segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Naturismo espiritual

“É impossível que não venham escândalos, mas, ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos.” Luc 17;1 e 2

Jamais, o Evangelho passou por tantos escândalos como agora. Nem dá para dizer que sofremos vergonha alheia. A vergonha acaba sendo nossa, pois, ainda que, meros professos, sem frutos, os que escandalizam são “dos nossos”.

Uma hora, é o sangue do “Apóstolo” ferido colocado acima do de Jesus; outra, Silas avisando que seus seguranças atiram para matar, melhor nem tocarem nele; outros, quebrando imagens com pompa e circunstância gestando inimizade, rancor, invés de pregarem a verdade, simplesmente; a cereja do bolo: Outro “apóstolo” Agenor Duque, aquele que, de tão humilde veste-se de saco, malgrado, use tênis da Nike, deu seu recado ao esfaqueado Waldemiro. “Lutou” publicamente com um “possesso” que entrou com uma faca em seu culto, o fez nesses termos: “Se tenho alguma brecha na minha vida, pode enfiar a faca; pastor que peca, tem que levar facadas mesmo; agora, se sou homem de Deus, caia agora de joelhos, solte a faca”.

O “diabo” obedeceu, claro, afinal, precisava atestar a santidade do “apóstolo”. Bons tempos aqueles em que era Deus que testificava sobre a idoneidade dos Seus servos, agora, é o canhoto que coloca o “ISO 9000” em determinados produtos. “Eles, ( os Apóstolos ) tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, confirmando a palavra com sinais que seguiram.” Mc 16;20

Pior que esse teatrinho canalha, foi que, enquanto o “liberto” passava no caixa, para receber seu cachê, a igreja lotada vibrava. Uma geração imbecil, sonolenta, que foi ensinada a buscar “de” Deus, invés de buscar “a” Deus; sem um milímetro de discernimento, faz a fortuna desses salafrários, que profanam O Nome Excelso do Santo, e envergonham aos crentes decentes.

Além da busca estar errada, igualmente, o método apregoado pelos pulhas. As marionetes são ensinadas a fazerem coisas "para" Deus, uma espécie de troca, onde, o esforço do “fiel”, geralmente mede-se pelo tamanho da oferta para a “obra do Senhor”. Evangelho ensina-nos a servir, fazendo as coisas “com Deus”, em Seu Espírito, segundo Sua Palavra, com Seu Coração, pois, amor a Ele e ao próximo resumem tudo, Lei e Evangelho.

Assim, duas moedas, dadas por uma viúva pobre, se revelou mais, que fartas porções despejadas por ricos ostensivos. Aquela fizera por amor, esses, por aplausos.

Paulo, aliás, desdenhou todas as obras e dons, se, exercitados separados do concurso do amor, disse: “Ainda que tivesse o dom de profecia, conhecesse todos os mistérios, toda a ciência; ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, se não tivesse amor, nada seria. Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, ainda que entregasse meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Cor 13;2 e 3

De qualquer forma, trata-se de uma impossibilidade lógica, pois, ninguém pode dar o que não possui. Assim, como ensinariam amar a Deus, esses ladrões, profanos, amantes de si mesmo?

Infelizmente, a plateia que os segue, os merece. Quem oferta algo acreditando que O Altíssimo seja assim, raso, venal, perverte O Santíssimo à sua imagem rasteira, mercantil, depravada.

A conversão consiste em crucificar esse egoísmo insano, render-se ao Senhorio do Salvador, deixar que Ele, por Sua Palavra e auxílio do Espírito Santo, nos transforme outra vez, na Imagem de Deus, como foi antes da queda.

Contudo, é muito mais fácil a perversão, pois, acena com o Céu na Terra, e, melhor, sem cruz; apenas, dinheiro, quanto mais, maior a bênção.

Não existe esse ensino que quem peca deva levar facadas, deve arrepender-se e buscar perdão; até porque, todos pecamos. Tampouco, que a idoneidade espiritual nos coloque acima de determinadas dores comuns a todos. João Batista foi tido pelo Maior dos Profetas, não há registro que tenha “deixado brecha”, entretanto, mais que facada, foi decapitado. Por quê? Porque o juízo de Deus ainda não é aqui.

