“A doutrina do sábio é uma fonte de vida para se desviar
dos laços da morte.” Prov 13;14
Inusitado esse aspecto da vida ser como uma fonte. É
próprio de uma fonte, o manar contínuo, diverso das águas paradas que se
deterioram lentamente, por falta desse fluxo vital que renova.
A vida natural é mais ou menos como um relógio antigo,
que, uma vez que se lhe dava "corda" funcionava normalmente pelo
tempo correspondente ao curso mecânico e parava. Somos biodegradáveis no prisma
natural, e, exceto o concurso do acidente, funcionamos relativamente bem, até o
fim de nossa “corda”, digo, até o estertor de nossa resistência física.
Todos passam pelas veredas da vida satisfeitas três necessidades
básicas: Comida, bebida e procriação. Como nenhum desses aspectos vitais
demanda as benesses da “doutrina do sábio” para vicejar, parece necessária a
conclusão que, a vida que carece tal alimento, que é caçada pelo laço da morte
é a espiritual.
Ele mesmo figurara a mulher adúltera como uma assassina,
sendo que, seus feitos não tiravam a vida das vítimas estritamente, mas,
espiritualmente sim, enviavam à perdição eterna. “Assim, o seduziu com palavras
muito suaves, o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios. Ele logo a seguiu,
como o boi que vai para o matadouro, como vai o insensato para o castigo das
prisões; até que a flecha lhe atravesse o fígado; ou como a ave que se apressa
para o laço, não sabe que está armado contra sua vida.” Prov 7;21 a 23
Quando o pensador diz que a doutrina do sábio é fonte
vida, não está pleiteando óbvio, que o dito sábio seja tal fonte, antes, seu
ensino, que, não tem origem nele; é mero canal que a conduz, como um aqueduto
faz com a água viva.
Ele mesmo, ao encerrar as belas reflexões do Eclesiastes,
pluralizou os meios de difusão da sabedoria, ainda que, reconheceu a origem em
fonte singular: “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos bem fixados
pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único Pastor.” Ecl
12;11
E, o Único Pastor, quando se apresentou na forma humana
para, entre outras coisas, ensinar Sua Doutrina, disse: “Aquele que beber da
água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele
uma fonte que salte para a vida eterna.” Jo 4;14
Uma vez mais vemos, que o escopo transcende ao natural, à
água comum que a samaritana buscava para sua sede, quando, O Salvador lhe
acenou com a Água viva. Começamos com a metáfora da fonte, agora, estamos na água,
produto da fonte, a doutrina do sábio.
Claro que, a sede espiritual é diversa da natural. Nem
todos a identificam. Entretanto, todos, em dado momento se veem às voltas com
traços dela, ainda que, façam errada leitura. Tentam silenciá-la com drogas,
bebidas, promiscuidade, etc. Como um viciado em cigarros que diz que fumar lhe
acalma. Na verdade, acalma aos clamores orgânicos por nicotina, da qual se fez
dependente; assim, os hedonistas “acalmam” seus pleitos espirituais, com os
ditos prazeres, que, amiúde, são fugas.
A Bíblia não apresenta a servidão ao pecado como oriunda
da busca pelo prazer, antes, como fuga do medo da morte. Fugindo da sina,
apressam-se ao seu encontro, como Édipo, da tragédia grega. “Visto como os
filhos participam da carne e do sangue, também ele ( Cristo ) participou das
mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte,
isto é, o diabo; livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a
vida sujeitos à servidão.” Heb 2;14 e 15
O livramento dos cristãos depende do que Cristo Fez na
Cruz, não, de Sua Doutrina, estritamente; mas, essa, possibilita compreendermos
as implicações eternas de Sua Grande Vitória.
Então, como o jorrar contínuo de uma fonte, carecemos a Palavra
de Cristo nos escudando cada dia, pois, as tentações, os laços da morte nos
buscam o tempo todo.
Não que haja algo errado com o prazer em si, antes, o veto
atina aos degenerados que afrontam a Deus. Nos demais, na boa escolha o Pai tem
prazer conosco. Censurando aos rebeldes certa vez, disse: “clamei e ninguém
respondeu, falei e não escutaram; mas, fizeram o que era mau aos meus olhos,
escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.” Is 66;4
E o prazer maior do Santo é salvar aos que Ama, por isso,
O Único Pastor encerra Sua Revelação acenando uma vez mais, com a Fonte Eterna:
“O Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede,
venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” Apoc 22;17