domingo, 30 de junho de 2024

As ilhas


“... Porque a vossa benignidade é como a nuvem da manhã, como o orvalho da madrugada, que cedo passa.” Os 6;4

A “veia obediente” daqueles era mui breve, durava um momento. Uma vez que nos chama à eternidade, pretende, O Eterno, que nossa relação seja perene; “Em todo tempo sejam alvas tuas roupas, nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

Não que O Senhor requeira, santidade full time. O que Ele espera é compromisso integral. Que, quando errarmos, tenhamos isso bem claro, não o façamos “sem culpa”, como fazíamos antes de termos relação com Ele; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 

Antes que alguém se apresse a defender as vantagens daquela “liberdade”, a questão: “Que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” V 21

Em Cristo somos livres para obedecer, andar conforme Sua Palavra, para o que, somos capacitados por Ele mesmo; “a todos quantos O receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12

Fazer o que quiser não é ser livre, antes, ser servo dos desejos de inspiração maligna; nossa natureza caída se opõe a Deus e Sua vontade. A liberdade pressupõe limites, uma vez que, me restringe ao meu “quadrado”; no do semelhante, a gestão é dele. Como no trânsito, todos são livres para ir e vir, conforme as regras.

Então, mesmo que nossa retidão não consiga ser integral, dadas as más inclinações, nosso compromisso com O Senhor deve ser pleno; nossas vidas são Dele.

Eventualmente, um famoso, mais comprometido com álcool que com Deus, em meio ao show tem um insight; para suas canções animadoras dos vícios e profere três ou quatro frases com cacoetes espirituais, para delírio da galera que o aplaude efusivamente; essas gotas de orvalho não deveriam confundir ninguém. Guardar 23,59 horas do seu dia, para viver à sua ímpia maneira, depois, reservar um “ganchinho” para decorar a própria popularidade com um souvenir “espiritual” é hipocrisia.

Se falasse e vivesse algo, devidamente espiritual, provavelmente seria vaiado.
A vida com Deus não é a permissão religiosa para singrarmos num mar de lama, e oportunamente ancorarmos em ilhotas “espirituais” em demanda por aplauso dos colegas de navegação.

Antes, é coragem concedida pelo Senhor, de dizer não, a esse sistema falido, confrontando seus valores inversos, em defesa da imutável Palavra da Vida.

Quando fazemos isso, não eclodem assovios, aplausos, interjeições de admiração. No melhor cenário encontraremos compunção, tristeza; no pior, seremos vaiados, xingados, rejeitados. O aplauso do mundo é a exposição do mundano paladar, não, do Divino. “... Vós sois os que justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações, porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.” Luc 16;15

Isso, aos religiosos da época, que, naquela sociedade eram tidos como próceres espirituais.

Dizem que o avestruz é um animal tão estúpido que come qualquer coisa que achar, um relógio até, pode confundir com alimento. Se faz isso, não sei; mas A Palavra de Deus ensina que foi privado de sabedoria, incapaz de cuidar dos próprios ovos que bota;

“Ela deixa seus ovos na terra, os aquenta no pó, se esquece de que algum pé os pode pisar, ou que os animais do campo os podem calcar. Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; debalde é seu trabalho, mas ela está sem temor, porque Deus a privou de sabedoria, não lhe deu entendimento.” Jó 39;14 a 17

Ao homem foi dada a capacidade de aprender; a estupidez que deriva da rejeição a Deus e Seus valores, não é uma ignorância inocente, antes uma escolha culpada. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7

Quisera, esses, quando aportam nas suas breves ilhotas, tivessem um lampejo de luz espiritual, para vislumbrarem deveras, como as coisas são! quão urgente é, abraçar à salvação! Mas, em geral sai o “sol”, o orvalho some.

A primeira coisa que precisa aprender, quem desejar excursionar nos domínios de Cristo, é que ser Dele é um desafiador compromisso, sem menor possibilidade de decorarmos vitrines para consumo externo.

Conversão nos leva a olharmos para dentro para nos lavarmos; a natureza joga para a “torcida” demandando aplausos. O primeiro passo é grave; “Negue a si mesmo;” o segundo, “suicida!” "Tome sua cruz e siga-me”.

Nenhum tipo de brilho foi posto na cruz; apenas vergonha. Porém, benditas consequências, uma vez recebida. “... a coroa da justiça... o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; não somente a mim, mas a todos que amarem Sua vinda.” II Tim 4;8

Ilusionistas


“O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro, com ponta de diamante, gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos vossos altares.” Jr 17;1

Escritos em relevo; tanto o baixo, quanto o alto, podem ser lidos ao tato. Uma espécie de “Braille” mais antigo.

O fato dessa escrita estar gravada nas tábuas do coração é uma figura para a consciência culpada, de quem, recusava ver suas errôneas escolhas, demasiado evidentes, para que pudessem ser ignoradas.

Paulo aludiu a um “tato” espiritual que poderia encontrar a Deus, caso fizesse uma leitura honesta. Ensinou que O Criador limitou os homens no tempo e no espaço, “... para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, O pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;27

Há tênues aprovações e reprovações nas consciências, que, mesmo quem não aprendeu dos Divinos preceitos, se atentar a elas, pode agir de modo correto: “Porque, quando os gentios, que não têm Lei, fazem naturalmente as coisas que são da Lei, não tendo eles Lei, para si mesmos são Lei; os quais mostram a obra da Lei escrita em seus corações, testificando juntamente, sua consciência, e seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os.” Rom 2;14 e 15 Fragmentos do homem original, que apontam o que O Eterno aprova, e vetam o que Ele reprova.

Quando são nossos pecados, não a Deus, que nosso dom táctil percebe, isso significa que, já o conhecemos, sabemos ainda que em parte, Seus preceitos, e identificamos que nosso agir fica aquém deles. Tanto que, os pecados daqueles, além de estar gravado nas tábuas do coração, também estava nas “pontas dos seus altares.” Evidências de um culto hipócrita, de quem recusando-se à obediência, tentava “compensar” com oferendas.

Pois, altares eram locais de culto. Nesses, além de eventual adoração, se buscava o perdão para os pecados.

Quando, um lugar destinado à remissão, se torna um ambiente de pecado, implica que, alguma coisa está poluindo o culto, profanando o que deveria ser santo. A intenção impura, bem como o erro premeditado, fiado na Divina misericórdia, profanam aos cultos; assim, os altares onde deveria manar a remissão se fazem apenas testemunhas de novos pecados.

A figura do ponteiro de ferro gravando erros, também alude à resiliência na maldade; à hipocrisia estabelecida, de quem se recusa a mudar.

Não por acaso, no mesmo contexto, alguns versos adiante o profeta traz: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Quando nos “firmamos” em nossas espertezas religiosas, não mais alinhando nosso coração ao do Senhor, deixamos a possibilidade venturosa de paz com Deus, descendo para a masmorra da maldição.

“... faz da carne seu braço...” Isso, mesmo em ambientes de cultos. Se, a mínima desobediência a Deus arbitrar, teremos as digitais da carne, onde deveria gerir, O Espírito. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

O traço primeiro da maldição é a secura espiritual, associada à cegueira; “Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável.” Jr 17;6

Desgraçadamente, a maldade enseja uma cegueira seletiva: “... não verá quando vem o bem...” pois, para o mal, os que confiam no próprio braço, onde deveriam fazê-lo, no Senhor, costumam enxergar mui longe.

O que o canhoto, que os domina, busca cegar, é o caminho que conduz a Deus; o demais, deixa ver, estimula até; “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Pois, atualmente a coisa “progrediu” muito, infelizmente. Os cultos vazios de Deus, plenos de pantomimas paralelas que furtam à Palavra do Santo, grassam por toda parte, infelizmente. Cenários e artifícios, distraem às sonolentas plateias, e os magos empurram seus ilusionismos baratos.

