sábado, 1 de julho de 2017

Maravilhosa Graça

“... no meio de muita prova de tribulação, manifestaram abundância de alegria; a profunda pobreza deles superabundou em grande riqueza da sua generosidade.” II Cor 8;1 e 2

Se, há algo que a Graça Divina opera como só ela é a reversão das expectativas. Tira vitória da morte, força da fraqueza, capacitação, da inépcia; e, como vimos acima, alegria dentre provas, tribulações, generosidade da pobreza.

Quando Paulo desejou a remoção de certo incômodo que denominou: “Mensageiro de Satanás”, ouviu:”...minha graça te basta, porque meu poder se aperfeiçoa na fraqueza...” II Cor 12;9

Davi dissera: “Porque tua graça é melhor que a vida, os meus lábios te louvarão.” Sal 63;3

Muitos tropeçam por inverterem Moisés e Jesus; digo; Lei e Graça. “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e verdade vieram por Jesus Cristo.” Jo 1;17

Erram os que se supõem tão “agraciados” que não precisem ser santos, e, os que por demasiado legalistas acabam caindo da Graça esperando obter justificação mediante preceitos da Lei, cujo fim, era manifestar pecados, não, redimir.

“... o homem não é justificado pelas obras da lei, mas, pela fé em Jesus Cristo... porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” Gál 2;16 disse mais: “Se torno a edificar aquilo que destruí, constituo a mim mesmo transgressor. Porque pela lei estou morto para a lei, para viver para Deus.” Vs 18 e 19

Noutra parte, escrevendo aos romanos comparou a adultério espiritual, pertencer à Lei e graça ao mesmo tempo. “vivendo o marido, será chamada adúltera se for de outro; mas, morto o marido, livre está da lei; não será adúltera, se for de outro. Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que demos frutos para Deus.” Rom 7;3 e 4

Se, a Graça Divina opera uma série de reversões, a mais notável de todas as “invertidas” é que, os espiritualmente mortos renascem por ela; “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem vida eterna; não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida.” Jo 5;24

Contudo, fato de ser graça elimina apenas nossos méritos, não, nossa participação como creem alguns. Criaram a teologia da “graça irresistível” para pontuar que Deus salva quem escolhe, antes que, pecadores escolham aceitar Sua Graça, ou não. Contudo, Aquele que salva condicionou a uma resposta humana, supostamente, livre: “...quem ouve minha palavra e crê...”

O “mérito” de quem abraça a Graça salvadora é apenas amor pela vida, desejo de não perecer; contraponto à queda, onde a ameaça de morte não bastou como força persuasória à obediência. Agora, desejo de vida, pra alguns tem bastado.

Quando Paulo exclui obras como meios de salvação, exclui a Lei, orgulho dos judeus. Contudo, a fé no Salvador, é equacionada por Ele mesmo, como “Obra” que Deus espera dos Seus filhos; “...A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que Ele enviou.” Jo 6;29 Depois dessa, no singular, as obras boas, não para salvação, mas, para sermos testemunhas vivas da transformação que a Graça operou em nós. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Se, a fé vem pelo ouvir; a Luz apela aos olhos; ao recebermos essa somos feitos luzes também. Nosso resgate ilumina; “...muitos verão, temerão e confiarão no Senhor.” Sal 40;3 Nossa atuação, idem; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

O traço mais marcante de um agraciado é humildade; sabedor que foi guindado por amor a um lugar que não merece como o Pródigo no retorno, aceita o que tiver, mesmo, a condição de servo, malgrado, seja filho.

Quando vejo ou ouço, alguém, “determinando” isso ou aquilo, exigindo seus “direitos” constato que a “cirurgia” da graça que transplanta um coração espiritual em lugar do pétreo egoísta, ainda não foi feita. A pior desgraça não é estar por aí existindo simplesmente, sem vida espiritual alienado; antes, é ser esse deserto todo travestido de oásis, estar morto dentro da igreja; um cadáver flutuando nos remansos da Graça que recusa aceitar.

Nesses casos, será a Lei que obrará reversão de expectativas. Estar entre filhos não faz da família; a graça não vem sozinha, antes acompanhada de outra preciosa, a Verdade. Em Cristo, “Misericórdia e verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.” Sal 85;10

Enfim, agraciados não são foras da Lei; submetem-se a Cristo. Legalistas e hipócritas encenam alienados da Graça; que desgraça!

terça-feira, 27 de junho de 2017

Razões de amor e ódio

“Por que persegue o meu Senhor tanto o seu servo? Que fiz eu?...” I Sam 26;18

Davi fugitivo diante do ódio de Saul, dando a esse, oportunidade de explicar seus motivos. “Por que me persegues...? Que fiz eu?”

