quinta-feira, 2 de outubro de 2025

O necessário


“Porque, na verdade, Ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão.” Heb 2;16

Já ouvi gente lendo esse verso e esposando que Deus não quis que os anjos fizessem Sua obra, mas preferiu os homens. Será essa a interpretação correta?

Ora, anjos e homens todos fazem conjuntamente a Divina Obra. Os homens vivendo e testificando de Cristo, e os anjos ajudando-os. “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Heb 1;14

O verso alude à forma que Jesus Cristo escolheu se manifestar. Não num corpo angelical, sem sofrer as tentações carnais; antes, como um de nós. “... convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo.” Heb 2;17

Em suma, O Salvador optou pelo caminho mais difícil, para nos remir, identificado com nossas fragilidades, dando-nos o exemplo. Quem escolheu o necessário invés do fácil, tem autoridade moral para requerer o mesmo. “Entrai pela porta estreita...” Mat 7;13

Escreve

 “... o que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia...” Apoc 1;11

Jesus Cristo ressurreto, falando a João. Por que, escrever? Não bastaria que mostrasse o que queria a João e ele transmitisse oralmente? Pelo menos duas razões fazem o texto necessário. Alcance e fidelidade.

Enviando um escrito a cada igreja destinatária, o apóstolo “iria” a todas; e o escrito tolheria que se acrescentasse coisas espúrias.

Quando duas ou mais partes fazem um trato, comercial, matrimonial, por que se registra um contrato? Porque as pessoas são voláteis infiéis; mudando circunstâncias mudam interesses; bem poderiam desdizer o que tinham dito, se, não fosse o testemunho leal de um escrito.

Portanto, os que esposam a tradição oral como igual ou superior às Escrituras, são os que, vendo a seriedade que implica pertencer a Cristo, querem “rasgar” o contrato segundo suas rasteiras conveniências.

Nos dias Dele, alguns já faziam; “... invalidais o mandamento de Deus para guardardes vossa tradição.” Mc 6;9

O silêncio


“Mas Maria guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração.” Luc 2;19

Maria bem sabia como o menino Jesus fora gerado, e Quem Ele viria a ser. Por certo, ignorava a que preço, Ele livraria Seu povo dos seus pecados, como dissera-lhe o anjo. Senão, seria mui triste sua sina.

Porém, mesmo acerca do que sabia, não fazia estardalhaço; era como um segredo entre ela e Deus. Guardava em seu coração.

Nem tudo o que sabemos é oportuno que seja dito. “O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; Ele lhes mostrará Sua Aliança.” Sal 25;14

Algumas coisas do nosso relacionamento com O Senhor, se fossem contadas, não seriam entendidas. São nosso segredo. Devemos guardá-las.

Palavras são como veículos nos quais podemos carregar emoções, sentimentos, informações... e, exagerando nelas, transgressões. “... a voz do tolo (vem) da multidão das palavras.” Ecl 5;3

Óbvio que quem foi comissionado pelo Santo precisa falar. No entanto, há momentos em que nos convém calar. Que saibamos discernir aos tais. “Quando falares, cuida para que tuas palavras sejam melhores que teu silêncio.”

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Os chamados

 “Não te chegues para cá; tira os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.” Ex 3;5

O Senhor falando a Moisés.

“Não te chegues para cá...” Devemos saber a distância que nos separa do Criador. Antes de resolvida a questão do pecado, a proximidade é indevida, impossível. Para resolver isso, O Salvador fez o caminho inverso: “Vinde a Mim.”

“tira os sapatos dos teus pés;” ou, “Negue a si mesmo.” Quem ousar essa aproximação sem Cristo vai na presunção de justiça própria. Devemos ter, “calçados os pés na preparação do evangelho da paz;” Ef 6;15 Antes de estarmos em paz com Deus, nada feito.

“O lugar que tu estás é terra santa.” Nossa missão é santa. “... Sede santos, porque Eu Sou Santo.” I Ped 1;16

Enfim, todo ministro do Evangelho fala da parte de Deus. Precisa saber a distância que separa criatura e Criador; tirar o calçado da presunção, zelar pelo testemunho santo. Então, dele se dirá: “Quão formosos são, sobre os montes, os pés do que anuncia boas novas...” Is 52;7

O alvo

 “Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Fp 3;14

Grande é a importância de nos mantermos focados no que devemos atingir. Pois, se alguém está no caminho errado, quanto mais “progride”, mais se afasta da luz.

Infelizmente, muitos, de ministérios outrora relevantes, se perderam nisso. De pregadores do Evangelho se fizeram oponentes dos evangélicos. Realçam coisas escandalosas que acontecem em nosso meio e fazem disso, seu ofício.

Não ignoramos que essas coisas acontecem, tampouco, esposamos que sejam escondidas. Apenas, quem foi separado para Cristo, mire em exaltar Sua Obra e Sua Doutrina, mais do que, em dar mídia aos feitos da oposição, pelos seus infiltrados entre os fiéis.

