sábado, 1 de outubro de 2016

Doutores de si

“Pregues a palavra, instes a tempo, fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme suas próprias concupiscências;” II Tim 4;2 e 3

Segundo a Bíblia, um abismo chama outro; algo mau tende a inflacionar, invés de se manter inerte, estanque.

A instrução de Paulo a Timóteo alude aos que não podiam ouvir A Palavra como ela é. Sendo a mesma, “insuportável”, qual a providência dos tais? “Amontoariam doutores para si...” Ora, esse ilustre falecido, o “Si”, precisa meramente, um sepulcro, não, mestres que o ressuscitem. Desde que o homem passou a decidir por si, o bem e o mal, morreu, alienou-se do Criador.

Como, morte espiritual não equivale a não existência, mas, separação de Deus, o Salvador se dispôs a falar com mortos que existem, portanto, podem ouvir. “Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, os vivifica, também o Filho vivifica aqueles que quer... Em verdade, em verdade vos digo, que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, os que ouvirem viverão.” Jo 5;21 e 25

Entretanto, para esses mortos dispostos a ouvir, o preceito é que se livrem, na sombria cruz, desse ser fantasmagórico, para que o novo homem seja gerado. “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” Luc 9;23

Se, o livre arbítrio, cantado em prosa e verso nos permite as escolhas que quisermos, nem ele, nem fonte alguma, por prodigiosa que pareça, está autorizada a alterar um til sequer, do que O Santo falou. Como vento que separa palha do trigo; ninguém pode aumentar o peso da palha, tampouco, ingerir na força do vento.

Entretanto, os “doutores” do si mesmo criam seu “evangelho” alternativo, pois, ensinam a viver melhor, aos tíbios, que deveriam, de uma vez por todas, aprender a morrer melhor. Quem vai a Cristo cheio de si volta apenas com o que foi, como o jovem rico o fez.

Aprendamos com Abraão, o “Pai da fé”. O Eterno lhe disse: “Toma agora o teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.” Gên 22;2  

Invés de ouvir diretamente ao Criador, tivesse um “doutor” do si para o ajudar e teria sido bem mais fácil. Teria dito: “Não é confiável o que ouviste, pois, chamou-te de pai de único filho; tens dois, Ismael e Isaque; ademais, amas ambos, Ele pediu um filho que amas, bem podes oferecer ao filho da escrava; Isaque, jamais." Palavras assim soariam brandas aos ouvidos do Patriarca, mas, ele saberia que seriam mentirosas.

Ismael fora um arranjo precipitado, por ter duvidado, Sara, da Promessa de Deus. Embora, Deus preservou sua vida, o abençoou, para o propósito Divino, não contava, antes, seria o filho da promessa, o “Único filho” em questão, Abraão bem o sabia.

A problema maior do “si mesmo” não é ele em si, se é que me entendem; antes, a pretensão de ser ele, em Deus. Seguido deparo com as farisaicas orações do si; “Senhor, visite os enfermos, cure-os, os presídios, conforte-os, dê-nos um mês abençoado, abençoe essa pessoa que está lendo e vai digitar “amém”. Cáspita!! Como o cara cheio de si é vazio de noção! Ser solícito atencioso, com desvalidos, enfermos, presos, foi o que O Salvador nos ordenou que fizéssemos; quando o fizerdes, a mim o fareis, disse. Invés de fazer o que foi ordenado, “Dom Si”, ordena que Deus faça isso em seu lugar. Que sem vergonha!

O si é rei no império dos direitos, desconhece os árduos caminhos na província humilde do dever. Alguém famoso assume publicamente uma relação espúria, antinatural, depressa o si o defende. “Cada qual sabe de si, todos têm direito de ser felizes” apregoa. Como são as coisas no seu reino, diga ele. 

Porém, no Reino de Deus somos servos, não contam nossos direitos, antes dos deveres. Por esses somos exortados à diligência, aqueles, não demandam greves, passeatas, gritaria, antes, ceifaremos no tempo certo, aos olhos do Rei.