A relação entre causa e efeito é pacífica, todos reconhecem. Entretanto, quando a causa nos escapa, racionais que somos, desejemos conhecê-la. Poderíamos recorrer a simplismos como, vingança, ciúmes, inveja; mas, essas são formas de expressão do ódio, não o próprio.Qual a vertente do ódio?

Averigüemos seu contraponto, o amor; encontrando os motivos deste podemos reverter o espelho para que vejamos os daquele. Quais as razões do amor? Serão as qualidades de quem amamos? Dizemos: “Quem ama não vê defeitos”; aí, a “perfeição” do objeto de nosso amor deriva de certa “cegueira” que o próprio amor opera em nós. Talvez, por anseios do amor próprio queiramos tanto alguém, que, sequer desejamos ver eventuais lapsos, dado o regozijo que o viço enseja... Contudo, nossa lupa busca o amor cristão, não, amor próprio. De onde vem ele?

Se, a causa estiver no objeto, talvez, os desprovidos de talento, beleza, inteligência ou, outros predicados nobres não possam ser amados... Mas, O Senhor nos ordenaria que fizéssemos algo impossível? Quando diz: “Ama teu próximo como a ti mesmo”, o simples não ordenar que eu ame a mim mesmo, antes, que faça disso parâmetro para o amar força-me a concluir que o amor nasce conosco, não carecemos esforço nenhum para senti-lo; é uma necessidade psicológica. Mesmo dependentes de algum vício, que parecem faze mal a si mesmos entraram nessa prisão devaneado que a coisa lhes fariam bem, daria certo prazer, quiçá, aliviaria alguma dor.

Quando O Senhor ensina: “Misericórdia quero, não, sacrifício" toca na ferida. Quando faço sacrifícios para agradar a Deus busco meu próprio interesse, há um quê de egoísmo; quando atuo em misericórdia são os interesses de outrem que me movem. Aí, o motor do sacrifício é o amor próprio; da misericórdia, o próprio amor. Desse modo, eliminamos razões exteriores para amar, uma vez que misericórdia não se expressa sobre as qualidades de outrem, antes, sobre suas carências.

Embora a origem inda nos seja obscura, o modo de expressão do vero amor começa a ser-nos visível. O Salvador disse:”Ninguém tem maior amor que esse; dar a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15;13 Notemos que a maior expressão de amor está associada a certo verbo: Dar. Se, a nós, amantes de pequena estatura o padrão proposto foi que amássemos ao próximo como a nós mesmos, o Supra Sumo do Amor, Jesus Cristo, abriu mão de Si mesmo, por amor; deu Sua vida. A diferença abissal é que “Deus É Amor”; de nós espera que imitemos tanto quanto pudermos, Seu Bendito Ser.

Como, por óbvios motivos, ninguém pode dar o que não tem, O Senhor que ordenou amar dotou cada criatura sua com essa capacidade.

A queda se deu quando, por sugestão do inimigo, deixamos a submissão que era uma demonstração de amor a Deus, em troca da autonomia, da auto-afirmação, independência; o Ego.

Assim, esse dom inato que deveria voltar o homem para o semelhante foi redirecionado para si próprio; e, amor próprio desmedido faz de nosso irmão um concorrente, uma ameaça; invés de um alvo para amar. Por amarmos tanto a nós mesmos, precisamos combater esse intruso; aí nos equipamos de armaduras que o capeta oferece; ciúme, inveja, rivalidade, vingança...

É o amor um Dom Divino incutido em cada alma ao nascer, o ódio, filho da perversão do amor; um “dom” do maligno fácil de receber, uma vez que alinha-se aos anseios das almas alienadas de Deus. O Salvador mesmo disse que Sua presença era naturalmente rejeitada pelos maus, pois, era-lhes uma ameaça. “...a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.” Jo 3;19

Enfim, acho que chegamos aos motivos de Saul para odiar Davi. Invés de ver nele uma bênção, quando Deus o usou para vencer Golias, viu uma ameaça, uma sombra ao Reino; isso seu amor próprio não toleraria. Então, Davi precisava morrer. Jônatas, seu filho, porém, viu de outra forma: “...a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma.” I Sam 18;1

As razões do amor e do ódio, pois, não estavam em seu objeto, Davi; antes, em seus agentes, Jônatas e Saul. O ódio visa “consertar” seus lapsos eliminando quem os revela; o amor independe de méritos, tanto de quem ama, quanto, de quem é amado; é um Dom Divino que enriquece quem recebe sem empobrecer que dá.

