sentido à vida.

Seria uma flor entre pedras, se, a eloquência da morte, lograsse, inda que tardiamente, nos guindar de uma existência pueril, a um sentido mais amplo, mais intenso, para o maravilhoso dom, da vida.

Causas serão apontadas, suspeitas levantadas, conclusões apresentadas, mas, nada mudará o fato de que isso será mera formalidade necessária, ações, derivadas da punção de quem fica, inúteis para mudar o que foi.

Nossa sociedade tão ensimesmada, ególatra, a geração selfie, gente que posta suas malcriações jactando-se de não precisar de ninguém para nada, bem poderia, ao aguilhão de tamanha dor, repensar valores, atitudes, escolhas, e se deixar humanizar um pouco mais, em lugar de ser tornar assim, tão máquina.

Eu preciso de tantos... precisaria daqueles 71, vivos, para não estar tão triste. Força Chape!!

domingo, 27 de novembro de 2016

A razão da fé


“... minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se é de Deus, ou, se falo de mim mesmo.” Jo 7;16 e 17

Nunca foi propósito do Senhor, que abraçássemos uma fé cega, como nos acusam alguns, antes, que o façamos providos de entendimento, razão. Desse modo, certo ceticismo, questionamento antes de nossos “améns” sempre será salutar, pois, “crer” a despeito de ignorar, abraçar no escuro, enseja fanatismo, coisa jamais desejada pelo Criador.

Por isso, sempre anexa certos desafios práticos à Sua Palavra, tipo: “Provai e vede que O Senhor é bom;” “Achegai-vos a Deus e Ele se achegará a vós”; “Vinde a mim... Eu vos aliviarei”, etc. Sempre um desafio a uma ação, com promessa da reação Divina, na justa medida.

Óbvio que não devemos esperar, em nosso tempo, provas como as oferecidas no Carmelo, quando, estando o povo “coxeando entre dois pensamentos”, Elias desafiou os profetas de Baal, e O Eterno fez descer fogo dos céus. Era uma coisa pontual. Deus ordenara ao profeta que anunciasse o estio como juízo pela apostasia, depois, que aqueles expusessem as qualidades de seu deus, diante de todos. O Senhor tratava com uma nação, não, um indivíduo.

Então, não nos está proposta uma “Chuva de fogo” como prova, antes, refrigério interior, conhecimento de Deus, mediante a prática de Sua Doutrina. “Se, alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus...”

Entretanto, “o justo viverá da fé”, propõe A Palavra; e, nada mais eficaz como pano sobre o qual bordarmos a fé, que o tempo. Assim, a fé sadia não é aquela que “ordena, determina” e as coisas saem à luz ao comando do guru da vez que conhece como “funciona”; antes, é uma confiança tão inabalável na Palavra, Integridade, Caráter de Deus, que, como Moisés, nos mantém “firmes como quem vê o invisível”.

Se, a paz interior é patrimônio imediato de quem se arrepende, confessa, se converte, começa a mudar de vida, as consequências exteriores podem muito bem ser adversas, normalmente são, pois, a conversão nos faz andar em novidade de vida, o que, necessariamente ensejará ruptura com situações, pessoas, cujo concurso pretérito não faz mais sentido, para a nova criatura.

A celeridade tecnológica ajuda deturpar as coisas, pois, o domínio disso apressa a chegada de muito que anelamos, de modo que se aconselha que textos na NET sejam breves, pois, as pessoas não têm tempo para algo mais denso.

Ora, conforme o tamanho do peixe que se vai pescar, escolhemos o anzol, nylon; se, o intento for que as pessoas passem em revista suas escolhas espirituais, o destino eterno das almas, será necessário um poder de síntese espetacular para dizer o necessário em poucas palavras.

Suprema ironia seria, alguém perder a eternidade, porque, agora, não dispunha de dez minutos para um texto “pesado” como esse, com mais de setecentas palavras. Uma canção antiga, de Arnaud Rodrigues chamada “Índio do Uruguay” trazia: “A vida é de quem corre menos, em busca de mais.” Talvez, seja o caso de pararmos um pouco para pensar.