Ministros mercenários, egoístas; invés de dispostos ao confronto em defesa da verdade, na maioria das vezes, traficantes de entorpecentes espirituais, distribuidores de “calmantes” mentirosos, por falta de ousadia e honestidade para denunciar pecados.

No mesmo contexto, ainda, Jeremias mostra o lado da moeda que nos convém; “Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.” Vs 7 e 8

sábado, 29 de junho de 2024

Dias maus


“Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;” Ecl 12;1

Não seria mais fácil, alguém “dedicar-se” a Deus nos seus dias maus, que nos bons? A coerência coloca uma pulga atrás da orelha, um questionamento se, privados pelo tempo, do melhor dos nossos dons, não nos aproximaríamos de Deus, de modo casuísta, oportuno, numa demanda egoísta por socorro, não, por desejo de servir.

Se, no auge de nossa força nos entregarmos à dissolução, como o filho pródigo, não significa que O Pai baterá a porta na nossa cara, voltando-nos, arrependidos, para Ele. Antes, receberá ao suplicante, como fez o pai daquele. Para o amor Divino, salvar alguém “nos acréscimos” como fez com o ladrão na cruz, faz parte do Seu Bendito Ser; Deus É Amor. Como as obras não contam para salvação, mas a fé no Feito de Cristo, quem crê, de coração, mesmo que, no último instante, será salvo.

O questionável é se, tendo alguém vivido na esbórnia nos dias de sua juventude, endurecido o coração no tocante a Deus, entortado a “boca” da alma com o “cachimbo” dos vícios, nos dias em que não tiver mais esse contentamento, volte-se para uma direção que sempre desprezou.

Há uma tendência para certa repetição, nas coisas naturais. “Nasce o sol e se põe, apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu. O vento vai para o sul, faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos. Todos os rios vão para o mar, contudo, o mar não se enche; ao lugar para onde os rios vão, para ali tornam a correr.” Ecl 1;5 a 7

O aprendido em tenra idade se torna parte do ser que acompanha aos dias futuros; “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13;23

Há urgente importância de sermos dirigidos nas veredas da virtude desde a infância, para que isso molde-nos, para os dias maduros; “Instrui o menino no caminho em que deve andar; até quando envelhecer, não se desviará dele.” Prov 22;6

Se, de coração tenro, alguém foi avesso aos clamores do Divino amor, quando o mesmo coração estiver endurecido, petrificado pela resiliência nos pecados, é pouco provável que se deixe encontrar. Para nosso hipotético pródigo, os dias maus tendem a ser muito maus.

Infelizmente não são todos que têm oportunidade de encontrarem-se com Deus, na juventude. Nessa enganosa idade, tudo parece fácil; quanto mais desafiador, melhor. Tanta adrenalina a pulsar, por que “perder tempo” com exercícios espirituais?

O pensador “tirou as cordas dos jovens; depois, advertiu-os do risco de serem “livres”; “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, recreie-se teu coração nos dias da tua mocidade, anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Inegável, que vivemos um tempo de parcas referências espirituais; há mais mercenários, egoístas, que servos de Deus de testemunhos exemplares no horizonte comum. Toda hora um “famoso”, pregador, cantor, é exposto em seu viver miserável, onde, como Esaú, trocou sua “primogenitura” a intimidade com Deus, por um prato de “lentilhas”, a punção dos apetites rasos deveria ter sido tratada na cruz, não, na alcova.

Se, dentre dez expoentes, sete tiverem um bom andar, e três, causarem escândalo, esses três serão “apreciados” enquanto os outros, esquecidos; quando não, medidos com a mesma régua que os que desonraram a sublime chamada ministerial.

Assim como, cada um particular tem seus “dias maus”, tempo em que fraquejam os sentidos físicos, a Igreja também os tem, pela desordenada infiltração de gente indigna que emporcalha às coisas santas.

Paulo advertiu: “nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites que de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando sua eficácia. Destes afasta-te.” II Tim 3;1 a 5

Conversões genuínas são pouco encontráveis, infelizmente. Quem lembrou do Criador em tempo, fez na própria alma, o “bom depósito”, vive seu “albinismo”, rejeitado, mesmo nos ambientes “santos”.

A tendência dos jovens é buscar prazeres naturais. Quem ainda ousar nas coisas espirituais, descobrirá prazeres que escapam à carne, de origem sobrenatural. Invés de se incomodar com o tédio, exercitará sua “radicalidade” na escalada rumo à santificação. “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme Tua Palavra.” Sal 119;9

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Os fiéis e os oportunistas


“Filho do homem, estes homens levantaram seus ídolos nos seus corações, o tropeço da sua maldade puseram diante da sua face; devo Eu, de alguma maneira ser interrogado por eles?” Ez 14;3

Viviam cultuando aos ídolos da sua predileção, alienados do Eterno e Seus preceitos. Todavia, em momentos de crise, de ameaças contra o sossego, pretendiam vir ao profeta do Senhor, então, Ezequiel, e através dele, consultarem ao Eterno sobre suas ansiedades.

O Senhor falou as palavras acima, deixando ver que, Ele não se deixa usar assim, pela maldade e o cinismo de gente espiritualmente obscena. Em horas amenas, cada um segue do seu jeito, alheio a Mim; em tempos de angústia pretendem que Eu lhes sirva por defesa?

Sempre foi assim, infelizmente. No usufruto de saúde, poder, fazem as coisas como lhe dão na telha; em momentos de enfermidade mortal, infortúnio, “Deus”. Hugo Chavez, o finado ditador venezuelano fazia e acontecia contra vidas e direitos alheios de quem se lhe opunha; visitado por um câncer mortal, se dizia, “convalesciendo con Cristo.” Se tivesse vivido com ele, certamente teria Sua ajuda.

Mesmo que morresse, o faria em paz com Ele e com os semelhantes. Não foi o caso.

Nós que tentamos reparar o telhado em dias de tempo bom, somos tidos por fanáticos, fundamentalistas, quando não, expositores de discursos de ódio. Afinal, Deus seria como um pneu reserva, para emergências apenas; será? Em horas de calmaria, por que perturbar às pessoas, com nossa mania de levar A Palavra, tão a sério?

O Criador pretende ser mais que lenitivo nas horas difíceis; “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 8

“Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha, dirigir os seus passos.” Jr 10;23

Ainda que Ele seja, “socorro bem presente nas angústias”, pretende estar presente em nossas horas de paz. Quem O “teme” apenas nas emergências, não O conhece. De Levi, O Senhor disse: “Minha Aliança com ele foi de vida e paz; Eu as dei para que temesse; então temeu-me, assombrou-se por causa do Meu Nome.” Ml 2;5 Não careceu uma enfermidade, uma calamidade para que temesse ao Eterno. O Santo Nome bastou.

Os ensinos do Eterno são diretrizes para pautar nosso viver, em todos os dias; sejam ensolarados ou, tempestuosos. Quem devaneia com uma relação “utilitária”, engana a si mesmo, privando-se dos cuidados amorosos do Pai; por sua aversão à disciplina, que visa “compensar” com religiosidade cínica e oportuna, nos seus momentos soturnos.

Deus, malgrado seja Criador, e de nada careça, porque nos ama, toma iniciativa em nos buscar mediante Sua Palavra. “A sabedoria clama lá fora; pelas ruas levanta sua voz. Nas esquinas movimentadas ela brada; nas entradas das portas, nas cidades profere suas palavras: Até quando, ó simples, amareis a simplicidade? Vós escarnecedores, desejareis o escárnio? Vós insensatos, odiareis o conhecimento?” Prov 1;20 a 22

Esse “até quando” busca pelo termo da loucura humana; Einstein dizia: “Duas coisas são infinitas; o universo e a estupidez humana; não estou muito certo, quanto ao universo.”

