domingo, 3 de janeiro de 2016

Duelar contra Deus?

“Mas, foram rebeldes, contristaram o Espírito Santo; por isso se lhes tornou inimigo, ele mesmo pelejou contra eles.” Is 63; 10

A rebeldia do povo escolhido, dando azo à inimizade com Deus. Interessante que, o nome, Israel, foi posto em Jacó, significando, “aquele que luta com Deus.” Não “com” no sentido de, junto; antes, contra Deus; pois, foi num cenário assim, que seu nome foi mudado. Claro que seria impensável alguém, por forte que fosse, lutar com Deus, no fito de vencê-lo, sequer, vulnerá-lo um pouco.

Num sentido prático, nossas ações têm incidência horizontal; “Atenta para os céus, vê; contempla as mais altas nuvens, que são mais altas do que tu. Se, pecares, que efetuarás contra ele? Se, as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se, fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro como tu; a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” Jó 35; 5 a 8

Contudo, se em nossa rebelião ferirmos à justiça que o Eterno ordenou, estamos sim, lutando contra Deus. A Terra é o teatro da nossa atuação; a Palavra de Deus, o “script” que compõe a peça da regeneração, não há lugar para “cacos”, improviso. Resumindo: Lutar contra Deus, é simplesmente resistir à Sua Vontade.

Jesus usou uma alegoria bélica também, disse: “Ou qual é o rei que, indo à guerra pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se, com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores, pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” Luc 14 31 a 33

A ideia é: Antes de entrar numa guerra devo considerar bem minhas, forças; caso conclua que não posso vencer, a prudência recomenda a rendição. E O Salvador expressou em quê, consiste tal rendição: “...qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”

Claro que renunciar “tudo” não significa jogar fora, bens, antes, tudo o que, tenho aprendido no mundo rebelde, sobre valores, sentido da vida, Deus, todas essas concepções, digo, devem ser deixadas em prol do discipulado, de aprender de Jesus. Embora tenha reflexos econômicos, a Doutrina de Cristo é espiritual, sobretudo. Assim, salva e ensina a amar, fazendo caridade como consequência do que recebemos; não, salva alguém a despeito do arrependimento e submissão, desde que, faça boas obras.

Uma armadilha que muitos usam contra si é “facilitar” as coisas alterando partes da Palavra de Deus. Ora, o que Ele ordena é absoluto, cabal. Livres somos pra obedecer ou, não; alterar, porém, implica lutar contra O Eterno.

Vemos o exemplo de Balaão, o mercenário; Deus dissera para não ir amaldiçoar Seu povo. Motivado por uma oferta vultosa, insistiu pra que Deus mudasse de posição, orando uma noite mais. Ele “mudou” permitindo que o obstinado fosse; no caminho, porém, onde o Anjo da Morte o aguardava, sua vida foi salva pelo voz de uma mula, que milagrosamente falou com o rebelde. Eis a “glória” de lutar contra Deus! Jonas, ao fazer isso terminou exortado por ímpios; Balaão entregando-se à cobiça, teve que ver sua mula com as rédeas da situação.

Quando lutamos contra Deus, não somos “derrotados” como se fosse possível um resultado diferente; antes, humilhados, pois, só o orgulho besta nos cegaria a ponto disso; o antídoto ao orgulho é a humilhação.

Mesmo sendo “Varão de Guerra”, Deus não quer briga conosco, antes, reconciliação. Ouçamos: “Não há indignação em mim? Quem poria sarças e espinheiros diante de mim na guerra? Eu iria contra eles e juntamente os queimaria. Ou que se apodere da minha força, faça paz comigo; sim, que faça paz comigo.” Is 27; 4 e 5

Interessante linguagem: “Se apodere da minha força...” não significa ficarmos fortes como Ele, antes, que estando em paz com Deus, o Seu poder atua a nosso favor; por outro lado, a rebeldia, voltando ao começo, coloca-O como inimigo.