Entretanto, se esse ensino não há na Bíblia, outro há, que diz: “Pelas tuas palavras serás justificado, ou condenado” E, segundo ele, pastor que peca deve ser esfaqueado. Como diria o personagem aquele, “olha a faca!”

Um adágio diz: “se o sapo soubesse que está nu, não sairia da lagoa”. Claro que o “sapo” é outro. Esses crápulas cegos pela ganância nem percebem a magnitude da sua obscenidade. Quem os segue, não diria que sofreu lavagem cerebral, precisaria para isso, ter cérebro; pois, estão à vontade nesse campo de nudismo espiritual. 


Azar de nós outros, que não conseguimos engolir o sapo.

domingo, 15 de janeiro de 2017

Largados e pelados

“As vacas feias, magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista, gordas... as espigas miúdas devoravam as sete espigas grandes, cheias...” Gên 41; 4 e 7

Figuras distintas no sonho de Faraó, ambas, com o mesmo significado. Extrema carência nos dias maus, demandando alguma reserva dos tempos de fartura, para manutenção da vida. Óbvio que não seria possível sem os providenciais depósitos de mantimentos feitos por José. Mas, Deus, Onisciente, ao acenar com alimento para “vacas e espigas” mirradas, estava embutindo já, a provisão que traria mediante Seu servo.

Nem fartura, nem privação, vêm fortuitas, antes, ambas têm papel didático em nosso aperfeiçoamento espiritual. Por meio delas, O Eterno tenciona alargar nosso conhecimento, e, consequente preparo. “No dia da prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque também Deus fez este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Se, à vida natural, o peso da fome sempre foi um “argumento” imbatível, pois, usando-a, Deus fez os irmãos de José migrarem de Canaã ao Egito, ajoelhando-se aos seus pés; sentindo-a, certo oficial desejou decapitar Eliseu, que supunha culpado por ela; ou, Elimeleque e Noemi deixaram Belém, peregrinaram em Moabe, etc.
No aspecto espiritual, é a fartura, que põe à prova os que se dizem servos de Deus.

Teria sido por isso, que homens da envergadura de Elias e João Batista viveram errantes pelo deserto, com vestes pífias, alimentação módica? Não sei, mas, que foi assim, isso sei.

Deus diversas vezes queixou-se contra Seu povo, por ter apostatado depois da fartura. “...comeram, se fartaram, engordaram e viveram em delícias, pela tua grande bondade.” Ne 9;25 “Engordando-se Jesurum, deu coices, deixou Deus que o fez, desprezou a Rocha da sua salvação.” Deut 32;15 “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, abundância de ociosidade...” Ez 16;49

Então, ao servo prudente convém, como José, em dias prósperos, fazer a devida reserva para eventuais dias maus, invés de esbaldar-se alheio, como se O Senhor não contasse. Falo de coisas espirituais, óbvio. “... guarda o depósito que te foi confiado...” I Tim 6;20 “Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.” II Tim 1;14 etc.

Quem tem função ministerial, deve ter em vista, mais, o bem alheio, que o pessoal; tem a chave da despensa para servir, não, servir-se. “Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, despenseiros dos mistérios de Deus. Além disso, requer-se dos despenseiros que cada um se ache fiel.” I Cor 4;1 e 2

Vivemos num cenário totalmente adverso, de muitas privações, onde, sobreviver deveria ser a meta. Como certo programa da TV americana “Largados e Pelados”, onde, dois estranhos são soltos na natureza, nus, com apenas dois itens de sobrevivência, e, a missão de sobreviverem durante 21 dias, poucos terminam. Mas, cada gafanhoto, rato, cobra, que conseguem matar, é um achado, dada a precariedade de tudo.

Os renascidos em Cristo, também estão largados numa natureza adversa, cenário de parca alimentação, graças à apostasia moderna; a preservação da vida espiritual nesse cenário, é um grande desafio.

