“Salmom
gerou, de Raabe, a Boaz; Boaz gerou de Rute a Obede; Obede gerou a Jessé; Jessé
gerou ao rei Davi; o rei Davi gerou a Salomão da que foi mulher de Urias.” Mat
1; 5 e 6
A princípio, esse texto é só mais um daqueles monótonos, genealogias que dá preguiça de ler.
Entretanto, nele aparecem três mulheres que são “penetras” no purismo racial e
religioso que havia entre os israelitas.
Raabe, Rute e Batseba. A primeira, ex prostituta, de Jericó, convertida;
Rute, uma estrangeira oriunda das terras de Moabe; por fim, Batseba, viúva de
Urias, outro estrangeiro, um heteu, com a qual Davi cometeu adultério.
Se a
Bíblia fosse mera compilação humana, como acusam seus oponentes, jamais traria
na genealogia do Salvador, três personagens como essas. Aliás, Ele viria voando
num cavalo alado, invés de nascer entre animais.
Eles eram zelosos de sua “pureza”,
sobretudo, do pacto da circuncisão, que os fazia separados para Deus. Tanto
que, quando Davi resolveu duelar com Golias, uma das coisas que evocou foi
essa: “... Quem é, pois, este incircunciso filisteu, para afrontar aos
exércitos do Deus vivo?” I Sam 17; 26
A bem da verdade é preciso que se diga
que, foram escolhidos, de fato, pelo
Eterno; “Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a
minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos,
porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo
santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel.” Ex 19; 5 e 6 O Criador queria uma Embaixada na Terra, e escolheu a descendência de Abraão.
Acontece que, se uma escolha dessas traz privilégios, encerra também
responsabilidades proporcionais. Ouvir com diligência e guardar a Palavra de
Deus, por exemplo. Mas, quem ler os livros históricos facilmente verá que isso nunca se deu
plenamente. Geralmente esperavam usufruir favores Divinos sem cumprir os deveres.
Ou, simplesmente, voltavam as costas para Deus. “Porque o meu povo fez duas
maldades: a mim deixaram, manancial de águas vivas, e cavaram cisternas,
cisternas rotas, que não retêm águas.” Jr 1; 13
Assim como Deus aceitava mulheres estrangeiras que decidissem obedecer
Suas Leis e viver entre Seu povo, rejeitavam aos próprios nativos quando
desobedeciam. O Salvador pontuou isso uma vez mais: “Mas eu vos digo que muitos
virão do oriente, do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e
Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas
exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.” Mat 8; 11 e 12
Aliás, a enfática mensagem de João Batista
arrasou a pretensão de serem favorecidos de Deus a despeito do quê fizessem. “Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento; não comeceis a dizer em vós mesmos:
Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus
suscitar filhos a Abraão. Também já está posto o machado à raiz das árvores;
toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Luc 3;
8 e 9
A questão crucial para a Salvação não era ser judeu ou gentio; antes,
produzir os devidos frutos; ou, sofrer o machado da rejeição Divina.
Embora
agregue aos Seus, em rebanhos, Deus trata com indivíduos. “De maneira que cada
um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14; 14 Então, esse truque comum
na política, de institucionalizar adversários demonizar coletivos, tipo: “A
culpa é dos ricos, da Veja, da Globo, etc.” não funciona nas coisas espirituais.
Entretanto, muitos posicionam-se assim ainda. Se, é católico acerta mesmo
quando erra, dirá um católico fanático; o mesmo fará dos seus, um evangélico
espiritualmente insano. O fanatismo não vê erros nem faz concessões. Se, é dos
nossos está certo; se, dos deles, errado. Jesus não fez assim. Quando recebia a
resposta certa, mesmo de oponentes, concedia. “Jesus, vendo que havia
respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus...” Mc 12;
34
Entretanto, advogar que Deus espera frutos de nós não equivale a defender salvação
pelas obras, por mérito humano; ademais, o primeiro fruto mencionado por João
foi arrependimento, que demanda fé na Palavra para gerar contrição. Pois, a
situação da igreja é semelhante à que foi de Israel; privilégios e
responsabilidade em “Terra estranha”; mera embaixada em cenário adverso.
Claro
que o Santo demanda purificação dos Seus; mas, essa é espiritual, não,
denominacional, tampouco, racial.
Sujeira Ele não pode ver; “Tu és tão puro de
olhos, que não podes ver o mal... “ Hc 1; 13 E Sujos, não poderemos Vê-lo. “Segui
a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;” Heb 12;
14