sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Aflições dos justos



“Estende a Tua Mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, verás se não blasfema contra Ti na Tua Face.” Jó 1:11

Disputa entre O Eterno e o inimigo, a respeito de Jó. O Senhor o vira com sendo, “... homem íntegro e reto, temente a Deus, que se desvia do mal.” Jó 1:8

Na apreciação do inimigo, um interesseiro, que oferecia culto e “fidelidade” em troca das muitas bênçãos que recebia. Vemos quem é o pai da “Teologia da Prosperidade”; digo, quem defende como motivo para adoração a rasa troca de favores; Satanás. Deus não é um mercador; faz sol e chuva descerem sobre justos e injustos.

Nesse pleito havia mais que mera disputa pela descoberta das motivações do patriarca; o inimigo estava tripudiando da Onisciência Divina, dizendo nas entrelinhas, que O Todo Poderoso era um iludido, que “via” a vida de Jó como lhe convinha, não como era.

Em geral, costumamos ver as coisas com uma lente derivada do que somos. Deus, Verdadeiro e Onisciente, via a adoração de Jó como veraz; o inimigo por ser um mentiroso dissimulado, atribuía a Jó as mesmas “qualidades” dele.

Por isso uma pessoa honesta é mais facilmente enganável, por um vigarista, que outra, trambiqueira. Costumamos a ver os outros, a partir do que somos. Os valores que nos são caros, tendemos a imaginar que sejam para os demais, também. Nossa ingenuidade acaba patrocinada pela honestidade; até que, após alguns tombos, começamos ver o mal até onde ele não está; o clássico, “gato escaldado” temendo água fria.

O vigarista acostumado aos meandros do império da mentira por onde rasteja, de longe fareja ao seu igual, mais, por identificação, que, por discernimento.

Então, voltando, o inimigo projetara sua maldade sobre o servo de Deus, e, O Eterno permitiu que Jó fosse testado; “Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas tua mão. Satanás saiu da presença do Senhor.” V 12

Aos “teólogos” das consequências que costumam presumir que todo mal que nos acontece deriva, necessariamente, de pecados nossos, esse incidente deveria iluminar. Jó não sofreu por ser infiel, antes, por ser íntegro e reto. Se é certo que, muito do que nos dói é ceifa do que plantamos, há dores de alheia semeadura também.

Paulo quando fora perseguidor, não há registros que tenha sofrido; exceto a ânsia de punir aos “hereges”. Depois de convertido a Cristo, “Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos, fadiga, em vigílias muitas vezes, fome, sede, em jejum muitas vezes, frio e nudez.” II Cor 11:24-27

Por que Deus permite que sejamos testados, se Ele É Onisciente? Sabe todas as coisas? Porque nós não sabemos. Se, nossa fé viver em “céu de brigadeiro”, podemos nos enganar acerca da mesma, e na hora de enfrentarmos à tempestade, não estaremos preparados.

Podemos professar o que nos convier; todavia, nossas falas serão postas no fogo das provações. “A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3:13

Alguns criaram o termo “batismo de fogo”, aludindo ao revestimento com O Espírito Santo; não é isso. Batismo no Espírito é uma coisa, no fogo, outra; o primeiro é revestimento, o segundo, sofrimento. Cristo nos leva a ambas as situações. “... Ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo.” Mat 3:11

As “línguas de fogo” em pentecostes foram “vistas”, não, ouvidas; as que foram ouvidas eram idiomas de outros povos.

Jó foi testado ao limite da maldade do inimigo e se manteve fiel. Por fim, O Próprio Deus falou com ele, pontuando a diferença que separa a realidade humana, das coisas Divinas. Inteirado disso, humilhou-se perante O Eterno; “...eu falarei; te perguntarei, e Tu me ensinarás. Com os meus ouvidos ouvi, mas agora Te veem os meus olhos.” Jó 42:4,5

Assim, quando vivemos uma vida reta e sofremos, isso nos é honroso; estamos dando trabalho à oposição. Porém, quando nossas dores frutificam no pomar das desobediências, o canhoto ri satisfeito comemorando nosso consórcio consigo pra fazer o trabalho sujo.

Em Cristo somos convidados a parar de pecar, não, de sofrer. Isso será no além. Aqui, eventual retidão tortura, quem escolhe os caminhos tortos.

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