Temos, claro, pregadores da “Prosperidade”, que negam que devamos aceitar agruras, pois, não seria Vontade do Pai. Entretanto, tais negociantes de bênçãos que não possuem, são uma espécie de “Sonho do Faraó” invertido, onde, vacas gordas comem as magras, ou, as espigas cheias devoram as mirradas. Pois, prosperidade, riqueza, só se verifica para os proponentes da heresia; pior, às expensas de pessoas pobres, incautas, que laboram pela opulência dos canalhas.

Nós que tentamos sobreviver deveras, estamos largados; eles, marajás mercenários, pelados.

Temos, é certo, dias de fartura espiritual, onde, o ânimo floresce, nossa oração é doce, as portas se abrem; porém, desses dias devemos fazer nossa reserva para outros, que, não serão assim. Mas, em que consiste a reserva espiritual? É amplo. O conhecimento do Caráter de Deus, por exemplo, nos deveria dar firmeza: “...Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

A lembrança de Sua bondade, nos deveria acender esperança; “Disto me recordarei, por isso esperarei. As misericórdias do Senhor...” Lam 3;21 e 2 Saber que Deus é, como age, deveria nos dar segurança, mesmo, em cenário adverso. “...eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito...” II Tim 1;12

Os dias maus da apostasia estão a todo vapor; porém, vai piorar, vêm dias de perseguição. Quem foi ensinado que é seu direito ser rico, terá vazia a despensa onde deveria armazenar a ciência que é seu dever, ser santo. Vem fome ao Egito, preparem-se!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Waldemiro Santiago; carne de pescoço

“Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão pratica iniquidade; não atenta para a majestade do Senhor.” Is 26;10

Após um grande livramento, o que se espera de seu beneficiário é que seja grato ao benfeitor, como fez Davi em seu cântico: “Senhor, fizeste subir minha alma da sepultura; conservaste-me a vida para que não descesse ao abismo. Cantai ao Senhor, vós que sois seus santos, celebrai a memória da sua santidade.” Sal 30;3 e 4

Ou, outro canto que celebra o livramento do cativeiro de toda a nação: “Nossa boca se encheu de riso, e, nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o Senhor a estes. Grandes coisas fez o Senhor por nós, pelas quais estamos alegres.” Sal 126;2 e 3

A preservação dos “dedos” faz a perda dos “anéis” irrelevante, como versa o dito popular.

Em momentos de grande comoção, quando os tendões da fragilidade humana estão expostos, as pessoas tendem a ser menos suscetíveis, melindrosas; até conseguem certa empatia com a alheia dor, como se verificou por causa da tragédia que vitimou a Associação Chapecoense de Futebol, e, profissionais da imprensa.

No auge da comoção, Galvão Bueno que fazia cobertura para a Globo disse que, todos seríamos melhores após, ou, não seríamos mais os mesmos. Lamento, mas, discordo. Uma comoção pontual como aquela, arrefece ao curso do tempo, e, salvos os atingidos bem de perto, para os demais, a vida segue como antes, sem melhorar um milímetro sequer. 

O ladrão segue ladrão, o mentiroso continua a mentir, o promíscuo a fornicar, o corrupto a corromper-se etc. Se, os contratempos melhorassem os caracteres, os que caíram na prisão estariam melhorando com os castigos, não, praticando barbáries e terrorismo, como temos assistido.

Meu alvo, contudo, nesse apreço, é o “apóstolo” Waldemiro Santiago, que, sofreu tentativa de homicídio dentro de um templo em São Paulo. 

Uma parte vital, de alta vulnerabilidade, o pescoço, foi atingida com um golpe que, por pouco, o teria matado. Ainda convalescendo, deu uma entrevista “perdoando” ao doidivanas que fez aquilo, bem como, o “mandante”; por sua conta e risco, pois, supôs que o agressor era só enviado de alguém. 

Para quem conhece a caldeira onde ele ferve, não é difícil imaginar quem seria seu suspeito mor. Aliás, o diabo manifesto, quando dá entrevista na Mundial, fala mal do Edir Macedo, quando, na Universal, fala mal do Waldemiro. Ambíguo, o tinhoso. Também, quem iria confiar no Pai da Mentira?

