terça-feira, 28 de novembro de 2023

O salvo, raiz


“Os homens são como o vinho; a uns, o tempo apura; outros, viram vinagre.” Cícero

Paulo advertiu contra o “cultivo” da amargura, por causa da sua colheita. “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem.” Heb 12:15

Uma ameaça, contra a qual, recomendou vigilância: “Tendo cuidado...” Nossas almas são objeto de disputa entre Deus e o maligno; a mordomia, o direito de escolha pertence a cada um.

Todos nós tivemos que coabitar com alguma amargura. Todavia, se ela tem esse efeito, de privar da Graça Divina, perturbar-nos e contaminar ao semelhante, então, devemos empreender esforços, para dela nos livrarmos.

Como poderíamos elogiar da doçura do vinho, exalando a acidez do vinagre? Digo, falar sobre a beleza e necessidade do perdão, estando nossos corações habitados pela mágoa?

Somos ensinados a pedir perdão na justa medida em que perdoamos; “perdoa nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores...” Aquele que guarda mágoas, pois, orando assim, pede que O Santo guarde também, seus pecados, invés de perdoá-los. Por isso, que a existência da “raiz de amargura” nos “priva da Graça de Deus.”

Quem jamais sofreu calúnias, traições, difamações, roubos, violências...? Dada a maldade desse mundo, ninguém escapa dessas coisas.

O excesso de amor próprio é que patrocina o cultivo das amarguras, por peso excessivo à maldade alheia, e consequente incapacidade de perdoar. Se as pessoas soubessem, quanto o perdão é medicinal...

Como um câncer que só vulnera quem o tem, assim é a mágoa. Quem perdoa faz mais bem a si mesmo, que ao objeto do seu perdão. Alguns tipos de câncer têm cura; mas, para isso devemos aceitar as prescrições médicas. O dever de orarmos pelos inimigos e abençoarmos aos que nos maldizem é uma parte do “tratamento” preventivo.

Perdoar nem sempre é fácil; é necessário. Se nos parece demasiado difícil, peçamos ao Senhor; nenhuma oração feita segundo a vontade Dele será rejeitada.

Preocupa, quando, observamos pessoas que se dizem cristãs, cujas falas e escritos sempre trazem nuances de alguma mágoa, uma dor mal resolvida. Ora, o dízimo está errado; outra, nenhum pastor presta; depois, os costumes estão devassos, e por aí vai. Mal percebe esse presumido superintendente da moral alheia, que a enfermidade mais urgente está nele. Paulo ensina que a raiz de amargura perturba e contamina. Tal “vírus” pode migrar para quem ainda não foi imunizado pela bendita vacina do perdão.

Não significa que os erros alhures, não sejam erros; mas, que devo cortar a grama do meu pátio, antes de me inquietar com o do vizinho. Paulo ensina o dever de bebermos primeiro, o remédio que receitaremos; “Estando prontos para vingar toda desobediência, quando for cumprida vossa obediência.” II Cor 10:6

Sendo o amor, a base da Lei de Deus, tanto que, Cristo resumiu os dez mandamentos em dois; amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo, a amargura acaba sendo um testemunho que, o amor ao próximo ainda está do outro lado da porta. Isso fecha-a na Face Divina também; “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama ao seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, que não viu?” I Jo 4:20

Cantamos por ocasião do batismo: “Tens ainda mágoas, no teu coração?”

Uma raiz, outra coisa não é, senão, o sustentáculo duma árvore, sendo ambas, parte da mesma essência; “... se a raiz é santa, também os ramos são.” Rom 11:16

Para nossa raiz ser santificada, carecemos que ela esteja próxima ao ribeiro da Água da Vida, não no deserto da amargura.

Quem rejeita ambientes e companhias desprezíveis para se santificar, e medita na Lei do Senhor, pelo mesmo motivo, e edificação, tem raízes melhores, “Pois, será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, a qual dá o seu fruto no seu tempo; suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará.” Sal 1:3

Os que viram ao Messias como “raiz de uma terra seca”, não contavam com o “estrago” que a Semente da Sua Palavra faria, no tempo oportuno; “... a palavra, que sair da Minha Boca; ela não voltará para Mim vazia, antes fará o que Me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” Is 55:11

Se, não produzir em nós, convém meditarmos se ainda estamos na Graça; “Porque a terra que embebe a chuva, que muitas vezes cai sobre ela, e produz erva proveitosa para aqueles por quem é lavrada, recebe a bênção de Deus; mas, a que produz espinhos e abrolhos, é reprovada, perto está da maldição; seu fim é ser queimada.” Heb 6:7,8

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