Embora, a longanimidade Divina, a Santa Paciência uma hora se cansa de chamar os errados ao arrependimento; “... porque clamei e recusastes; estendi Minha Mão e não houve quem desse atenção, antes rejeitastes todo Meu conselho, não quisestes a minha repreensão, também de Minha parte rirei na vossa perdição e zombarei vindo vosso temor. Vindo o vosso temor como a assolação, e vossa perdição como uma tormenta, sobrevirá a vós aperto e angústia. Então clamarão a Mim, mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, porém não Me acharão.” Prov 1;24 a 28

Assim, voltamos ao caso dos oportunistas dos dias de Ezequiel. Sua alienação nas horas de calmaria, os colocava alheios, em seus pretensos clamores, nas angústias.

Não significa que o fiel não sofra enfermidades, calamidades, etc. Está sujeito às mesmas coisas que todos. Mas, por ter uma relação sadia com O Criador, certamente terá o socorro Nele, seja para o sarar, seja, para permitir repousar em paz. Há casos em que a morte é mais desejável que a cura; Deus, que sabe todas as coisas, certamente escolhe o melhor para os Seus.

Leva a liberdade humana às últimas consequências; permite que cada um creia, expresse, o que quiser. Porém, quando as consequências das escolhas forem danosas, deixa que as recebamos também.

Ama a pureza. Misturas religiosas estão fora do Seu conselho; “... Preparai para vós o campo de lavoura, não semeeis entre espinhos.” Jr 4;3

quinta-feira, 27 de junho de 2024

As Alianças


“Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei.” Gn 12;1
“... Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus.” Mat 3;2

Na primeira abordagem, a chamada a Abrão, para que deixasse tudo, indo após Deus, a uma terra que Ele lhe mostraria. Embora, fosse O Eterno a chamar, se tratava de assuntos da terra. O Criador anelava criar aqui, um povo para Si que lhe fosse propriedade peculiar, e O representasse diante dos demais. “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes Minha Voz e guardardes Minha Aliança, então sereis Minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda Terra é Minha.” Ex 19;5

Isso foi dito algumas gerações adiante ao povo que derivara da promessa Divina a Abrão, que teve seu nome mudado para Abraão, porque, vocacionado em Deus, e ser pai de muitos povos.

Mateus apresentou um rol de gerações dede Abraão, até chegar a José, pai adotivo de Jesus Cristo. Resumiu sua lista assim: “De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; de Davi até a deportação para a babilônia, catorze gerações; da deportação para Babilônia até Cristo, catorze gerações.” Mat 1;17

Através de Jesus Cristo, enfim, foi cumprida a promessa de muitos povos descendendo de Abraão. Uma descendência, agora, espiritual. Paulo ensina: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o Evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão.” Gál 3;8 e 9

Adiante, explica: “As promessas foram feitas a Abraão e sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: À tua descendência, que é Cristo.” V 16

Se, a chamada a Abrão, atinava a estabelecer uma nação sobre a terra, a mensagem de Cristo, desde Seu precursor, João Batista, atina para um alvo mais alto; “Arrependei-vos porque é chegado O Reino dos Céus!”

O povo eleito recusou-se a produzir os frutos que O Eterno desejava. Isaías alegorizou: “Que mais se podia fazer à Minha vinha, que Eu não tenha feito? Por que, esperando que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Is 5;4

Depois, explicou: “A vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá são a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis aqui opressão; justiça, eis aqui clamor.” V 7

Certamente, num contraponto Divino à videira degenerada, O Salvador disse: “Eu Sou a videira verdadeira, Meu Pai É O Lavrador. Toda a vara em Mim, que não dá fruto, tira; limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais.” Jo 15;1 e 2

Inegável que, o “povo eleito”, são os hebreus, descendentes de Abraão. Mas, ante a superioridade do elo espiritual sobre o carnal, esse, perde relevância em função daquele, como disse com duro linguajar, João Batista: “Não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque Eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão.” Mat 3;9

Se eles, na Antiga Aliança tiveram o privilégio e a reponsabilidade de representar Deus, em Cristo, essas coisas pertencem a todos. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para Sua maravilhosa luz; vós, que noutro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.” I Ped 2;9 e 10

Se aqueles, produzindo frutos indesejáveis a Deus, foram rejeitados, mesmo como menos informações, e sem o auxílio do Espírito Santo, que temos, como será conosco, caso, caiamos no mesmo erro? “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada. Mas de vós, ó amados, esperamos coisas melhores, coisas que acompanham a salvação, ainda que assim falamos.” Heb 6;7 a 9

A questão à qual devemos responder, inquieta: “Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que ouviram?” Heb 2;2 e 3

“Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos Daquele que É dos Céus;” Heb 12;25

terça-feira, 25 de junho de 2024

A dor de viver


“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;” II Cor 4;17

Quais foram os sofrimentos de Paulo por amor a Cristo, aos quais, chamou de leve e momentânea tribulação? Um pouco, narrou:

“Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, de salteadores, dos da minha nação, dos gentios, na cidade, no deserto, no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes; fome, sede, jejum muitas vezes, frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.” Cap 11;24 a 28

Tendo sofrido essas coisas, valorou-as como leve e momentânea tribulação; no verso seguinte explicou: “Não atentando nós nas coisas que se vê, mas nas que se não vê; porque as que se vê são temporais, as que se não vê são eternas.” V 18

Vendo nossas dores apenas da perspectiva terrena, duvidaremos da sapiência de servirmos a Jesus Cristo. Dado que, os que levam as vidas às suas errôneas maneiras, eventualmente, não sofrem nada semelhante.

A sina dos maus, em geral parece muito melhor que a nossa. Coisa que observou Asafe; “Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como de adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais do que o coração poderia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os Céus, suas línguas andam pela terra.” Sal 73;5 a 9

Chegou a cogitar que preservar-se na pureza tivesse sido má escolha; “Na verdade que em vão tenho purificado meu coração; lavei minhas mãos na inocência. Pois todo dia tenho sido afligido, castigado cada manhã.” Vs 13 e 14
Depois, refez: “Se eu dissesse: Falarei assim; eis que ofenderia a geração de Teus filhos.” V 15

Então, fez a leitura correta de como toda aquela prosperidade e opulência arrogantes eram efêmeras. “Até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente Tu os puseste em lugares escorregadios; Tu os lanças em destruição. Como caem na desolação, quase num momento! Ficam totalmente consumidos de terrores.” Vs 17 a 19

Ninguém consegue fazer uma leitura acurada do propósito da vida, sem entrar no Santuário de Deus.

As dores necessárias para quem abraça a santidade num mundo que prefere o pecado, podem ser aquilatadas como “breve e momentânea tribulação,” porque são vistas tendo a eternidade como “pano de fundo”. Quem não consegue ir além do imanente, achará qualquer, frustração, mera, pontual, um sofrimento muito grande.

Por isso Paulo aconselha a “atentarmos para as coisas que não se vê”, pois, em contraponto com elas, nossas dores, por grandes que sejam, se nos mostrarão com um peso bem menor. Na eternidade nossa riqueza nos espera: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

A maturidade espiritual não prescreve que neguemos as dores que sentimos, tampouco, sejamos insensíveis à dor do próximo. Apenas, ampliando o horizonte do nosso ponto-de-vista, os dias de dores empalidecem ao gozo que está proposto.

Há uma qualidade didática nas dores, para nosso aperfeiçoamento, tanto que, O Senhor prefere passar por elas conosco, a livrar-nos; “Quando passares pelas águas estarei contigo, quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Is 43;2

Enfim, vida eterna, diferente do que possa pensar alguém desavisado, não é uma dádiva que receberemos após a morte; é um modo de viver a nós prescrito, que deve começar agora, ainda na fragilidade da vida terrena; “Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas.” I Tim 6;12

Tem sua dieta peculiar: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

Sua academia: “... exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4;7 e 8

Dores são inevitáveis, mas, produzirão um “peso de glória excelente”. Vida sem sofrimento, não é, necessariamente, vitoriosa; pode ser a oposição ninando nosso berço, para que sigamos dormindo. “A calmaria que te faz dormir, é mais perigosa que a tormenta que te mantém acordado.”

domingo, 23 de junho de 2024

A excelência da força


“Corroborados em toda fortaleza, segundo a força da Sua Glória, em toda a paciência, e longanimidade com gozo;” Col 1;11

Paulo escrevendo aos cristãos de Colossos, entre outras coisas, desejando essas. Que eles fossem confirmados em toda fortaleza, segundo a força da Glória de Deus.