Fostes chamados, disse Pedro, “... para que anuncieis as virtudes Daquele que vos chamou das trevas para Sua Maravilhosa Luz;” I Ped 2;9

Anunciar às virtudes de Cristo, invés dos defeitos da oposição. Centremo-nos, pois, “Em Quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” Col 2;3 Quem perde o objetivo, mesmo acertando em cheio, não dá um bom tiro.

Escolhas

“A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19


Eventualmente ouvimos: “Se Deus É Amor, como mandaria alguém para o inferno?” É uma boa pergunta. A rigor, O Eterno não manda ninguém para lá. Chama a Si; “vinde a Mim todos...” Mat 11;28

Os que, infelizmente se perdem, o fazem pelas suas escolhas. Amando mais às trevas que à luz, deixam patente pelos seus atos, o que prezam e o que desprezam.

Se, O Eterno sonegasse as consequências das nossas opções, estaria vilipendiando à justiça que também ama.

Por isso, a advertência: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que homem semear, isso ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” Gál 6;7 e 8

Enfim, a liberdade pressupõe responsabilidade; façamos bom uso da nossa. “O que Me der ouvidos habitará em segurança, estará livre do temor do mal.” Prov 1;33

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Tempo de misericórdia

 

“As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque Suas misericórdias não têm fim; novas são cada manhã...” Lam 3;22 e 23

Jeremias apresentou essa qualidade Divina como natural. Como o nascer do sol, a novidade que se repete cada manhã. Não estava aludindo a um modo de agir de Deus; antes, a uma nuance do Divino Ser. Deus é misericordioso sempre. Até quando castiga.

Habacuque, antevendo uma severa situação de juízo, orou nesses termos: “... na Tua ira lembra-te da misericórdia.” Hac 3;2

A Palavra não apresenta a ira como parte da Divindade. Os movimentos emocionais do Santo são bem estabelecidos, em face dos motivos que os despertam; “Tu amas a justiça e odeias a impiedade...” sal 45;7

Invés duma repetição cíclica, como apresentou a misericórdia, a manifestação da ira espera por um dia específico. Advertiu Paulo aos que viviam impiamente; “Segundo tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus;” Rom 2;5

Embora, pontualmente, a ira Santa acenda todos os dias, por causa de resiliência humana na maldade, “Deus é Juiz Justo, um Deus que se ira todos os dias.” Sal 7;11 Nessas situações, lembra-se da misericórdia, como orou Habacuque; age em longanimidade; embora, o ímpio entenda mal esse rasgo da misericórdia que espera por eventual arrependimento e mudança; dele abusa em prejuízo próprio. “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11

Quando Jeremias escreveu assegurando da Divina misericórdia que se renova diariamente, o fez num cenário de total devastação da cidade e do templo. Jerusalém se encontrava em ruínas; passeando sôfrego entre elas, o profeta das lágrimas ainda conseguia ver nuances da bondade Divina. Ele estava vivo, apesar de tudo e a grande maioria do povo, também; embora tivessem sido levados cativos para Babilônia.

Poderia ser pior, pensou; poderíamos ter sidos destruídos, mas a Divina graça não permitiu. “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos...”

O mesmo Jeremias fora instrumento de reiteradas mensagens exortando ao arrependimento, para que o juízo que então se ameçava, não fosse necessário. Quando cansara de falar à “raia miúda” não sendo ouvido, decidiu buscar pelos líderes, esperando que com esses fosse diferente, mas se decepcionara; “... estes são pobres; são loucos, pois, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, e falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Cap 5, vs 4 e 5

Ninguém melhor que ele sabia, que o juízo ainda tinha saído barato, poupando a um povo tão rebelde da destruição, e deixando uma janela futura aberta para a vindoura restauração.

Em geral, costumamos ver a Bondade Divina quando as coisas acontecem conforme desejamos; no entanto, mesmo em momentos adversos, Deus não muda Seu Ser. Até nesses nos abençoa, como ensina Paulo: “Sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo Seu propósito.” Rom 8;28

Eventualmente, O Eterno acena com Sua Ira, para que consideremos quão grave é o pecado, e dele nos apartemos, como se deu em Nínive nos dias de Jonas. O Senhor enviara dura mensagem de juízo; dado o arrependimento e mudança dos ninivitas, tratou-os em misericórdia.

Somos chamados em Cristo a sermos também misericordiosos para com aqueles que falharam conosco e se arrependeram; como disse Tiago: “Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo.” Tg 2;13

No nosso caso a misericórdia não é parte do nosso ser; em geral somos vingativos; mas é um aprendizado que carecemos adquirir.

A bondade Divina sempre terá um espaço acolhedor para quem reconhecer suas falhas, se arrepender e buscar perdão. 

Misericórdia, pois, não é licença para pecar; antes, leniência gratuita para quem pecou e se arrependeu. Demanda uma mudança de atitude como testemunha de que o arrependimento é veraz; “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque Grandioso É em perdoar. Porque os Meus pensamentos não são os vossos, nem os vossos caminhos os Meus, diz o Senhor.” Is 55.7 e 8

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. Mat 5;7 Se, é vero que a misericórdia Divina se renova diariamente, também é, que, estará de férias no dia do juízo. “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.” Is 55;6