Mas, voltando, como esposou tão pródigo perdão, atitude cristã, seria de se esperar que, tendo estado a um centímetro da morte, o susto o tivesse feito refletir nas coisas que tem feito, e, além de gratidão ao Senhor, trataria de melhorar, dada a fragilidade da vida, e o risco de encontrar o Juiz dos Vivos e dos Mortos antes do esperado; que nada!

Passado o susto, seguiu mais Waldemiro do que antes. À sua camisa ensanguentada foi atribuído o poder milagroso de curar, de modo que, não é mais O Sangue de Cristo o socorro dos fiéis, mas, o dele. Depois, em seu estilo charlato-chorão de sempre, passou a pedir a bagatela de oito milhões de reais aos “fiéis”, para bancar os custos de seu programa de TV, etc.

Voltemos ao texto de Isaías: “Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende justiça; até na terra da retidão pratica a iniquidade, não atenta para a majestade do Senhor.”

Ora, se há um lugar que deveria ser “Terra da retidão”, esse, seria dentro da igreja. Entretanto, é justo, lá, que esse cretino profere as mais grotescas heresias, e faz prosperar seu labor mercenário às expensas de uma plateia incauta, com seu vasto repertório de mentiras.

Não sei quem é o mais desgraçado; o pilantra que vende o Céu na Terra para enriquecer, ou, o imbecil ganancioso que compra vento patrocinado pelos ditames de sua cobiça desenfreada.

Outro aspecto doentio da espécie humana é certa sagração da morte, de maneira que, quem morre, de repente deixa de ter defeitos, até o bosta do Fidel Castro vira gente boa; comigo, não! Um crápula vivo, ferido, ou, morto, é apenas um crápula em suas circunstâncias. A Bíblia preceitua que tratemos com respeito quem teme ao Senhor, e, junto, que desprezemos ao réprobo. O Cidadão dos Céus é aquele, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor...” Sal 15;4

A mesma palavra que manda orar pelos inimigos aconselha que evitemos aos hereges. Aqueles, ainda poderão reconciliar conosco, desfeitas as causas da inimizade; esses, quanto mais influência tiverem sobre nós, mais perto do inferno nos levarão.

domingo, 8 de janeiro de 2017

A regeneração

“Fez Deus as feras da terra conforme sua espécie, o gado conforme sua espécie, todo o réptil da terra conforme sua espécie; e viu Deus que era bom. E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme nossa semelhança;” Gên 1;25 e 26

Embora, uns advoguem que somos produto da evolução natural, a Bíblia é categórica, tanto, em situar os demais seres vivos no âmbito do determinismo biológico, “conforme sua espécie”, quanto, em deixar patente que o homem, é superior à natureza, uma vez que, O Criador, o projetou à Sua imagem.

A morte na queda, matou, sobretudo, a capacidade humana de exibir os atributos comunicáveis de Deus; vida espiritual, amor, justiça, equidade, verdade, santidade, etc.

Diferente da morte física que separa alma e corpo, a espiritual separou criatura e Criador; aquela, subsumiu numa escravidão tal, aos domínios do corpo e alma, que, sua faculdade mais incisiva, a consciência, foi, pouco a pouco, cauterizada; eventuais anelos por justiça ficaram cada vez mais tênues, pois, a vontade enferma pela carne, passou a inclinar-se aos anseios da alma, não, do espírito.

Como, então, O Eterno soprou nele Seu Espírito, igualmente o fez, Jesus, sobre os discípulos, como figura do Espírito Santo que viria. Sem esse “nascer de novo”, não podemos ver nem entrar no Reino de Deus, que, visa em Cristo, regenerar-nos, à Sua imagem.