Acho irônico, mas, justo quando alguém é depenado, depois de breve ancoragem nos domínios dos mestres de aluguel. Quais interesses cuidaria um doutor de si, senão, dos próprios? 

No mais belo encômio ao amor, feito por Paulo, disse que ele, “não busca os próprios interesses...” Os interesses de Deus antes dos meus, santa loucura a qual somos desafiados. " Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens...” I Cor 1;25 Assim, só se entrega deveras a Deus, quem está fora de si...

domingo, 25 de setembro de 2016

Condenados à liberdade, presos de medo

“Disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme sua espécie; gado, répteis e feras, conforme a sua espécie; assim foi. Fez Deus as feras da terra conforme sua espécie, gado, conforme sua espécie, e todo o réptil da terra conforme sua espécie; e viu Deus, que era bom.” Gen 1;24 e 25

Contrário à tese evolucionista que apregoa mutações “ad infinitum” das espécies, a Bíblia as apresenta como obra acabada, restritas ao determinismo mecânico reprodutivo. Conforme, significa, análogo, semelhante, igual na forma...

O conflito se estabelece pelos evolucionistas descrerem do relato, e, nos acusarem de primitivismo mitológico, anticientífico, por acreditarmos na Palavra como, ela é. Nós a temos como “Obra acabada”, igual à Criação. Para eles, a “ciência” deve evoluir concomitante ao evoluir das criaturas (?) digo, seres, pois, criaturas remeteria ao Criador, heresia aos seus científicos olhos. Certo que a ciência veraz evolui no domínio da tecnologia, mas, no que tange à vida, é incapaz de gerar uma folha de grama usando seus próprios meios, apenas.

Dado ser um tanto irônico, encontramos raízes do evolucionismo na Bíblia. Ela ensina que a proposta do “profeta” do Éden, foi a independência cognitiva em lugar de crer na Revelação: “Vós sereis como Deus, sabendo o bem e o mal”, disse. Assim, pretendem ser, todos que a renegam.

O saber, refém de uma vontade rebelde, torna-se inócuo, pois, não possui força assaz persuasiva para fazer agir ao seu lume. Amiúde, ocorre como em muitos casos nos quais desaconselhamos alguém quando se dispõe a uma empresa temerária; invés de nos ouvir, revida: “Não quero nem saber!” O “quero” no caso, não quero, o rebento da vontade precede ao conhecimento, e, o ignora, ao sabor das conveniências.

Algo assim inquietava Paulo: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, querer está em mim, mas, não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas, o mal que não quero, faço. Ora, se faço o que não quero, já não faço eu, mas, o pecado que habita em mim.” Rom 7;18 a 20

Interessante figura que personifica o pecado como intruso habitante dentro de nós. Tiago falou da gênese: “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; o pecado, sendo consumado, gera a morte.” Tg 1;14 e 15

A grande “vantagem” evolucionista é que, palavras negativas como “pecado” desaparecem. Apenas a seleção natural “pune” aos de má qualidade, no mais, bola pra frente.

Entretanto, olhando o cenário planetário com honestidade, o que vemos corrobora a evolução, ou, a Revelação? Digo, rumamos à decrepitude como vaticina A Palavra, ou, a um patamar superior da espécie “sapiens”? A célere decadência dos meios naturais tem dado azo ao surgimento de partidos ecologistas, temendo que, evoluamos para a desertificação, o que minaria o potencial de vida no planeta. Espécies são extintas velozmente; invés de deixarem a “seleção natural” fazer seu trabalho, estão alarmados, engajados na preservação. Contraditório, para quem se ufana de ter ciência.