Em geral, pensamos em força como a aptidão para fazer as coisas difíceis, que escapam aos fracos; não é errada essa ideia. Entretanto, para entendermos quais são as que nos são demandadas, precisamos algo que vai além de força; luz espiritual.

É mais difícil dominar-se, que exercitar-se em mansidão, crucificar às próprias paixões, que dominar outros. “Melhor é o que tarda em irar-se que o poderoso; o que controla seu ânimo, que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32

Soren Kirkegaard, o filósofo dinamarquês versou sobre dominar a muitos: “Para dominar às multidões - disse - basta conhecer as paixões humanas, certo talento e boa dose de mentiras.” 

Para ser mentiroso com conhecimento sobre as inclinações naturais, não é preciso força; com um reles talento para o engano, qualquer um arrebanha muitos; como a realidade mostra, infelizmente. Há tantos patifes que eu não receberia em minha casa, que montam verdadeiros impérios apenas com esses “dons.”

Qual tipo de força, O Senhor, através de Paulo, estava requerendo? “... a força da Sua Glória em toda paciência, e longanimidade com gozo.” Ora, a força da paciência é a capacidade de suportar; não, de fazer acontecer. A longanimidade é um paralelismo; desdobramento da mesma ideia.

Deus espera muito pela mudança dos errados de espírito; embora essa espera não perdure indefinidamente. “Estas coisas tens feito, e Me calei; pensavas que era tal como tu, mas Eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21 Isso contra um, que, fazendo menção de Deus, escondia muitos “esqueletos” no armário. Vivia à sua ímpia maneira, achando que o silêncio Divino significava aprovação.

O Senhor nos capacita à paciência, para que lhe sejamos imitadores. “Sede vós pois, perfeitos, como É Perfeito vosso Pai que está nos Céus.” Mat 5;48

Por isso, Paulo encorajou-nos a fazer como ele; “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.” I Cor 11;1

No âmbito espiritual as coisas não se desdobram como no aparente. Eventualmente, lutamos quando parece que fugimos à luta. Um dos ladrões crucificados ao lado do Senhor desejava que Ele mostrasse Seu poder, descendo da cruz, e os tirando também. Essa seria, para ele, a demonstração cabal da Força de Jesus. Aos Olhos de Deus, levar a Sua Vontade até às últimas consequências, no caso, à morte, foi a excelência, a Vitória Maiúscula do Salvador.

Aos mesmos colossenses, Paulo interpretou o significado da “não resistência” de Jesus Cristo. “Despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em Si mesmo.” Col 2;15 

A “filosofia” do Capeta, exposta no caso de Jó: “Pele por pele, tudo que homem tem, dará pela sua vida”, Jó 2;4 Foi desmentida, quando, O Filho do Homem deu Sua Vida pela observância da Vontade de Deus. Eis uma força, até então, desconhecida!

O problema que confunde aos obtusos, é que desejam nos ver lutando segundo a carne, quando o estamos fazendo, em espírito. Pois, “O homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” I Cor 2;14 e 15

Paulo aconselhou aos irmãos colossenses, pois, que sofressem o necessário por amor ao Senhor, “... com gozo.” 

Não se trata de masoquismo; que tenhamos algum prazer com a dor. Antes, que devemos ter em mente, quão honroso é, sofrermos pela nossa identificação com O Homem de Dores, que sofreu por nós; como fizeram os apóstolos quando açoitados por isso. “Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo Nome de Jesus.” Atos 5;41

Se a resiliência deles em defesa da verdade provocou a fúria da oposição, isso significava que estavam no caminho certo. Pedro aconselhou que imitemos àquelas pisadas: “Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.” I Ped 2;19

Invés da capacidade para vingarmos uma injustiça, sofrermos à mesma, sem permitirmos que nossa confiança no Justo Juiz seja abalada; eis a força que nos foi dada, na qual, devemos nos exercitar!

Enfim, “cristãos” que “não levam desaforos para casa”, certamente precisam avaliar com honestidade, para ver se Cristo está nas suas casas. Se Ele, tão esplêndido, não aparecer no seu modo de agir, talvez nem esteja; pois, “... não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14

sábado, 22 de junho de 2024

Quem tem olhos, ouça!


“Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas O Senhor pesa o espírito.” Prov 16;2

Dois pontos distintos de aferição; os olhos do próprio homem, e o espírito, ao apreço Divino. O fato da segunda parte começar com um, “mas”, já implica que a “pureza” vista na primeira, carece ser revista.

Tendemos a ser lenientes conosco, dando às nossas vontades um peso de legitimidade, justiça. O Eterno não sofre ataques das paixões como nós; vê as coisas exatamente como são.

Por isso, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal.” Prov 3;5 a 7

Através de Jeremias, denunciou: “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo seus caminhos, segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;9 e 10

Quando escuto alguém aconselhando que se faça algo com todo coração, eventualmente penso: Que tipo de coração? Sinceridade não basta; carecemos pureza de motivação.

Outrora alguém versou, meio que, em tom de ironia, “Me engana que eu gosto”, a rigor, fez uma confissão sincera. Assim é o homem natural. Prefere o engano “saboroso”, ao encontro com o veraz, que atina à justiça, mais que ao paladar.

Ao filosofar nos botecos da vida, que “as aparências enganam”, o ser humano está tentando diluir sua responsabilidade. A vontade divorciada do Divino querer nos trapaceia. Mesmo assim, não raro, preferimos essa, como se o fato de algo nos parecer aprazível, e “ter” que ser verdade, o tornasse verdadeiro. Nesse caso, o ser humano engana a si mesmo.

Então, quando A Palavra concede, meio irônica, que andemos secundando às escolhas dos olhos, depois adverte que os espíritos serão “pesados”. “... anda pelos caminhos do teu coração, pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo.” Ecl 11;9

Pelo engano precisar vistosos carros alegóricos, deveria ser bastante para fazer o homem prudente desconfiar. “quando a promessa é demais, - dizem – o santo desconfia.” Pena que tantos “santos” mergulhem, fiados pelo próprio desejo a despeito da falta de idoneidade de quem as faz.

Dessa doença a fortuna dos falsos profetas e dos políticos. A diferença entre uns e outros é que, os “profetas” acenam com o que, Deus, supostamente fará; enquanto os políticos mentem sobre o que eles mesmos “farão.”

Eventualmente nem estamos mentindo quando prometemos algo; mas, superdimensionando nossa capacidade; pois, não nos pertence nem o dia de amanhã; quiçá, um futuro mais remoto? Tiago ensina: “... vos gloriais em vossas presunções; toda glória como esta é maligna.” Tg 4;16

Enfim, embora nos seja uma bênção o dom da visão, não deve ser ele o patrocinador das nossas escolhas, refiro-me aos que temem a Deus, dos quais está dito: “Porque andamos por fé, não por vista.” II Cor 5;7

A fé não é uma faculdade derivada dos olhos. Somos desafiados a ela pelo que ouvimos da Palavra de Deus; “Quem tem ouvidos ouça, o que O Espírito diz às igrejas.” Esse ouvir deve ser processado, recebido num coração regenerado pelo Espírito Santo, para que, o Divino querer, não o desejo raso, carnal, patrocine nossas escolhas.

Pois, a Divina Palavra não é um manual para consultarmos em momentos de crise; antes, a constituição dos Céus, pela qual, devem pautar o viver, os que pretendem habitar lá.