Quando O “Filho do Homem” disse: “Eu e o Pai somos Um”, ou, “Quem vê a mim vê o Pai”, dizia isso: Eu sou, o homem perfeito como foi criado, Imagem e Semelhança do Criador. Ainda que, em essência fosse mais que isso, Deus feito Homem, funcionalmente era o protótipo da nova criação, parâmetro de nossa santificação, se, queremos deveras, agradar a Deus. “...falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, expressa imagem da sua pessoa...” Heb 1;1 a 3

Assim, o espírito humano “morto”, isto é, alienado de Deus, subjugado às vontades do corpo e da alma, reféns do pecado que passou a habitar em nós, ainda conseguia exprimir vagamente seus anseios por justiça, mas, era impotente para praticá-la. “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, faço. Ora, se eu faço o que não quero, já não faço eu, mas, o pecado que habita em mim. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.” Rom 7;17 a 21
“Não sou eu que faço o mal, mas, o pecado que habita em mim.” Supõe que o “Eu” verdadeiro o homem espiritual está impotente, sua "casa" foi tomada por um tirano déspota, o pecado, que faz ali, sua vontade, apesar de “eu”.

Quando o apóstolo brada: “Graças a Deus por Cristo Jesus”, é porque identifica Nele O Libertador, não apenas um Mártir, Exemplo, Mestre.

Sua Graça não equivale a concluir que não nos resta esforço, que Ele Fez tudo, antes, que, por Sua Justiça Sublime, e Inefável Misericórdia, tornou-nos possível, o que antes, não era, obedecer. “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas, segundo o Espírito.” Rom 8;3 e 4

A primeira dádiva é que Ele nos dá poder de agirmos de um modo que antes éramos incapazes. “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

À criação original, tudo era lícito, exceto, certa Árvore; após o “Segundo Adão”, nada é possível sem Ele. O pecado maculou a pureza da criação, trouxe maldição à Terra. Cristo regenera aos arrependidos, O Espírito Santo aperfeiçoa, mas, num cenário adverso, de aflições; nos faz embaixadores de um Reino que não é daqui.

Plantas, animais, seguem reproduzindo-se, relativamente, conforme sua espécie, salvos alguns hibridismos; o homem afastou-se tanto, que tem medo da aproximação, até, da Palavra de Deus, quiçá, Sua Pessoa. Mas, como o Pródigo que toparia ser serviçal, e foi recebido por filho, assim, recebe Deus, a todos os que voltam arrependidos perante Ele.

sábado, 7 de janeiro de 2017

Cruz; o "mal" das Boas Novas

“Disse o rei de Israel a Jeosafá: Disfarçando-me entrarei na peleja; tu, porém, veste tuas roupas reais. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entraram na peleja.” II Crôn 18;29

Dois reis; Jeosafá, rei de Judá, Acabe, rei de Israel. Esse, após ouvir o vaticínio do profeta Micaías, de que morreria, na batalha, disfarçou-se de soldado, e sugeriu que Jeosafá pelejasse em vestes reais, assim, pensou, se o rei deve morrer, morra Jeosafá, não eu.

Além de egoísta, pérfida, sua atitude, era digna de um mentecapto. Ora, se o profeta falara da parte de Deus, era justo a Ele, que imaginava ludibriar. Quem pensa que Deus posse ser “enganável”, reduz O Todo Poderoso, Onisciente, à sua própria estatura. De um assim, O Eterno falou: “Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas, te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;21

Entretanto, centenas de profetas de Baal, nos quais confiava, aparentemente, tanto que eram mantidos pelo Estado, esses, digo, vaticinaram uma jornada vitoriosa, de modo que, parece, não teria nada a temer, de forma a que precisasse disfarçar-se. Por quê, o fez?


Sua rejeição ao profeta do Senhor, não derivava de ser, o tal, indigno de confiança, antes, sua mensagem não agradava. “...Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor; porém, eu o odeio, porque nunca profetiza de mim o que é bom, senão, sempre o mal; este é Micaías, filho de Inlá.” V;7

Ora, quando me achego ao Eterno em oração, ou, mediante outrem, Ele me fala, se, for uma exigência minha que, agrade minhas vontades, quem é O Senhor? Quem, o servo? Quando o Salvador propôs a autonegação como indispensável para se ir após Ele, não falava de suicídio; a cruz significa o sacrifício das minhas vontades em prol da Divina. Paulo definiu com precisão: “Sacrifício vivo”. “...apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus...” Rom 12;1 ou, “Já estou crucificado com Cristo; e vivo...” Gál 2;20

Se há uma geração de pregadores ensinando seus incautos ouvintes a “exigirem, decretarem, determinarem” o cumprimento das suas vontades, O Eterno é inocente; são profetas de Baal.