“Quanto menor é o coração, mais ódio carrega.” Victor Hugo

domingo, 25 de junho de 2017

Na hora da angústia

“Por que estás ao longe, Senhor? Por que te escondes nos tempos de angústia?” Sal 10;1

Costumamos dizer que certos “amigos” o são apenas nas horas que tudo nos vai bem. Ou como os do Pródigo, quando estamos pagando a festa; porém, se, como aquele, falimos, junto com nosso dinheiro os amigos evaporam. Será que Deus é assim? Um aproveitador que está por perto quando estamos bem, mas, se a angústia chega Ele desaparece?

Na verdade, na Parábola do Semeador, é o crente superficial que se afasta de Deus, temendo a angústia, não, o contrario. “Não tem raiz em si mesmo, antes, é de pouca duração; chegada a angústia, perseguição por causa da palavra, logo, se ofende;” Mat 13;21

Além disso, como seria O Eterno, interesseiro, aproveitador no que tange a nós? O que falta a Ele que possa receber de nossas mãos? “Da tua casa não tirarei bezerro nem bodes dos teus currais. Porque meu é todo animal da selva, o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; minhas são todas as feras do campo. Se eu tivesse fome, não te diria, pois, meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;9 a 12 Na verdade, invés de ausentar-se por ocasião de nossas angústias, chama-nos, para junto de Si:” invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50;15

Há angústias que são consequências de nossas rebeliões, portanto, devemos buscar pelas causas em nós. “Por isso, quando estendeis vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; ainda que multipliqueis vossas orações, não as ouvirei, porque vossas mãos estão cheias de sangue.” Is 1;15

Adiante lembra que a causa de Seu afastamento está conosco mesmo. “vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;2 Mais que não ouvir as orações dos rebeldes, eventualmente se faz adversário deles. Após ter sido partícipe das angústias do Seu povo, Senhor pelejou contra, dada a rebelião dele. “Em toda a angústia deles ele foi angustiado; o anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor, e sua compaixão ele os remiu; os tomou e conduziu todos os dias da antiguidade. Mas, eles foram rebeldes, contristaram seu Espírito Santo; por isso se lhes tornou em inimigo;Ele mesmo pelejou contra eles.” Cap 63;9 e 10

Então, voltando à pergunta do Salmista, por que Deus fica longe em tempos de angústia? Por duas razões: uma; um propósito mais elevado cuja realização compensa as angústias; outra, nossa edificação; o crescimento espiritual que auferimos mediante a dor também a faz valer à pena.

O alvo superior pode ser tipificado pelo Calvário; extrema angústia do Salvador, a ponto de suar sangue, tinha como alvo derrotar o Príncipe do mundo, o pecado e a morte. Nesse momento angustioso Ele perguntou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

Contudo, malgrado a imensa dor que isso causou ao Senhor, Ele, vendo o resultado regozija; “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma e ficará satisfeito; com seu conhecimento, meu servo, o justo, justificará muitos; porque as iniquidades deles levará sobre si.” Is 53;11 Assim, o sofrimento dos justos é sacerdócio para bênção de terceiros; o servo sofredor transformado em dádiva Divina em favor de outros alvos do Seu amor.

No prisma da edificação, a tristeza segundo Deus obra a purificação de nossas superficialidades, melindres vários que só no Vale das sombras da morte, abandonamos deveras. “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos.” Sal 119;71

Depois de uma dura reprimenda por carta à igreja dos coríntios, Paulo sabendo do “estrago” que fizera, quase que retirou suas palavras; porém, comemorou pelo fato de ter ensejado o necessário concerto. “Porquanto, ainda que vos contristei com minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas, porque fostes contristados para arrependimento; pois, fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano nenhum. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas, a tristeza do mundo opera a morte.” II Cor 7;8 a 10

Ademais, nossas almas inquietas, incapazes de esperar o tempo de Deus, angustiam-se ao desejarem certos bens, sem o devido processo que os produz; nesse caso, invés de nos abatermos, aprendamos esperar. “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois, ainda o louvarei...” Sal 43;5