Quando todo alento for negado aos olhos, ainda assim, quem tem uma fé saudável, saberá onde reside sua segurança; “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do Seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no Nome do Senhor; firme-se sobre seu Deus.” Is 50;10

As coisas visíveis tem um relevante papel, principalmente didático, para a revelação das que não podemos ver; “Porque as suas coisas invisíveis, (de Deus) desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto Sua Divindade, se entende, e claramente se vê pelas coisas que estão criadas, para que eles (Os incrédulos) fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Há tantas maravilhas para que vejamos! Todavia, quem tem olhos espirituais, por trás delas vê também O Maravilhoso Criador, que as fez, e deu ao homem o domínio sobre elas. “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento anuncia a obra das Suas mãos. Um dia faz declaração a outro, uma noite mostra sabedoria a outra. Não há linguagem nem fala, mas onde não se ouve a sua voz?” Sal 19;1 a 3

sexta-feira, 21 de junho de 2024

Os inimigos


“Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; para que, vendo-o O Senhor, seja isso mau aos Seus olhos, e desvie dele Sua ira.” Prov 24;17 e 18

Quanto mais sincero, probo, relevante alguém for em seu modo de viver, mais sujeito a inimizades. Principalmente, no âmbito espiritual. A inveja granjeia desafetos pelas qualidades, não, pelos defeitos, logo, termos inimigos não significa, necessariamente, que estejamos agindo de modo ímprobo.

“Vi que todo trabalho, toda a destreza em obras, traz ao homem a inveja do seu próximo...” Ecl 4;4

O nosso inimigo com I maiúsculo é Satanás; “Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas contra principados, potestades, príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” Ef 6;12

Os versos em apreço tratam de inimigos de carne e sangue, gente como nós. Tanto que, um regozijo excessivo de nossa parte levaria O Senhor e remover o juízo dele, como freio à maldade nossa. “... isso seja mau aos seus olhos, (de Deus) e desvie dele Sua ira.” Não veríamos espíritos sob a punição Divina; eventualmente, vemos nossos semelhantes.

O fato de não termos que lutar contra carne e sangue, não tolhe que tenhamos grandes embates com seres dessa natureza. Esses gládios são lícitos no campo das ideias, doutrinas, ensinos, valores... nada abona nenhuma espécie de violência, tampouco, deslealdade, desonestidade moral, intelectual.

Certo regozijo é inevitável, quando um mau colhe do seu plantio, ainda aqui; “Os pecados de alguns homens são manifestos, precedendo o juízo; em alguns manifestam-se depois.” I Tim 5;24 Esse gozo deriva do senso de justiça implantado em nós; traz anexa, uma espécie de confirmação oblíqua das nossas escolhas, por sabermos que todas terão consequências. Muitos se gloriam: “Quem sabe o que planta, não teme à colheita.”

A alegria que zomba, comemora a plenos pulmões a queda dos maus, sem nenhuma pontada de tristeza no âmago, desejando que tivesse sido diferente, malgrado, a resiliência no mal impossibilitou, pode ser um sintoma de desumanidade, falta de empatia, amor ao próximo... coisas que faríamos bem em escrutinar, caso estejam em nós. “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Quem não ama seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” I Jo 4;20

Nosso interesse deve ser de conquistar os que nos aborrecem, dando-lhes, quando oportuno, motivos para reverem sua aversão; “Não vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; Eu recompensarei, diz o Senhor. Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, vence o mal com o bem.” Rom 12;19 a 21

Lutarmos contra principados e potestades espirituais, não significa derrota-los em si mesmos; isso O Salvador já fez. “Despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em Si mesmo.” Col 2;15

Devemos lutar contra o “produto” desses, que, mediante seu marketing agressivo visa tomar o lugar dos valores de Cristo que A Palavra da Vida, incutiu em nós. “Ainda não resististes até o sangue, combatendo contra o pecado.” Heb 12;4

Nossa mais incisiva arma é a cruz, que mortifica tendências carnais, as quais, facilmente abraçariam aos conselhos da oposição. “... a carne não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

Logo, a “batalha espiritual,” termo que tantos “guerreiros” gostam, requer escolha de valores, caminhos, mais do que exorcismo, tomada de “territórios” espirituais e outras jactâncias afins.

A inversão de valores nunca foi tão agressiva quanto agora. Nossa “trincheira” foi cavada para que resistamos, firmados no Senhor e na Sua Bendita Palavra. Se não estivermos armados disso, melhor que nem sejamos vistos no front. Quando, da conquista da terra de Canaã, já foi assim; “Disse ao povo: Passai e rodeai a cidade; quem estiver armado, passe adiante da Arca do Senhor.” Js 6;7

Muito mais, estando o Céu em disputa, devemos nos revestir da Armadura de Deus. Verdade, justiça, fé; os pés calçados num testemunho que evidencia os valores de Cristo e desafia outros a abraçá-los, e a Espada do Espírito, A Palavra de Deus, genuína, honestamente interpretada, sem edições, rasuras...

Respondendo favoravelmente ao Divino apelo, O Espírito do Senhor atuará mediante nós. Como fez com Ezequiel: Deu uma ordem, ele se dispôs, O Senhor atuou. “... Filho do homem, põe-te em pé, e falarei contigo. Então entrou em mim o Espírito, quando Ele falava comigo, me pôs em pé, e ouvi o que me falava.” Ez 2;1 e 2

quinta-feira, 20 de junho de 2024

As vestes


“Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.” Gál 3;27

Ser revestido de Cristo requer que tomemos Seu jugo de renúncias e submissão ao Pai, para que a justiça Dele, nos seja atribuída.

Paulo usou eloquente figura: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na Sua morte? De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Não se trata de roupas novas estritamente, mas, em novidade de vida; deixando o modo raso de pensar e agir, para, doravante, nos portarmos segundo Deus.

Sermos revestidos de Cristo demanda que atuemos como Ele atuaria, estando em nosso lugar. Embora revestir traga a ideia de sobrepor uma veste a outras, não significa que devamos colocar vestes novas, de Justiça, na qual fomos ensinados pelo Salvador, sem antes tratarmos das nossas antigas vestes, nada elogiáveis, como versou Isaías: “Todos nós somos como o imundo, todas as nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

O Salvador ensinou sobre o contrassenso de tentar mesclar coisas tão distintas; “Ninguém deita remendo de pano novo em roupa velha, porque semelhante remendo rompe a roupa, e faz-se maior a rotura.” Mat 9;16

Logo, antes das vestes de Cristo, carecemos despir das nossas envelhecidas em maus hábitos, mediante arrependimento, confissão. “Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano; vos renoveis no espírito da vossa mente; vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. Por isso deixai a mentira, e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos outros.” Ef 4;22 a 25

A simples menção do Nome do Santo em nossos lábios, já enseja, um compromisso de atuarmos do modo que Ele aprovaria. “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus; qualquer que profere o Nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

Um fato anexo à crucificação de Jesus Cristo figura o que nos convém; refiro-me a, terem os soldados romanos desejado para si as vestes do Senhor. Pois, falando de vestes espirituais, bem faremos, não se lançarmos sortes, mas, se negarmos a nós mesmos, em demanda por sermos revestidos Dele.

Pois, o banquete da salvação foi figurado como um casamento; que, entre outras peculiaridades requererá traje a rigor, que só O Salvador pode dar. Ele mesmo ensinou: “O rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? Ele emudeceu.
Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mat 22;11 a 13

Se, não estando de posse do devido traje, seremos “barrados no baile”, impossível exagerar a importância de estarmos em Cristo.

No Apocalipse traz mais detalhes sobre as bodas do Cordeiro, e o modelito dos convidados: “Regozijemo-nos, alegremo-nos e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro; já Sua esposa se aprontou. Foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro... Estas são as verdadeiras Palavras de Deus.” Apoc 19;7 a 9

Desnecessário lembrar que “vestes” são uma metáfora, “as justiças dos santos” são o pano que agrada ao Noivo Bendito da Igreja remida.