Em suma, duas opções claras e opostas: Ou nos rendemos e O servimos, para preservação da vida; ou, abraçamos à rebelião, mesmo que, suicida.

As condições de paz foram cantadas por anjos: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra...” Luc 2; 14 E não se glorifica a Deus alterando Sua Palavra, antes, blasfema-se. Faz parecer que um cérebro de ervilha sabe mais, que O Onisciente. 

Os homens não “vão à luta” por causa de suas forças, antes, da cegueira, da ignorância. A Luz não me faz forte, me faz sábio; todavia, dissera Salomão: “Melhor é a sabedoria que a força...” 

sábado, 2 de janeiro de 2016

Meu saldo, por favor!

“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10

Diverso da força física, cuja aferição deriva da capacidade de suportar, ou, mover determinados pesos, a têmpera da alma se prova em face às angústias. Além de provar à existente, pode forjar a que falta, dependendo de nossa reação. “Tribulação produz paciência... perseverança.”

Tendem as pessoas, a serem cordatas, pacíficas, equilibradas, quando tudo vai bem; mas, ao menor sinal de angústia, fraquezas vêm à tona. Portam-se de modo queixoso, vitimista, como se a vida lhes estivesse negando um direito, devendo algo.

Em nossos bens financeiros, achamos normal irmos ao Banco e conferir o saldo para sabermos do quê, dispomos. Contudo, já nos ocorreu que as adversidades, tribulações, pode ser Deus evidenciando nosso saldo de têmpera psíquica, espiritual, para que, uma vez negativo, nos preocupemos em buscar o que falta?

Se, a compleição física, e consequente força, se aperfeiçoa mediante exercícios, nas coisas da alma, não é diferente. Paulo disse: “Todo aquele que luta, de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9; 25 a 27 A abstenção dos apelos naturais era sua “academia” para fortalecimento da alma.

A Timóteo, reiterou a ideia com outras palavras: “...exercita a ti mesmo em piedade; porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas, a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir.” I Tim 4; 7 e 8

Na epístola aos Hebreus, há uma reprimenda porque, malgrado os anos de “malhação”, suas almas ainda eram frágeis, em discernimento, sobretudo; “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais que se vos torne a ensinar quais os primeiros rudimentos das palavras de Deus; vos haveis feito tais que necessitais de leite, não, de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, é menino. Mas, o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm sentidos exercitados para discernir tanto o bem quanto o mal.” Heb 5; 12 a 14

Que prazeroso deve ser para Deus, quando verifica nossas contas no Banco dos Céus, e depara com vultosos depósitos de fé, confiança irrestrita!

Pensemos num grande exemplo de fé, da Bíblia: cinco entre dez, lembrarão Jó. O quê evidenciou o calibre de sua fé, senão, a grandeza da angústia na qual foi testado? Se, dadas as enormes injustiças que sofreu, fraquejou em compreender os motivos, em momento algum duvidou de Deus, a ponto de negar a fé, antes, disse: “...eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois de consumida minha pele, contudo, ainda em minha carne verei a Deus; vê-lo-ei, por mim mesmo, os meus olhos, não outros, o contemplarão; por isso os meus rins se consomem no meu interior.” Cap 19; 25 a 27

A têmpera espiritual demanda exercícios pesados. Camões, o poeta, disse: “A verdadeira afeição, na longa ausência se comprova”, Digamos que, Deus quisesse mensurar nossa afeição, e se “ausentasse” durante vasto tempo; não respondendo nossas orações, não realçando a alegria da salvação, tampouco, livrando das dores da vida: Como seria nossa reação?

A força se armazena precisamente para horas de luta. Imaginemos um campeão de MMA, em casa, com seu filho no colo, brincando. Sua força descomunal existe, mas, sequer faz sentido naquele contexto; contudo, entrando no octógono é preciosa, depende dela pra manter seu cinturão.

