quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Coragem de voltar


“Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;” Luc 15:18

“Caíra a ficha” do Filho pródigo, e percebera que ser empregado na casa do seu pai, era melhor que padecer fome e humilhação; sina na qual se vira, após desperdiçar tudo o que trouxera em sua herança antecipada.

“... irei...” tendemos a achar que para os enganosos rumos dos prazeres, podemos voar com nossas sôfregas asas, sem nenhum auxílio. Porém, quando as consequências nos pegam, recolhemos as garras da iniciativa, tão afiadas antes, e esperamos que alguém venha em nosso socorro, mesmo sabendo, onde o socorro está. Conveniente à covardia, chutar o balde quando se supõe forte, e se recolher qual um quelônio na carapaça, quando visitado pelas consequências, numa autocomiseração depressiva, esperando chamar atenção de alguém.

Pelo menos, o infeliz não errou também nisso; assim como, teve iniciativa pera pedir bens, e sair desperdiçá-los, achado na miséria, passando fome, também teve iniciativa na direção oposta; voltou atrás arrependido. “levantar-me-ei e irei ter com meu pai.”

Quando o conselho não basta para inibir intentos temerários, pela punção natural que acossa, resta ao Pai, o “cabresto” das consequências.

A intenção do Eterno é que sejamos bons ouvintes, praticantes da Palavra, como uma profilaxia espiritual a prevenir-nos contra dores evitáveis: “Instruir-te-ei, ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com Meus Olhos.” Sal 32:8

Ser guiado assim, requer que sejamos ouvintes atentos, de índole submissa, voluntária; senão, restará a disciplina, dada a “ineficácia” do conselho: “Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio para que não se cheguem a ti.” Sal 32:9

A permanência obediente na casa paterna era o que o próprio curso da vida aconselhava; entretanto, a cobiça humana concorre, e é má conselheira; faz nossas almas desprezarem o que possuem, como se, irrelevante, e superavaliar quimeras distantes, como se, aquelas sim, valessem à pena.

Quem nunca errou nisso, atire a primeira pedra; ou, quem jamais disse: “Eu era feliz e não sabia?”

Os caminhos dos prazeres se apresentam cheios de artifícios, luzes e brilhos; exibem carros alegóricos vistosos decorados de modo a esconder as ameaças subjacentes. Só quando embarcamos neles é que descobrimos aonde levam.

O Pai, conhece o fim das coisas, não é ludibriado por espetaculosos começos; “Há caminhos que ao homem parecem direitos; mas, no fim, são os caminhos da morte.” Prov 14;12

“... Pai, pequei contra o Céu e perante ti.”
Essa dupla incidência do pecado, vertical e horizontal, nem sempre é devidamente compreendida.

Todo pecado é, inicialmente, uma ofensa a Deus. Sempre que pecamos é contra o Céu; lá preside Um, do Qual se diz: “Tu És tão puro de olhos, que não podes ver o mal...” Hc 1:13

Além de ofender Ao Santo, nossos pecados fazem mal aos semelhantes. Grassa uma ideia egoísta, espinhosa, a supor que, cada humano seja dono de um planetinha particular, como no “Pequeno Príncipe.” Isso colocaria cada um, fora do alcance dos demais; nosso apreço, discordando de alguém, frustrando-se com suas escolhas seria mera intromissão, uma vez que “não pagamos às contas do planeta dele”, (esses mesmos, não se incomodam quando elogiados) Assim, poderíamos fazer o que quiséssemos sem consequências; isso é doentio.

“Levai as cargas uns dos outros... não atente cada um, apenas ao que é seu... se um membro padece, todos sofrem, caso se alegre, todos regozijam...” são diretrizes da Palavra.

“Chorai com os que choram, alegrai-vos com os que se alegram”, diz ainda.

As ações que fazem mal ao próximo, são pecados contra ele; até mesmo, omissões, como ensina Tiago: “Aquele que sabe fazer o bem e não faz, comete pecado.” Tg 4:17

Enfim, supor que podemos ser “legais” com Deus, enquanto odiamos ao próximo, ou desprezamos, deriva de cegueira, ignorância espiritual. João ensina: “Qualquer que odeia ao seu irmão é homicida. Vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele.” I Jo 3:15

Por isso, acrescenta: “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia ao seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu? Dele temos este mandamento: que quem ama a Deus, ame também ao seu irmão.” 4:20,21

O Salvador ensinou a consertarmos primeiro as relações horizontais, antes de pretendermos cultuar ao Eterno; “Deixa ali diante do altar a tua oferta, vai reconciliar-te primeiro com o teu irmão; depois, vem e apresenta a tua oferta.” Mat 5:24

Qualquer um que retornar, humilde e arrependido, como fez o pródigo, invés de receber censura, será partícipe de uma festa na casa do Pai. Por que te deténs?

Nenhum comentário:

Postar um comentário