A Bíblia anteviu esses dias: “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. Não só ela, mas, nós, que, temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo.” Rom 8;22 e 23 O corpo dos salvos será redimido, banindo-se de vez o intruso aquele, que faz a vontade inclinar-se contra Deus, o pecado. “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;7

Redimir equivale a pagar resgate pela libertação; Cristo fez. Regenerar, gerar de novo como era originalmente, isso, O Espírito Santo Faz. Afinal, se todos os seres criados tendem à reprodução conforme suas espécies, por que o homem, imagem de Deus, feito para presidir a Criação, poderia degenerar, reproduzir-se de qualquer modo?

A Parábola do Semeador ensina que a maioria das sementes se perderia no plantio, assim, a humanidade. Imensa maioria avessa à disciplina, virtude, obediência, Ao Criador. Mas, pelas poucas sementes que cairia em boa Terra, suportaria a perda das demais, ensinou. Deus está condenado à liberdade, assim como nós. Da nossa, não raro, fazemos prisões; Ele, da Sua, não pode evitar dolorosas decepções.


“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim; porque o Senhor me ungiu, para pregar boas novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e abertura de prisão aos presos;” A porta está aberta desde que o Libertador bradou: Está consumado! Mas, a imensa maioria morre de medo de ser livre...

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Dissecando o "pênis"

Deparo vez por outra com o seguinte:

“Religião é como um pênis,

-É legal que você tenha;
-tudo bem, você se orgulhar disso;
-mas, por favor, não saia por aí exibindo em público;
-e, muito menos, tente enfiar goela abaixo, dos seus filhos.”

Antes de mais nada, uma definição importante. Religião vem do latim religare, esposando a ideia de religação do homem com Deus. Segundo a Bíblia, O Único que faz isso é Jesus Cristo. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5 Só Ele religa, embora, haja milhares de simulacros que genericamente se chama, religiões. Como sou cristão, verei a coisa por esse prisma. Outras crenças, se desejarem, o farão a seu modo.

Para começo de conversa, não é “legal” que eu tenha fé em Cristo, é indispensável, caso eu nutra anseio pela salvação que Ele oferece. “Quem crer e for batizado será salvo; quem não crer, será condenado.” Não é um penduricalho psíquico que uso pra me sentir bem. É uma tábua de salvação que passa flutuando sobre as águas poluídas desse mundo de pecado, e quem não se apoiar nela, perecerá. “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...” Como vimos, não é “legal”, é vital.

“Tudo bem, eu me orgulhar disso?” Ora, de outras religiões não sei, mas, dos ensinos de Cristo, que disse que devemos ser como crianças; que os grandes devem ser os menores; que deu exemplo lavando os pés aos discípulos; onde resta uma nesga de espaço para orgulho?

O orgulho está na origem da queda da humanidade, por isso, aliás, Deus proveu um meio de salvação “vacinado” contra esse bicho nefasto. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; ( se orgulhe )” Ef 2; 8 e 9 “Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;28 e 29

“Não sair exibindo em público”? Deveria ser, nossa fé, como certos rituais ocultos de maçonaria e assemelhados? Claro que não vamos interromper outros eventos para impor nossa crença, mas, esconder, aí, não dá. Nosso Mestre disse: “Sempre falei abertamente...” e nós nos esconderíamos como se tivéssemos vergonha Dele? Paulo foi categórico: “não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, antes, condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe.” Ef 5;11 e 12 O mesmo Senhor, aliás, sobre a Luz que deve existir sobre os Seus, disse: “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” Mat 5;14 Como vemos, ocultismo cristão está fora de cogitação.

Quanto a enfiar goela abaixo dos nossos filhos, não fazemos isso, pelo menos, os cristãos maduros, muito embora, tenhamos dever de ensinar-lhes o bom caminho, dar-lhes o exemplo com nossos atos. “Educa a criança no caminho em que deve andar; até quando envelhecer não se esquecerá dele.” Prov 22;6

Gozado que esses “conselheiros espirituais” especialistas em assuntos de religião não ousam desenvolver seus “ministérios” em nações onde vige o fundamentalismo islâmico, onde se corta as cabeças dos diferentes, mas, aqui, onde a diversidade e pluralidade coexistem em paz, querem tolher nossa liberdade com argumentos pífios.