Nos revestirmos de Cristo, pois, demanda aprendermos Dele, imitarmos a Ele, e vivermos para Ele. Pois Sua vinda foi para mudar algumas coisas, nas vidas dos que O recebessem; “ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que Ele seja glorificado.” Is 61;3

Diferente dum evento terreno pontual, para o qual nos paramentamos apenas no dia, nas coisas espirituais devemos estar com as vestes certas em tempo integral, pois, não sabemos quando apareceremos diante do Noivo; daí, o conselho: “Em todo o tempo sejam alvas tuas roupas e nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

Se no início da saga o primeiro casal andava nu e não se envergonhava, agora, quem não for revestido pelo cordeiro, mais que envergonhado, terminará em perdição.

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Os perdoados

 “Bem aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, cujos pecados são cobertos.” Rom 4;7

Quem seriam os sortudos que receberiam essa graça da parte de Deus? Teria O Santo Seus favoritos, para os quais daria uma espécie de licença para pecar, faria vistas grossas?

O mesmo cuidado que teve Abraão, de não associar ao Senhor, a mínima injustiça, devemos ter; “Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda terra?” Gn 18;25

O Eterno É Grandioso em perdoar, rico em misericórdia; mas, em momento algum, volta as costas para a justiça, que ama. Por isso a necessidade da cruz; para que o amor e a justiça obrassem em consórcio, para nossa salvação. Não que seja justo no tocante a nós o Feito de Cristo; é Maravilhosa Graça! Mas, a Justiça de Deus assim requereu, para que pudesse manifestar Seu Amor.

A quem O Senhor perdoa, cobre os pecados? Quando diz, Bem aventurados, não está essa declaração enfatizando um determinado grupo de pessoas, antes, a grandeza da bênção que é, receber tais favores, que estão ao alcance de todos. No tocante à remissão dos pecados, as condições são iguais.
“O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

A condição supra identifica aos que, recebem o perdão Divino, o sujeito é encontrado no predicado; digo, quem cumpre as condições recebe as dádivas referidas.

O problema do ser humano é que tende ele a manifestar escrúpulos quanto aos erros, quando está diante das consequências. O que não deriva, necessariamente, de arrependimento.
Qualquer interesseiro se “arrependeria” demandando perdão, num momento em que os erros se mostrassem como são, para depois, fazer tudo novamente. Mera repetição ritual, como faziam os que traziam um novo sacrifício a cada novo pecado, foi apreciado pela Palavra de modo nada elogioso; “Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados.” Heb 10;3

Em Cristo somos desafiados ao sacrifício de nossas más inclinações, mudança de mentalidade em relação ao mundo, para, enfim, fruirmos a Divina vontade; “... apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

A excelência do arrependimento, é nos entristecermos por termos entristecido ao Eterno, ter ficado aquém dos Seus justos preceitos. Como vimos, não basta mera confissão; “... o que confessa e deixa, (de pecar) alcança misericórdia.”

Não que possamos abandonar um hábito mau, de uma vez por todas. Mas, os verazmente arrependidos, não cometem mais o mesmo pecado, com a naturalidade de antes. Convertidos a Cristo, ainda falhamos, não mais, ser dor, “sem culpa”, como quando estávamos espiritualmente mortos. “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

“Livres”, no sentido de não sentirmos internamente uma denúncia por estar agindo de modo injusto. Não significa que, no fim da carreira não responderíamos pelas nossas escolhas errôneas.

Escrevendo aos cristãos coríntios, em dado momento Paulo diz: “nós temos a mente de Cristo.” Não é essa bênção uma herança automática; antes, somos desafiados a deixar nosso modo rasteiro de pensar, e paulatinamente substituí-los pelos Divinos pensares, que aprenderemos mediante À Palavra de Deus.
“Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque Meus pensamentos não são os vossos, nem vossos caminhos os Meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são os Meus caminhos mais altos do que os vossos, e os Meus pensamentos mais altos que os vossos.” Is 55;7 a 9

A letalidade do pecado não é percebida pelos olhos naturais. Certa vez, quatro homens levaram um paralítico ao Senhor, baixaram através do telhado devido à multidão que O rodeava. Invés de, compadecido da enfermidade Dele, O Salvador efetuar a cura, iniciou pelo mais importante: “... Homem, os teus pecados te são perdoados.” Luc 5;20

Se tivéssemos que escolher entre o perdão ou a saúde, qual seria a nossa opção? “... Não temais os que matam o corpo, depois, não têm mais que fazer. Mas Eu vos mostrarei a quem deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, vos digo, a esse temei.” Luc 12;4 e 5

Igrejas lotam se anunciarem suas, “campanhas de milagres.” No prisma dos valores espirituais, inda usamos diamantes em fundas.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

As fontes


“... todas minhas fontes estão em Ti.” Sal 87;7
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23

Temos uma aparente contradição. Primeiro, o salmista esposa que todas suas fontes estão em Deus; depois, o pensador filosofa sobre guardarmos nossos corações prioritariamente; dado, procederem dele, as fontes da vida. Qual afirmação está correta?

Se devemos guardar nossos corações, mais que, qualquer outra coisa, nas entrelinhas entendemos que convém agir assim, para evitarmos infiltrações más, que nos levariam a agir para dano das nossas vidas. Se, as fontes de nosso viver procedem dos nossos corações, eles não são herméticos, vacinados contra influências circunstantes.

Uma despensa oferece opções de alimentação ao gosto de quem vai prepará-las; porém, não pode essa “fonte” disponibilizar nada que, não tenha sido previamente depositado nela. Assim, nossos corações. Guardamo-los, quando tolhemos que conselhos espúrios, malignos, se alberguem neles. Sempre que fazemos o “bom depósito” de valores, ensinos oriundos do Senhor, podemos dizer como o salmista: “Todas minhas fontes estão em ti.”

Depois de ensinar a Sã Doutrina ao jovem Timóteo, Paulo o exortou: “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.” II Tim 1;14

Pregando junto ao Poço de Jacó, O Salvador, entre outras coisas disse: “... aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nele uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14

Invés de apontar para suposta “bondade natural” do ser humano, como fazem na psicologia, O Senhor ensinou a necessidade de se fazer, pelo Espírito Santo, uma nova fonte, o que Ezequiel vaticinara como novo coração.

“Dar-vos-ei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne.” Ez 36;26 Desse modo, nossas fontes, tanto estão em Deus, pela origem, quanto, em nossos corações, pela acolhida afetiva que o novo nascimento possibilita-nos, em relação à Palavra da Vida.

Reitero; nossos corações são mais, depósitos, que fontes. Por isso a seriedade da advertência de Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, e aparta seu coração do Senhor! Porque será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem; antes morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada e inabitável. Bendito o homem que confia no Senhor, cuja confiança é o Senhor. Porque será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica verde; no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto. Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, O Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” Jr 17;5 a 10

Então, antes de nos apressarmos a esposar que fazemos o que fazemos, de todo o coração, convém avaliarmos à luz da Palavra de Deus, para que vejamos, que tipo de coração é o nosso. Mesmo que uma escolha nos pareça idônea, a princípio, devemos lembrar sempre de quem vê mais distante que nós; “Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Prov 14;12

Convém sermos prudentes, cautelosos com o que aprovamos, “Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração e conhece todas as coisas.” I Jo 3;20

Será sadio nosso coração, se não pretender ser fonte em si mesmo, emanando escolhas dos próprios desejos desorientados. Davi, malgrado suas muitas falhas, foi agradável ao senhor, por um detalhe importante. Seu coração sabia da condição de mero depositário das coisas, que, na imensa maioria das vezes, recebia do senhor. “... Achei a Davi, filho de Jessé, homem conforme o Meu Coração, que executará toda a Minha vontade.” Atos 13;22

Quando falhamos, em geral desejamos que as consequências das nossas falhas sejam removidas, purgadas, perdoadas; Davi falhou vergonhosamente; no entanto, uma vez arrependido desejou a remoção das causas; da maldade do seu coração. “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da Tua presença, e não retires de mim o Teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da Tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário.” Sal 51;10 a 12

Pois, “... quanto ao Senhor, Seus olhos passam por toda terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é perfeito para com Ele...” II Cron 16;9

domingo, 16 de junho de 2024

Marcas de vitória


“Disse mais Davi a Abisai, e todos seus servos: Meu filho, que saiu das minhas entranhas, procura minha morte; quanto mais ainda este benjamita? Deixai-o, que amaldiçoe; porque o Senhor lhe disse.” II Sam 16;11

Davi destronado pelo próprio filho, Absalão, fugia da cidade, temendo pela vida. Simei, um desafeto da tribo de benjamim o amaldiçoava, dizendo que ele merecia aquilo.