Uma coisa precisamos entender antes de mais nada: “Deus não é Deus de mortos.” Todos que vivem suas vidas alienados Dele, ao alvitre dos próprios desejos podem estar até, felizes, vivendo assim, contudo, estão espiritualmente mortos. O Eterno ama-os, e chama a si, mas, o faz inevitavelmente através da cruz. Como seria agradável a homem natural uma mensagem que propusesse sua morte? Certo que promete também que ressuscitará com Cristo e será capacitado a andar em “novidade de vida”.

Desse modo, como Micaías, ao profeta idôneo cumpre ser portador de notícias más, para a natureza caída, ainda que, por sua eficácia redentora, e, intenção Divina que a impulsiona, a dura mensagem é nomeada verdadeiramente, como, Evangelho, Boas Novas.

Quando a coisa causa rejeição, muitas vezes, violenta até, isso não revela nenhum lapso no Emissor, tampouco, no portador da mensagem; antes, o receptor se revela indigno dela. “o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço, aparta o seu coração do Senhor... será como a tamargueira no deserto, não verá quando vem o bem...” Jr 17;5 e 6

Na verdade, no fundo, os ímpios sabem que Deus está certo, que Suas demandas são justas. Contudo, tanto quanto podem, mascaram a própria obstinação, tentam macular a imagem dos mensageiros Divinos, invés de aceitarem a correção em suas vidas deformadas.

Se Acabe não soubesse, ser verdadeira, a mensagem do profeta, não teria se disfarçado tentando fugir do juízo pela esperteza. Não contava com um detalhe: “Não há sabedoria, nem inteligência, nem conselho contra o Senhor.” Prov 21;30 Então, mesmo disfarçado, a mão de Deus o alcançou, e, morreu em sua obstinada rebeldia.

Do mesmo modo, muitos sabem, no âmago das consciências, que Deus está certo, e, é justo Seu pleito pela mudança de mentes e atitudes. Contudo, cercam-se de conselheiros vãos, como os profetas de Acabe, preferem um “cautério” psíquico, à dor da cruz, que, mortifica as vontades malsãs, e, mediante obediência possibilitada pelo Espírito Santo, Selo de Deus nos salvos, santifica os renascidos na conversão.

Cheia está a Terra de profetas para todos os gostos, e uma minoria, ao Gosto Divino. Esses não falam bem de pecadores, porém, apresentam o Sumo Bem, Jesus Cristo, graça que salva; se, o tal remédio é amargo, sua eficácia é inegável.

Tanto podemos nos disfarçar mudando as vestes, quanto, nos desnudar mediante arrependimento e confissão, para sermos revestidos de Cristo. As alternativas não envolvem modelito para uma festa, antes, são a diferença entre vida e morte; “escolhe, pois, a vida...”

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Relativismo; coisa sem fundamento

“Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” Salm 11;3

Fundamentos, ou, bases, são sustentáculos de um edifício, uma doutrina religiosa, um postulado filosófico... Os pensadores chamaram de valores universais, aqueles que se reconhece como válidos em todas as culturas, contextos, épocas; ou, teologicamente se nomina, Absolutos, que existem em si, independente do particular apreço, ou, sua relação com os seres humanos.

A pretensão de submetê-los, à nossa visão, chama-se, relativismo, onde, não haveria verdades absolutas, antes, verdades relativas, apenas pertinentes àqueles que as aquilatam assim, não, necessariamente a todos

A reflexão supra, do cântico hebraico coloca os fundamentos como necessários ao justo. Com o perdão pela redundância, são fundamentais.

Frequentemente deparamos com publicações de cunho relativista que, num primeiro instante parecem plenas de lógica, mas, ao escrutínio de uma mente minimamente sagaz, se revelam pueris. Por exemplo: Duas pessoas voltadas uma para a outra, entre elas, um número no chão, que, visto de um lado é seis, de outro, nove. Ambos, defendem a “verdade” que veem; com tal “lógica” tencionam demonstrar que ambos estão certos, cada um tem sua “Verdade”; uma ova!