Pois, a balela de opositores, de que a fé é cega, a “ciência” racional, passa longe da verdade. A “ciência” que se opõe a Deus é falsa, nociva, pois, avançando sobre áreas que não são seu objeto, produz descaminhos, não conhecimento, como a ciência veraz: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos, profanos, às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé...” I Tim 6;20 e 21

Além disso, a fé não é desafiada a exercitar-se num vácuo, tipo, creio em alguma coisa, em algo superior, como se ouve, antes, somos instados a mudarmos nossos pensamentos pelos de Deus; “Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos; os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.” Is 55;9 Feito isso, nossa mente renovada fatalmente desafinará dos valores do mundo, mas, se alinhará Ao Criador, essa é a razão da fé.

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2
Na verdade, a maioria das pessoas que evita a senda da fé não o faz porque seja ilógica, irracional, incompreensível, antes, porque entende que demanda uma cruz, peso que recusa a carregar.

A Fidel o que é de Fidel

“Ao vil nunca mais se chamará liberal; e do avarento nunca mais se dirá que é generoso.” Is 32;5

A dificuldade de chamar às coisas por seus devidos nomes, sobretudo, nos meandros políticos, a falsidade conveniente, comodista, enfim, a hipocrisia, são traços marcantes na marcha do homem caído, divorciado do Criador.

Esses lapsos de moral, verdade, vergonha na cara, ficaram sobremodo evidentes, agora, por ocasião da morte do ditador cubano, Fidel Castro. Com algumas exceções, como Donald Trump, por exemplo, que o definiu como “Um ditador brutal que por quase seis décadas oprimiu seu povo,” a maioria das entrevistas e notas oficiais se esforçaram para colar em Fidel, virtudes que, absolutamente, não possuía. Mesmo Aécio Neves, tratou de dourar a pílula para vergonha de quem, um dia votou nele.

Uma coisa precisa ser clara do ponto de vista cristão: Uma morte é sempre uma morte, e quando se trata de alguém que viveu tão distante dos nossos valores, restam sempre os constrangimentos respeitosos para com a dor de quem, apesar de tudo, tinha laços com o finado, e para com Deus, pois seria contraditório um servo de Deus vibrar com um gol do diabo.

Entretanto, abstraído isso, e visto aquele, pelo que foi em sua vida, morreu tarde, na verdade havia dez anos que estava morto já, não obstante, seu fantasma assombrasse ao povo da ilha ainda, malgrado, a fragilidade pela enfermidade, e os traços da decrepitude.

A Rede Globo esforçou-se para mostrar o “luto” na ilha, esquecendo de considerar que, sempre foi o “braço de ferro”, a imposição da força mediante militares fiéis, a única classe bem assalariada no país, que ele se manteve no poder; assim, como manifestariam seu sentimento assombrados com o temor da repressão brutal que sempre pesou sobre eles? Os cubanos deveras livres, os da Flórida, manifestaram em forma de um carnaval seu “luto”, pois, refugiamos em outro país, estão safos do fantasma tirano, suas garras bélicas e opressoras.

Mesmo sua irmã, Juanita Castro, que vive na América disse que não irá ao seu funeral, tamanha é a mágoa que sente, por ser vítima da opressão também, meramente por divergir politicamente, dele.

Os da linha LGBT que chamam cristãos de homofóbicos, tão somente por discordarem de suas práticas, embora, respeitando seu direito de praticá-las, deveriam estudar melhor os traços pintados por Fidel, e seus comparsas, onde, “el paredón” era a crítica usual contra gente de quem discordavam, fosse, pelas ideias, fosse, pelas práticas, como os gays.