Assim, nós, quando tudo vai bem, ainda devemos ter nossa reserva, para as lutas que, inevitavelmente virão. O guarda-chuva serve quando chove. Num mundo maligno onde somos estranhos, peregrinos, “chove” todo dia; digo, nossa fé é testada, bem como, nossa perseverança.

Na verdade, à luz de alguma maturidade espiritual, invés de estranharmos o concurso das angústias, deveríamos estranhar sua ausência. A calmaria se dá, porque não incomodamos ao inimigo, sequer, salvos somos, ou, pode ser que o recuo das ondas seja o movimento lógico do mar preparando uma tsunami.


À medida que o tempo se afunila, tendem a viçar as angústias; diferente do que ensinam muitos imbecis da praça, a fé não é gritar meus temores “ordenando” que Deus faça que eu quero; antes, submeter-me incondicionalmente a Ele, não obstante, permita que eu sofra o que não quero. Se às circunstâncias, parece distante, a fé reaproxima. “invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.” Sal 50; 15

quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Com qual cor irei?


“Não removas os limites antigos nem entres nos campos dos órfãos” Prov 23; 10

Não raro tomamos divisões geográficas como divisoras de tempo. Por exemplo: “Até aqui nos ajudou o Senhor”; Vejamos: “Então tomou Samuel uma pedra, a pôs entre Mizpá e Sem, chamou-lhe Ebenézer; e disse: Até aqui nos ajudou o Senhor” I Sam 7; 12 A perseguição vitoriosa contra os inimigos se estendera por vasta área; o profeta decidira celebrar isso com um marco, até aqui. 

Contudo, é lícito usarmos isso como um marco de tempo, no sentido de; até hoje nos ajudou o Senhor, pois, O Senhor é fiel, e ajuda mesmo, aos que O temem.

Mas, o texto primeiro, quando usado assim causa alguns problemas. Os que se apegam a usos e costumes citam o “não removas os limites antigos” num sentido de conservar o jeito de vestir, de ser, dos de antigamente. Basta lermos com atenção para ver que não é disso que o texto trata. Refere-se à preservação da herança, do direito de propriedade por seus legítimos donos. Não mude os marcos que definem as propriedades, sobretudo, dos órfãos, pois, Deus pelejaria por eles, contra quem o fizesse; essa é a ideia.

Todavia, se, a não remoção dos limites antigos for usado no sentido de não alteração da doutrina dos apóstolos, soará válido, pois, é algo a ser preservado imutável também.

Acontece que, uns, por desconhecimento, chamam os usos e costumes, de doutrina, aí, a confusão se estabelece. Paulo relegou essas coisas efêmeras à mera satisfação carnal dos que, zelosos disso, nem sempre o são, das coisas que importam deveras. “Ninguém vos julgue pelo comer, ou beber, ou por causa dos dias de festa, da lua nova, dos sábados... Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão... Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se vivêsseis no mundo, tais como: Não toques, não proves, não manuseies? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo preceitos e doutrinas dos homens; têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humildade, em disciplina do corpo, mas, não são de valor algum senão para a satisfação da carne.” Col 2; 16, 18, 20 a 23

Assim, mantido o padrão da decência, da ordem, as demais coisas são irrelevantes, em face às “que são de cima” como disse o apóstolo.

Como hoje é o último dia do ano, portanto, um marco de tempo, me ocorre refletir sobre as coisas mutáveis, e as perenes, em face ao tempo. Se, para as coisas criadas, incluindo o homem, o tempo é um limite inelutável, ( Tudo tem seu tempo determinado, debaixo do Sol ), para o Eterno, o tempo se reporta como um filho, dado que É, “Pai da eternidade”.

A morte derivada da queda restringiu a humanidade a uma redoma de tempo, que se dimensiona conforme a consistência física de cada um. Podemos, claro! Em face de escolhas más, diminuirmos nosso tempo, invés de dispormos do que nos foi facultado por Deus. Nada de fatalismo, somos arbitrários; portanto, devemos ser consequentes.