Que cada qual tenha direito à opinião, e, devamos conviver pacificamente com os que pensam diverso, tranquilo, não carecemos maiores demonstrações que a própria dignidade de cada um. Contudo, essa concessão ao convívio não remete à conclusão que inexiste verdade absoluta; precisaríamos ignorar um enorme lapso, lógico, sacrificarmos os fatos em nome da convivência; a cômoda opção de sermos hipócritas “legais”, para evitarmos a polêmica, essa desmancha-prazeres nas relações sociais.

Ora, quem escreve um número, nunca o faz para duas leituras distintas. Salvo, um “pensador” como o que propôs a coisa em defesa de algo muito mais volitivo, que intelectual. Digo, que nasce da vontade, mais, que da inteligência.

Aquele número terá necessariamente relação com quem o escreveu. Dependendo da intenção, será seis, ou, nove. Sua posição na folha, tela, ou, relação com outros números adjacentes, fará visível sua identidade. Quando o escrevem numa bola de bilhar, por exemplo, cuja forma nos impede que leiamos com tais “acessórios” colocam um traço na parte de baixo, que elimina qualquer dúvida.

Que cada um tenha sua opinião é lícito, natural; agora, que cada qual tem sua “verdade” como apregoam, nem de longe. Duas opiniões contraditórias sobre o mesmo tema, uma, necessariamente estará errada, quando não, as duas. A única verdade sobre um equívoco, é, que é um erro.

Agora, com as chacinas em presídios do norte, que seriam derivadas de disputas entre facções, voltou à baila o famigerado PCC, cujo lema, pasmem! É: “Paz, Justiça e Liberdade”. Quem teria algo contra esses três valores? Não são considerados bons por quase todos? Pois, é.

Porém, eles têm sua forma peculiar de ver as coisas. Paz com quem? Vivem em constante guerra contra a sociedade organizada, o Estado de Direito. Justiça? Não são os reclames dela que os põem atrás das grades? Liberdade? Que sonhem com ela os que carecem, tudo bem, mas, praticando coisas que tendem à sua privação, defender isso, é no mínimo, contraditório. Assim, sem forçar nada as palavras, podemos dizer que, esposam coisas sem fundamento.

Por mais que possa ferir nosso orgulho, o homem não é “a medida de todas as coisas”, antes, O Filho do Homem, Jesus Cristo, garantiu que, Sua Palavra, mais perene que Céus e Terra, será a Justa medida pela qual seremos julgados, quer concordemos, quer, não. “Quem rejeitar a mim, não receber minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

Claro que, nesse mundo de valores efêmeros, caracteres solúveis, evocar a Bíblia como tribunal de apelação, ter a Palavra de Deus como Valor Absoluto, é coisa de “fanático, fundamentalista”. Acontece que, servos de Deus reportam-se a Ele, não, aos gostos sem sal de uma geração corrupta, sem vergonha, sem fundamento.

Dane-se a aprovação humana, o aplauso do mundo, a sentença está posta: ”... ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo.” I Cor 3;11

E, mesmo tomando esse sublime nome nos lábios, não basta para que alguém esteja certo ou, viva de modo que Ele aprova; Paulo foi categórico: “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19

A diferença entre fundar a casa na areia, ou, na rocha se verifica ao praticarmos ou, não, Sua Doutrina. Salvação não é questão de opinião. Um terço dos anjos opinou que Lúcifer estava certo, e hoje dariam tudo para ter direito a uma segunda opinião.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O cidadão dos Céus

“Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei. Do Senhor vem a salvação.” Jn 2;9

Um fragmento da oração de Jonas, feita após três dias, desde o ventre do peixe. Uma pessoa a ser estudada o profeta fujão, pois, num primeiro momento aceitou morrer, quando disse que era o culpado pela tempestade, e, sugeriu que o jogassem ao mar. Depois, engolido pela criatura, só orou após três dias, parece que, estava esperando pela digestão, para ser consumido, como não foi digerido, cansado de tanto, não morrer, decidiu rogar por sua vida.