O rei ainda tinha um exército leal, consigo, o que fazia da atitude de Simei, uma temeridade. Tanto que, um dos seus valentes cogitou matá-lo; “Então disse Abisai, filho de Zeruia, ao rei: Por que amaldiçoaria este cão morto ao rei, meu senhor? Deixa-me passar, e lhe tirarei a cabeça.” V 9

Ter força para punir uma afronta, é fácil; muitos a têm. Agora, a força da mansidão, domínio próprio ante uma injúria sofrida, é coisa para poucos. O rei bem sabia das suas culpas pretéritas, pelas quais fora avisado que a violência não se apartaria da sua casa; invés de atribuir as maldições sofridas a uma iniciativa temerária e vingativa do benjamita, via nelas, uma porção do Divino juízo. “... Deixe que amaldiçoe, porque O Senhor lhe disse.”

Resignação ante o sofrimento, reconhecimento das próprias falhas são coisa valiosas diante do Eterno. Exercitando-se nelas, Davi confiou que, a Bondade Divina inda o encontraria. “Porventura o Senhor olhará para minha miséria e me pagará com bem, sua maldição deste dia.” V 12

Oportunamente, Deus teve misericórdia dele e foi restituído ao seu reino, cumprido o propósito didático daquele juízo pontual. “... Minha é a vingança, Eu darei a recompensa, diz o Senhor. E outra vez: O Senhor julgará Seu povo.” Heb 10;30

Para os que esposam o suposto “poder da palavra”, resta considerar que, palavra nenhuma, de bênção ou maldição nada pode, contra a Vontade Divina, como, até o mercenário Balaão sabia; “Como amaldiçoarei o que Deus não amaldiçoa? Como denunciarei, quando O Senhor não denuncia?” Nm 23;8 O que tem poder é A Palavra de Deus; o resto é cisco que o vento espalha.

Ocorre com muita frequência, que, conceitos válidos no escopo espiritual, sejam apreciados por métodos distorcidos, numa anemia de significado que preserva o casulo enquanto joga fora a vida em gestação. Palavras como, “vencer”, são trazidas da arena espiritual para a imanente, o que deturpa completamente seu significado. A maior de todas as vitórias se deu na cruz; onde Cristo bebeu por nós, o cálice amargo de tantas dores.

Vencedores espirituais não são os que se vingam, dobram adversários, impondo seu poder; antes, os que renunciam aos próprios direitos, numa submissão confiante e incondicional ao Senhor, fiéis aos valores, dele, aprendidos. Enquanto o homem natural se jacta de “não levar desaforos para casa”, o espiritual não leva carne e sangue para a “arena” onde, o combate é do espírito.

Ciente do alvo, não sai errante dando golpes no ar, como disse Paulo. “Porque não temos que lutar contra a carne e sangue, mas contra os principados, potestades, príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.” Ef 6;12 e 13

Notemos que nossa “ação” no embate é de resistir, não, atacar. “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo e ele fugirá de vós.” Tg 4;7

Como a dança só faz sentido para quem consegue ouvir a música, também a luta espiritual só é compreendida por quem anda em espírito. “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” II Cor 2;14 e 15

Aprendamos com Davi, pois: Quando desafetos gratuitos, invejosos reles tripudiarem acerca dos nossos nomes, sosseguemos fiados na sabedoria do Senhor; “Porventura o Senhor olhará para a minha miséria; e o Senhor me pagará com bem a sua maldição deste dia.”

Na verdade Paulo aconselha a irmos mais longe que, apenas sofrer à maldade sem pagar na mesma moeda, diz: “Portanto, se teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” Rom 12;20 e 21

Outra vez, a distinção entre a vitória espiritual, e a natural. Não temos que vencer eventuais inimigos; antes, vencer o mal, com uma arma que lhe é letal; o bem.

Vencedores com Cristo não ostentam medalhas, mas, cicatrizes. “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus.” Gl 6;17

A prioridade


“A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, sabedoria, emprega tudo que possuis na aquisição de entendimento.” Prov 4;7

Em geral, vemos a ignorância como o oposto da sabedoria. É o aspecto primeiro e mais visível. Porém, em se tratando da aquisição do saber, em âmbito espiritual, o obstáculo é outro: A vontade. Basta que tenhamos índole incrédula, preguiçosa e o trevoso mor completará seu trabalho sujo: “... o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do Evangelho da Glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Nesse caso, os oponentes do saber são arrolados na prateleira da insanidade; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam sabedoria e instrução.” Prov 1;7 Não são os ignorantes os refratários, mas, os loucos. Um lapso de sanidade moral, espiritual, mais que, de capacidade cognitiva. Desprezar é opção da vontade.

O Criador colocou uma pitada de lucidez na loucura, de modo que, desejando, mesmo os dementes podem abraçar à salvação em Cristo. “Ali haverá uma estrada, um caminho, que se chamará o Caminho Santo; o imundo não passará por ele, mas será para aqueles; os caminhantes, até mesmo os loucos, não errarão.” Is 35;8

Portanto, os loucos que evitam o “Caminho Santo” perdem-se pela rebeldia não, pela privação da capacidade para entender.

Concorre ainda certa ironia, apreciado o caminho da salvação com suas renúncias necessárias, desde o mirante dos rebeldes reféns do pecado. “... Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.” I Cor 3;18 Nesse caso, a “loucura” deriva da valoração dos cegos espirituais.

A sabedoria não é uma palestrante que dá conferências em demanda por aplausos; antes, é uma senhora discreta, que patrocina atitudes dignas, em demanda por verdade e justiça; “... nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da Glória.” I Cor 2;8

O Salvador denunciou-os: “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20 

Dado que, a luz permite ver, recusar a admitir o que vemos, é uma limitação das escolhas, não, das possibilidades. Eis a distinção entre as loucuras! Uma acerta, outra, erra o caminho.

Era busca relativamente comum aos gregos, pelo menos, os mais letrados, com seus sistemas filosóficos vários, sempre tentando entender o porquê das coisas, sua origem, propósito e fim.

Os hebreus, o povo eleito, contavam com a Revelação Divina, com seus rabis e escribas ocupados nela; mais que um desafio ao entendimento, como seriam os postulados filosóficos, trazia uma demanda por obediência, uma coisa com a qual, o ser humano nem sempre sabe lidar. Sua rebeldia quanto à obediência, não raro, era camuflada de ceticismo.

Colocavam Jesus Cristo como oponente a Moisés, ao qual fingiam obedecer. Uma das múltiplas faces da incredulidade, é desqualificar quem demanda crer; a isso atinavam os religiosos coevos do Salvador. A Palavra ensina: “Porque Ele (Cristo) é tido por digno de tanto maior glória do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.” Heb 3;3 Era o cumprimento do que Moisés vaticinara, não, adversário.

Os hipócritas preferiam transferir responsabilidade para o mensageiro Divino, exigindo “provas” da sua origem, a analisar os próprios caminhos com honestidade perante a luz, para ver se a cobrança por obediência fazia sentido.

Paulo sintetizou assim: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos.” I Cor 1;21 a 23

A um povo, ou outro, a “receita” é a mesma: Jesus Cristo, Poder e Saber, Divinos, manifestos. Em submissão a Ele, domesticado o que há de pior em nós, a vontade rebelde, Ele fará com que, o demais seja fácil; “Porque O Senhor dá a sabedoria; da sua boca é que vem o conhecimento e entendimento. Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos Seus santos. Então entenderás a justiça, o juízo, equidade e todas as boas veredas. Quando a sabedoria entrar no teu coração, o conhecimento for agradável à tua alma, o bom siso te guardará; a inteligência te conservará;” Prov 2;6 a 11

sábado, 15 de junho de 2024

Filosofia de vitrine


“Louco! esta noite pedirão tua alma; o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Um próspero do agro tivera uma super safra, e pensava depositar seus bens para folgar por muitos dias. Quando cogitava em seus pródigos planos de vida mansa, lhe foi apresentada a sentença acima.