Claro que a fé cristã sadia incomoda. Os que andam mal, degeneram fazem a festa dos ímpios que se lavam com água suja; contudo, os de boa conduta inquietam as consciências dos pecadores que são covardes demais para tão ousado passo. Aí, preferem “enfrentar” aos crentes que a si mesmos. Ora, temos mais de 31 mil versos bíblicos para meditar, seríamos tolhidos por quatro idiotices dessas? Que gente sem noção!

Mas, como o ilustre anônimo gosta de símiles, digo-lhe que o cérebro se assemelha a um pênis. Por motivos idênticos. Também é legal que ele tenha um; mas, não se orgulhe disso, pois, irracionais o têm, alguns, usam melhor que certos humanos; Se o dele ainda segue sem uso, não deveria mostrar essa “pureza” a todo mundo, as pessoas poderiam pensar que é um ignorante; Por fim, se o melhor que conseguiu produzir com sua massa cinzenta foi o ridículo, quádruplo conselho, supra, seria melhor nem gerar filhos, pois, vai que os genes obtusos sejam hereditários, quantos imbecis a mais teríamos meramente fazendo peso sobre a Terra?


A consciência não pode ser silenciada amordaçando o outro, mas, na entrega irrestrita a Cristo. Ele dá a paz. Uma paz ousada a ponto de não negarmos o que somos, mas, pacífica, malgrado o que os outros são.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O lado corajoso da força

“Então subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés, contra Deus. Excitaram o povo, os anciãos, escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e levaram ao conselho.” Atos 6;11 e 12

Estevão era o alvo dessas “providências” todas. Calúnias de gentalha venal, mentiras travestidas de zelo religioso, para causar tumulto e levar o servo de Deus a julgamento. Mas, o que ele fizera que incomodava tanto aos agitadores? “Estêvão, cheio de fé, de poder, fazia prodígios, grandes sinais entre o povo.” V 8

Desde a queda, o ego, esse bastardo assassino que tomou toda humanidade, sempre emulou à competição, às disputas, inveja, de modo que, até mesmo os discípulos de Cristo em dado momento queriam saber quem era o maior. Então, alguém irrelevante, de repente começar a fazer prodígios, sinais, cheio de poder, era demais para os que, ainda preservavam sua insignificância.

A única coisa decente nos invejosos é a autocrítica. Nunca se levantam contra outrem que invejam assumindo a razão; antes, inventam outros motivos mais “palatáveis”, pois, até esses enfermos morais, no fundo, reconhecem sua doença, ainda que, jamais admitam. A Estevão, atribuíram blasfêmias, não se levantavam contra ele por serem maus, antes, zelosos da virtude; assim, tentavam parecer, pelo menos.

Já considerei noutro texto que deve ser mui trabalhoso ser hipócrita, pois, é como um ator interpretando uma personagem, que, deve encenar o tempo todo, sob pena de cair a máscara. Ser íntegro, além da saúde espiritual e física, que enseja, dá muito menos trabalho. Tal sujeito, o hipócrita, deve ser “honesto” quando, só, com seus botões, mas, à aproximação de alguém, é como se ouvisse o clássico, “Luzes, câmeras, ação!”

Pensando melhor, deve ser bem mais difícil ser honesto, senão, a maioria seria. Nessa senda, não poucas vezes, temos que enfrentar a nós mesmos, um “adversário” terrível, segundo Salomão: “Melhor é o que tarda em irar-se do que o poderoso, o que controla o seu ânimo do que aquele que toma uma cidade.” Prov 16;32 Se, é melhor o que domina a si mesmo, que outrem que toma uma cidade, esse tal “si mesmo”, é duro na queda.