Interessante que, não há registro de quem tenha pedido isso diretamente, tipo, se deres nova chance, Senhor, obedecerei; antes, se dispôs a cumprir algo que já tinha proposto; “O que votei, pagarei,” disse. Só então, manifestou confiança na misericórdia Divina; “Do Senhor vem a salvação.” Não precisamos muito esforço para concluir que ele prometera obediência incondicional, e, decidira desobedecer, ao discordar da ordem recebida.

Não poucas vezes somos “engolidos” por aflições, por assumirmos algo diante de Deus, e negligenciarmos, depois. Salomão aconselhou certa parcimônia coma as palavras, e, seriedade com os compromissos. “Não te precipites com tua boca, nem, teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, tu estás sobre a terra; assim, sejam poucas as tuas palavras. Porque, da muita ocupação vêm os sonhos, e a voz do tolo das muitas palavras. Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes, que votes e não cumpras.” Ecl 5;2 a 5

Vivemos tempos difíceis, as palavras, pouco, ou, nada valem; daí a necessidade dos contratos; registros escritos de nossos compromissos assumidos mediante palavras. E, mesmo sendo registrado, documentado, muitos não honram os ajustes pactuados. Uma das características alistadas por Paulo, dos homens que viveriam nos “tempos difíceis”, seria: “...infiéis nos contratos...”

Se, devemos ser econômicos em nossas palavras diante de Deus, isso se dá porque Ele as valoriza. O Salvador ensinou: “Por tuas palavras serás justificado, ou, condenado.” Cada palavra proferida, seja em oração ou não, passa a fazer parte dos registros eternos. “Então aqueles que temem ao Senhor falam frequentemente um ao outro; o Senhor atenta e ouve; um memorial é escrito diante dele, para os que temem o Senhor, para os que se lembraram do seu nome.” Mal 3;16

Se, as palavras dos fiéis são registradas, as dos infiéis também, eles diziam ser inútil servir a Deus, e, que certos estariam os soberbos; suas palavras, mais que registradas no céu, foram também na Bíblia, para que todos conhecessem. Contra eles, O Todo Poderoso, imaginem, queixou-se da dureza das suas ímpias falas. “...As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor;” v 13

Deus não tenciona tratar conosco nos domínios da força, onde, Ele É Incomparável, antes, anela uma relação no âmbito do amor, e, mesmo desejando ser correspondido, poder ser rejeitado, até, ouvir “palavras duras”.

Quando Simeão falou profeticamente a Maria sobre as agruras reservadas ao, então, menino Jesus, disse: “Uma espada traspassará também a tua própria alma; para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” Luc 2;35 Nossa liberdade de expressão, sentimentos, levada às últimas consequências. Contudo, se somos totalmente livres para fazermos escolhas, as consequências nos advêm, mesmo que, contra a nossa vontade.

Nada poderia ser mais justo que isso. Deus propõe dois caminhos, ensina onde cada um leva, e, Ele não é infiel nos contratos, antes, cumpre o prometido, portanto, as escolhas são arbitrárias, as consequências, necessárias.

A um olhar superficial pode ter um quê de heroico, alguém abrir mão da própria vida, como fez, num primeiro momento, Jonas; e, fazem tantos suicidas. Entretanto, isso que pode soar a um gesto de coragem, a rigor, não passa de desesperada fuga. Os valentes que Deus busca não são os que morrem por uma causa, antes, os que mortificam as más inclinações, sacrificam anseios da natureza caída, para seguirem fiéis ao “contrato” assumido em Cristo, de serem Servos Seus, a qualquer custo.

Sacrifício, sim, pois, O de Cristo nos redime para salvação, mas, se requer o nosso a cada dia, se, pretendemos ser tidos por fiéis junto ao Senhor. “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Se, não temos, como Jonas, a missão de anunciar o juízo em Nínive, temos, como ele, o dever de permanecermos nas coisas que pactuamos com Deus. Pois, o cidadão dos Céus é de caráter tal, que, “ainda que jure com dano seu, não muda”. Salmo 15