Aquele que um dia pegou em armas pela restauração da democracia, e da liberdade de expressão em seu país, uma vez no poder, nunca mais reconheceu direito à divergência, à vontade legítima de seu povo, tampouco, deu voz a quem ousava discordar dos ideais libertadores de “la revolución”. “Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua.” Platão

Lula lamentou sua morte dizendo que, foi como perder um irmão mais velho. Justiça seja feita, ele está sendo coerente, são mesmo, farinha do mesmo saco. Bem conhecemos esses “socialistas” que tomam a um povo como se fosse seu gado particular, e sentem-se tão protetores, tão indispensáveis, tão deuses, enfim, como se, as migalhas que oferecem como marketing os fazem tão nobres, que confere-lhes o direito de figurar entre os mais ricos do mundo, e continuarem socialistas. Lula rumava pela mesma senda, mas, foi abortado em tempo, então, lamenta com razão a morte de “seu irmão”.

Claro que o fim del “Gran comandante” não basta para que as coisas mudem por lá. Está no poder seu irmão, Raul, com o mesmo aparato ao redor de si, e os mesmos “valores”, que há muito envilecem, oprimem, miserabilizam ao bravo povo cubano. Contudo, pode ser o início do fim da tirania, os alvores de novos tempos surgindo no horizonte da ilha centro-americana.

Lembrei nesse instante de um personagem que era rei, em, “O Pequeno Príncipe” e, que dizia ter direito de exigir obediência de seus súditos, pois, suas ordens eram razoáveis. Disse, por exemplo, que deveria ser desobedecido se ordenasse a alguém que saísse voando como pássaro, pois, estaria pedindo algo contrário às suas possibilidades, à sua natureza.

Pois, bem, esses tiranos de bosta ordenam que, o povo voe, e a maioria se quebra toda tentando, invés de quebrar o trono dos déspotas insanos. “Quando alguém compreende que é contrário à sua dignidade de homem obedecer a leis injustas, nenhuma tirania pode escravizá-lo.” Mahatma Ghandi

Fora os óbvios lamentos de seus alinhados ideológicos, como, Nicolás Maduro, Evo Morales, Rafael Correa, e Lula, no mais, qualquer coisa que visar “melhorar” ao defunto, não passa de tosca hipocrisia. Aqueles alinhados, diga-se, não são hipócritas, são apenas, bostas da mesma latrina.

sábado, 26 de novembro de 2016

Entre a cruz e as pedradas

“Tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé; pois, que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” Atos 14;21 e 22

“Confirmando os ânimos...” parece que havia razões para operar desânimo nos discípulos gerados por Paulo naquela região, de modo que, contra essas, aconselhava, exortava.

Mas, quais seriam as razões? Ora, o próprio Paulo, que operava pelo Espírito de Deus, grandes sinais, sobrevivera a um apedrejamento recém, de modo que, trazia sobre si as marcas, o que, visto pelos discípulos, poderia ser um “marketing” contraproducente, algo a ensejar medo, a fazer desistir. Mas, Paulo os fazia entender que tais coisas eram necessárias para ingressar em algo tão grandioso como O Reino de Deus.

Na verdade, pouco importava o que ele fizesse em termos de sinais, pois, o ódio que cega e atua mediante fanatismo possuía os corações dos judeus que se lhe opunham, de modo que, matá-lo a pedradas lhes era ideia fixa.

Após uma bem sucedida empresa ministerial em Icônio, o apedrejamento foi desejado por seus desafetos; “E havendo um motim, tanto dos judeus quanto dos gentios, com os seus principais, para os insultarem e apedrejarem”. V5

Cientes disso, Paulo e Barnabé fugiram para Listra e Derbe, onde, Deus usou a Paulo para curar um homem coxo. Os nativos boquiabertos os queriam tratar como deuses, o que, Paulo rejeitou veemente, mas, aí chegaram os das pedras, do ódio, da inveja, e dessa vez, fizeram o que queriam, havia muito. “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo, o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.” V 19

O servo de Deus se revelou duro de matar, e mesmo marcado pelas pedradas, seguiu seu trabalho cuidando em amenizar a situação, para que, as chagas de seu corpo não ensejassem outras iguais, nas almas dos que lhe ouviam.

