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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Púlpito ou palco?



“E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também  esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.” Atos 8; 18 e 19 

Muito se falou sobre os meios escusos da “Simonia”; pretender aquisição de valores espirituais via compensação com vil metal. Como o incidente mais notório foi esse, com Simão, em sua “homenagem” temos o nome. Além do meio ser blasfemo, o fim é estúpido, carnal; a obtenção de poder.

Claro que, quem acha o poder um fim, facilmente achará o dinheiro, um meio. Assim funcionam as coisas nos governos humanos. O poder econômico sempre dá um jeito de lograr o poder político; daí, tantos veios de corrupção com esse fim, além do enriquecimento pessoal; porque ninguém é de ferro. 

Acontece que, poder no escopo espiritual em muito diverge do domínio humano, natural. Se esse se assenta sobre privilégios, benesses várias, aquele, sobre dever, responsabilidade. 

A parábola dos talentos deixa claro que cada um deve multiplicar o que recebeu, seja um, dois ou cinco. Desse modo, quem desfruta dons mais excelentes deve produzir os frutos correspondentes. Mais que isso; quando do julgamento, a severidade será maior sobre o que dispunha de melhores meios. “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçam em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito, poderoso para também refrear todo o corpo.” Tg 3; 1 e 2  

Aliás, a despeito de possuir dons excelentes, ou não, o mero contemplar sinais de Deus já aumenta a responsabilidade da plateia. “E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.” Mat 11; 23 e 24 

Embora a conversão seja pela Palavra, os sinais que seguem também testificam do amor e poder Divinos; assim, quem ignora a Palavra e desconsidera sinais, despreza duas testemunhas; trai a si mesmo. 

Claro que, sendo a salvação o que é,  peregrinação em território hostil, num mundo que “jaz no  maligno”, certa dose de poder carecemos para nos mantermos fiéis. Deus, além de Santo É Prudente, Sábio. Assim, aos que O recebem destina um “kit” emergencial para suprimento na peregrinação. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome;” Jo 1; 12 

Não que seja vetada ascensão aos que ingressam no Reino; mas, o crescimento se dá via serviço, não, mediante mais poder. Por contraditório que pareça, quanto menor, maior. “...Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal;” Mat 20; 25 e 26 

Se essa concepção estivesse patente em todos que se acercam da Obra, não haveria disputas por poder, tampouco, desejo de adquiri-lo por meios escusos. Não fosse a egolatria e falta de noção que grassa em nosso tempo, e não teríamos essa revoada de “apóstolos” que, se outra doença não atesta, pelo menos a vaidade pelo poder deixa patente. 

Justiça seja feita para com Simão, o Mago; era novo convertido, assustado com o que vira. “E creu até o próprio Simão;  sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito.” Atos 8; 13 Num momento de deslumbramento, euforia, falou inadvertidamente, mas, exortado por Pedro por ter dado uma bola fora, presto se arrependeu, se refez. “Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.” V 24 

Se o mundo “canoniza” seus ícones, os famosos nos esportes, artes, moda, etc. na igreja a beleza está no coletivo, o Corpo de Cristo crescendo em santidade e quantidade também.

Quem precisa de fama, renome aqui, ainda que não admita, não confia na recompensa celeste. Além do mais, o aplauso da Terra se dá por identificação; as pessoas aplaudem o que gostam, de modo que, no fundo, aplaudem a si mesmas. Essas coisas deixam de valer, exatamente onde a salvação começa. “... negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” Luc 9; 23 

Dons espirituais são meras ferramentas de trabalho. Se alguém os quer em maior quantidade, que se disponha a trabalhar mais. Quem pensa que púlpito é palco desconhece a diferença entre Inferno e Céu.

domingo, 21 de setembro de 2014

Photoshop remove montanhas



Que faremos para executarmos as obras de Deus?” Jo 6; 28 

Uma das máscaras mais comuns na face humana é travestir nossos próprios anseios como se de Deus. Noutras palavras: laborar pelos próprios desejos, cobiças, e “santificar” isso atribuindo nossas deturpações Ao Santo.

