quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Ervas daninhas


“Porque não se executa logo o juízo sobre a má obra, por isso o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8:11

Se as consequências da maldade fossem imediatas, certamente, pensaríamos bem antes de praticá-la; como, num primeiro momento, “não dá nada”, como diz o vulgo, costumamos a dar asas para coisas que não deveriam voar.

A ausência de uma punição imediata, não significa que nunca haverá; e, por presumirmos que, ao longo do caminho teremos muitas oportunidades de arrependimento e recomeço, ainda assim, seria prudente evitarmos agir mal, agora. “hoje, se ouvirdes a Sua Voz, não endureçais vossos corações.” Heb 3;7 Quem nos garante vivos amanhã? “... não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece.” Tg 4:14

O exercício na maldade tende a enraizar em nossas almas, de modo que, vivendo nela, a mudança, quando houver, se houver, será mais penosa; com mais ervas daninhas pra remover, do que seria, se tivéssemos uma postura reta, desde que aprendemos em quê, consiste, a retidão. Não se trata de fazermos boa figura perante os homens; mas, de nos lavarmos, segundo a diretriz da consciência no Espírito, diante de Deus.

O aprendizado da infância acaba fazendo parte do ser, para todos os nossos dias; seja ele virtuoso, seja vicioso; “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” Prov 22:6 Ou, o outro lado da moeda: “Porventura pode o etíope mudar sua pele, ou o leopardo suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal.” Jr 13:23

O fato de que uma dívida pode ser paga em longo prazo, não significa que não deva sê-lo. Digo, se O Eterno espera em Sua longanimidade por largos dias, até que nos arrependamos e mudemos de vida, não significa que Sua Santa Paciência diminuirá as exigências de Sua Santidade, em relação a nós, apenas porque nos ama. A Palavra é categórica: “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá O Senhor;” Heb 12:14 “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5:8

Como diz em “O Pequeno Príncipe”, certas plantas devemos erradicar quando ainda pequenas; se as deixarmos crescer, acabarão rachando nosso “planeta”; figura eloquente, para expor os perigos deletérios de cultivarmos os vícios.

Na verdade, para quem nasceu de novo, teve seu espírito regenerado pelos Méritos de Cristo, e a consciência, antes morta, vivificada, todo erro tem uma consequência imediata; uma “punição” em forma de advertência que tolhe a paz de espírito, enquanto aquilo não for removido, mediante arrependimento e mudança, para receber perdão.

Como dizia Spurgeon, Deus erradica as ervas amargas dos nossos pecados; mas, faz um chá com suas folhas, para que o bebamos e sintamos o “sabor” que eles têm.

Porém, os que, por estar espiritualmente mortos, tendo cauterizadas suas consciências, fazem quaisquer coisas, por abjetas e nocivas que sejam, “sem culpa”; na verdade, fazem sem noção. Eis a diferença entre um pecador morto em delitos e pecados, e outro, em processo de regeneração em Cristo! Aquele faz o que lhe der vontade e nem se sente errado; o convertido, ainda peca; porém, pela diretriz nele implantada, mediante O Espírito Santo, tende a progredir, pecando cada vez menos; no processo de amadurecimento em obediência, santificação. Não peca sem consequências.

Por isso, invés do curso do mundo que dá asas a toda sorte de desejos, somos desafiados a renunciar isso, em busca da Vontade Divina; “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:2

A excelência a atingir é um estado de maturidade espiritual, que, seja avesso ao pecado, não por medo das consequências punitivas; mas, pelo escrúpulo de entristecer ao Espírito Santo que em nós habita.

Isso é atingido após longo processo de aprendizado em obediência, que nos visa aperfeiçoar e legar discernimento; “O mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5:14

O individualismo e a autonomia decisiva, que cada um apregoa aos quatro ventos no modo mundano de viver, não combina com aquele que pretende ser de Cristo. “Confia no Senhor de todo o teu coração, não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, Ele endireitará tuas veredas. Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago; medula para teus ossos.” Prov 3:5-8

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