Estamos retidos num nicho chamado, presente, e nele, devemos resolver questões pretéritas e futuras. A faceta racional, a inteligência nos permite o raciocínio abstrato; A Palavra de Deus, O Eterno, e Seu Espírito Santo, nos capacitam a viajarmos no tempo, ao passado e ao futuro, para bem gerirmos nossas vidas.

Ao passado só vamos para as necessárias correções. Embarcamos na nave mágica do arrependimento, aceleramos o motor da confissão, e acoplamos no seguro perdão Divino. Assim, nossos idos, por sujos que sejam, ficam limpos pelos Méritos Benditos de Jesus Cristo.

Ao futuro embarcamos nas promessas, movidos pelo combustível da fé, até repousarmos na Integridade do Caráter Santo de Deus.

Nosso tempo em particular, tenha a dimensão que tiver, é mero portal à eternidade; a Fonte da Eterna Juventude é Jesus, e a senha para chegar lá, conversão. Ele disse: “aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna.” Jo ; 14

Assim, se cada ano vivido é um ano morrido, como disse Fernando Pessoa, poucas razões tem para comemorar o fim do ano, aquele que, ainda não encontrou a “senha” que o faz imune ao tempo.

Se, invés de cores “mágicas” escolhêssemos palavras sábias... O problema é que as Palavras demandam ação; as cores delegam à sorte, mudar nossa vida... é mais fácil o plano B; contudo, trocamos diamantes por bijuterias...

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Pode o diabo curar um cego?

“... Pode, porventura, um demônio abrir os olhos aos cegos?” Jo 10; 21 Uns, acusavam ao Senhor de possesso, outros, defendiam; alguém colocou a questão: Pode um demônio abrir os olhos de um cego? Uma boa pergunta.

O próprio cego que fora curado, fizera defesa de Jesus sobre o vácuo de testemunhos de cura atribuídas ao inimigo, disse: “Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.” Cap 9; 32 e 33

A Bíblia registra “milagres” satânicos, como a mediunidade da pitonisa ante Saul; tempestade, e “fogo do céu” destruindo bens de Jó; adivinhação em Filipos... O Mago Simão, nem demandava poder diabólico direto, mas, mero engano, ilusionismo. Os magos de faraó imitaram os três primeiros sinais de Moisés, contudo, assumiram, implicitamente, que foi obra de engano, pois, quando Moisés transformou pó em piolhos, eles disseram, “não brincamos mais”, noutras palavras: Não é magia, é Dedo de Deus.

Se, até os dias de Jesus faltava, tal cura, atribuída a satanás, depois, a ausência continua. Mas, diria alguém, omissão não é suficiente como prova. Assim sendo, olhemos para as ações do inimigo em busca de traços; de que calibre eram?

No caso dos egípcios e Simão, magia, engano; no de Jó, poder para destruição; na pitonisa de Filipos que adivinhava, engano também. Um espírito maligno, por sua natureza, sabe coisas que escapam aos humanos, mas, quando as revela atribuindo o conhecimento à pessoa, mente; diferente de um profeta que revela o oculto, e tributa a revelação a quem de direito, O Senhor.

Certo que a Palavra adverte sobre sinais e prodígios de mentira. Contudo, esses, carecem da permissão Divina. O “poder” associado ao mau caráter, mentira, é aferidor de nossa fé. “Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor com todo o vosso coração, com toda a vossa alma.” Deut 13; 3

Essa advertência é contra um que operou um sinal genuíno, mas, a doutrina afrontava Deus. Assim, canalhas mercenários usando testemunhos de milagre pra ganhar dinheiro, invés de almas, deveriam angariar asco, repulsa, diatribe violenta, invés de seguidores, como tanto ocorre.

Os sinais falsos são juízo Divino aos que recusam a verdade; “segundo a eficácia de Satanás... poder, sinais e prodígios de mentira, ... engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem.” II Tess 2; 9 e 10

A condição de criatura força satã a depender da permissão Divina pra seus “milagres” como foi no caso de Jó, onde derrubou sua casa com um vendaval, ou, queimou ovelhas com “fogo do céu”.