Facilmente nos voluntariamos às coisas das quais pressupomos uma recompensa imediata. Essa febre se vê no relato de João que mostra o ápice do ministério de Jesus em termos de “aceitação”.

Multidões foram a Cafarnaum a Sua procura, e o interrogaram sobre como servir a Deus; que maravilha! Finalmente o Salvador conseguira tocar em seus corações! Não, infelizmente não era bem assim. 

A Parábola do Semeador ilustra bem que pouca semente da muita lançada cai em boa terra. Um dia antes Ele multiplicara o pão para a multidão. Eles foram atrás do Mestre em busca de mais, de modo que os exortou: “…me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes.” V 26

Os ouvintes ainda tentaram uma fútil coação; quiçá emulação dizendo: “Moisés deu o pão do céu, que sinal operas tu?” v 30 e 31  Nem se preocuparam em disfarçar que não estavam atrás de pão como o Senhor acusara, antes, confirmaram isso com suas palavras. Não há dúvidas que se Ele tivesse vindo para trazer pães e peixes a desocupados seria um sucesso de público e crítica; mas, Seus alvos eram outros.

Depois de dizer que Ele é o pão vivo, o Senhor ensinou em quê consiste o “comer”. “…Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome…” v 35  “Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes.” V 36 O comer, no caso, é crer, o que implica obedecer às ultimas consequências, como ensina Paulo: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6; 3

Se alguém pretende ser Dele, pois, abdique da pretensão de gerir a própria vida e submeta-se totalmente à Sua Vontade. “…Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me.” Luc 9; 23  
Aliás, o mesmo Paulo escrevendo aos filipenses, reforça essa ideia em palavras bem claras; “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo…” Fp 2; 5 – 7

As multidões que hoje correm após mensagens que afirmam que Jesus continua multiplicando o pão e os peixes, ou seja, basta “sacrificar” e ter tudo; prosperidade, empregos, honras, são imensa maioria.

Seus gurus pegaram as partes “feias” do Evangelho e deram um trato no Photoshop, de modo que ficou lindo, a carne adora, uma vez que oferece o céu sem cruz.

Nunca prosperou tanto o engano como nos lábios dessa geração de safados, que despreza a cruz de Cristo e profana Seu santo Nome. “Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas.” Fp 3; 18 e 19

Seus templos estão cheios de gananciosos atraídos pela mensagem facilmente digerível que eles pregam. Fácil ao homem natural, ao espiritual soa obsceno. 

Tristemente somos uma geração que vê, tudo acaba em vídeo, pouco ouve, quase nada analisa. A imensa interação que os meios tecnológicos propiciam massifica; tolhe o indivíduo que acaba sumindo numa coisa amorfa, conduzida pelo fluxo comum em busca de aceitação.

Constroem seus majestosos templos, criam um “Deus” às suas imagens corruptas e mercantís, e apregoam como sendo o Senhor do universo.

Será que tinha isso em mente o traíra-mor, quando disse, “sereis como Deus”? Talvez nem ele suspeitasse quanto efeito essa mentira faria no seio da humanidade, deve estar se sentindo o cara.

O Evangelho genuíno continua centrado na Cruz de Cristo, seu fim ainda é salvar, e o meio, também persiste, arrependimento. O resto é só motim de pecadores profissionais, faltos de caráter que pecam sobre os púlpitos; não importa quanto sucesso alcancem, aliás, o único atrativo do pecado é que acena com certo prazer, omitindo as consequências, e pecado da pior espécie é o que suas mensagens contêm, profanação. 

A verdade não carece retoques, pois traz a beleza em si. “A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.” Jo 6; 29
 
"O falso é tão vizinho do verdadeiro, que o sábio não deve aventurar-se num desfiladeiro tão perigoso."  Cícero