Por isso, pois, cristianismo, contrário dos motejos imbecis de uns e outros que nos acusam de covardes, de nos “escondermos atrás da Bíblia”, é coisa pra valente, que não opta por enfrentamentos fáceis, antes, aceita o primeiro desafio do Salvador: “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” Luc 9;23

Que fácil é seguir a manada gritando, impropérios, calúnias, até! Agora, seguir à justiça, não raro, nos faz réus, condição muito menos administrável que a barulhenta empreitada de juiz dos alheios motivos.

Há um chiste que circula nas redes sociais que parece, ora, oportuno, diz: “Quando quiseres falar mal de mim, me chame; sei cada coisa a meu respeito!” Embora o alvo seja certa ironia bem humorada, não deixa de ser verdadeiro. Todos sabemos coisas muito ruins sobre nós, e justamente para fugir delas, preferimos apontar as de terceiros, ou, usarmos nossa máscara mágica que “embeleza” um tiquinho.

Os “covardes” de Cristo sabem da seriedade do que está em jogo; Paulo ensinou: “Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11;31

O Sacrifício do Salvador no Monte Santo foi para rasgar máscaras mesmo, como Isaías dissera: “Destruirá neste monte a face da cobertura, com que todos os povos andam cobertos, o véu com que todas as nações se cobrem.” Is 25;7

Que adianta usarmos máscaras no teatro humano, se o “Oscar” espiritual será dado pela “Academia” Divina? Ou, que vale fazer tipo ante humanos se estamos nus diante de Deus? “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, mais penetrante do que espada alguma de dois gumes; penetra até à divisão da alma e do espírito, juntas e medulas; é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Não há criatura alguma encoberta diante dele; antes, todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele, com quem temos de tratar.” Heb 4;12 e 13

Então, é mais fácil sim, para um convertido, enfrentar a si mesmo, ser honesto, que atingir temerariamente a terceiros. Por quê? Porque depois de Cristo, nasceu de novo. “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Se, mudou tudo, também, o conceito de beleza. “Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai-o na beleza da santidade.” Salm 29;2


Essa, não enseja competição, antes, acentua, onde existe comunhão. O “si mesmo” ficou na cruz. O regenerado herdou sem merecer, a inocência de Cristo. “Que Ele cresça, e eu diminua”.

sábado, 17 de setembro de 2016

Adão sem noção

“Disse Faraó a seus servos: Acharíamos um homem como este em quem haja o Espírito de Deus?” Gên 41;38

O homem que arrancou tal expressão do Faraó era José, o hebreu prisioneiro. Em desfavorável status pessoal, pois, bem como, o ambiente cultural de muitos deuses, como o Egito, para falar do Deus Único.

Contudo, chamado à presença do soberano assegurou: “Deus dará resposta de paz a Faraó”. A resposta, no caso, era a interpretação de dois sonhos, que, estava em pauta, alvoroçando a corte.
Obtida a resposta, o monarca reconheceu que fora O Espírito de Deus que movera José.

Seria O Espírito Santo, um masoquista? Afinal, tanta gente boa, livre, em palácios, e Ele habitando num prisioneiro. Paulo nos ensina a compreensão dos mistérios Divinos comparando as coisas espirituais com as espirituais. Assim, onde as naturais encontram obstáculos, prisões, até, pode, O Santo, encontrar Seu dileto habitat.

Onde existe fé genuína Ele habita: “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa.” Ef 1;13 Onde se preza a justiça e paz, Ele se alegra e igualmente, Seu hospedeiro. “Porque o reino de Deus não é, comida, nem bebida, mas, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens.” Rom 14;17 e 18

O Evangelho do triunfalismo doentio, imediatista, nem de longe assemelha-se à vera expressão da fé. A “fé” que tem sido apregoada pelos mercenários da moda é uma espécie de Midas, rei mitológico, que, tudo o que tocava virava ouro. Ora, a fé hígida é patrimônio do ser, não, um bem para escambo, com o fim de ter.