Aliás, quando do desafio do Carmelo, cujo sinal buscado era esse, não poderia ele, ter feito descer fogo aos sacerdotes de Baal que o representavam na arte de enganar? Poderia, mas, lá, não tinha permissão.

A cura via medicina, os transplantes de córneas, por exemplo, também devemos a Deus que nos dá inteligência. A “Árvore da Ciência” que foi vetada significava independência humana em relação ao Criador; a possibilidade de decidirmos por nós mesmos a questão moral do bem, e do mal.

A vera ciência aproxima de Deus, a falsa afasta. “...guarda o depósito que te foi confiado, tendo horror aos clamores vãos, profanos, e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual, professando-a alguns, se desviaram da fé.” I Tim 6; 20 e 21

Se, o maligno não pode curar a cegueira física, a espiritual, muito menos. Nesse prisma, até o canhoto carece luz, é cego. Não fosse, deixaria a obstinação de lutar uma batalha perdida d’antemão.

Não podendo nos curar, porém, pode fazer o contrário, e faz. “...o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4; 4 Vemos que a falta de luz espiritual se equaciona à falta de entendimento... essa é cegueira que mata a tantos.

E uma coisa vital que devemos entender é que Deus não lega dons com finalidades carnais, para promover, ou, enriquecer ímpios na Terra. “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil.” I Cor 12; 7


 Se diz que o pior cego é o que não quer ver; a cegueira espiritual é dessa estripe; tem mais a ver com vontade rebelde, que, com restrição. A capa de ignorância espiritual faculta seguir pedindo esmolas pra carne. Os que são curados têm responsabilidades no Reino; isso assusta alguns, menos que a morte; acabam escolhendo o “mal menor”, infelizmente.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Como Zaqueu

“Apressando-se, desceu e recebeu-o alegremente. Vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.” Luc 19; 6 e 7

Todos que têm alguma noção do cristianismo já ouviram falar da conversão de Zaqueu, o publicano ladrão. Sem me deter, por ora, no fato dele ter recebido Jesus, quero tecer algumas considerações sobre a perspectiva dele ao fazer isso. “Apressando-se... recebeu-o alegremente.”

Quantos, dentre os que recebem ao Salvador, o fazem com essa visão, de urgência e alegria? Na verdade, considero muito pobre a abordagem comum dos pregadores que instam seus ouvintes a “aceitarem Jesus”; a imagem resultante é de um suplicante frágil em busca de nosso apoio, invés do Majestoso Salvador, acenando aos mortos com o dom da vida. Dada a urgência, o que está em jogo, talvez devêssemos aprender a abordagem dos anjos em Sodoma e Gomorra, falando a Ló: “Escapa por tua vida”! A Palavra, aliás, não apregoa que se rumine por algum tempo, e tome uma decisão futura; antes, exorta ao imediato inclinar do coração. “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3; 7 e 8

Na mesma epístola há o desafio a eventuais indecisos, que apresentem uma alternativa de fuga, um “Plano B”, que justifique ignorar ao Senhor. “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram;” Heb 2; 3

Uma vez mais, a abordagem de escapar, fugir da morte, não “fazer um favor” ao Senhor. Um mensageiro fiel, pois, “tira o chão dos pecadores” deixa-os “no pincel”, e aponta para a “Escada de Jacó”, Cristo.

Os que buscam aceitação para si, tendem a agradar, e nunca apresentam O Evangelho da perspectiva correta; vital, urgente!