Deus nos ama de modo inefável; por isso, mesmo quando está “muito longe” inda está cuidando de nós.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Materialismo "Cristão"

“Os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono e adoravam ao que vive para todo o sempre; lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas; por tua vontade são e foram criadas.” Apoc 4;10 e 11
Para a reflexão em curso, não é prioritário saber quem eram os vinte e quatro; antes, qual sua estatura, e como se portavam diante do Todo Poderoso. Se, usavam coroas tinham recebido dignidade real; entretanto, diante do Rei dos Reis abdicavam delas, se inclinavam reverentes.

Tal postura nos parece mui lógica; é esse mesmo o lugar das coisas. Entretanto, nós, reles pecadores sem coroa nenhuma, sequer, da justiça, nos portamos muitas vezes como se O Senhor estivesse a postos para nos servir, aguardando ordens que lhe daremos em nossas “orações”.

Ora, o cerne do Evangelho é renúncia das humanas tendências, mortificação da carne, sujeição de corpo e alma ao Senhorio de Cristo; o “negue-se”; enfim, a cruz. Todavia, analisando muito do se canta ou prega, invés de cristianismo bíblico, hígido, transformador, temos a doentia febre antropocêntrica envernizada, sem noção.

Antropocentrismo, para quem não sabe, quer dizer, o homem no centro, invés de Deus; Ele chama-se Teocentrismo.

Deparo seguidamente com eufônicas mensagens baseadas na passagem da viúva pobre abençoada mediante o ministério de Eliseu; ou, a saga de José, como estímulos para que acoroçoemos sonhos grandiosos, pois, Deus “está pronto para realizá-los”. Cáspita! Que gente sem noção!!

Estão sujos, cagados, e invés de se lavarem se supõem em trajes de gala, perfumados, prontos pro baile. Se, pelo menos alimentassem suas cobiças em particular para evitar danos a terceiros; mas, pretendem ser expoentes da vontade Divina, despertando com suas heresias imodestas, as cobiças de outras vítimas das mesmas paixões.

Suas mensagens, abortos espontâneos; nascem mortas. Se, alguém inda não é convertido carece desesperadamente salvação; nada pode ser mais importante ou urgente. Invés de mandar sonhar coisas grandes, que tal acionarmos o “despertador” paulino? “...Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e Cristo te esclarecerá.” Ef 5;14

Porém, se alguém está abrigado em Cristo deve ser ensinado a mirar alvos que se coadunem com sua de fé. Paulo ensinou: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, não nas que são da terra; porque já estais mortos; vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” Col 3;1 a 3

O mesmo Salvador, aliás, entre outras coisas disse: “Buscai primeiro o reino de Deus, e sua justiça; todas estas coisas vos serão acrescentadas. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si. Basta a cada dia seu mal.”Mat 6;33 e 34

Ora, há sonhos que nos vêem que nada temos com eles, pois, estamos dormindo; desse calibre foram os proféticos, de José. Não desejou aquilo; sequer, entendeu; senão, nem teria corrido risco e contado aos invejosos irmãos. Foi iniciativa Soberana de Deus, tanto, dar os sonhos, quanto, seu cumprimento. Portanto, alimentar a fogueira da cobiça material com essa lenha, só perante incautos.

Por ser um convertido, e conviver com muitos deles, Paulo o apóstolo sabia bem o que esse milagre opera nas vidas em que se realiza; “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

Desse modo, ouvir esses mensageiros presumindo e ensinado que, a ovelha come carne, soa lógico, como comprar gás para alimentar fogão à lenha. Não conhecem a Salvação; se, um dia conheceram, são, na linguagem bíblica, como cães que volveram ao próprio vômito.

Ora, Cristo se deu pelos pecadores para os regenerar; salvar o que se havia perdido, não, para alimentar cobiças de zumbis, mortos-vivos sem noção que profanam ao santo e nem percebem, tal, sua cegueira.

Vejo muitos pregadores nos púlpitos por aí que sonham com vida mansa, dinheiro fácil “em nome de Jesus” Claro! Vão trabalhar vagabundos, parem de mentir e explorar incautos!Quem sabe entrem pra política, filiem-se ao MST.