Contudo, deixando esse viés, por ora, outra questão assoma: Por quê, o ódio é tão convincente? Sim, o povo estava prestes a cultuar em louvor a dois “deuses” tal a admiração pelo sinal operado, mas, bastou que chegasse a turma da inveja turbinando o ódio, para que, a mesma multidão se deixasse convencer, e participasse do apedrejamento.

A palavra convencer sugere a ideia de vitória conjunta, vencer, com. Paulo anunciava O Amor de Deus, mediante Cristo, e operava grandes sinais demonstrando isso; era perseguido pelo establishment religioso, cujos traços do Salvador, buscava apagar a todo custo, mesmo que, com sangue, como se viu na tentativa de assassinar ao apóstolo.

Na verdade, o ódio é muito mais fácil de seguir, que o amor. Esse, demanda renúncia, abnegação, empatia, compromisso, verdade; aquele, não tira nada de bom de mim, antes, lança mão de “qualidades” baratas, como inveja, maldade, presunção, fanatismo, de modo que, me faz juiz, em egoísmo doentio, de quem eu discordar; e desse, vítima de minha “justiça”. Não preciso abdicar de nada, antes, ao seu motor posso dar vazão aos meus instintos mais primitivos, mais bárbaros, de modo que, às almas por ele possuídas, chega a ter certa doçura.

Assim, às muitas tribulações externas aventadas por Paulo para ingresso no Reino, estão anexas também essas maldades internas, que são nossas, como primeiro front de luta caso ousemos crer de modo a buscarmos conversão. “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome a cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23 é o desafio do Salvador.

Em suma, o chamamento do ódio me instiga a mandar pedradas em coisas que presumo, erros alheios; o do amor, a mortificar na cruz, as coisas que Deus declarar más, e habitam em mim. O ódio, pois, é mais fácil, por enfrentar a outrem com a mentira; o amor, mais duro, pois, careço enfrentar a mim mesmo, com a verdade. Óbvio que dói menos atirar pedras em outrem, que submeter-me à cruz.

Embora o seguimento calvinista insista que Deus faz tudo sozinho quando, salva-nos, nem seríamos arbitrários, apenas, eleitos, na verdade, opera por nos convencer, mediante O Bendito Espírito Santo; naqueles que convence, vence com; salva. “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16;8

Convencido que minhas “qualidades” são pecado diante de Deus; que, a justiça Dele se cumpre em Cristo, e que, não me abrigando à Sua sombra serei réu, sou, pelo Mesmo Espírito, encorajado e capacitado a corresponder ao Amor de Deus.

A ação do Espírito, não me adestra para pedradas, antes, arrependimento. O fogo do ódio, do fanatismo, arde apenas por calor, destruição; o do Espírito Santo, por luz, edificação.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Refinados gatunos

O Site, “O Antagonista” definiu ao o PMDB como sendo “O PT com mesóclise”. Sem dúvida, é um maravilhoso poder de síntese.

Mesóclise é um jeito de escrever, falar, usando palavras compostas pelo radical, um pronome oblíquo e desinência, um tanto em desuso, atualmente, mas, que requer certa cultura, algum domínio do idioma. 

Por exemplo: Instruir-te-ei, esperar-vos-ei, dar-vos-á, separar-se-ão, etc. Assim, o que disseram eles, foi, que o PMDB tem mais cultura que o PT, e, o mesmo caráter, o mesmo grau de corrupção. Isso, absolutamente, não basta para fazer as viúvas do “golpe” terem razão.

Não obstante, ter havido o impeachment, nem de perto houve uma guinada à direita, um assalto ao poder pelas “elites” pela “burguesia”, como quiseram fazer parecer alguns canhotos. Temer era o vice do PT, então, se eles se aliaram, das duas uma: Ou, o PT era tão ávido pelo poder que não se importava em “dormir com o inimigo”, ou, é mesmo, tudo, farinha do mesmo saco. Os fatos indicam a alternativa B.