Parecemos entender o exato lugar das coisas, na prateleira dos valores. Nos colóquios diários, versamos da superioridade do ser, ao ter; da qualidade à quantidade, dos dedos sobre os anéis.

O falar pode ser mero exercício intelectual, para alheio apreço; o que fazemos, em última análise, expõe quais coisas nos são caras. Como não lembrar a sentença de pregadores medievais, em suas diatribes aos hipócritas? “O que és, fala tão alto, que não consigo escutar o que dizes.”

Paulo denunciou uns, cujas atitudes e falas andavam divorciadas; “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, desobedientes, reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;16 A aprovação deriva da obediência, não, da eloquência.

As ações mostram a quem servimos, não as falas; “Não sabeis que, a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Desafiados a por em prática nossas filosofias de vida, não raro, descobrimos que elas são de vitrines. Motejando dos que exageram nos tais “filtros” eliminando imperfeições em fotos, alguém definiu à presente geração, como sendo mui “filtrogênica”; aplicarmos a mesma “técnica” em nossas almas, também poderá “melhorar” nossa figura, aos olhos dos semelhantes; enquanto pioramos ainda mais, pela hipocrisia, diante de Deus.

Está na moda realçar pequenas porções, os chamados “cortes”, onde um palestrante, ou entrevistado, esposa algo de grande relevância, não pela relevância daquilo, propriamente, mas, pelos “frutos virtuais” de um “cristianismo” de performance, invés de compromisso, com a obediência, engajamento espiritual veraz, como nos convém.

Poderíamos por prudência, pegar, cada um para si, a sentença aquela, que acena com o estertor da vida terrena, e demanda pelos frutos que temos. “O que tens preparado?” Noutras palavras, se minha vida terminasse hoje, como eu romperia a fita?

Parece trágico, levar a preparação espiritual a extremos; todavia, é A Palavra que o faz. Sobre a efemeridade dos nossos dias, ensina: “Agora vós, que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, contrataremos e ganharemos; digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece. Em lugar do que devíeis dizer: Se o Senhor quiser, se vivermos, faremos isto ou aquilo. Mas agora vos gloriais em vossas presunções; toda a glória assim é maligna.” Tg 4;13 a 16

O que se preparara para muitos dias, em acúmulo de posses, sem ter domínio sobre a vida, foi adjetivado como louco.

Em vista disso, A Palavra desafia-nos a uma resposta imediata quando a Voz de Deus, de alguma forma nos alcançar. “Portanto, como diz O Espírito Santo: Se ouvirdes hoje Sua Voz, não endureçais vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto.” Heb 3;7 e 8 

Paulo também expôs essa urgência escrevendo aos cristãos coríntios: “Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável, socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação!” II Cor 6;2

Quanto ao acúmulo de bens, para deixar vultosa herança também é duvidoso que seja a melhor coisa a se fazer. Há um provérbio japonês que diz: “Se o teu filho for mau, ele não merece tua herança; se for bom, ele não precisa.”

Logo, ensinar por todos os meios, especialmente o mais eficaz, o exemplo, para que valorizem mais o ser bons, que, ter bens, seria a mais proveitosa herança a deixar.

Os bilhões em prejuízos causados pelas enchentes recentes, mostram de modo doloroso, quão efêmeros são os bens materiais. O trabalho de muitas vidas foi desfeito de um dia para o outro.

Por isso, embora seja natural e saudável que trabalhemos visando prosperar, os valores eternos devem ser nossa prioridade. “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, onde os ladrões minam e roubam; mas, ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” Mat 6;19 a 21

Os bens materiais se exibem na abundância; os espirituais, podem fazer boa figura mesmo em momentos de privação. “... como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão e tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1;3

quinta-feira, 13 de junho de 2024

Apostasia


“Ai deles, porque fugiram de Mim; destruição sobre eles, porque se rebelaram contra Mim; Eu os remi, mas disseram mentiras contra Mim.” Os 7;13

Três aspectos dos apóstatas: Fugiram de Deus; se rebelaram contra O Santo; disseram mentiras contra O Eterno. 

O pecado não é uma coisa inerte, que, se cometendo um ou dois erros graves, possamos “estacionar” ali, sem ampliarmos nossa distância de Deus.

Nas almas onde se aloja, as reduz à servidão, reféns da sua vontade doentia; “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20

Pecar é mais que mera escolha de homem livre; pode ser assim nos primeiros passos; depois, termina em servidão. “Não sabeis que a quem vos apresentardes por servos para obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para morte, ou da obediência para justiça?” Rom 6;16

Começa tênue, apenas o abandono furtivo; o desejo de não cumprir o que sabemos ser a Divina vontade, escondidos pós um biombo qualquer; fugiram de Mim. Depois, o desprezo ao relacionamento, preferindo as coisas à sua maneira, tendo como válida a sugestão do canhoto, de decidir por si mesmo, bem e mal. Por fim, após esses dois estágios de afastamento, a “ousadia” cresce; o antes fugitivo e rebelde, se faz adversário de Deus. “... disseram mentiras contra Mim.”

Eis o itinerário da apostasia! que a Palavra de Deus versa: “Um abismo chama outro abismo”.
Nenhuma estranheza, pois, vendo tantos que, um dia batalharam pela fé, não mantiveram a bendita comunhão com O Santo, em tempos de provas; agora ressurgem, defendendo doutrinas antibíblicas, esposando a sina dos desigrejados, atribuindo falhas à Palavra do Eterno. Se afastaram da Luz. O “anjo” que se transfigura em luminoso, já os tem como sócios, de modo que fazem agora, a obra dele, com mais afinco que, fizeram um dia, a do Senhor. 

Desgraçadamente, o vício tem maior apelo que a virtude. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à Lei de Deus, nem pode ser.” Rom 8;7

A vida espiritual é como planta de vaso, que, carece ser regada frequentemente, para que não morrer. Se, deixarmos a meditação na Palavra, a oração em comunhão com O Pai, e principalmente a obediência, veremos uma crassa derrocada; de fujões no princípio, a perversos; depois, adversários de Deus, quando nossa insana fuga já nos tiver colocado sob o domínio de outro “Deus”.

A dependência filial, que não ousa coisas pequenas nem grandes, sem antes consultar O Pai celeste, é um sinal de saúde espiritual, de zelo com entendimento.

Quando alguém começa a se supor mui sábio, apto a decidir as coisas segundo seu próprio intelecto, deixa os verdes pastos, e entra pelos espaçosos caminhos da perdição; por isso, o conselho: “Confia no Senhor de todo teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para teu âmago e medula para teus ossos.” Prov 3;5 a 8

Sabedor que, o homem com vistosas aptidões naturais, é presa fácil para o orgulho, a arrogância, O Eterno “vacinou-se”: “... não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo, para confundir às fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante Ele.” I Cor 1;26 a 29

A falta de apreço pelo que temos, em consórcio com devaneios que criamos, tendem a fazer febril a alma humana; levá-la a buscar pela cura, precisamente, nos locais que originam sua doença. Os descaminhos do engano.

Como o filho pródigo, bem podemos alçar voos mirabolantes, devaneando com grandes venturas, para depois dum tempo, voltarmos répteis, nos satisfazendo apenas com pão.

As decepções têm essa veia medicinal, para com aqueles que, mesmo tendo se desviado por um tempo do sadio caminho, não se afastaram por tempo suficiente, pra cauterizarem às próprias consciências; tais inda podem voltar à casa paterna, para, doravante ver as coisas com olhos melhores.