Por que olhamos para tão longe? Na era da Igreja temos ensinos claros sobre nossa relação com a matéria? “Os que querem ser ricos caem em tentação, laço, e em muitas concupiscências loucas, nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e tranpassaram a si mesmos com muitas dores. Mas, tu, ó homem de Deus, foge destas coisas...” I Tim 6;9 a 11

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Culto X Caráter

“De que me serve a multidão de vossos sacrifícios, diz o Senhor? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, da gordura de animais cevados; não me agrado de sangue de bezerros, cordeiros, nem de bodes.” Is 1;11

Isaías introduz seu livro com dura diatribe ao culto hipócrita de então que estava enfadando ao Senhor. Se, o prisma fosse movimento e frequência ao templo, bem se poderia concluir que Israel vivia dias de “avivamento”; contudo, a encenação religiosa era só o pretendido disfarce da omissão em agir de modo aprazível ao Santo.

Um erro que muitos cometem é presumir que podem chegar a Deus passando de largo pelo semelhante necessitado, como o sacerdote e o levita da parábola do Bom Samaritano. “Atenta para os céus, vê; contempla as mais altas nuvens, que são mais altas que tu. Se, pecares, que efetuarás contra ele? Se, tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se, fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão? Tua impiedade faria mal a outro como tu; e tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” Jó 35;5 a 8

Não existe esse salto, pois. Nossas ações que agradam a Deus, ou não, incidem antes, sobre os semelhantes, como podemos ver no preceito dado: “Aprendei fazer o bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas.” V 17

Mas, obras não salvam! Certo. Porém, o contexto não era a salvação, mas, a conduta esperada pelo Senhor, dos que eram reputados, seu povo; então, estritamente Israel e agregados; hoje, qualquer pessoa dentre todas as nações que presuma ser serva do Altíssimo.

Não se entenda, contudo, que boas obras sejam uma espécie de licença para pecar; que O Eterno goste tanto delas, que, depois de as termos praticado tenhamos carta branca. Antes de preceituar solicitude com necessidades alheias, as nossas no que tange ao caráter foram postas como prioritárias; “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal.” V 16 E, o mal não era de pequena relevância: “Por isso, quando estendeis vossas mãos, escondo de vós, meus olhos; ainda que multipliqueis vossas orações, não ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue.” V 15

Assim, “limpos de coração” é a estatura requerida dos convertidos que um dia verão a Deus; boas obras são apenas um modo de caminhar seguindo Aquele que É O Caminho, Cristo. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Um ótimo modelo encontramos no centurião Cornélio; o relato diz que era “Piedoso, temente a Deus, com toda sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo; de contínuo orava a Deus.” Atos 10;2

Era espiritual a ponto de depender da Soberania de Deus a quem sempre orava; contudo, não tencionava chegar a Ele ignorando o povo sofrido que o rodeava; antes, “fazia muitas esmolas ao povo...” Seu modo de ser e agir era de um salvo perfeito; embora, faltasse o Selo da Justiça Divina, que só “carimba” para salvação no Bendito e Imaculado Sangue de Jesus. Desse modo, O Espírito Santo chamou a Pedro e lhe ordenou que fosse apresentar a Graça Divina àquele de quem O Senhor se agradava.

Então, salta aos olhos o contraste no qual devemos beber algumas gotículas de instrução. O hipócrita religioso, mesmo que more no templo, tudo o que consegue é enfadar ao Eterno com seu mau caráter; a pretensão profana de trocar palavras vazias, pela aprovação Divina; Por outro lado, aquele que, à luz do conhecimento que possui, inda que parcial, se esforça com amor ao semelhante e temor, agrada a Ele de tal forma que toma iniciativa em buscar para si, formalmente, quem, de certo modo, já é Seu.

Assim, pregadores da moda, esses que instigam a dar grandes ofertas em troca de bênçãos falham em duas frentes. Primeira: Não podem pregar sobre caráter transformado, santidade, pois, não sabem o que é isso; segunda: não conseguem parar de demandar grandes ofertas como sendo anseio Divino, uma vez que adotaram ao dinheiro por deus; nada os faria infiéis.

Se chover nas hortas dos incautos que lhes ouvem, por certo, será oriundo de nuvens espúrias; ímpios estão separados do Senhor até que se arrependam, mudem. 