Acaso José era fiel por que sabia que seria promovido a governador, e estava dando um “adiantamento” a Deus enquanto esperava? Não. Nada sabia do que estava por vir, era, por questão de consciência, de quem Deus É, não, pelo que pode dar.

Nos padrões atuais, alguém permanecer fiel depois de mais de uma década, preso, inocente, é algo impensável. Duas ou três “campanhas de milagres” e, se as coisas não acontecem, o sujeito salta fora concluindo que não serve pra Deus, pois, o que “Ele” prometeu não foi cumprido, quiçá, Deus não serve pra ele, pois, não cumpre o que “promete”.

Diferente de antanho, onde, o fiel entregava-se a Deus independente das circunstâncias, hoje, se dá prazo para que Ele se manifeste. Sete semanas disto, doze cultos daquilo, e quem fizer religiosamente o ritual torna-se credor do Eterno, com direitos a favores especiais. Ora, qualquer coisa que eu faça, por piedosa que pareça, se, o fim for meu interesse, é só uma versão requintada de egoísmo, expressão do ego, coisa que sequer apita ainda, em quem negou a si mesmo e tomou a cruz.

Infelizmente, muito do que se canta em prosa e verso, se encena em púlpitos, palcos, é mero reflexo da falta de noção, de uma igreja adoecida por sucumbir ao imediatismo ímpio, invés de apregoar e viver, segundo a Integridade do Eterno.

Como o populacho imiscuído durante o Êxodo, que vivia devaneando com coisas do Egito, a menor dificuldade, assim, os “crentes” que “saem do mundo” trazendo o mundanismo com eles, travestindo de piedade. Não falo de usos e costumes, mas, de anseios egoístas e carnais.

Aqueles, tanto fizeram opondo-se a Moisés e Aarão, que um dia Deus deu um basta e a Terra os tragou vivos. Se, o mesmo juízo fosse aplicado agora a Terra sofreria um colapso, por ter comido demais.

No início, Deus deu todas as coisas francas ao primeiro casal; o inimigo insinuou que lhes faltava independência; o resultado, conhecemos. Agora, a reparação do erro, propiciada pelo Méritos Graciosos de Cristo, requer que nos coloquemos em absoluta dependência, para que, O Eterno nos dê outra vez, todas as coisas, no Seu tempo, segundo Sua vontade, pois, requerer isso do nosso jeito, nos remeteria de novo, à independência, à queda.

Amós perguntou: “Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?” A resposta óbvia é, não. Assim, enquanto não nos adequarmos aos termos do acordo com Deus, Ele sequer andará conosco, que dirá, nos abençoar. Não digo que merecemos bênçãos, quando obedecemos, mas, em posição de rebeldia, nos colocamos em rota de colisão com o juízo, invés de bênçãos.

Adão teve ciência da nudez e se escondeu. Os neo-Adões, peladões, falam com a cobra, devaneando que ela é o Criador.


Cristo em nós deve ser tão visível como uma cidade sobre um monte. Como Faraó viu O Espírito Santo em José. Quem possui cifrões nas retinas, nunca verá a Bendita Luz de Jesus, O Senhor.

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Com que livro eu vou?

“Um rio de fogo manava de diante dele; milhares de milhares o serviam, e milhões de milhões assistiam diante dele; assentou-se o juízo, e abriram-se os livros.” D 7;10

No ínterim de uma visão profética de Daniel sobre a sucessão dos poderes humanos, viu também uma cena do Juízo de Deus, e narrou, como vemos acima.
Interessante que não se consultou nenhuma comissão especial, de ética, não se pediu permissão ao Congresso, ou, Senado, para o referido julgamento, tampouco, foram requeridas testemunhas, quer de defesa, quer de acusação. “Assentou-se o juízo e abriram-se os livros”, simples, assim.

Lá, nada valerá a balela de se dizer que é perseguido, como fazem tantos biltres atuais; nem, há cargo algum que se possa oferecer em troca de apoio, pois, Quem Julga, de nada tem necessidade, exceto, fazer justiça.

