segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Aquietai-vos


“Sucedeu no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele; eu peguei o vinho e dei ao rei; porém, nunca estivera triste diante dele.” Ne 2:1

Neemias, então, copeiro do rei da Pérsia, triste no trabalho, o que era perigoso para a função dele. Tinha missão de provar as comidas e bebidas do rei antes de servi-las, precaução comum dos soberanos, temendo envenenamento.

Neemias soubera por seus parentes da situação catastrófica de Jerusalém e orara a Deus, pedindo que O Santo lhe fosse favorável, quando expusesse sua causa ao rei.

À uma leitura superficial, poderá parecer que Neemias recebeu a dura notícia, se entristeceu e orou, e no dia seguinte obteve resposta favorável do rei; permissão para ir reparar as muralhas e os portões de Jerusalém.

Não foi tão simples, nem tão rápido. Ele foi econômico, modesto, quando disse: “... por alguns dias estive jejuando e orando perante o Deus dos Céus.” 1:4

Por alguns dias; quantos? Leiamos com atenção: “... sucedeu no mês de Quislev, no ano vigésimo, estando eu em Susã, a fortaleza,
que veio Hanani, um de meus irmãos, ele e alguns de Judá; perguntei-lhes pelos judeus que escaparam, que restaram do cativeiro, e acerca de Jerusalém.” Ne1:1,2

Ele recebeu a notícia no mês de Quislev; mês nove no calendário hebraico; sua entrevista com o rei, quando triste, expôs seus motivos e rogou permissão para ir a Jerusalém reparar a cidade, foi o mês primeiro. “... no mês de Nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, que estava posto vinho diante dele; peguei o vinho e o dei ao rei; porém, nunca estivera triste diante dele.” Ne 2:1

Recebera informação no mês nove; jejuara e orara, para se entrevistar com o rei a propósito do assunto, apenas no mês primeiro.

Como se, no nosso calendário, fosse informado em setembro, e orasse e jejuasse sobre aquilo, até meados de Janeiro. Aproximadamente, quatro meses; quando, então, obteve resposta favorável.

Que importância isso tem para nós? Para essa geração de tecnologia alta, e espiritualidade baixa, a ideia de jejuar e orar quatro meses por um objetivo não chega nem perto de suposta aceitação. A maioria é viciada em “profecias” agradáveis, e céleres, não importa, se, mentirosas.

Como um incauto que acredita em horóscopo, e vai ouvindo-o, até que “seu signo esteja num dia bom”, assim esses viciados, vão de “profeta em profeta”, na ilusão que as “bondades-iscas” com as quais, os vigaristas pescam descuidados, um dia, ludibriem à realidade.

Ainda temos a favor de Neemias, que sua oração fora totalmente altruísta, atinente à Obra de Deus, não, egoísta e rasteira, pleiteando facilidades para si. Na verdade, aquela conquista trouxe trabalho, aflições e grandes responsabilidades para ele, invés de vantagens.

O egoísmo, aliás, é uma das coisas que embaça, nosso relacionamento com Deus, como ensina Tiago; olhamos com admiração e desejo para coisas que Deus reprova; não raro, oramos em demanda de matéria, quando deveríamos ter aprendido a andar em espírito.

“Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4:3,4

Por isso, antes do pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á, carecemos renunciar ao modo mundano de ser, e buscar conhecer a vontade Divina; “... apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12:1,2

Neemias conhecia pelas profecias que era vontade Divina restaurar à santa cidade; mesmo assim, orou e jejuou por largo período, como vimos.

No monólogo de Davi com sua alma, registrado nos salmos 42 e 43 ele mesmo encontrou as razões pelas quais, estava ela, abatida; a pressa. O que, subentende-se pelo conselho que deu à própria alma: “Por que estás abatida, ó minha alma, por que te perturbas em mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei pela salvação da Sua Face.” Sal 42;5

Então, mesmo quando oramos segundo Deus, é preciso que saibamos esperar no tempo Dele. Neemias orou quatro meses, pela autorização para uma obra que foi feita em menos da metade desse tempo; “Acabou-se o muro aos vinte e cinco do mês de Elul; em cinquenta e dois dias.” Ne 6:15

Enfim, se estamos em obediência e buscamos coisas segundo Deus, descansemos Nele, mesmo que pareça tardar. Há uma força na quietude confiante, da qual Ele se agrada. “... No estarem quietos será sua força.” Is 30:7

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