Mas, deixando o modo, olhemos um pouco o sentimento. A alegria. Por que não se vê a mensagem de salvação desse prisma? Porque perspectiva, amiúde, é ponto de vista; e esse, depende do mirante, do lugar em que se está. Quem sente-se confortável com o pecado, o prazer que ele dá, com razão vê O Senhor como desmancha-prazeres, pois, aos pecaminosos visa desfazer mesmo. Contudo, quem sabe-se morto, e divisa Nele um convite à vida, tem sobejas razões para recebe-lo em festa. Esse é o trabalho do Espírito Santo; situar pecadores, para que recebem ao Salvador na perspectiva correta. Dele, disse O Senhor: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.” Jo 16; 8

Conversão não é mudar de opinião, melhorar de vida, repensar; é novo nascimento, reconciliação. Sintetizando: Não é upgrade, é milagre!

Se, “há alegria no Céu por um pecador que se arrepende”, como não haveria o mesmo júbilo no que sente o suave perdão Divino trazendo-o de volta ao regaço do Pai? Acontece que, poucos pecadores triunfam quando instados pelo Espírito Santo e A Palavra, a deixarem os prazeres pecaminosos e conhecerem a alegria espiritual. Daqueles possuem experiência; dessa, lhes falta, e não ousam “pagar pra ver”.

Onde se deu a faísca, voltando a Zaqueu, que acendeu nele a alegria ao receber Jesus? Bem, podemos conjecturar apenas. No aspecto social era um rejeito, alguém que desempenhava uma profissão de má fama; cobrava impostos, até mesmo, roubando, a serviço dos romanos, então, opressores de seu povo. Como dizemos hoje, era o “cocô do cavalo do bandido”. Assim, receber pública honraria da “Celebridade” Mor do momento, tinha para ele um quê de desagravo, reparo, que pode tê-lo alegrado.

No Prisma espiritual, Israel vivera um deserto profético de 400 anos, de Malaquias a João Batista. Quem sabe, em seu subconsciente, ficou a ideia que Deus desistira deles, e, daquele modo, a boa vida, a riqueza era o alvo melhor que se podia atingir, ainda que, usando meios ilícitos. Se Deus não nos quer mais, e dinheiro é o “que tem pra hoje”, mãos à obra!

Claro que estava ciente dos feitos de Cristo, tanto que subiu numa árvore para vê-lo, mas, com certeza, ia ver de longe, pois, estava desqualificado para Deus, pelas escolhas que fizera.

Contudo, à abordagem do Mestre, a esperança reacendeu, havia mais que dinheiro em jogo, havia vida outra vez! Como evitar a alegria e a urgência? Assim, se víssemos Jesus como É, e entendêssemos o que Seu convite significa, como Paulo, consideraríamos esterco, nossas melhores coisas, como Zaqueu, teríamos pressa e alegria em recebe-lo.


Todos estamos desqualificados, ante Deus, por isso, resta-nos o desapego ao pecado que desqualifica, e apelar urgente ao Único que pode nos reconduzir à vida. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Luc 19; 10

sábado, 26 de dezembro de 2015

Santificação, o nome dos bois

“O mar estava posto sobre doze bois; três que olhavam para o norte, três para o ocidente, três para o sul e três para o oriente; o mar estava posto sobre eles; suas partes posteriores estavam todas para o lado de dentro... era para que os sacerdotes se lavassem nele.” II Cron 4; 4 e 6 Um dos utensílios do Templo de Salomão, o “mar”, na verdade uma grande banheira esculpida sobre doze bois.

Muitas coisas daquela época, além de sua utilidade imediata, traziam mensagens futuras. Para a teologia, são os “Tipos Proféticos”, ou, as “sombras dos bens futuros”, como alegorizado em Hebreus. Assim, o Cordeiro da Páscoa era um Tipo de Cristo; a água da rocha, Tipo de Sua Palavra; o maná, idem, símbolo do Pão do Céu; etc.

O aludido mar, sobre doze bois apontava profeticamente para algo, também? Ora, o próprio Salvador comparou Sua Palavra como “uma fonte que salta pra vida eterna”; “Água da Vida”; ou, um lavatório, quando disse: “Vós já estais limpos pela Palavra que vos tenho pregado.” Esse, aliás, é o “nascer da água e do Espírito” dito pelo Senhor. Da Palavra e do Espírito. Nada a ver com batismo que é mero testemunho público, a salvação se dá na conversão.