Que livros são esses? Bem, a Bíblia fala de uma anotação minuciosa feita nos céus referindo aos salvos, diz: “Então aqueles que temem ao Senhor falam frequentemente um ao outro; o Senhor atenta e ouve; há um memorial escrito diante dele, para os que temem o Senhor, para os que se lembram do seu nome. Eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim joias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve.” Ml 3;16 e 17

Além do “Livro da Vida” que traz o rol dos servos de Jesus, temos outros livros onde se registra as obras dos ímpios, não, suas falas. “Vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; abriu-se outro livro, que é o da vida. Os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo suas obras.” Apoc 20;12

Um aferidor comum, não há distinção de credos, posses, nacionalidade, classes sociais, fama, beleza, nada; todos miseravelmente nivelados sob a condição de “mortos”. A morte espiritual não equivale à não existência, antes, refere-se à alienação de Deus.

O “Diário Oficial”, pois, é extremamente fidedigno; julga-se segundo o que nele está registrado. Quando, sobre a Terra alguém quer jactar-se de transparência costuma dizer: “Minha vida é um livro aberto”; sabemos que, amiúde, não é bem assim. Tendemos, como o fruticultor, a escolher nossos melhores frutos para usar como amostra; entretanto, no juízo, mesmo tendo as mais nefastas coisas a esconder, quem quer que seja, sua vida será um livro aberto. Tão fiel, que, julgar segundo o livro, será julgar segundo a vida.

Então, “Como escaparemos nós”? Bem, Paulo ensina: “Porque, se nós julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” I Cor 11;31 Quer dizer que devemos ter conhecimento jurídico para o auto julgamento. De certa forma, sim. Em que base será o Juízo? O Salvador ensinou: “Quem me rejeitar, não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa, o há de julgar no último dia.” Jo 12;48 Notemos então, que, o julgamento dos mortos atina aos que rejeitam a Jesus Cristo, e não recebem Suas Palavras.

Os que creem, obedecem, identificam-se com a cruz, já foram “julgados” condenados com Cristo. Ele venceu a morte, ressuscitou, e ressuscita aos que são Seus. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, os que a ouvirem, viverão.” Jo 5;24 e 25

Outra vez, os mortos que existem, e, ouvindo a Voz de Cristo são espiritualmente ressuscitados. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3  Claro que isso demanda um novo modo de viver. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim, andemos nós também em novidade de vida.” Rom 6;4

Em suma, nossa escolha, somente ela, definirá se figuraremos no Livro da Vida, ou, no dos mortos. Essas tramas humanas, tipo, direito de ficar calado, ou, mesmo, mentir em juízo, nada valerão ante O Juiz de Toda a Terra.


O tempo para o juízo é agora; digo, para julgarmos a nós mesmos. Se, não o fizermos, O Senhor fará, mas, aí será tarde demais, como disse o poeta Rabelais: “Conheço muitos que não puderam quando queriam, porque não quiseram, quando podiam.” Agora, ainda podemos virar a página, ou, mudar de livro, como exorta A Palavra: “...Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais os vossos corações...” Heb 3;7 e 8

domingo, 11 de setembro de 2016

A Paciência

“Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa.” Heb 10;36 Interessante essa ordem de coisas. Paciência, depois, de ter feito a vontade de Deus. A maioria dos impacientes que conheço, o são, por marcarem tempo, ou, modo, para que, Deus, faça suas vontades.

Pensemos um pouco sobre a palavra, paciência. Já ouvi alguns dizendo tratar-se da ciência da paz. Soa parecido, entretanto, não é bem assim. Paz deriva do latim, pax. Paciência, segundo especialistas, vem do Latim, Pati, significando, sofrer, aguentar; ou, do grego Pathe, sofrimento. Da mesma fonte vêm, simpatia, patologia, e paciente, aquele que é internado para ser tratado de algum mal.