O que valeu para aqueles vale igualmente pra esses: “Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado seu ouvido, para não poder ouvir. Mas, vossas iniquidades fazem separação entre vós e vosso Deus; os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça.” Is 59;1 e 2

domingo, 18 de junho de 2017

Grandezas pequenas

“Todos os presidentes do reino, capitães, príncipes, conselheiros, governadores, concordaram em promulgar um edito real estabelecendo que, qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou, qualquer homem, não a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.” Dn 6;7

Os potenciais assassinos oblíquos de Daniel; digo; que pretendiam matá-lo sem sujar as mãos foram ao rei Dario com essa mimosa honraria que o fazia Deus Supremo, inda que, apenas por trinta dias. Incauto, ele assinou o famigerado edito. Isso lhe causou uma noite de profunda angústia quando viu que o leal Daniel fora lançado aos leões por causa daquilo.

Deixando a saga de Daniel quero meditar um pouco sobre o lugar das coisas. Spurgeon disse: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.” Foi justo, por almejar algo superior ao seu excelso lugar, que o “Querubim ungido” caiu de seu jardim de “Pedras afogueadas”, se tornou Satanás.

Do rei de Tiro temos: “teu coração se elevou e disseste: Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento no meio dos mares; não passas de homem, ainda que estimas teu coração como se fosses Deus...” Ez 28;2

Dario era rei do Império Persa, algo grandioso; mas, infinitamente maior é a distinção entre essa grandeza e O Eterno; Senhor do Universo. Como ousou assinar um edito insano assim? Vaidade de vaidades, diria Salomão.

Aliás, ele disse mais: “A estultícia está posta em grandes alturas, mas, os ricos estão assentados em lugar baixo. Vi servos a cavalo, e príncipes andando sobre a terra como servos.” Ecl 10;6 e 7 Essa inversão “pra baixo” ( onde os grandes eram diminuídos, não, as nulidades exaltadas) que considerou um erro do Governador, embora pudesse trazer prejuízo na administração terrena, seria menos danosa que a outra que eleva aos lugares de comando gente que não vale nada. Nosso país é perito nisso.

Todavia, nas coisas espirituais a grandeza é mesmo para baixo. Como árvore carregada de frutos tende a abaixar seus pesados galhos, os maiores na dimensão do espírito são humildes; não ostentam nenhuma pretensão de grandeza, antes, esvaziam-se por Cristo para servir. Ele mesmo ensinou: “Os reis dos gentios dominam sobre eles, os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas, não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o menor; quem governa como quem serve.” Luc 22;25 e 26

Disse que Seus servos tivessem a si mesmos em pequena estima, deixando a outrem a oportunidade de colocá-los no devido lugar. “Quando fores convidado vai, assenta-te no derradeiro lugar; para que, quando vier quem te convidou, diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante dos que estiverem contigo à mesa.” Luc 14;10 Honra não é algo que devamos buscar; mas, eventualmente, nos busca. Como diz uma frase do Talmude: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela.”

Contudo, muitos líderes espirituais padecem duas febres que combinam mais com ímpios que com fiéis; desejo por renome e autoritarismo. O primeiro ensejou uma geração de “Apóstolos” do ar condicionado, “desbravadores” de nichos comerciais, invés de abnegados por amor.

O segundo tem forjado “pastores” dominadores que vetam ao rebanho que visitem outras congregações, legalistas, ignorantes do conselho de Pedro, no tocante a eles. “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas, voluntariamente; nem torpe ganância, mas, de ânimo pronto.” I Ped 5;2

Se, cremos que “fará justiça o Juiz de toda Terra”, por que, agiríamos como o pródigo, nos apressaríamos ao deleite de posses que deveriam antes, ser conservadas, acrescidas, invés de, desperdiçadas? Aquele não almejou grandezas; se apequenou por prazeres. Esses têm prazer nas vaidades que acarinham, sem perceber, que, como Esaú trocam algo de valor inestimável por porção efêmera.

Um fruto, por delicioso que seja não se come verde. Igualmente, recompensas pela liça espiritual, invés de lugar têm um tempo oportuno; esse chegará após nossa peregrinação por aqui. Assim se cumpre: “O justo viverá da fé”; por crer que no devido tempo a “coroa da justiça” lhe será dada não se incomoda por ser reputado plebeu errante, nesse império de mentiras, injustiças e calúnias, malgrado, seja, Embaixador do Céu.