O incidente em que Geddel Vieira Lima teria pressionado ao Ministro da Cultura, Alexandre Calero, não obstante ter culminado na saída de ambos, por escrúpulos de Calero, e conveniências circunstanciais de Geddel Lima, diga-se, é pequena amostra do pano, do tipo de “estadistas” de homens públicos que nos governam.

Claro que, nada consegue ser mais ruim que a esquerda, representada pelo PT, pois, além da incompetência, da corrupção, inda são falsos democratas, pois, só reconhecem a democracia com eles no poder, o resto, é falso, é “golpe”.

Assim, instrumentalizaram empresas estatais, escolas, manipularam a educação de forma tal, que as “ocupações” contra a “PEC 241” mostraram ainda raízes do câncer comunista que foi plantado em nosso sistema educacional. 

Um monte de imbecis, úteis, fizeram, do discurso hipócrita de “defender a educação” uma imposição de minorias, com fins rasos, politiqueiros, o que, agora, para recuperar o tempo perdido, está comprometendo às férias dos professores, e da maioria de alunos que era contrária às invasões, e terá que pagar juntamente, pelo desregramento dos “esclarecidos políticos” aqueles. 

Desse modo, a imposição do anelo de minorias truculentas, à maioria, nunca é do jogo democrático, pois, as regras desse jogo normalmente contam votos, para estabelecimento da vontade majoritária no poder, não, o contrário.

Pior, alguns, sem a mínima decência, vergonha na cara, invés de reconhecer o fruto de seus treze anos de poder, acusam adversários pela crise, a que, sua corrupção e incompetência arrastou o país.

Sabemos que a corrupção é um mal que grassa entre todos os partidos, o que, dificulta que tenhamos um, que seja nosso favorito ao poder, na eleição vindoura. Muitos eleitores manifestam seu descontentamento com a classe elegendo “não políticos”; João Dória, ou, Donald Trump, como fizeram, eleitores paulistanos e americanos, respectivamente.

Entretanto, não existem não políticos, todos o somos, em determinado grau. O que existe, são pessoas que, não tendo ainda atuado diretamente na política, por alguma razão decidem faze-lo, o que não é, absolutamente, sinal que as coisas mudarão, da água pro vinho, como sonham alguns; as virgens deixam de ser, um dia, e a vida segue. Podem casar, seguir solteiras, virarem prostitutas...

Do meu mirante, constato a falência moral, espiritual do ser humano; é bem mais profundo que sistemas, ideologias, partidos, esse, ou, aquele. Onde a “matéria-prima” for o homem, com os valores atuais, haverá decepções, corrupção, mentira, falsidade... Dizem que o tempo logra verter carvão em diamante, mas, isso levaria tanto tempo, que é mais uma crença que, uma constatação científica. Nossos carvões seguirão sujando.

Projetos de lei que visam reajustar aos próprios salários, os políticos aprovam de supetão, numa sessão apenas, geralmente, a toque de caixa, às vésperas de um feriadão, para evadir-se, tanto quanto, possível, às críticas da opinião pública. Porém, se a coisa visa tolher à corrupção, como as famosas “dez medidas”, aí, uma lesma vira Usain Bolt, comparada à celeridade com que a coisa anda. Em suma, não anda.

Assim, os apaixonados políticos que saem agarrados com unhas e dentes a certas bandeiras, e, defendem determinadas vertentes, ou, de “tais águas” bebem alguma, ou, não passam de gado marcado, gente acrítica, imbecis úteis usados por manipuladores, traidores de si mesmos.


Infelizmente, a imensa maioria de nossos congressistas parece viver num lupanar disfarçados de vestais. Sempre tem um pedido de vistas, uma emenda, uma falta de quórum, de modo que, aquela casa de tolerância está mais às voltas com a própria sobrevivência, que, ocupada, como deveria, em melhor legislar pelo bem da nação. 

Oposição, só se o povo sai às ruas, no mais, cumplicidade. Cultura sem caráter não melhora o homem, antes, piora. Pelo menos, diplomas dão direito a prisão especial.