Ora, um paciente não decide sobre medicamentos, doses, cirurgias, abstinências, nada. Está totalmente a mercê do médico. Igualmente, não lhe cabe decidir sobre quando terá alta. Se sair por sua conta deixará de ser paciente e será fugitivo. Assim, paciência no aspecto espiritual significa submeter-se a Deus, Sua Vontade, como um paciente faz, ante os médicos.

O salmista escreveu: “Esperei com paciência no Senhor, ele se inclinou para mim, ouviu o meu clamor. Tirou-me dum lago horrível, dum charco de lodo, pôs os meus pés sobre uma rocha, firmou os meus passos.” Sal 40;1 e 2

Quem escreveu isso foi Davi, que fora ungido bem jovem para ser rei de Israel. Entretanto, demorou muito para reinar. Foi invejado, perseguido por Saul, errante, desterrado entre inimigos, nada da promessa se cumprir.

Bem poderia ter matado o rei que o perseguia, teve duas oportunidades e não fez, pois, se Deus dissera que ele seria rei, aguardaria no tempo do Eterno. Poderia ter pensado, mato o rei indigno, Deus disse que eu mando nessa bagaça, então, é comigo. Porém, fugiu, esperou. Depois que os inimigos filisteus mataram ao desobediente Saul, e o povo o buscou para ser rei, só então, viu O Senhor tirá-lo do “charco de lodo” das perseguições, e colocá-lo na rocha, de um grande reino.

A Bíblia apresenta não poucos filhos da impaciência, todos feios. Sara, malgrado a promessa Divina que teria um filho com Abraão, achou que a coisa demorava muito; mandou seu marido “ajudar” a Deus, deitando-se com a escrava. Não resolveu o problema em sua precipitação, e ainda criou um novo. Mais tarde, durante o Êxodo, Israel guiado por Moisés chegara à base do Sinai, onde deveria esperar, pois, Deus chamara Seu servo no monte para dar Sua Lei. Demorou 40 dias, o que pareceu demais a um povo que esperara por 400 anos. Dada a “demora” fizeram um bezerro de ouro para adorar.

A fé é confiança irrestrita no Caráter de Deus, a paciência deve descansar na Sabedoria do Santo. Aquele que é Onisciente não saberia o tempo certo de nos abençoar?

Além da Sua Palavra, Deus, nos fala, através da Sua Obra. Spurgeon chamou de Livro da Natureza. A Bíblia corrobora isso, dizendo: “suas coisas invisíveis desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, quanto, a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que os ímpios fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

E, dentre as muitas coisas que podemos aprender observando a natureza, uma delas, sem dúvida, é a paciência. Tiago ensina: “Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos, completos, sem faltar em coisa alguma.” Tg 1;3 e 4  “Sede, pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.” Cap 5;7

Acaso conhecemos alguma planta que se semeie e colha no mesmo dia, na mesma semana? Algumas hortaliças se pode colher, num mês; mas, geralmente o tempo e muito maior, entre plantio e ceifa. Assim como o lavrador não pode abreviar o tempo da colheita, não podemos nós, interferir no tempo de Deus.

Afinal, mesmo O Altíssimo sendo Eterno, atua em consórcio com o tempo, ainda que, esse, seja por Ele determinado. O Salvador foi enviado no tempo pré-determinado, e nenhuma impaciência mudaria isso. “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho.” Gál 4;4


Os que tiram a mão do arado por que “cansaram de esperar” bênçãos que não vieram, cansaram-se com seus próprios pesos, o jugo de Jesus é suave, Seu fardo, leve. Muitos acham que esperar em Deus equivale a ter um Servo de imensa força para nos ajudar. Esperar em Deus é ter um Senhor amoroso e Onisciente, que apesar de nós, não sucumbe a sentimentalismos pueris, antes, faz a bênção e o abençoado madurarem juntos e se encontrarem no devido tempo.