Sua fé permite sofrer, pois, “Vê” o que escapa aos olhos. “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não vêem. Pela fé ( Moisés ) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;1 e 27

O sol da manhã no trópico Produz sombras enormes; mas, ao meio dia, o tamanho real dos corpos as esconde sobre eles.

sábado, 17 de junho de 2017

Anjos e animais

“Ouvi, ó céus, dá ouvidos, ó terra; porque fala O Senhor: Criei filhos, os engrandeci; mas, eles se rebelaram contra mim. O boi conhece seu possuidor, o jumento a manjedoura do seu dono; mas, Israel não tem conhecimento, meu povo não entende.” Is 1;2 e 3

A situação de Deus no prisma governamental; O Senhor; Sua Obra; “criei filhos”, Criador; Seu afeto; “os engrandeci”; abençoador. A humana resposta; rebelião; “se rebelaram contra mim”; a consequência da rebelião; ignorância; os animais entendem o que lhes concerne, mas, “meu povo não entende.”

A ideia de que possamos lograr distinguir valores sem O Criador foi sugestão do traíra; “Sabereis o bem e o mal”. Não que incrédulos sejam privados de neurônios, antes, muitos ateus têm intelectos brilhantes nas coisas seculares. Sua cegueira se manifesta quando o escopo é espiritual.

Visão aí não deriva de estudo, preparo mental, antes, de revelação; essa deve-se à Divina escolha, que, invés de premiar “talentosos”, o faz em função do caráter reto e submisso: “Temor do Senhor é o princípio do conhecimento...” Prov 1;7 e, “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade”, 2;7

Jeremias o profeta, cansado de falar às paredes imaginou que os periféricos da sociedade de então eram loucos incapazes de entender as justas demandas do Eterno; aí, decidiu que falaria aos da elite, pois, pensou, entenderiam. “Deveras estes são pobres; loucos; pois, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo de Deus; mas, estes juntamente quebraram o jugo, romperam ataduras.” Jr 5;4 e 5

Assim, embora a sociedade tivesse distinções entre grandes e pequenos, no prisma espiritual estavam no mesmo nível; por baixo, em rebelião.

Mesmo que muitos tentem fundir febres políticas ao cristianismo, como se fosse um convite aos pobres, porta fechada aos ricos, O Evangelho não se apresenta assim. Ricos creram: Mateus, Zaqueu, Nicodemos, José de Arimatéia... foram perdoados, salvos; todos os pobres de então, que seguiram na rebelião, pereceram; pois, o aferidor da salvação é crer e obedecer, independe da condição social.

Quando, no Sermão do Monte O Salvador disse: “Bem aventurados os pobres de espírito” prometendo-lhes o Reino, basta ler com atenção para ver que tipo de “pobreza” era; espiritual. Qualquer que reconhece suas carências nessa área e submete-se a Quem pode o suprir, Deus; é um desses.

Paulo era uma sumidade cultural da época; sabia tudo das Escrituras existentes, falava hebraico, grego, latim; entretanto, não confiava em seu cabedal cultural para as coisas espirituais. “.. minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas, demonstração de Espírito e poder.” I Cor 2;4

As coisas mundanas, pois, dissera sem valor para as eternas; “Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” Cap 1;19 a 21

Assim, mesmo sabendo muito, reconhecia-se carente de luz, pedia orações à igreja para que soubesse o que falar. “Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso; para que manifeste, como convém falar.” Col 4;3 e 4

Se, o homem em rebelião como vimos, sabe menos sobre seu lugar, que os animais; em submissão, dependência do Espírito Santo é “engrandecido”; funcionalmente equiparado aos anjos, à medida que, é feito também mensageiro Divino. Assim foi Isaías; foram tantos profetas, e inda são os servos fiéis atuais.

Claro que há muitos “anjos caídos” por aí operando seus “prodígios da mentira” tentando desviar aos salvos. Todavia, o portento que demanda atenção dos Céus e da Terra, é o Falar do Senhor, não os artifícios do maligno. É A Palavra, não os profetizadores de Tsunamis que fazem cair fogo dos céus, como o David Ouwor e genéricos que nos conduz.

Nesse “apartheid” não há grandes nem pequenos; há submissos e rebeldes; salvos e perdidos. Uns, malgrado, a encenação, sabendo menos que animais; outros, com ou sem cultura, sendo os dóceis animais que Deus preza; ovelhas.

Embora, misturados, não miscigenados; O Senhor, no Seu tempo fará a devida distinção. “E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas.” Mat 25;32

Naquele dia a escolha será do Senhor; por ora, inda é nossa. De que lado ficaremos?