Paulo ensina: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e renovação do Espírito Santo”. Tt 3; 5 “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra.” Ef 5; 26

Vemos então, o concurso do Espírito e da Palavra, como agentes purificadores. Sendo a água, a Doutrina de Cristo, Seu corpo espiritual, a Igreja, todos os que O servem em Espírito e verdade formam o “Mar” que contém a água. Os doze bois que sustentam isso, óbvio, os doze apóstolos, iniciadores da obra e difusores da Doutrina. Se, Judas extraviou-se dada sua escolha, Matias foi posto em seu lugar, o “pedestal” foi refeito.

O fato de que cada grupo de três animais olhava numa direção tipifica o propósito universal, “toda criatura”. Todavia, aspecto mais relevante desse Tipo era que os sacerdotes deveriam se lavar antes de ministrarem. Isso não aponta para outra coisa, senão, para a necessária santificação dos que pretendem exercer o Ministério. 

Paulo foi didático: “Todo aquele que luta de tudo se abstém; eles fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Assim corro, não como a coisa incerta; combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo meu corpo, o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.” I Cor 9; 25 a 27

Três coisas são necessárias pra se lavar; primeira: Identificar a sujeira; segunda; querer; terceira, dispor dos meios. A Palavra mostra o pecado, insta ao arrependimento, e purifica com a Água da Vida, o perdão de Cristo.

Tiago alude a uns que, vendo-se sujos, recusam a se lavar; “E sede cumpridores da palavra, não, somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque contempla a si mesmo, vai-se, logo se esquece de como era.” Tg 1; 22 a 24

Pedro, por sua vez, a outros que, tendo se lavado uma vez, sentiram saudade da antiga sujeira e voltaram; “Deste modo sobreveio-lhes o que por um verdadeiro provérbio se diz: O cão voltou ao próprio vômito, a porca lavada, ao espojadouro de lama.” II Ped, 2; 22

O Senhor, quando lavou os pés dos discípulos, disse que deveriam, eles, lavar uns aos outros. Claro que, num sentido espiritual de corrigir, advertir, exortar, afinal, estavam em pé de igualdade; se, alguém quisesse ser o maior, deveria se fazer menor ainda.

Todavia, o Papa Francisco disse que todas as religiões são boas, mesmo os ateus “temem a Deus” quando fazem o bem. Assim, estão todos limpos, pra quê água ainda? Se é mesmo sucessor de Pedro, como pretende, deveria atentar ao que o Senhor falou àquele: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo”.

O Senhor nunca pretendeu vistas grossas ante a sujeira, antes, que cada um, aprofunde suas escolhas, sejam virtuosas, sejam, viciosas; “Quem é injusto, faça injustiça ainda; quem está sujo, suje-se ainda; quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.” Apoc 22; 11

Sem santificação ninguém verá a Deus. Ele define o que é santo. Podemos até “decretar” que escórias e prata são a mesma coisa, mas, O Eterno tem métodos próprios de refino. “As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal 12; 6

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

A culpa deles; a culpa nossa

“Então falou o copeiro-mor a Faraó: Das minhas ofensas me lembro hoje... Estava conosco um jovem hebreu, servo do capitão da guarda; contamos-lhe nossos sonhos e ele interpretou... como ele nos interpretou, aconteceu; a mim me foi restituído o cargo; ele foi enforcado.” Gên 41; 9, 12 e 13

O contexto era a necessidade de um homem hábil para interpretar sonhos, na corte de Faraó. Verificada a ausência, o copeiro lembrou, enfim, de José.

Não me aterei à sua saga, por ora, antes, a uma faceta especial que dela assoma: Que, quando Deus quer exaltar algo, ou, alguém, o torna necessário. Era Seu plano fazer assim com José. Igualmente, com Mardoqueu, no Reino de Assuero; Deus o fez necessário para descobrir uma conspiração contra o Rei, para exaltá-lo oportunamente. Ver, livro de Ester.

Durante o ministério de Elias, Israel estava tomada pelo baalismo; culto a Baal, do qual diziam vir a fertilidade, as chuvas. Então, o profeta do Senhor disse em Seu Nome, que chuva não mais haveria, senão, segundo Sua Palavra. A seca durou três anos e meio.

Deus não estava tentando demonstrar o valor da água, coisa que todos sabem, mas, que Baal não passava de um fantoche humano, e Ele, apenas, é Deus, que preside sobre tudo o que criou. A carência era de luz, quanto a isso; o santo os entregou às trevas, para que soubessem valorizá-la.

Se, O Eterno domina a essência das coisas, seu valor em si, o mesmo não se dá conosco. Nossa insipiência nos faz tributários de certo utilitarismo, para, enfim, detectarmos o ser. “A necessidade determina o valor”, como dizia Platão. Sendo assim, o Pai carece desse doída didática, para abrir nossos olhos.

Proferindo Suas bênçãos no Sermão do Monte, O Salvador, entre outras coisas, disse: “Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça; porque eles serão fartos.” Ora, fome e sede, outra coisa não são, senão, duras necessidades.

Se, meu raciocínio procede, Deus permite grandes injustiças, para potencializar o valor excelso da justiça. Aliás, não é essa afirmação uma foto vívida do Calvário? Da maior de todas as injustiças, o testemunho da Majestosa Justiça Divina? “A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.” Sal  85; 11

Embora alguns papagaios repitam alhures que religião e política não se discute, Deus promete abençoar toda uma nação, onde Seu povo se portar com fidelidade. Ainda que minoritário esse plantel, transmitiria suas bênçãos aos infiéis, como diz em Jó. “livrará até ao que não é inocente; porque será libertado pela pureza das tuas mãos.” Jó 22 ; 30

Entretanto, onde a verdade não é abraçada com amor, invés do mesquinho interesse, Deus permite que essa falte, para que, quem sabe, alguns aprendam seu valor. 

Paulo ensina que o desprezo à verdade conduzirá, enfim, a humanidade ao domínio do expoente mor da injustiça: “A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, sinais e prodígios de mentira, com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. Por isso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes, tiveram prazer na iniquidade.” II Tess 2; 9 a 12

Onde quero chegar, enfim? À vergonhosa conclusão que a humilhante situação que se encontra nosso país é por nossa culpa, da igreja, digo.

Invés de uma geração de santos, cujas virtudes cobririam até certas faltas alheias, via intercessão, temos um amontoado de mercenários, cujo “Sal” tem sido  tempero fácil de escarnecedores e humoristas.

É uma horda de “artistas góspeis” que fazem “shows” com onerosos cachês, invés de humildes adoradores. Um fogueira de vaidades para ver quem tem o templo mais pomposo, como se fosse esse o alvo, não os Templos do Espírito, as almas.

Então, se podemos, no âmbito da igreja, cultuarmos a safadeza, a mesquinhez, os interesses vis invés da santidade, verdade, do amor, por quê, não pode, O Soberano, fazer com que sejamos, na política, governados pelos mesmo “valores” que esposamos em nosso “cristianismo”?

A maioria dos que se dizem cristãos, sequer, autoridade moral têm, para criticar aos grandes corruptos da vez; pois, o são também. Autoridade moral, espiritual, é um perfume fino que não se deposita em recipientes sujos.


Temo que, a faceta mais dolorosa do Juízo Divino, ainda não incidiu sobre nós, a coisa vai piorar. Não que os corruptos sejam inocentes; são o deserto de justiça que temos feito por merecer. 

Como a carne sem sal apodrece, uma nação sem os valores de Deus. E faz tempo que a “igreja” escolheu outros valore$...